Música renascentista: diferenças entre revisões

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[[File:Syntagma13.png|thumb|Instrumentos típicos do final da Renascença, ilustrados no tratado ''[[Syntagma Musicum]]'' de [[Michael Praetorius]].]]
 
Apesar de haver uma perceptível tendência à formação de uma linguagem padronizada em seus fundamentos técnicos, as maneiras e estilos de aplicação dos conceitos básicos variaram muito, formando-se importantes escolas regionais, que trabalham tradições e gêneros específicos. O período inicia com o predomínio da escola inglesa, que introduz o conceito da terça como um intervalo [[consonância|consonante]]. Segue-lhe a [[escola da Borgonha]], onde se favorece um lirismo renovado, atraindo músicos de toda a Europa. A primeira metade do século XVI é dominada pela [[escola franco-flamenga]], liderada por [[Josquin des Prez]], levando a [[polifonia]] a um novo patamar de sofisticação, multiplicando as vozes e explorando ritmos intrincados e texturas contrastantes, mas gradualmente a escola italiana se impõe, especialmente através de [[Giovanni da Palestrina]], principal responsável por um movimento em direção à simplificação e clarificação da polifonia, onde os princípios clássicos de austeridade, racionalismo e equilíbrio encontram uma plena materialização.<ref name="Arkenberg"/><ref>Carter, Tim. "Renaissance, Mannerism, Baroque". In: Carter, Tim & Butt, John (eds.). ''The Cambridge History of Seventeenth-Century Music'', Volume 1. Cambridge University Press, 2005, pp. 8-12</ref><ref>Schaefer, Edward E. ''Catholic Music Through the Ages: Balancing the Needs of a Worshipping Church''. Liturgy Training Publications, 2008, pp. 72-78</ref><ref>Jeppesen, Knud. ''The Style of Palestrina and the Dissonance''. Dover Publications, 1970, p. 43</ref>
 
As transformações se refletiram no instrumental, sendo modificado para sua sonoridade acompanhar uma nova sensibilidade. Muitos instrumentos novos apareceram. Ao longo desse período ocorre a dissolução do [[sistema modal]] e o surgimento do [[sistema tonal]], lançando-se os princípios da [[harmonia (música)|harmonia]] moderna, baseada em uma hierarquia definida de sons, em novas noções sobre [[consonância]], [[dissonância]], [[eufonia]] e [[afinação]], e nas [[progressão harmônica|progressões harmônicas]]. Também ocorre uma radical mudança no sistema de [[notação musical]], que a aproxima da notação moderna; a [[melodia]] começa a se libertar do apego às linhas do [[canto gregoriano]]; as variedades rítmicas se multiplicam. A polifonia permanece como a principal base da composição, mas se organiza de maneira a obedecer às regras da harmonia vertical e as diferentes vozes são tratadas de maneira mais equilibrada.<ref name="Learning">[https://courses.lumenlearning.com/musicappreciation_with_theory/chapter/renaissance-music/ "Renaissance Music"]. Lumen Learning</ref><ref name="Kreitner">Kreitner, Kenneth. ''Renaissance Music''. Routledge, 2017, pp. i-xx </ref>
 
As "formas fixas" da canção polifônica medieval cedem lugar a novas formas, como o [[madrigal]], a ''[[frottola]]'', a ''[[villanesca]]'' e o ''[[lied]]''. A música instrumental começa a adquirir independência das concepções vocais e aparecem formas para instrumentos específicos, que exploram sua sonoridade e capacidades particulares, como as fantasias para [[viola da gamba|violas da gamba]], as danças para [[violino]] e as ''[[canzona|canzone da sonar]]'' para teclado. Alguns gêneros, como o ''[[rondeau]]'' e a ''[[basse danse]]'', antes eminentemente vocais, se tornam quase exclusivamente instrumentais. Na música sacra aparece uma forma de grande importância, a [[missa cíclica]], onde um fragmento de canto gregoriano serve como motivo para estruturar toda a composição. No final do período a harmonia tonal está bem consolidada e surge a técnica do [[baixo contínuo]], que seria um dos fundamentos da [[música barroca]]. Também no final surgem os primeiros ensaios de canto solista com acompanhamento de baixo contínuo, que daria origem a um dos mais populares gêneros barrocos, a [[ópera]].<ref>Hindley, Geoffrey (ed.). ''The Larousse Encyclopedia of Music''. Hamlyn, 15ª ed., 1990, pp. 88-89</ref>
 
==Exemplos==
*[[Leonel Power]], ''Ave Regina''