Cerco de Constantinopla (674–678): diferenças entre revisões

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Em 674, a marinha árabe zarpou das suas bases no Egeu oriental e entrou no mar de Mármara. Segundo Teófanes, desembarcaram na costa da [[Trácia]] perto de [[Hebdomo]] em abril e até setembro as tropas árabes envolveram-se em constantes confrontos com as tropas bizantinas — ''«todos os dias havia um confronto militar desde manhã até à noite, entre as [[Obra exterior|obras exteriores]] da [[Porta Dourada]] e o [[Ciclóbio]], com ataques e contra-ataques.»''. Em seguida os árabes partiram para Cízico, que capturaram e converteram num campo fortificado para passarem o inverno. Isto marcou um padrão que se repetiu ao longo do cerco: todas as primaveras os árabes cruzavam o mar de Mármara e assaltavam Constantinopla, retirando para Cízico no inverno.<ref name=tr325 />{{sfn|Lilie|1976|p=77–78}}{{Harvy|mang|Mango|1997|p=493–494}}{{sfn|name=hald64|Haldon|1990|p=64}} Na realidade, o "cerco" foi uma série de combates em volta da cidade, que pode até ser estendida para incluir o ataque de 669 de Iázide.{{Harvy|name=mg494n3|mang|Mango|1997|p=494 (nota #3)}} Saliente-se também que tanto os cronistas bizantinos como os árabes relatam que o cerco durou sete e não cinco anos. Isto pode ser conciliado com a versão dos cinco anos incluindo as primeiras campanhas, "de abertura", de 672 e 673 ou contando os anos até à retirada definitiva dos árabes, em 680.<ref name=mg494n3 />{{sfn|Lilie|1976|p=80 (nota #73)}}
 
Os pormenores dos combates durante os anos seguintes a 674 em redor de Constantinopla são mal conhecidos, pois Teófanes condensa o cerco no seu relato do primeiro ano e os cronistas árabes não mencionam de todo o cerco, apenas indicando os nomes dos comandantes de expedições não especificadas em território bizantino.{{sfn|Brooks|1898|p=187–188}}{{sfn|name=lil78|Lilie|1976|p=78–79}}{{Harvy|name=mg494|mang|Mango|1997|p=494}} Sabe-se apenas que Abdalá ibne Cais e Fadala ibne Ubaide levaram a cabo raides em Creta e lá invernaram em 675, enquanto que no mesmo ano Malique ibne Abdalá liderou um raide na Ásia Menor. Os historiadores árabes [[Iacubi]] e [[al-TabariAtabari]] relatam que Iázide foi enviado por Moáuia com reforços para Constantinopla em 676 e que Abdalá ibne Cais comandou uma campanha em 677, cujo alvo se desconhece.{{sfn|Lilie|1976|p=79–80}}<ref name=tr325 />{{Harvy|mang|Mango|1997|p=495}} Ao mesmo tempo, os bizantinos tiveram que enfrentar um [[Cerco de Salonica (676–678)|ataque]] dos [[eslavos]] a [[Salonica]] e ataques dos [[lombardos]] em [[península Itálica|Itália]].{{sfn|Treadgold|1997|p=326}} Finalmente, no outono de 677 ou início de 678, Constantino&nbsp;IV resolveu enfrentar os sitiantes num combate frontal. A sua frota, equipada com fogo grego, destroçou a frota inimiga. É provável que a morte do almirante Iázide ibne Sagara, registada pelos cronistas árabes em 677 ou 678, esteja relacionada com a sua derrota. Aproximadamente ao mesmo tempo, o exército muçulmano na Ásia Menor, sob o comando de {{ilc|Sufiane ibne Aufe||Sufyan ibn 'Awf}}, foi derrotado pelo exército bizantino comandado pelos generais Floras, Petrenas e Cipriano, perdendo {{formatnum:30000}} homens, segundo Teófanes. Estas derrotas forçaram os árabes a levantar o cerco em 678. No caminho de regresso à Síria, a frota árabe foi quase completamente aniquilada por uma tempestade ao largo de [[Silião]].<ref name=hald64 /><ref name=mg494 /><ref name=lil78 />{{sfn|Treadgold|1997|p=326–327}}
 
O escopo essencial do relato de Teófanes pode ser corroborado pelo única referência bizantina quase-contemporânea do cerco, um poema comemorativo do de outro modo desconhecido Teodósio Gramático, que anteriormente pensou-se fazer referência ao [[Cerco de Constantinopla (717–718)|segundo cerco árabe]] de 717–718. O poema de Teodósio celebra uma vitória naval decisiva diante das muralhas da cidade — com o interessante detalhe de que a frota árabe também possuía navios lançadores de fogo — e faz uma referência ao "temor de suas sombras regressantes", o que pode ser interpretado como confirmando a recorrência dos ataques árabes a cada primavera a partir da base deles em [[Cízico]].{{sfn|Olster|1995|p=23–28}}