História do tempo presente: diferenças entre revisões

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No [[Brasil]], apesar de existirem pesquisadores que utilizaram a abordagem da história do tempo presente antes das décadas de [[Década de 1970|1970]] e [[Década de 1980|1980]], é nesse período que o campo emergiu de maneira institucionalizada por ocasião da fundação de lugares como o [[Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)]]{{Sfn|Rossato|Cunha|2017|p=163}} e pelos trabalhos relacionados à [[História oral|História Oral]] desenvolvidos por pesquisadoras como [[Marieta de Moraes Ferreira]] e [[Verena Alberti]].{{Sfn|Alberti|1998}} Outro marco fundamental nesse processo de institucionalização do campo foi a criação, em 1994, do Laboratório de Estudos do Tempo Presente do [[Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Instituto de Filosofia e Ciências Sociais]] da [[Universidade Federal do Rio de Janeiro]] (UFRJ), sendo o primeiro grupo [[universitário]] formal de história do tempo presente no Brasil. Após o surgimento deste primeiro laboratório, outras instituições passaram a enfocar no campo, que em outros países já havia se consolidado nos meios acadêmicos desde a década de 1970, e, em 2007, a [[Universidade do Estado de Santa Catarina]] (UDESC) implementou o primeiro Programa de Pós-graduação em História no Brasil com área de concentração em história do tempo presente.{{Sfn|Gonçalves|2016|p=08}}
 
Durante as últimas décadas é visível a consolidação de alguns temas na historiografia brasileira sobre história do tempo presente. Influenciada pelos autores franceses,{{Sfn|Medeiros|2007}} a história do tempo presente no Brasil vem mantendo atenção na análise dos principais eventos que marcaram as últimas décadas do {{séc|XX}} e o início do {{séc|XXI}}.{{Sfn|Delacroix|2018|p=44}} Entre os principais temas estão o estudo sobre a [[Ditadura militar no Brasil (1964–1985)|ditadura civil-militar]],<ref group=nota> A decisão por utilizar o termo ditadura civil-militar ao invés de ditadura-militar foi tomada com base nas pesquisas do historiador [[Daniel Aarão Reis]] (2010), que destaca a necessidade de compreender as relações entre sociedade e ditadura. Diversas entidades, como a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), a Academia Brasileira de Letras (ABL) e o Conselho Federal de Cultura (CFC), apoiaram, mesmo que apenas inicialmente, o golpe e a implementação do regime militar no país</ref> a [[Comissão Nacional da Verdade]], a [[lei de acesso à informação]]{{Sfn|Ferreira|2012|p=102}} e as possibilidades abertas pela [[história oral|História Oral]] para as análises no campo.{{Sfn|Araújo|SILVASilva|2012}} Se observa também uma ênfase em estudos sobre a história das culturas políticas no contexto da [[redemocratização]] e o campo do [[Património cultural|patrimônio cultural]] no [[Brasil]].{{Sfn|Rossato|Cunha|2017}}
 
=== Argentina ===
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A ideia da experiência traumática pressupõe um marco ocorrido no passado, mas que continua no presente,{{Sfn|Albuquerque Junior|2012}} Por esse caráter de ruptura inesperada, ligado à ideia de quebra violenta com a expectativa de vida passada, os traumas podem bloquear a assimilação dos eventos pelos indivíduos e impactar na construção de suas lembranças.{{Sfn|Albuquerque Junior|2012|pp=55-56}} Após experiências consideradas traumáticas coletivas, é possível observar, em vários países, movimentos ligados às demandas sociais e aos desejos de reparação, que se baseiam em um rearranjo no modo de viver com as novas experiências, novos olhares e novas formas de ver o mundo. São exemplos desse novo olhar para o passado, as repercussões sobre a experiência [[Nazismo|nazista]] na [[França]], com o caso do [[França de Vichy|regime de Vichy]], ou, ainda, de [[Israel]], a partir da [[década de 1970]], com as discussões em torno da memória traumática da [[Segunda Guerra Mundial]].{{Sfn|Milgram|2012}}
 
Dentro da perspectiva da história do tempo presente, a criação e estudo de [[lugares de memória]]s e [[arquivo]]s estão relacionadas às discussões sobre trauma Os arquivos são entendidos como construções contemporâneas de promoção da recordação de eventos do passado, presentes nos considerados acervos e [[documento]]s sensíveis.{{Sfn|Quadrat|2012}} Estes arquivos são revisitados por uma série de indivíduos, atendendo a demandas sociais em momentos de crise, em circunstâncias onde é necessário utilizá-los para superar a ausência de transparência do [[Estado]] em relação aos eventos traumáticos, como por exemplo, na [[Comissão Nacional da Verdade]].{{Sfn|Lafer|2012}} De modo geral, os arquivos publicados possuem um papel no campo do [[direito]], uma função educacional e memorial diante de uma [[sociedade]] cercada pelos traumas que marcaram o {{séc|XX}} e {{séc|XXI}}. Esses documentos são vistos como meio direto para o debate sobre trauma, assim como o uso da [[história oral]], em que se discute sobre a própria ideia de testemunho.{{Sfn|Araújo|SILVASilva|2012}}
 
=== Testemunho ===
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* {{Citar livro|capítulo=As Sombras Brancas: Trauma, esquecimento e Usos do Passado|editor-sobrenome1=Varella|editor-nome1=Flávia Florentino|título= Tempo presente e usos do passado.|nome=Durval Muniz|sobrenome=Albuquerque Junior|ano=2012|local=Rio de Janeiro|editora=Editora FGV|ref=harv|páginas=|acessodata=}}
 
*{{Citar livro|capítulo=Apresentação do acervo “Marcas da memória: História Oral da Anistia no Brasil” - Construindo um acervo de história oral sobre o Brasil Recente: algumas questões metodológicas|editor-sobrenome1= Fico|editor-nome1=Carlos|editor-sobrenome2=Araújo|editor-nome2=Maria Paula|editor-sobrenome3=Grin|editor-nome3=Monica|título= Violência na História: Memória, trauma e reparação.|nome= Maria Paula Nascimento|sobrenome=Araújo|ano=2012|local=Rio de Janeiro|editora=Ponteio|isbn=9788564116221|ref=harv|páginas=|acessodata=|primeiro2=Izabel Priscila Pimentel da|ultimo2=SILVASilva}}
 
* {{Citar livro|título=Espaços de Recordação|nome=Aleida|sobrenome=Assman|ano=2011|local=Campinhas|páginas=|editora=Editora Unicamp.|isbn=|ref=harv|acessodata=}}
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* {{Citar livro |título= Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente|nome=Timothy|sobrenome=Snyder|ano=2017|local= São Paulo|editora=Companhia das Letras|isbn=9788535929188|ref=harv|páginas=|acessodata=}}
 
* {{Citar livro|capítulo=Experiência|nome=Joan|sobrenome=Schott|ano=1999|local=Florianópolis|editor-sobrenome1=SILVASilva|editor-nome1=Alcione Leite da|titulo= Falas de Gênero.|editora=Editora Mulheres|isbn=9788586501166|ref=harv|páginas=21-55|acessodata=}}
 
* {{Citar livro|capítulo= Duas Palavras, Muitos Significados: Alguns comentários sobre a história pública no Brasil.|editor-sobrenome1=Mauad|editor-nome1=Ana Maria|editor-sobrenome2=Almeida|editor-nome2=Janiele Rabêlo de|editor-sobrenome3=Santhiago|editor-nome3=Ricardo|titulo= História Pública no Brasil: Sentidos e Intinerários.|nome=Ricardo|sobrenome=Santhiago|ano=2016|local=São Paulo|editora=Letra e Voz|isbn=9788562959424|ref=harv|páginas=|acessodata=}}