União Nacional para a Independência Total de Angola: diferenças entre revisões

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{{Info/Partido político
|nome = União Nacional para a Independência Total de Angola</br> (UNITA)
|colorcode = green
|logo = Flag of UNITA.svg
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|branco1_título = [[Espectro político]]
|branco1 = [[CentroDireita (política)|CentroDireita]]<ref name="Jofre"/> a [[Pega-tudo]]<br>
|branco2_título = Ala jovem
|branco2 = Juventude Unida Revolucionária de Angola
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|cores = Verde e vermelho
|notas = }}
A '''União Nacional para a Independência Total de Angola''', mais conhecida por seu acrónimo '''UNITA''', é um [[partido]] [[angola]]no, fundado em [[1966]], por dissidentes da [[FNLA]] e do [[GRAE]] (Governo de Resistência de Angola no Exílio), de que [[Jonas Savimbi]], fundador da UNITA, era ministro das relações exteriores{{Nota de rodapé|Alguns historiadores alegam que Savimbi criou a UNITA depois da sua tentativa fracassada de assumir a co-presidência do GRAE.}}.
 
A UNITA é o segundo maior partido de Angola, sendo também o maior partido de [[Oposição (política)|oposição]] do país. Na [[Eleições Gerais em Angola 2012|eleição parlamentar de 2012]] o partido ganhou 32 dos 220 assentos na [[Assembleia Nacional de Angola]]. O partido também é conhecido pelo acrónimo "Galo Negro", em referência a figura de um galo presente na bandeira do partido.
 
Durante a [[guerra Civil Angolana]] a UNITA recebeu ajuda militar principalmente dos [[Estados Unidos]] e da [[África do Sul]], enquanto que o [[MPLA]] recebeu apoio da [[União Soviética]] e seus aliados. Desde o fim da Guerra Civil em 2002 a UNITA abandonou a luta armada, convertendo-se num partido político.
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[[Jonas Savimbi]] e [[Antonio da Costa Fernandes]] fundaram a UNITA em 13 de março de 1966, em Muangai, na província do [[Moxico]], [[Angola Portuguesa]]. Outros 200 delegados estavam presentes no evento de fundação do até então movimento guerrilheiro. A UNITA lançou o seu primeiro ataque contra as autoridades coloniais portuguesas em 25 de dezembro do mesmo ano.
{{Angola/Política}}
Após a sua formação em 1966, a UNITA necessitando de apoios externos, virou-se para a China, uma vez que os outros grandes países, passíveis de apoiar uma guerrilha anti-colonial em Angola, já tinham compromissos com a FNLA ou o outro movimento entretanto fundado, o [[MPLA]]. A preocupação dominante da UNITA foi, no entanto, a de assegurar-se o apoio dos [[Ovimbundu]], a maior etnia em Angola, à qual o próprio Savimbi pertencia.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Heywood|primeiro=Linda|data=27/01/1989|titulo=UNITA and ethnic nationalism|jornal=Journal of Modern African Studies|paginas=47-60|lingua2língua=en}}</ref>. A UNITA vai travar operações de guerrilha no Leste do então território colonial, sem conseguir chegar ao Planalto Central, "habitat" dos Ovimbundu,<ref>{{citar livro|autor=Alcides Sakalala|título=Memórias de um guerrilheiro|editora=D. Quixote|local=Lisboa|ano=2006|páginas=|id=}}</ref>, entre os quais desenvolveu, no entanto, um intenso trabalho de mobilização política.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Beck|primeiro=Teresa Koloma|data=30/02/2009|titulo=Staging Society: Sources of loyalty in the Angolan UNITA|jornal=Contemporary Security Policy|paginas=343-355|lingua2língua=en}}</ref>.
 
=== Guerra Civil ===
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Quando [[Portugal]] anuncia, em 1974, a sua intenção de retirar-se das suas colónias, a UNITA envolve-se do lado da FNLA no conflito armado que irrompe com o MPLA. No dia em que, em 1975, o MPLA declara a independência do país na capital, [[Luanda]], UNITA e FNLA fazem o mesmo no [[Huambo]], capital de província situada no Planalto Central. Apesar dos apoios já não da China, mas dos [[Estados Unidos|EUA]], da [[África do Sul]] (ainda no tempo do [[apartheid]]) e de outros países, a coligação é militarmente derrotada, devido à intervenção de [[Cuba]] do lado do MPLA. A aliança UNITA - FNLA desfaz-se de imediato, produzindo-se inclusive hostilidades esporádicas entre ambas, no centro e no sul do país.
 
O MPLA proclama um estado de partido único e a UNITA e a FNLA passam a ser consideradas ilegais, e ambas retomam, sem demora, a luta armada contra o MPLA. Inicia-se assim a [[Guerra Civil Angolana]] que durará até 2002 e, para lá das dinâmicas internas, é condicionada pela [[Guerra Fria]] que prevalecia, internacionalmente, durante boa parte deste período. Ao mesmo tempo, continua a beneficiar de um enraizamento não apenas entre os Ovimbundu, mas também em parte das etnias do Leste.<ref>{{citar livro|autor=Assis Malaquias|título=Rebels and Robbers: Violence in Post-colonial Angola|editora=Nordiska Afrikainstitutet|local=Uppsala|ano=2007|páginas=|id=}}</ref>. Esta constelação permite à UNITA manter e diversificar os seus apoios externos, enfrentar as forças governamentais não apenas com tácticas de guerrilha, mas por vezes em combate "convencional", e controlar partes do território durante fases de extensão significativa.<ref> Linda Heywood, ''UNITA and ethnic nationalism in Angola'', ''Journal of Modern African Studies', 27 (1) 1989, pp. 47 - 66</ref>
 
No fim dos anos 1980, esforços de mediação empreendidos de vários lados convenceram a UNITA a concordar com uma solução política do conflito, desde que o MPLA concordasse com a passagem de Angola para uma democracia multipartidária. Este último passo foi dado com a adopção da constituição de 1990 que criou as bases para que, logo depois, se concluísse em BicesseAlvor (Portugal) um acordo de paz entre aos UNITAtrês e o Governo do MPLAmovimentos. A UNITA constituiu-se como partido político e concorreu às eleições parlamentares e presidenciais marcadas para 1992, certa de que estas lhe seriam favoráveis. Porém, nas eleições parlamentares obteve uma votação de mais de 30%, portanto expressiva, mas que ficou aquém das suas expectativas. Nas eleições presidenciais, os cerca de 42% obtidos por Jonas Savimbi impediram que [[José Eduardo dos Santos]], presidente em exercício que reuniu 59% dos votos, obtivesse na primeira volta a maioria absoluta, do modo que, pela legislação então em vigor, uma segunda volta teria sido necessária.
 
Esta não chegou no entanto a realizar-se, porque a UNITA declarou se imediato que tinha havido fraude nas eleições presidenciais, e retomou as suas actividades militares - enquanto os deputados eleitos pela UNITA assumiam as suas funções de forma regular. A seguir a uma fase de êxitos militares, p.ex. a tomada temporária da cidade do [[Huambo]], a UNITA passou a perder terreno de maneira dramática, devido ao reforço maciço das [[FAA]] (Forças Armadas de Angola), em pessoal, formação e equipamento, no essencial financiado pelas receitas do [[petróleo]]. Em paralelo, constitui-se uma dissidência da UNITA, designada "UNITA Renovada" e liderada por um dos deputados, [[Eugénio Manuvakola]]; esta corrente era a favor do abandono da luta armada e de uma concentração sobre a luta política. No fim dos anos 1990 era patente que a UNITA tinha perdido o combate, em termos militares. Perseguido por uma unidade das forças governamentais, Jonas Savimbi é morto em Fevereiro de [[2002]].
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=== 2002 - presente ===
 
Após a sua morte, a UNITA tornou-se num partido civil e abandonou a luta armada. No congresso da fundação do partido, onde a UNITA Renovada e outros elementos dissidentes foram reintegrados, [[Isaias Samakuva]] foi eleito presidente.
 
Concorrendo às eleições parlamentares de Setembro de 2008, a UNITA obteve pouco mais de 10%, tornando-se num partido com poucas condições para exercer funções efectivas de oposição. Em 2012, esta situação levou à saída de uma dos seus mais destacados dirigentes, [[Abel Epalanga Chivukuvuku]] que fundou um novo partido, CASA (Convergência Ampla de Salvação de Angola). Apesar desta perda, a UNITA aumentou muito significativamente, de cerca de 80%, nas [[Eleições Gerais em Angola 2012|eleições realizadas em 2012]], duplicando o número dos seus deputados, enquanto a CASA obteve rerspeitáveis 6% (e 8 deputados) - constituindo-se, deste modo, uma oposição parlamentar significativa ao MPLA. A UNITA é hoje composta por uma direcção coesa liderada por Isaías Samakuva, Ernesto Joaquim Mulato e Vitorino Nhany. A UNITA tem tentado sempre demonstrar a sua parte democratica realizando congressos de 4 em 4 anos, em que o ultimo foi realizado em 2011.
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== Espectro e ideologia ==
 
A morte de Savimbi também se refletiu na mudança ideológica do partido, deixando o nacionalismo de esquerda e o socialismo humanitário (correntes majoritárias até então).{{carece de fontes|data=Abril de 2017}} Este fato alterou o [[espectro político|espectro]] do partido, que, de situado mais a [[centro-esquerda]], passou a um movimento flutuante, ou de forma mais clara, sem ideologia dominante, sendo um ''[[Partido pega-tudo|Catch-all party]]''.<ref name="Jofre"/> Segundo Jofre Justino, o partido assim teria várias correntes, sendo a dominante, [[direita política |direitista]], capitaneado por [[Isaías Samakuva]]. As demais correntes do Galo Negro seriam a da [[esquerda política|esquerda]], dirigida por um general do terreno; e a do [[Centro (política)|centro]], capitaneada por Abel Chivukuvuku (que acabou por romper com a UNITA e formar um novo partido).<ref name="Jofre"/>
 
== Resultados Eleitorais ==
 
=== Eleições presidenciais ===
{| class="wikitable"
! rowspan="2" |Data
! rowspan="2" |Candidato
! colspan="3" |1ª Volta
! colspan="3" |2ª Volta
|-
!CI.
!Votos
!%
!CI.
!Votos
!%
|-
|1992
|[[Jonas Savimbi]]
|2.º
|1 579 298
|{{Info/Partido político/lugares|7040.07|220100.00|hex = green}}
! colspan="3" |Não se realizou
|}
 
=== Eleições legislativas ===
{| class="wikitable"
!Data
!Líder
!CI.
!Votos
!%
!+/-
!Deputados
!+/-
Linha 77 ⟶ 101:
|-
|1992
|[[Jonas Savimbi]]
|2.º
|1 347 636
|{{Info/Partido político/lugares|34.10|100.00|green}}
|34,1 (#2)
|
|{{Info/Partido político/lugares|70|220|hex = green}}
|{{Info/Partido político/lugares|2=220|hex = green}}
|
|Oposição
|-
|2008
|[[Isaías Samakuva]]
|2.º
|670 363
|{{Info/Partido político/lugares|10.39|100.00|green}}
|10,4 (#2)
|{{Decrease}}23,71
|{{Info/Partido político/lugares|16|220|hex = green}}
|{{Decrease}}5434
|Oposição
|-
|2012
|[[Isaías Samakuva]]
|2.º
|1 074 565
|{{Info/Partido político/lugares|18.66|100.00|green}}
|18,7 (#2)
|{{Increase}}8,27
|{{Info/Partido político/lugares|32|220|hex = green}}
|{{Increase}}16
|Oposição
|-
|2017
|[[Isaías Samakuva]]
|2.º
|1 800 860
|{{Info/Partido político/lugares|26.72|100.00|green}}
|{{Increase}}8,06
|{{Info/Partido político/lugares|51|220|hex = green}}
|{{Increase}}19
|Oposição
|}
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* Didier Péclard, ''Les incertitudes de la nation en Angola: Aux racines sociales de l'Unita'', Paris: Karthala, 2015
 
== Ver também ==
 
* [[Amélia Judith Ernesto]]
 
{{esboço-ao}}
Linha 114 ⟶ 160:
[[Categoria:Grupos guerrilheiros]]
[[Categoria:Movimentos de libertação nacional]]
[[Categoria:Partidos políticos fundados em 1966]]