Adolf Hitler: diferenças entre revisões

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Pequenos reparos: nome do partido ora escrito com iniciais maiúsculas, ora minúsculas; a tradução mais apropriada de ''Deutsche Arbeiterpartei '' seria 'Partido Alemão dos Trabalhadores', sendo essa a adotada pela Deutsche Welle em português (v. https://www.dw.com/pt-br/1920-lan%C3%A7ado-o-programa-do-partido-de-hitler/a-445953 )
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|primeiro-cavalheiro =
|cônjuge = [[Eva Braun]]
|partido = [[Partido Alemão dos Trabalhadores Alemães]] <small>(1920–1921)</small><br />[[Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores |Partido Nazista]] <small>(1921–1945)</small>
|religião = Ver: ''[[Visão religiosa de Adolf Hitler]]''
|profissão = [[Militar]], [[artista]], [[escritor]], [[político]]
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'''Adolf Hitler''' ({{IPA-de|ˈadɔlf ˈhɪtlɐ|lang|GT AH AMS.ogg}}; [[Braunau am Inn]], [[20 de abril]] de [[1889]] – [[Berlim]], [[30 de abril]] de [[1945]]), por vezes em português '''Adolfo Hitler'''<ref>[http://books.google.com./books?id=_fcVs5w3pjsC&pg=PA281 ''Diário de Lisboa''], 2 de maio de 1945, citado em ''Edições aldinas da Biblioteca Nacional: séculos XV–XVI''. Volume 1 de Fundos da Biblioteca Nacional: Catálogos, Biblioteca Nacional (Portugal). Volume 47 de Catálogo (Biblioteca Nacional (Portugal). Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Portugal. [[Secretaria de Estado da Cultura (Portugal) |Secretaria de Estado da Cultura]]. Editora Biblioteca Nacional Portugal, 1994. ISBN 972-565-203-7, 978-972–565–203-9.</ref><ref>{{Citar livro |url= http://books.google.com./books?id=u_x0vx6eWfsC&pg=RA1-PA2009 | prenome1 =Avelâs | sobrenome1 = Nunes | prenome2 = João | sobrenome2 = Paulo |título=O Estado Novo e o Volfrâmio (1933-1947)|local=Coimbra |editora= Editora Imprensa da Universidade de Coimbra|página=466 |isbn= 978-989807442-3 |acessodata= 23 de outubro de 2012}}</ref><ref>Bonavides, Paulo. [http://books.google.com./books?id=wqqGyy906FYC&pg=PA504 ''Revista latino-americana de estudos constitucionais''], vol. 3, p. 504. Editora Editora del Rey. ISSN 1678-6742.</ref>, foi um [[político]] alemão que serviu como líder do [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães|Partido Nazista]] (''Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei''; NSDAP), [[Chanceler da Alemanha|Chanceler do Reich]] (de 1933 a 1945) e ''[[Führer]]'' ("líder") da [[Alemanha Nazista]] de 1934 até 1945. Como [[Ditadura|ditador]] do Reich Alemão, ele foi o principal instigador da [[Segunda Guerra Mundial]] na [[Europa]] e figura central do [[Holocausto]].
 
Hitler nasceu na [[Áustria]], então parte do [[Áustria-Hungria|Império Austro-Húngaro]], e foi criado na cidade de [[Linz]]. Mudou-se para a Alemanha em 1913 e serviu com distinção no [[Deutsches Heer#Primeira Guerra Mundial (1914-1918)|exército alemão]] durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. Juntou-se ao [[Partido Alemão dos Trabalhadores Alemães]], precursor do Partido Nazista, em 1919, e tornou-se seu líder em 1921. Em 1923, organizou [[Putsch da Cervejaria|um golpe de estado]] em Munique para tentar tomar o poder. O fracassado golpe resultou na prisão de Hitler. Enquanto preso, ele ditou seu primeiro trabalho literário, a sua autobiografia e manifesto político, ''[[Mein Kampf]]'' ("Minha Luta"). Quando foi solto da cadeia, em 1924, Hitler ganhou apoio popular pela Alemanha com sua forte oposição ao [[Tratado de Versalhes (1919)|Tratado de Versalhes]] e promoveu suas ideias de [[pangermanismo]], [[antissemitismo]] e [[anticomunismo]], com seu carisma e forte [[Propaganda nazi|propaganda]]. Ele frequentemente criticava o sistema [[capitalista]] e [[comunista]] como sendo parte de uma conspiração [[Judeus|judia]]. Em 1933, o Partido Nazista tornou-se o maior partido eleito no [[Reichstag]], com seu líder, Adolf Hitler, sendo apontado [[Chanceler da Alemanha]] no dia 30 de janeiro do mesmo ano. Após novas eleições, ganhas por sua coalizão, o Parlamento aprovou a [[Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933|Lei habilitante de 1933]], que começou o processo de transformar a [[República de Weimar]] na [[Alemanha Nazista]], uma ditadura de [[Unipartidarismo|partido único]] [[Totalitarismo|totalitária]] e [[Autocracia|autocrática]] de ideologia [[Nazismo|nacional socialista]]. Hitler pregava a eliminação dos judeus da Alemanha e o estabelecimento de uma [[Nova Ordem (nazismo)|Nova Ordem]] para combater o que ele via como "injustiças pós-Primeira Grande Guerra", numa Europa dominada pelos [[Reino Unido|britânicos]] e [[França|franceses]].
 
Em seus primeiros seis anos no poder, a economia alemã recuperou-se da [[Grande Depressão]], as restrições impostas ao país após a Primeira Guerra Mundial foram ignoradas e territórios na fronteira, lar de milhões de ''[[Volksdeutsche]]'' (alemães étnicos), foram anexados — ações que deram a ele grande apoio popular. Hitler queria estabelecer o ''[[Lebensraum]]'' ("espaço vital") para o povo alemão. Sua política externa agressiva é considerada um dos motivos que levaram a Europa e o mundo a [[Segunda Guerra Mundial|segunda grande guerra]]. Ele iniciou um grande programa de reindustrialização e [[rearmamento da Alemanha]] em meados da década de 1930 e então, a 1 de setembro de 1939, ordenou a [[invasão da Polônia]], resultando numa declaração de guerra por parte do [[Reino Unido]] e da [[França]] alguns dias depois. Em junho de 1941, Hitler ordenou [[Operação Barbarossa|a invasão da União Soviética]]. Em meados de 1942, a ''[[Wehrmacht]]'' (as forças armadas nazistas) e as tropas do [[Potências do Eixo|Eixo]] já [[Europa ocupada pela Alemanha Nazista|ocupavam boa parte da Europa continental]], do [[Campanha Norte-Africana|Norte da África]] e quase um-quarto do território soviético. Contudo, após falharem em [[Batalha de Moscou|conquistar Moscou]] e serem derrotados [[Batalha de Stalingrado|em Stalingrado]], as forças nazistas começaram a retroceder. A entrada dos [[Estados Unidos]] na guerra ao lado dos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] forçou a Alemanha a ficar na defensiva, acumulando uma série de derrotas a partir de 1943. Nos últimos dias do conflito, durante a [[Batalha de Berlim]] em 1945, Hitler se casou com sua amante de longa data, [[Eva Braun]]. No dia 30 de abril de 1945, os dois [[Morte de Adolf Hitler|cometeram suicídio]] para evitar serem capturados pelo [[exército vermelho]]. Seus corpos foram queimados e enterrados. Uma semana mais tarde a Alemanha se rendeu formalmente.
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==Início da carreira política==
[[Ficheiro:Hitler's DAP membership card.png|miniaturadaimagem|A carteira de membro de Hitler do [[Partido Alemão dos Trabalhadores Alemães]].]]
Após a primeira guerra mundial, Hitler retornou para [[Munique]].{{sfn|Bullock|1999|p=61}} Sem uma educação formal ou prospectos de carreira, ele decidiu permanecer no exército.{{sfn|Kershaw|1999|p=109}} Em julho de 1919, ele foi apontado como ''Verbindungsmann'' (agente de inteligência) da ''Aufklärungskommando'' (Comando de Reconhecimento) do ''[[Reichswehr]]'' (o novo exército alemão), com o propósito de influenciar outros soldados e se infiltrar no [[Partido Alemão dos Trabalhadores Alemães]] (DAP). Enquanto monitorava as atividades do DAP, Hitler foi atraído pelo fundador do partido, [[Anton Drexler]], e sua retórica anti-semita, nacionalista, [[anti-capitalista]] e anti-marxista.{{sfn|Kershaw|2008|p=82}} Drexler favorecia um governo forte e ativo, uma versão não judaica do socialismo (como ele descrevia), e solidariedade entre os membros da sociedade. Impressionado com as capacidades oratórias de Hitler, Drexler o convidou para se juntar ao DAP. Hitler aceitou a 12 de setembro de 1919,{{sfn|Stackelberg|2007|p=9}} se tornando o membro nº 555 (o partido havia começado a contagem de membros no número 500 para dar a impressão de serem maiores do que realmente eram).{{sfn|Mitcham|1996|p=67}}
 
No DAP, Hitler conheceu [[Dietrich Eckart]], um dos fundadores do partido e membro da [[Ocultismo|ocultista]] [[Sociedade Thule]].{{sfn|Fest|1970|p=21}} Eckart se tornou um dos mentores de Hitler, trocando ideias com ele e o apresentando a alta sociedade de Munique.{{sfn|Kershaw|2008|pp=94, 95, 100}} Para aumentar seu apelo popular, o DAP mudou seu nome para ''Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei'' ([[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]]; NSDAP, ou Partido Nazista).{{sfn|Kershaw|2008|p=87}} Hitler desenhou a bandeira do partido colocando uma [[suástica]] preta dentro de um círculo branco com um fundo vermelho.{{sfn|Kershaw|2008|p=88}}
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===Reconstruindo o Partido Nazista===
No período que Hitler foi solto da cadeia, a situação política na Alemanha havia se tornado menos combativa e a situação da economia havia melhorado, limitando as oportunidades políticas de Hitler para agitação política. Como resultado do golpe fracassado, o partidoPartido nazistaNazista e suas organizações filiadas foram banidas da Baviera . Após um encontro com [[Heinrich Held]], então primeiro-ministro bávaro, em 4 de janeiro de 1925, Hitler concordou em respeitar a autoridade do estado e prometeu que buscaria poder político agora apenas por meios democráticos. Um mês depois da reunião, o partidoPartido nazistaNazista deixou de ser banido e voltou a ativa.{{sfn|Kershaw|2008|pp=158, 161, 162}} Hitler, contudo, foi barrado de fazer discursos públicos mas este banimento foi suspenso também em 1927.{{sfn|Kershaw|2008|pp=162, 166}}{{sfn|Shirer|1960|p=129}} Para avançar suas ambições políticas, apesar destes contratempos, Hitler nomeou [[Gregor Strasser]], [[Otto Strasser]] e [[Joseph Goebbels]] para organizar e fazer crescer o Partido Nazista no norte da Alemanha. Um grande organizador, Gregor Strasser dirigiu um curso político mais independente, enfatizando os elementos socialistas do programa do partido.{{sfn|Kershaw|2008|pp=166, 167}}
 
Em 29 de outubro de 1929, na [[Terça-Feira Negra]], a [[bolsa de valores]] dos [[Estados Unidos]] quebrou. O impacto atingiu o mundo todo, inclusive a Alemanha. Várias empresas fecharam as portas, resultando em milhares de desempregados. Bancos faliram, causando um colapso parcial do sistema financeiro da nação. Hitler e os nazistas tomaram vantagem da situação emergencial para angariar apoio ao partido. Eles prometeram ao povo repudiar o Tratado de Versalhes, fortalecer a economia e garantir empregos e oportunidades.{{sfn|Shirer|1960|pp=136–137}}
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===Governo Brüning===
A [[Grande Depressão]] providenciou a Hitler uma ótima oportunidade política. Os alemães estavam ambivalentes sobre a [[república parlamentarista]], que enfrentava forte oposição de extremistas de [[Extrema-esquerda|esquerda]] e [[Extrema-direita|direita]]. Já os partidos moderados não conseguiam competir com os radicais. No [[Referendo Alemão de 1929|referendo de 1929]], o povo alemão votou, por grande maioria, repudiar o pagamento de reparações de guerra estipulados no Tratado de Versalhes. A ideologia nazista, neste período, ganhou muito apoio popular.{{sfn|Kolb|1988|p=105}} As [[Eleição federal alemã de 1930|eleições de setembro de 1930]] resultou na quebra da "grande coalizão", substituindo a administração do país por um governo de minoria. O chanceler [[Heinrich Brüning]], do [[Partido do Centro Alemão|Partido do Centro]], governava a nação por meio de [[Estado de emergência|decretos emergenciais]] do presidente [[Paul von Hindenburg]]. Governar por decreto acabou pavimentando o caminho para uma forma de governo mais [[Autoritarismo|autoritarista]].{{sfn|Halperin|1965|p=403 ''et. seq''}} O Partido Nazista saiu da obscuridade e conquistou 18,3% dos votos (ou 6,409,600 de pessoas) e 107 assentos no parlamento nas eleições de 1930, tornando-se a segunda maior bancada no [[Reichstag]].{{sfn|Halperin|1965|pp=434–446 ''et. seq''}}
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 119-0289, München, Hitler bei Einweihung "Braunes Haus".jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Hitler com membros do partidoPartido nazistaNazista no prédio Brown, em Munique, em dezembro de 1930.]]
Hitler teve uma participação proeminente no julgamento de dois [[Oficial (militar)|oficiais]] do [[Reichswehr]], os tenentes Richard Scheringer e Hans Ludin, ao fim de 1930. Eles foram acusados de serem membros do partidoPartido nazistaNazista (filiação partidária era proibida aos militares).{{sfn|Wheeler-Bennett|1967|p=218}} A acusação disse que os nazistas eram extremistas, e o advogado de defesa, [[Hans Frank]], chamou Hitler para testemunhar.{{sfn|Wheeler-Bennett|1967|p=216}} Em 25 de setembro de 1930, Hitler afirmou novamente que buscaria poder político apenas pela via democrática.{{sfn|Wheeler-Bennett|1967|pp=218–219}} Seu discurso neste julgamento chamou atenção do corpo de oficiais do exército e muitos lá passaram a apoia-lo.{{sfn|Wheeler-Bennett|1967|p=222}}
 
As medidas de austeridade do chanceler Brüning trouxe poucos resultados e eram tremendamente impopulares.{{sfn|Halperin|1965|p=449 ''et. seq''}} Hitler explorou isso em suas mensagens políticas para o povo, falando especialmente as classes mais baixas que eram mais extensamente afetadas pela [[hiperinflação]] e a retração econômica. Assim, os nazistas conquistaram bastante apoio de fazendeiros, veteranos de guerra e trabalhadores da [[classe média]].{{sfn|Halperin|1965|pp=434–436, 471}}
 
Apesar de Hitler ter renunciado a sua cidadania austríaca em 1925, demorou cerca de sete anos para ele se tornar cidadão alemão. Isso significava que, na prática, ele era um [[apátrida]] e não podia se candidatar a um cargo público e até podia ser deportado.{{sfn|Shirer|1960|p=130}} Em 25 de fevereiro de 1932, o ministro do interior de Brunswick, [[Dietrich Klagges]], que era membro do partidoPartido nazistaNazista, nomeou Hitler como administrador da delegação do estado para o [[Reichsrat]] em Berlim, fazendo de Hitler um cidadão de Brunswick,{{sfn|Hinrichs|2007}} e assim um alemão.{{sfn|Halperin|1965|p=476}}
 
Em 1932, agora como pleno cidadão alemão, Hitler concorreu contra [[Paul von Hindenburg]] nas [[Eleição presidencial na Alemanha em 1932|eleições presidenciais]]. A 27 de janeiro de 1932, ele fez um discurso no Clube Industrial de [[Düsseldorf]] e lá conquistou apoio dos principais empresários industrialistas alemães.{{sfn|Halperin|1965|pp=468–471}} Hindenburg tinha apoio de vários partidos nacionalistas, monarquistas, católicos e [[Republicanismo|republicanos]], e até mesmo dos [[Partido Social-Democrata da Alemanha|Sociais Democratas]]. Hitler usou como slogan de campanha a frase "''Hitler über Deutschland''" ("Hitler sobre a Alemanha"), uma referência as suas ambições políticas e sua campanha, sendo que ele viajava muito de aeronave pelo país.{{sfn|Bullock|1962|p=201}} Ele foi um dos primeiros políticos a usar viagens do avião para fins políticos e utilizava este método rápido de viagem de forma eficiente.{{sfn|Hoffman|1989}}{{sfn|Kershaw|2008|p=227}} Hitler terminou em segundo lugar nesta eleição, ganhando cerca de 36% dos votos (ou 13,418,517 de pessoas). Apesar dele ter perdido o pleito para Hindenburg, esta eleição estabeleceu Hitler como uma figura forte na política alemã.{{sfn|Halperin|1965|pp=477–479}}
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===Economia e cultura===
{{AP|Economia da Alemanha nazista}}
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 102-04062A, Nürnberg, Reichsparteitag, SA- und SS-Appell.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Uma cerimônia em honra aos mortos (''Totenehrung'') feita no Salão da Honra (''Ehrenhalle'') na [[Áreas de desfile do partido nazista|área de desfile do partidoPartido nazistaNazista]], em [[Nurembergue]], setembro de 1934.]]
Em agosto de 1934, Hitler nomeou o presidente do ''[[Reichsbank]]'', [[Hjalmar Schacht]], como o novo Ministro da Economia e no ano seguinte, iniciou os processos de reforma econômica para preparar o país para a guerra.{{sfn|McNab|2009|p=54}} A reconstrução e [[Rearmamento da Alemanha|rearmamento]] do país foram financiados pelas leis Mefo-Wechsel, imprimindo dinheiro e tomando bens de pessoas presas como inimigos do Estado, incluindo milhares de judeus.{{sfn|Shirer|1960|pp=259–260}} O número de desempregados caiu de seis milhões em 1932 para menos de um milhão em 1936.{{sfn|Shirer|1960|p=258}} Hitler supervisionou um extenso programa de reorganização e melhorias da infraestrutura da Alemanha, levando a construção de represas, [[autobahn]]s, ferrovias e outras obras públicas. De início os salários caíram no final da década de 1930, enquanto o [[custo de vida]] aumentou.{{sfn|Shirer|1960|p=262}} Porém a média salarial voltou a subir em 1939, com o alemão comum trabalhando com uma jornada de 47 a 50 horas semanais.{{sfn|McNab|2009|pp=54–57}}
 
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==Estilo de liderança==
Hitler governava o [[partidoPartido nazistaNazista]] de forma [[Autocracia|autocrática]] ao afirmar sua ''[[Führerprinzip]]'' ("Princípio do Líder"). O princípio se baseava em lealdade absoluta dos subordinados aos seus superiores; ele via a estrutura do governo como uma pirâmide, com o próprio Hitler — o "Líder infalível" — no ápice. As posições dentro do partido não eram preenchidas mediante eleições mas sim as pessoas eram indicadas pelos superiores, que exigiam obediência completa a vontade do líder.{{sfn|Kershaw|2008|pp=170, 172, 181}} O estilo de liderança de Hitler era dar ordens contraditórias aos seus subordinados e coloca-los em uma posição que seus deveres e responsabilidades se entrelaçavam uns com os outros, para ter "o mais forte completar o trabalho".{{sfn|Speer|1971|p=281}} Deste jeito, gerava desconfiança, competição e luta interna entre seus subordinados para consolidar e maximizar o seu poder. O gabinete do líder nunca se encontrou até 1938 e ele desencorajava seus ministros de se encontrarem de forma independente.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2007|p=29}}{{sfn|Kershaw|2008|p=323}} Hitler tipicamente quase nunca dava ordens por escrito, preferindo se expressar verbalmente ou passava os comandos através dos seus associados mais próximos, como [[Martin Bormann]].{{sfn|Kershaw|2008|p=377}} Ele instruía Bormann com seus papéis, nomeações e finanças pessoais; Bormann usava sua posição para controlar o fluxo de informações e o acesso a Hitler.{{sfn|Speer|1971|p=333}}
 
Hitler dominou o esforço de guerra do seu país durante a Segunda Guerra Mundial em uma extensão muito superior ao dos outros líderes durante o conflito. Ele assumiu o posto de [[Comandante em chefe|líder supremo das forças armadas]] em 1938 e subsequentemente foi responsável por muito da estratégia militar da Alemanha na guerra. Sua decisão de lançar uma série de campanhas militares rápidas contra a [[Noruega]], a [[França]], os [[Países Baixos]] e a [[Bélgica]] em 1940, contra a recomendação dos seus líderes militares, provou-se muito bem sucedida, apesar de seus esforços militares e diplomáticos para derrotar o Reino Unido tenham eventualmente falhado.{{sfn|Overy|2005|pp=421–425}} Hitler se envolvia cada vez mais no esforço de guerra, apontando a si mesmo como o comandante em chefe do exército em dezembro de 1941; deste ponto em diante ele tomou controle da [[Operação Barbarossa|estratégia para sobrepujar]] a União Soviética, enquanto seus comandantes militares na [[Frente Ocidental (Segunda Guerra Mundial)|frente ocidental]] tinham um grau maior de autonomia.{{sfn|Kershaw|2012|pp=169–170}} A liderança de Hitler se tornou cada vez mais desconexa com a realidade uma vez que a maré da guerra começou a se voltar contra a Alemanha, com a estratégia defensiva sendo prejudicada por seu processo lento de tomar decisões e frequentes diretivas para manter posições indefensáveis. Mesmo assim, ele continuava a acreditar que sua liderança levaria a vitória.{{sfn|Overy|2005|pp=421–425}} Nos meses finais da guerra, Hitler se recusou a considerar negociações de paz, afirmando que a destruição completa da Alemanha seria um resultado mais preferível que a rendição.{{sfn|Kershaw|2012|pp=396–397}} Os militares praticamente nunca desafiavam a dominância de Hitler sobre o esforço de guerra e os oficiais de patente mais graduada frequentemente expressavam apoio e confiança em sua liderança.{{sfn|Kershaw|2008|pp=171–395}}