Imigração italiana no Brasil: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Protegeu "Imigração italiana no Brasil": Alterações indevidas ignorando referências e/ou políticas ([Editar=Permitir apenas utilizadores autoconfirmados] (expira a 12h17min de 2 de outubro de 2018 (UTC)) [Mover=Permitir apenas utilizadores autoconfirmados] (expira a 12h17min de 2 de outubro de 2018 (UTC)))
Warbraz (discussão | contribs)
m cônjuge é substantivo masculino
Linha 553:
Pesquisas apontam que, no início da imigração, havia uma grande resistência dos italianos de se casarem com brasileiros. Havia, inclusive, a tendência nítida de italianos se casarem com imigrantes que vinham da sua mesma região de origem na Itália. Analisando os casamentos de italianos no município de [[São Carlos (São Paulo)|São Carlos]], interior de São Paulo, entre 1880 e 1899, os dados mostram que 80% dos homens e 91% das mulheres oriundos do Norte da Itália se casaram com imigrantes oriundos da mesma região italiana. 88% dos homens e 71% das mulheres oriundos do Sul da Itália contraíram matrimônio com pessoas vindas daquela mesma região, enquanto que 23% dos homens e 61% das mulheres do Centro da Itália se uniram a italianos também vindos do Centro (as taxas de endogamia para os italianos do Centro foi mais baixa pois o número de imigrantes oriundos daquela região era menor, portanto tinham maior dificuldade de encontrar companheiros da mesma região, o que os levava a casar com italianos de outras regiões). Os italianos mais endogâmicos eram os vênetos: de 1880 a 1914, em São Carlos, 76,4% dos homens vênetos se casaram com mulheres vênetas, enquanto que 65,3% das mulheres do [[Vêneto]] se uniram a homens daquela região. Em seguida vieram os calabreses: 53,1% dos homens calabreses se uniram a mulheres calabresas, enquanto que 77,3% das mulheres da [[Calábria]] casaram com homens daquela região. Os menos endogâmicos eram os lombardos, pois estes acabavam se casando sobretudo com vênetos, os mais numerosos naquela região. Isto mostra que os imigrantes italianos tinham uma alta taxa de [[endogamia]], preferindo casar com outros italianos, inclusive optando por se unir a italianos que provinham da sua mesma região de origem na Itália.<ref name="abep.nepo.unicamp.br">{{citar web |url=http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2010/docs_pdf/tema_10/abep2010_2290.pdf |título=Pautas matrimoniais na economia cafeeira paulista: São Carlos, 1860-1930 |autor=Oswaldo Mário Serra Truzzi |data= 24 de setembro de 2010 |acessodata= 14 de abril de 2018|wayb= 20160303233823|urlmorta= sim}}</ref> A Itália era um Estado recém-unificado, e os italianos não tinham uma consciência nacional definida, e o que imperava na época era o regionalismo. Essa mentalidade foi trazida para o Brasil pelos imigrantes, influenciando seus padrões de casamento. Conflitos, animosidades e preconceitos entre italianos de diferentes regiões foram igualmente transportados e vivenciados pelos italianos no Brasil. Com o passar do tempo, porém, essa perspectiva regionalista foi sendo suavizada pois, uma vez no Brasil, italianos de diferentes regiões eram tratados pelos brasileiros como sendo iguais, pois essas diferenças regionais eram desconhecidas pelos brasileiros. O contato com a sociedade brasileira fez crescer não apenas as taxas de casamento entre italianos de diferentes regiões, mas a própria união entre italianos e brasileiros ou com imigrantes não italianos.<ref name="formação"/>
 
A partir de 1910 verifica-se uma mudança no quadro, pois aumenta o número de casamentos entre italianos e brasileiras. Mas essa mudança deve ser analisada com cautela, pois na maior parte dos casos ao cônjuge definidadefinido como "brasileira" era filha de italianos. Qualquer pessoa nascida no Brasil era definida como brasileira, independente de ser filha de estrangeiros. A partir da segunda década do {{séc|XX}}, há grande número de jovens brasileiras, filhas de italianos, em idade de se casar, que se uniam a homens italianos. Isto caracterizava uma "endogamia oculta" pois, apesar de serem brasileiras de nacionalidade, no plano étnico-cultural as cônjuges eram italianas.<ref name="abep.nepo.unicamp.br"/>
 
Para os imigrantes, a escolha do cônjuge estava fortemente influenciada pelas condições de trabalho a que estavam submetidos. O colonato era um sistema baseado na força de trabalho familiar, e a sobrevivência ou mobilidade social passavam pelo matrimônio, daí a preferência por cônjuges italianos já inseridos naquele sistema de trabalho e com perspectivas semelhantes. Os italianos, nesse contexto social, eram compelidos pelos seus próprios familiares e por membros da comunidade a casarem entre si, dando origem a "famílias de produção", que se formavam em torno do trabalho. Eram, portanto, famílias numerosas, com vários filhos que ajudavam no trabalho e no aumento da produção. Este modelo de família numerosa, dedicada à produção, era o desejado pelo governo brasileiro, que incentivava a imigração de famílias inteiras para o Brasil, ao invés de indivíduos isolados. Em decorrência, visando aumentar a capacidade produtiva, casais formados por dois cônjuges italianos tendiam a ter uma extensa prole, com uma média de dez a treze filhos. Em contrapartida, casais mistos, nos quais um cônjuge era italiano e o outro brasileiro, tendiam a ter número bem menor de filhos, não mais que quatro.<ref name="abep.nepo.unicamp.br"/><ref>{{citar web |url=http://books.google.com/books?id=6Iu_ykEBCnUC&pg=PA214&dq=endogamia+italianos&hl=pt-BR&ei=vYcOTuy5B8rUgQflxPGBDg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CEMQ6AEwBA#v=onepage&q&f=false |título=DiverCidade |autor= Maura Pardini Bicudo Véras |acessodata=9/2/2015}}</ref>