Ceará: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Jandaia.jpg|thumb|esquerda|160px|Jandaia, ou [[aratinga]], ave que dá nome ao estado.]]
 
AtribuiO topônimo ceará não de língua indígena embora atribui-se historicamente ao [[topônimo]] ''ceará'' várias acepções, porém o mais conhecida e aceita diz significar "o cantar da [[Aratinga|jandaia]]". Segundo [[Manuel Aires de Casal|Manuel Ayres de Casal]], ''ceará'' é nome composto de ''cemo'' — cantar forte, clamar — e ''ara'' — pequena arara — em [[língua tupi]]. Tal tese foi posteriormente confirmada e enriquecida pelo escritor [[José de Alencar]].<ref name="Jandaia">{{Citar web |url =http://qiscombr.winconnection.net/institutoceara/arquivosgerais/revista/1901/1901-LinguaIndigena.pdf|título= Língua Indígena: o nome Ceará|data=1901|publicado=Revista do [[Instituto do Ceará]]|acessodata=24 de julho de 2008}}</ref>
 
Embora o pensamento de José de Alencar acerca da origem do nome seja o mais sólido, [[João Mendes de Almeida Júnior]] o acusava de ser por demais poético em sua definição, "(...) mais consoante com o sentir de quem tão belamente descreve a sua terra natal como um país de primores, onde canta a jandaia nos galhos da carnaúba", e a classificava como carente de confirmação [[filologia|filológica]]. Mendes de Almeida lembrava, ainda, de alternativas a essa interpretação, como a de [[Tomás Pompeu de Sousa Brasil|Senador Pompeu]], que faz referência à junção de ''cemo-ará'' a partir de uma variante da língua tupi, cujo significado seria "rio nascente da serra", indicando o rio que nasce na [[Serra de Baturité]] e que deságua junto à Vila Velha, local onde foram lançados os primeiros fundamentos da capital cearense.<ref name="Jandaia" />
 
Outra definição alternativa apontada por Mendes de Almeida é a de [[Antônio Bezerra]], que afirma que o nome surgiu a partir das características da paisagem cearense, banhada pelo Oceano Atlântico e abundante de grandes [[Tabuleiro costeiro|tabuleiros costeiros]] e [[duna]]s, supostamente semelhante à paisagem dos "campos do continente negro", referindo-se à grande reginão desértica do [[Saara]]. Mendes de Almeida fez, também, uma apanhado de registros de expedições pelo território e de livros históricos, como os de [[Vicente do Salvador]] e [[Gaspar Barléu|Caspar Barlaeus]], na busca de variantes da escrita de ''ceará'', sem, contudo, achar nelas alguma pista para uma definição mais exata que a do autor de [[Iracema]]. [[João Brígido dos Santos|João Brígido]] afirmava, ainda, que o nome do estado derivaria da [[corruptela]] de ''Siri-ará'', também de raiz tupi, em alusão aos caranguejos brancos do litoral.<ref name="Jandaia" />
 
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== História ==
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Na continuação da colonização pelos portugueses,<ref name="culturacao" /> a influência dos [[jesuítas]] foi determinante, resultando na criação de aldeamentos, como os de Porangaba, Paupina, Viçosa e outros, muitos deles fortemente militarizados, nos quais os indígenas eram concentrados para serem [[Catequização|catequizados]] e assimilarem a [[Cultura de Portugal|cultura lusitana]]. Tribos tupis aliadas dos portugueses também se instalaram em vilas militarizadas na capitania. Dessas [[missões|reduções]], surgiram às primeiras cidades da capitania, como [[Aquiraz]] e [[Crato (Ceará)|Crato]]. O processo de [[aculturação]], no entanto, não se deu sem grandes influências de crenças e costumes nativos. A intensa resistência levou a episódios sangrentos, destacando-se a [[Guerra dos Bárbaros]], que se deu ao longo de várias décadas do [[século XVIII]] e que resultou na fuga dos habitantes da então capital, Aquiraz, em 1726, para [[Fortaleza]], para a qual foi transferido tal título.<ref>{{Harvnb|Sousa|2002|p=40}}</ref>
 
[[Imagem:Mapa de Fortaleza em 1726.jpg|thumb|Primeiro mapaMapa de [[Fortaleza]], de 17301726.]]
 
Outras frentes colonizadoras surgiram com a instalação da [[pecuária]] na capitania através dos ''sertões de dentro'' e ''sertões de fora'', com levas oriundas respectivamente da [[Bahia]] e de [[Pernambuco]].<ref name="penciv">{{Citar web |url=http://qiscombr.winconnection.net/institutoceara/arquivosgerais/revista/1989/1989-FisionomiaHistoricoGeograficaPenetracaoCivilizadora.pdf |título=Fisionomia Histórico-Geográfica da Penetração Civilizadora |data=1989 |publicado=Instituto do Ceará |acessodata=16 de setembro de 2014}}</ref> Vilas como [[Icó]], [[Aracati]], [[Sobral (Ceará)|Sobral]] e outras surgiram do encontro de rotas do gado tangerino, que era levado até as feiras e fregueses. Mais tarde, o custoso transporte do [[gado]] perdeu importância para a produção da [[charque|carne de charque]], que, no final do {{séc|XVIII}}, disseminou-se também para a [[Região Sul do Brasil]]. Nas regiões serranas, houve grande afluxo de pessoas que se dedicaram à [[policultura|agricultura policultora]], o que veio a caracterizar tais regiões pela maior diversificação da produção e pela estrutura menos [[latifúndio|latifundiária]] que a do sertão. O vale do [[Cariris|Cariri]] assentou-se menos na pecuária e mais na cultura da [[cana-de-açúcar]], propiciando a entrada de maiores levas de escravos africanos. O litoral, refúgio de muitos indígenas e negros livres ou fugitivos, povoou-se de vários vilarejos de pescadores.