Molière: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Desfeita(s) uma ou mais edições de 177.130.136.115, com Reversão e avisos
Erros de português
Linha 37:
Molière chegou a Paris em [[1658]] onde apresenta no [[Louvre]] a tragédia ''Nicomède'' de Corneille e a sua pequena [[farsa]] '''''Le docteur amoureux''''' (O Médico Apaixonado), com algum sucesso. Data desta altura o témino da relação de mecenato que mantinha com o príncipe de Conti, já que a companhia passa a ser a ''Troupe de Monsieur'' (o ''Monsieur'' era o irmão do rei) e com a ajuda do novo mecenas, junta-se a uma famosa companhia local italiana dedicada à [[commedia dell'arte]]. Estabelece-se definitivamente no teatro do ''Petit-Bourbon'', onde, a [[18 de Novembro]] de [[1659]], faz a estreia da sua peça [[Les Précieuses ridicules]] ("As Preciosas Ridículas") - uma das suas obras primas que não era mais que a primeira incursão do autor na crítica dos maneirismos e modos afectados que então eram comuns em França e considerados "distintos". A peça foi inicialmente proibida, mas pouco depois recebeu autorização para ser posta em cena. O estilo e conteúdo deste seu primeiro sucesso relativo tornou-se rapidamente no centro de uma vasta controvérsia literária.
 
Apesar da sua preferência pelo génerogênero trágico, Molière tornou-se famoso pelas suas farsas, geralmente de um só acto e apresentadas depois de uma tragédia. Algumas destas farsas eram apenas parcialmente escritas, sendo encenadas ao estilo da ''commedia dell'arte' com improvisação a partir de um [[canovaccio]] (esboço muito geral da peça). Escreveu também duas comédias em verso, mas tiveram pouco sucesso e são consideradas de pouca importância pelos críticos em geral.
 
"Les Précieuses" suscitou interesse e críticas em relação a Molière, mas não foi, contudo, um sucesso popular. Pediu, então, a ajuda do seu sócio italiano, [[Tiberio Fiorelli]], famoso pela sua peça [[Scaramouche]], para se inteirar da técnica própria da ''Commedia dell'arte''. A sua peça de [[1660]], ''[[Esganarelo ou O Cornudo Imaginário]]'' parece um tributo à ''Commedia dell'arte'' e ao seu mestre. O tema das relações matrimoniais era aqui enriquecido pela perspectiva de Molière em relação à falsidade das relações humanas, descrita com um certo grau de pessimismo. Isso tornar-se-ia evidente nas suas obras seguintes e tornar-se-ia a fonte de inspiração de futuros dramaturgos como, por exemplo (e ainda que noutro campo e a outro nível), [[Luigi Pirandello]].
Linha 75:
Passa depois a criticar a soberba e a arrogância do chamado "Bel esprit", tipo de humor corrosivo e erudito próprio da alta sociedade francesa da época, em ''Les Femmes savantes'' ("As Sabichonas" ou "As Eruditas") de [[1672]] - uma obra-prima nascida perante a possibilidade de que o uso da música e da dança fosse privilégio das encenações operáticas de Lully. Efectivamente, o compositor obtém essa exclusividade, ao patentear a Ópera em França. O sucesso desta peça levará à última obra de Molière, ''Le Malade Imaginaire'' ("O Doente Imaginário" ou "O Doente de Cisma"), também hoje uma das suas peças mais conhecidas. Trata-se de um peça com números musicais de [[Marc-Antoine Charpentier]] (uma excepção dada pelo rei para esta peça), onde a personagem descobre os verdadeiros sentimentos de quem com ele convive, ao fingir-se de morto.
 
Um dos mais famosos momentos da biografia de Molière é a sua morte, que se tornou numa referência no meio teatral. É dito que morreu no palco, representando o papel principal da sua última peça. De factofato, apenas desmaiou aí, tendo morrido horas mais tarde em sua casa, sem tomar os sacramentos já que dois padres se recusaram a dar-lhe a última visita, e o terceiro já chegou tarde. Diz-se que estava vestido de amarelo, o que gerou a superstição de que esta cor é fatídica para os actores.
 
Os comediantes (actores) da época não podiam, por lei, ser sepultados nos cemitérios normais (terreno sagrado), já que o clero considerava tal profissão como a mera "representação do falso". Como Molière persistiu na vida de actor até à morte, estava nessa condição. A sua mulher, Armande, pede, contudo, a Luís XIV que lhe providencie um funeral normal. O máximo que o rei consegue fazer é obter do arcebispo a autorização para que o enterrem no cemitério reservado aos nados-mortos (não baptizados). Ainda assim, o enterro é realizado durante a noite.