Música do Brasil: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Il Guarany Score Front Cover.jpg|thumb|310px|Capa da [[partitura]] da [[ópera]] ''[[Il guarany|O Guarani]]'' de [[Carlos Gomes]].]]
{{Cultura do Brasil}}
A '''música do Brasil''' é uma das expressões mais importantes da [[cultura brasileira]]. Formou-se, principalmente, a partir da fusão de elementos [[Brasileiros brancos|europeus]], [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]] e [[Afro-brasileiros|africanos]], trazidos por [[Colonização do Brasil|colonizadores portugueses]] e pelos [[Escravidão no Brasil|escravizadosescravos]].
 
Até o século XIX, Portugal foi a principal porta de entrada para a maior parte das influências que construíram a [[música]] [[brasil]]eira, tanto a erudita como a popular, introduzindo a maioria do [[instrumento musical|instrumental]], o sistema [[harmonia (música)|harmônico]], a literatura musical e boa parcela das formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que diversos destes elementos não fossem de origem portuguesa, mas genericamente europeia. A maior contribuição do elemento africano foi a diversidade [[ritmo|rítmica]] e algumas [[dança]]s e instrumentos — a exemplo do [[Maracatu Nação|maracatu]] —, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular e folclórica. O indígena praticamente não deixou traços seus na corrente principal, salvo em alguns gêneros [[folclore|folclóricos]] de ocorrência regional.
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Um século mais tarde as reduções do sul do Brasil, fundadas por jesuítas espanhóis, conheceriam um florescimento cultural vigoroso e exuberante, onde funcionaram verdadeiros [[conservatório (música)|conservatório]]s musicais, e relatos de época atestam a fascinação do índio pela música da Europa e sua competente participação tanto na construção de instrumentos como na prática instrumental e vocal.<ref>Trevisan, Armindo. ''A Escultura dos Sete Povos''. Brasília: Editora Movimento / Instituto Nacional do Livro, 1978</ref> Os padrões de estilo e interpretação eram naturalmente todos da cultura da Europa, e o objetivo desta musicalização do [[gentio]] era acima de tudo [[catequese|catequético]], com escassa ou nula contribuição criativa original de sua parte. Com o passar dos anos os índios remanescentes dos massacres e epidemias foram se retirando para regiões mais remotas do Brasil, fugindo do contato com o branco, e sua participação na vida musical nacional foi decrescendo até quase desaparecer por completo.<ref>Mariz, pp. 33-34</ref>
 
O mesmo caso de dominação cultural ocorreu no caso do negro, cuja cultura foi tão decisiva para a formação da música brasileira atual, especialmente a popular. Mesmo com a vinda de maciços contingentes de escravizadosescravos da [[África]] a partir do século XVI, sua raça era considerada inferior e desprezível demais para ser levada a sério pela cultura oficial. Mas seu destino seria diferente do do índio. Logo sua musicalidade foi notada pelo colonizador, e sendo uma etnia mais prontamente integrável à cultura dominante do que os arredios índios, grande número de negros e [[mulato]]s passaram a ser educados musicalmente - dentro dos padrões portugueses, naturalmente - formando [[orquestra]]s e bandas que eram muito louvadas pela qualidade de seu desempenho. Mas a contribuição autenticamente negra à música erudita brasileira teria de esperar até o século XX para poder se manifestar em toda sua riqueza. É importante assinalar ainda a formação de irmandades de músicos a partir do século XVII, algumas integradas somente por negros e mulatos, irmandades estas que passariam a monopolizar a escrita e execução de música em boa parte do Brasil.<ref>Mariz, pp. 34-35</ref>
=== O século XVIII e a Escola Mineira ===
[[Imagem:Lobo de Mesquita - Manuscrito da Antífona Salve Regina - 1787.jpg|thumb|Partitura autógrafa da [[antífona]] ''Salve Regina'' de Lobo de Mesquita]]
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[[Imagem:Chiquinha 6a.jpg|thumb|150px|Chiquinha Gonzaga.]]
 
Originalmente uma dança africana que chegou ao Brasil, via [[Portugal]], ou diretamente, com os escravizadosescravos vindos de [[Angola]], o lundu tinha uma natureza sensual e humorística que foi censurada na metrópole, mas no Brasil recuperou este caráter, apesar de ter incorporado algum polimento formal e instrumentos como o [[bandolim]]. Mais tarde o lundu, que de início não era cantado, evoluiu assumindo um caráter de canção urbana e se tornando popular como dança de salão.<ref name="Fluminense">Abreu, Martha. [http://www.historia.uff.br/nupehc/files/martha.pdf "Histórias da Música Popular Brasileira, uma análise da produção sobre o período colonial"]. Núcleo de Pesquisas em História Cultural da Universidade Federal Fluminense</ref><ref name="Portal">[http://www.portaledumusicalcp2.mus.br/Apostilas/PDFs/8ano_06_HM%20Popular%20Brasileira.pdf ''História da Música Popular Brasileira'']. Portal de Educação Musical do Colégio Pedro II</ref> Outra dança muito antiga é o [[cateretê]], de origem indígena e influenciada mais tarde pelos escravizadosescravos africanos.
 
Já a modinha tem origem possivelmente portuguesa a partir de elementos da ópera italiana, foi citada pela primeira vez na literatura por [[Nicolau Tolentino de Almeida]] em [[1779]], embora seja ainda mais antiga.<ref>'''Fryer, Peter''' (1 de março de 2000). ''Rhythms of Resistance''. Pluto Press, 142-143. ISBN 0-7453-0731-0.</ref> [[Domingos Caldas Barbosa]] foi um de seus primeiros grandes expoentes, publicando uma série que foi extremamente popular na época. A modinha é em linhas gerais uma canção de caráter sentimental de feição bastante simplificada, muitas vezes de estrutura estrófica e acompanhamento reduzido a uma simples [[Viola caipira|viola]] ou [[guitarra]], sendo de apelo direto às pessoas comuns. Mesmo assim era uma presença constante nos [[sarau]]s dos aristocratas, e podia ser mais elaborada e acompanhada por [[flauta]]s e outros instrumentos e ter textos de poetas importantes como [[Tomás Antônio Gonzaga]], cujo ''Marília de Dirceu'' foi musicado uma infinidade de vezes. A modinha era tão apreciada que também músicos da corte criaram algumas peças no gênero, como Marcos Portugal, autor de uma série com letras extraídas da ''Marília de Dirceu'', e o Padre José Maurício, autor da célebre ''Beijo a mão que me condena''.<ref name="Edilson"/><ref name="Fluminense"/><ref name="Portal"/>