A Redenção de Cam: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Acrescentei mais sobre a história do quadro e intenções do pintor.
Linha 18:
 
O período em que a obra foi produzida foi marcado por intensas mobilizações cientificas (mesmo que muitas delas falaciosas); no entanto, ao fazer referência ao episódio bíblico narrado no livro da Gênesis, A Redenção de Cam parece apostar mais na religião do que na ciência para corroborar sua perspectiva. Há, na obra, uma perspectiva de corte religioso mais do que um olhar "cientifico"<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=LOTIERZO, SCHWARCZ|primeiro=Tatiana, Lilia|data=28/09/2013|titulo=Raça, Gênero e Projeto Branqueador: "A Redenção de Cam"|jornal=|doi=|url=http://cral.in2p3.fr/artelogie/IMG/article_PDF/article_a254.pdf|acessadoem=24/09/2017}}</ref>. A obra reflete as ideologias racistas da época ao mostrar o branqueamento passado pela família como algo a ser louva por eles mesmos. Conforme apontam Tatiana Lotierzo e Lilia Schwarcz no artigo "Raça Gênero e Projeto Branqueador: 'A Redenção de Cam'", as mulheres da pintura - a avó negra e a mãe mulata - estão dispostas como se houvesse voluntarismo da parte nelas no processo de branqueamento que buscava extinguir seu próprio grupo étnico. A obra passou a ser a marca de uma época que, imbuída de um pensamento racialista, deixou marcas indeléveis na tradição brasileira<ref name=":0" />.
 
==História do quadro==
A pintura '''A Redenção de Cam''' é fruto de um momento [[Emancipação|pós-emancipação]]<ref name="TATIANA">{{citar web | autor=Tatiana H. P. Lotierzo, Lilia K. M. Schwarcz| titulo=Raça, gênero e projeto branqueador : "a redenção de Cam", de modesto brocos| publicado = Catálago USP| url=http://cral.in2p3.fr/artelogie/IMG/article_PDF/article_a254.pdf| acessodata=23 de outubro de 2018}}</ref>, trazendo desde o nome, uma crítica ao período. O nome faz alusão a [[Gênesis|Gênesis 9]], presente na [[Bíblia|Bíblia Cristã]]. No episódio, Cam expõe a nudez e bebedeira de seu pai, Noé, aos irmãos Sem e Lafet e, por isso, é condenado pelo pai para ser escravo juntamente com seu filho Canaã<ref name="TATIANA" />, que é amaldiçoado como "servo dos servos"<ref name="Itaú Cultural">{{citar web | autor=Enciclopédia Itaú Cultural| titulo=A Redenção de Cam| publicado = Enciclopédia Itaú Cultural| url=http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam| acessodata=23 de outubro de 2018}}</ref>. Cam é apontado na Bíblia como suposto ascendente das raças africanas.<ref name="Itaú Cultural" /> A tela é crítica quando mostra um caminho para reverter a "maldição" (ser afro-descendente), branqueando os personagens. É perceptível o naturalismo presente na obra, que traz gradações de cores entre os personagens: do mais branco (o bebê) olhando para sua avó, negra, que tem suas mãos erguidas ao céu em agradecimento, no canto esquerdo da tela. A última seria a representação da Virgem Maria e o bebê, o menino Jesus.<ref name="TATIANA" /> Sentados, estão a mãe da criança, que a carrega em cima dos joelhos e um homem com as pernas cruzadas, supostamente o marido. A posição das mãos e olhares entre os personagens trazem coerência à mensagem que [[Modesto Brocos]] quis passar.<ref name="Itaú Cultural" /> A obra lhe rendeu a medalha de ouro no [[Salão Nacional de Belas Artes]] de 1895 e mostra os rumos da arte brasileira no final do século XIX.<ref name="Itaú Cultural" />
 
== Ver também ==