Comunismo no Brasil: diferenças entre revisões

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== Princípio ==
 
O movimento foi influenciado desde o fim do [[século XIX]] pela chegada de ideias [[anarquista]]s no [[Brasil]] chegando ao auge com a [[Greve geral no Brasil em 1917|greve geral de 1917]] ,<ref>DULLES, J. W F. Anarquistas e Comunistas no Brasil – 1900-1930. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977; KOVAL, B. História do Proletariado Brasileiro.São Paulo: Alfa Omega, 1982. BATALHA, C. O Movimento Operário na Primeira República. Rio de Janeiro: [[Jorge Zahar Editor|Jorge Zahar Editores]], 200.; LOPES; C. L. E.; TRIGUEIROS, N. N. História do Movimento Sindical no Brasil. São Paulo: Centro da Memória Sindical. Mimeo s/d; ZAIDAN, M. Comunistas em Céu Aberto –1922-1930. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1989.</ref>, depois cresceu com a fundação do [[Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista]] (PCB) em 1922.<ref> A influência de outros movimentos de esquerda anteriores e contemporâneos ao PCB era residual, vide: [[John W. F. Dulles|DULLES, J. W F]]. Anarquistas e Comunistas no Brasil – 1900-1930. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977; KOVAL, B. História do Proletariado Brasileiro.São Paulo: Alfa Omega, 1982.</ref> até a sua consolidação na [[Antifascismo|luta contra o fascismo]] no [[período entreguerras]], a repressão durante do [[Estado Novo (Brasil)|governo]] de [[Getúlio Vargas]]<ref>Reivindicações trabalhistas eram requeridas por anarquistas antes de 1922, mas só foram alcançadas depois da luta organizada do PCB durante o governo Vargas que teve de responder a estas demandas, vide: FONSECA, P. C. D. Vargas, o Capitalismo em Construção. São Paulo: Nova Fronteira, 1987. Outras conquistas trabalhistas serão efetuadas no governo [[João Goulart]] por reivindicação também do PCB como o direito ao 13º salário, vide: TELLES, J. O Movimento Sindical no Brasil. São Paulo: Ciências Humanas, 1981 e LCP (entrevistas concedidas por Luiz Carlos Prestes a Anita Leocadia Prestes e Marly de Almeida Gomes Vianna, gravadas em fita magnética e transcritas; RJ, 1981-83). LCP, fita nº XV.</ref> depois da [[Intentona Comunista]] de 1935, o seu apoio clandestino ao [[Brasil na Segunda Guerra Mundial|envolvimento brasileiro]] na [[Segunda Guerra Mundial]]<ref>(Prestes, 2010: 51-52)</ref> e a sua reconstrução progressiva e gradual<ref>Tribuna Popular, RJ, 27/6/1946, p. 1.</ref><ref>(Prestes, 2001: cap.IX)</ref> na [[Bahia]] em torno de intelectuais em sua maioria baianos e nordestinos em geral como [[Jorge Amado]], [[Carlos Marighella]], [[Aristeu Nogueira]], [[Diógenes Arruda Câmara]], [[Leôncio Basbaum]], [[Alberto Passos Guimarães]], [[Maurício Grabois]], [[Graciliano Ramos]], [[Osvaldo Peralva]] e [[Armênio Guedes]]<ref>O Partido retomará a legalidade ao seguir a diretriz soviética de 1945 de não enfrentar governos progressistas, vide: (Carone, 1982: 3-4) (Prestes, 2001: cap.IX)</ref> até uma nova proibição durante do governo [[Eurico Gaspar Dutra]] durante o auge da sua influência no [[sindicalismo]] seja [[Sindicalismo agrícola|ele rural]] <ref>[https://docs.google.com/file/d/0B26h2lpJWMYlSloxTFJMYUxmaFFHdEtra3JBa0lFQTZEZ1Jn/edit CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE SOBRE A PARTICIPAÇÃO DO PCB NAS LUTAS NO CAMPO: UM BREVE BALANÇO DA ATUAÇÃO DO PCB JUNTO AOS CAMPONESES]Ronilson Barboza de Sousa</ref> ou urbano e também no [[funcionalismo público]] havendo o racha do Partido em [[1962]] por conta de uma fração [[maoista]].<ref> Mais tarde esta facção passará a defender a luta armada durante o regime militar, vide: (Marighella, 1979: 49, 58, 63, 104)</ref> discordando das diretrizes do partido de buscar a revolução urbana-burguesa<ref>[https://docs.google.com/file/d/0B7usajQaylSFdGgzMVFPaEY3WWc/edit Duas táticas e uma mesma estratégia – Do ‘Manifesto de Agosto de 1950’ à ‘Declaração de Março de 1958] Anita Leocádia Prestes.</ref><ref>Ambos os partidos comunistas herdeiros desta época reconheceram que esta atitude foi um erro por conta da traição efetuada pelo capitalismo nacional monopolista, vide: [http://revistatessituras.com.br/arquivo/descaminhos.pdf Descaminhos da Revolução Brasileira: o PCB e a construção da estratégia nacional-libertadora (1958-1964)], (Prestes, L.C., 1980: 12), (Prestes, 2010: 162), (Prestes, 2010: 55-59) e [[Caio Prado Jr]]. A Revolução Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1966.</ref> como prioridade em detrimento da oposição inegociável ao governo questionada a princípio por pessoas como [[Jacob Gorender]] e voltando a legalidade durante o governo de [[Jânio Quadros]] quando o Partido se recusa a se valer da violência para alcançar seus objetivos políticos.<ref>[https://blogdaboitempo.com.br/2016/11/18/cabo-dias-o-revolucionario-de-1935/ Cabo Dias, o revolucionário de 1935]</ref>
 
== Golpe de 64 e abertura política ==
{{Principal|Golpe de Estado no Brasil em 1964|Luta armada de esquerda no Brasil|Abertura política}}
[[FileImagem:Bundesarchiv Bild 183-69234-0003, Luis Carlos Prestes.jpg|thumb|170px|esquerda|Luis Carlos Prestes (1898-1990).]]
Durante o [[Ditadura militar no Brasil (1964–1985)|Regime Militar]] e o [[AI-5]], o PCB da linha soviética de maneira tardia e despreparada<ref>(Moraes, 1989: 198)</ref> organizou um congresso e decidiu em 1967 que apoiaria a articulação das manifestações contra a lei marcial enquanto o [[PCdoB]] estava articulando a [[guerrilha]], sendo que durante o governo militar de 1974 a 1976, prenderam quase 700 militantes infiltrados e mataram mais de 20 dirigentes comunistas de alto escalão, obrigando o Partido a solução da clandestinidade e do exílio, sendo que [[Luís Carlos Prestes]] se afasta da direção do partido,<ref>ALMEIDA, Antônio (pseudônimo de Prestes), documento original datilografado, sem título, 23 pgs, 08/04/1969, (Arquivo particular da autora); cópia em Coleção Luiz Carlos Prestes, [[Arquivo Edgard Leuenroth|Arquivo]] [[Edgard Leuenroth]]/[[UNICAMP]], pasta 009.</ref>, passando o comando para o [[Giocondo Dias]]. Mesmo com a abertura política de [[João Figueiredo]], houve detenções de comunistas que estavam viajando para a [[União Soviética]] quando voltavam.<ref>[https://blogdaboitempo.com.br/2016/11/18/cabo-dias-o-revolucionario-de-1935/ Cabo Dias, o revolucionário de 1935]</ref> A dramaturgia, o roteiro de novelas e o cinema brasileiros foram fortemente influenciados por autores comunistas militantes, apesar da falta de experiência de seus militantes,<ref>PRESTES, Luiz Carlos. “Carta à Aloyzio Neiva”, Rio, 16/01/1983, 3 pgs.;documento original, datilografado. (Arquivo particular da autora)</ref> a vigilância dos membros soltos pela polícia durante os tempos de perseguição e a desconexão dos exilados com relação a realidade do terreno.<ref>Para a participação de comunistas na cultura brasileira, ver: CARONE, Edgar. O PCB – 1922-1943; O PCB-1943-1964; O PCB-1964-1982. São Paulo: Difel, 1982.</ref><ref>Para saber mais sobre a fraqueza do movimento comunista durante o regime militar, ver: GASPARI, E. [[A Ditadura Derrotada]]. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.</ref> Apesar da repressão durante a [[ditadura militar]], havia uma forte penetração de comunistas no sindicalismo como no caso da [[VW]] que era a maior empresa do país na época.<ref>COSTA, E. A Política Salarial no Brasil. São Paulo: Boitempo, 1998.</ref> Durante a campanha das [[diretas já]],<ref> Prestes sai do partido por conta do apoio moderado ao movimento, mas é rejeitado pelo PT, vide:Ecos à Carta de Prestes, n. 2, maio/1980 e [http://noticias.r7.com/brasil/noticias/arquivos-do-dops-dizem-que-lula-barrou-a-entrada-de-luis-carlos-prestes-no-pt-20111004.html Arquivos do Dops dizem que Lula barrou a entrada de Luís Carlos Prestes no PT]</ref>, o PCB apoiou firmemente o movimento social em pauta<ref>MAZZEO, A. C. As tarefas históricas da esquerda brasileira e o Partido dos Trabalhadores. São Paulo: mimeo., 2004.</ref> e quando começaram as [[greves de 1978-1980 no ABC Paulista]], o [[Partido dos Trabalhadores]] (PT) cresceu as custas de uma fraca reflexão histórica, política e metodológica do Brasil,<ref>PRESTES, Luiz Carlos, “Declarações” (transcrição não revista) em “Resoluções Políticas do 3º Encontro Estadual dos comunistas gaúchos que se orientam pela Carta aos comunistas do camarada Luiz Carlos Prestes” (janeiro/1984), documento datilografado (cópia xerox), 28 pgs. “Coleção Luiz Carlos Prestes” no Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP, Manuscritos, PCB-CC, pasta 242; “Documento do PCML – Partido Comunista Marxista Leninista”, 28 folhas, janeiro/1984, “Informes dos Órgãos de Segurança sobre Luiz Carlos Prestes” (Confidencial).</ref> lideranças inexperientes sejam elas [[marxista]]s ou não e de um PCB fraco que não se adaptou as mudanças.<ref>ANTUNES, R. A Rebelião no Trabalho. São Paulo: Editora Unicamp, 1992; BOITO JR. et alli. O Sindicalismo Brasileiro nos anos 80. São Paulo, Paz e Terra, 1991.</ref> A medida que nos anos 90 o PT vai galgando cargos em governos estaduais e municipais, ele se cede as ferramentas da política tradicional e desilude seus antigos membros comunistas restantes que desligam-se dele<ref>Para entendermos a processo de transição do PT, consultar: Resoluções de Encontro e Congressos: 1979-1998. São Paulo: [[Fundação Perseu Abramo]], 2000. Ver também Carta aos Brasileiros, 2002.</ref> criando assim uma nova tradição [[social-democrata]] voltada para países dependentes do [[Primeiro Mundo]].<ref>[[Ruy Mauro Marini|MARINI, R. M.]] Dialética de la Mercancia e Teoria del Valor. México: Editorial Universitária Centroamericana, 1982; DOS SANTOS, T. Imperialismo e Dependência. México: Edições Era, 1978; SANTOS, T. Teoria da Dependência, Balanço e Perspectiva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. BANBIRRA, V. El Capitalismo Dependiente Latinoamericano. México: Siglo Veinte e Uno Editora1, 976. Para uma abordagem com outra vertente ideológica, ver: [[Fernando Henrique Cardoso|CARDOSO, F. H.]]; [[Enzo Faletto|FALETTO, E.]] Dependência e Desenvolvimento na América Latina. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.</ref> Em 2009, o [[Partido Comunista Brasileiro]] e o movimento comunista brasileiro além de outros setores sociais como o [[Grupo Tortura Nunca Mais]] articularam protestos contra a deportação de [[Cesare Battisti (ativista)|Cesare Battisti]].<ref>[http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=185%3Amanifesto-em-defesa-do-direito-ao-refugio&catid=36%3Adiversos&Itemid=1 MANIFESTO EM DEFESA DO DIREITO AO REFÚGIO]</ref> Em 2017, o então deputado do [[Partido Social Cristão]] - [[Eduardo Bolsonaro]] - criou um projeto de lei que visa criminalizar o comunismo no Brasil.<ref>[http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,em-projeto-de-lei-filho-de-bolsonaro-propoe-criminalizacao-do-comunismo,70001903191 Em projeto de lei, filho de Bolsonaro propõe criminalização do comunismo]</ref>
 
==Ver também ==
 
* [[Anticomunismo]]
* [[Aliança Nacional Libertadora]]
* [[Comando de Caça aos Comunistas]]
* [[Comunismo primitivo]]
* [[História do comunismo]]
* [[Anticomunismo#No_Brasil|Anticomunismo no Brasil]]
* [[Marxismo cultural]]
* [[Partido Comunista do Brasil - Ala Vermelha]]
* [[Partido Comunista Revolucionário]]
* [[Polo Comunista Luiz Carlos Prestes]]
* [[PSTU]]
* [[Relatório Figueiredo]]
 
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* Luta subterrânea – O PCB em 1937-1938. Dainis Karepovs
* A classe operária vai ao parlamento – O Bloco Operário e camponês no Brasil. Dainis Karepovs
* PCB 1922-1929. Michel Zaidan
* Da insurreição armada a união nacional. Anita Leocádia Prestes
* [[Memórias do Cárcere (livro)|Memórias do Cárcere]]. [[Graciliano Ramos]]
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* Plinio Ferreira Guimarães. Outras formas de enfrentar a ameaça comunista. Os programas assistenciais do Exército brasileiro no combate à guerra revolucionária 1964-74. 2014. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Minas Gerais, . Orientador: Rodrigo Patto Sá Motta.
* FERREIRA, Jorge. Prisioneiro do mito: cultura e imaginário político dos comunistas no Brasil (1930-1956). Niterói: Eduff/ Rio de Janeiro: Mauad, 2002
* [http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-19092017-143451/pt-br.php Octávio Brandão and the intelectual matrices of Communism in Brazil]
* [http://www.historia.uff.br/stricto/teses/Tese-2005_Ricardo_da_Gama_Rosa_Costa-S.pdf http://www.historia.uff.br/stricto/teses/Tese-2005_Ricardo_da_Gama_Rosa_Costa-S.pdf Descaminhos da Revolução Brasileira: o PCB e a construção da estratégia nacional-libertadora (1958-1964)]
* [https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/1565 Estado, Democracia e Socialismo no Pensamento Comunista Brasileiro:o caso dos partidos comunistas: PCB e PC do B]