Luta armada contra a ditadura militar brasileira: diferenças entre revisões

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A vitória da [[Revolução Cubana]] e a proclamação de seu caráter socialista, no entanto, puseram em cheque as teses do PCB e colocaram a revolução no horizonte político da América Latina. O movimento guerrilheiro de Fidel Castro contou com a ampla simpatia das mais diversas tendências de esquerda, nacionalistas e anti-imperialistas, aparecendo como uma alternativa para aqueles que se contrapunham às diretrizes da União Soviética.{{Sfn|Moniz Bandeira|2009|p=311}} Inspiradas pelos sucessos revolucionários em Cuba, duas organizações surgiram em contraposição ao PCB: a [[Ação Popular]] (AP) e a [[Política Operária]] (POLOP). A AP surgiu em 1962 como uma organização autônoma, com influência no movimento estudantil, chegando a manter a diretoria da [[União Nacional dos Estudantes]] (UNE) e de outras entidades estudantis durante a década de 1960. Com raízes no interior da [[Juventude Universitária Católica]] (JUC), a AP defendia a criação de uma alternativa política ao capitalismo e ao comunismo soviético, inspirada num humanismo cristão e com influências castristas. A POLOP, por sua vez, nasceu em 1961, agrupando elementos de várias pequenas tendências que se opunham ao PCB, com influência também entre os meios universitários. A POLOP contestava o reformismo do PCB e defendia a luta armada revolucionária pelo socialismo.{{Sfn|Ridenti|1993|p=26}} Também influenciado pela Revolução Cubana, [[Francisco Julião]], líder das [[Ligas Camponesas]], fundou em 1961 o [[Movimento Revolucionário Tiradentes (1961-1962)|Movimento Revolucionário Tiradentes]] (MRT), que pretendia ser o embrião de uma guerrilha rural.{{Sfn|Ridenti|1993|p=26-27}} O MRT chegou a enviar militantes para realizar treinamento guerrilheiro em algumas fazendas espalhadas pelo país, mas um dos campos de treinamento, em Dianópolis, no estado de Goiás, foi descoberto pela polícia em novembro de 1962 e o projeto guerrilheiro foi desarticulado antes de ser efetivamente deflagrado.{{Sfn|Silva|2014|p=4-5}}
 
A [[ruptura sino-soviética]] em 1963 também possibilitou a percepção do [[maoísmo]] como uma alternativa ao movimento comunista internacional. Já em 1962, o PCB passou por uma cisão, que resultou na formação do [[Partido Comunista do Brasil]] (PCdoB). O novo partido logo voltou-se para a China maoísta, criticando o reformismo do PCB e defendendo a luta armada.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=65}} No entanto, mesmo sem ser descartada, a luta armada não constituía, efetivamente, uma opção política imediata ou consistente para a maior parte das esquerdas no período anterior à 1964.{{Sfn|Napolitano|2014|p=124}} Mesmo assim, o [[foquismo]] e o maoísmo ofereciam novas perspectivas para as esquerdas brasileiras, uma vez que o foquismo "adaptava" a revolução para a realidade latino-americana e o maoísmo, por sua vez, legitimava a revolução em um país de fortes tradições rurais.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=59}}
 
=== Golpe militar de 1964 e fragmentação das esquerdas ===
Com o [[golpe militar de 1964]] e a derrota sem resistência por parte das forças progressistas, os partidos e movimentos de esquerda tradicionais entraram em crise e passaram por um processo de autocrítica.{{Sfn|Ridenti|1993|p=27}} Para uma parcela considerável das esquerdas, a derrota de 1964 confirmou os equívocos da linha política pacifista e reformista adotada pelo PCB, que logo foi responsabilizado pela desmobilização dos trabalhadores e das forças progressistas no momento do golpe.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=58}} Se o reformismo do PCB desviou a classe operária de seu pretenso destino revolucionário e não conseguiu deter as forças da reação, a luta armada e o enfrentamento ao regime militar se colocavam enquanto possibilidades para grande parte da esquerda naquele momento.{{Sfn|Napolitano|2014|p=124}} A direção do PCB, por sua vez, não soube lidar com a derrota e nem foi capaz de realizar uma autocrítica profunda de sua própria atuação antes de 1964. Entre 1965 e 1968, as bases universitárias romperam com o partido e formaram dissidências locais (DIs). No estado do Rio de Janeiro surgiu a DI-RJ; na Guanabara, a [[Dissidência Comunista da Guanabara]] (DI-GB) (ambas posteriormente denominadas [[Movimento Revolucionário 8 de Outubro]] — MR-8); no Rio Grande do Sul, a DI-RS; em São Paulo, a [[Dissidência Universitária de São Paulo]] (DISP); e em Minas Gerais, a chamada [[Corrente Revolucionária de Minas Gerais|Corrente]]. Na própria cúpula do PCB houve cisões, capitaneadas por [[Carlos Marighella]], que criou a [[Ação Libertadora Nacional]] (ALN), e pelo dirigente [[Mário Alves]], que deu origem ao [[Partido Comunista Brasileiro Revolucionário]] (PCBR). As duas organizações levaram consigo militantes do PCB em todo o país, organizando-se nacionalmente, embora o ALN tivesse sua força principal concentrada em São Paulo e o PCBR, na Guanabara. Estima-se que o PCB, até 1968, perdeu pelo menos metade de seus integrantes remanescentes, que debandaram para as organizações que propunham a resistência armada imediata.{{Sfn|Ridenti|1993|p=28}}
 
Até mesmo os grupos minoritários de esquerda passaram por diversas cisões no período. A suposta morosidade na preparação da resistência armada ao regime militar também causou cisões no interior do PCdoB, que, entre 1966 e 1967, perdeu mais da metade de seus membros, os quais constituíram, no Nordeste, o [[Partido Comunista Revolucionário]] (PCR), e, no Centro-Sudeste, a [[Partido Comunista do Brasil - Ala Vermelha|Ala Vermelha do PCdoB]] (PCdoB-AV ou ALA), que, por sua vez, também sofreria cismas que gerariam o [[Movimento Revolucionário Tiradentes (1969-1971)|Movimento Revolucionário Tiradentes]] (MRT) em São Paulo e o [[Movimento Revolucionário Marxista]] (MRM) em Minas Gerais. Entre os demais grupos minoritários de esquerda, a AP adotou o maoísmo, desagradando suas bases e setores da organização que optaram por uma linha política mais próxima do foquismo, que se juntaram a outros revolucionários para fundar, entre 1968 e 1969, o [[Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Brasil)|Partido Revolucionário dos Trabalhadores]] (PRT). No decorrer da luta armada, também houve militantes que trocaram a AP por outros grupos guerrilheiros.{{Sfn|Ridenti|1993|p=29}} A POLOP também enfrentou cisões, que mais tarde dariam origem ao [[Comando de Libertação Nacional]] (COLINA), em Minas Gerais; ao [[Partido Operário Comunista]] (POC) no Rio Grande do Sul; e, em São Paulo, uma dissidência da POLOP fundiu-se com uma parcela do [[Movimento Nacionalista Revolucionário]] (MNR) para dar origem, em 1968, à [[Vanguarda Popular Revolucionária]] (VPR).{{Sfn|Ridenti|1993|p=29}}
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=== Convergências ===
==== Críticas ao PCB ====
As organizações da esquerda armada, apesar de bastante fragmentadas, compartilhavam uma série de pressupostos teóricos comuns. Todas elas faziam severas críticas à linha política e à prática que vinha sendo adotada pelo PCB até então. Esses grupos consideravam que a análise do PCB acerca da realidade brasileira era equivocada e levou a um posicionamento igualmente incorreto na luta política. De uma forma ou de outra, essas organizações justificavam a necessidade do enfrentamento armado ao invés da adoção de uma linha política pacífica e reformista, além de negarem o papel revolucionário da burguesia nacional.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=57-58}} O espaço de experiência do período pré-1964 deveria ser descartado e os erros cometidos pelo PCB e pelas lideranças políticas reformistas não deveriam ser repetidos.{{Sfn|Silva|2014|p=14}}
 
==== Leitura da realidade brasileira ====
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Na medida em que se engajaram na luta armada, as organizações de esquerda passaram a enfrentar uma repressão cada vez mais coordenada, equipada e informada, o que trazia uma série de dificuldades para seus militantes. Os assaltos a agências bancárias e carros pagadores rendiam grandes quantias de dinheiro, mas que rapidamente se esgotava no sustento da estrutura clandestina. Para isso, era preciso alugar casas para a montagem de [[Aparelho (política)|aparelhos]] que servissem de residência para militantes ou como local de reuniões e depósito de armamentos. As prisões inutilizavam os aparelhos, que podiam ser revelados pelos militantes que caíam nas mãos da repressão, de modo que novos aparelhos deveriam ser providenciados. As quantias arrecadas nos assaltos também decresceram, uma vez que as agências bancárias passaram a tomar a precaução de deixar o mínimo dentro dos cofres, e algumas ações rendiam menos do que o custo de sua preparação e execução.{{Sfn|Gorender|2014|p=174}} Depois de um tempo, o engajamento total na luta armada afastou militantes e simpatizantes por falta de aptidões pessoais ou disposição ideológica. Especialmente a partir do final de 1969, se fizeram sentir com mais nitidez os efeitos da recuperação da economia nacional com o início do chamado "[[Milagre econômico brasileiro|milagre econômico]]", o que tornou ainda mais difícil recrutar militantes dispostos a lutar contra uma ditadura que gerava o desenvolvimento e reprimia duramente seus opositores.{{Sfn|Ridenti|1993|p=111}}
 
Especialmente após o sequestro do embaixador norte-americano, a escalada repressiva trouxe baixas severas para a luta armada. Uma série de prisões de militantes acabaram levando ao paradeiro de importantes dirigentes das organizações revolucionárias. No dia 4 de novembro de 1969, Marighella foi assassinado em uma emboscada, e com a sua morte, se perderam uma série de contatos que ele havia estabelecido, bem como os recursos de diversas ações que deveriam ser utilizados na preparação da guerrilha rural.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=71}} No início de 1970, dirigentes do MR-8, do PCBR e da VAR também foram atingidos pela repressão.{{Sfn|Gorender|2014|p=187}}{{Sfn|Gorender|2014|p=204}}{{Sfn|Gorender|2014|p=210}} A Ala Vermelha, diante da vaga repressiva, percebeu que o dinheiro obtido dos assaltos a bancos não compensava as despesas e outros problemas deles decorrentes e propôs o recuo da luta armada e uma reaproximação das massas.{{Sfn|Gorender|2014|p=210}} Os militantes descontentes com essa nova orientação formaram o [[Movimento Revolucionário Tiradentes (1969-1971)|Movimento Revolucionário Tiradentes]] (MRT), em São Paulo, e o [[Movimento Revolucionário Marxista]] (MRM), em Minas Gerais.{{Sfn|Ridenti|1993|p=29}} Os grupos que não foram totalmente desarticulados buscaram a reorganização. O PCBR instituiu uma nova direção nacional e iniciou uma série de ações no Nordeste.{{Sfn|Gorender|2014|p=206}} O MR-8 também reconstituiu sua direção nacional e se beneficiou da incorporação de um grupo de estudantes secundaristas baianos liderados por [[Sérgio Landulfo Furtado]] e do ingresso de [[José Campos Barreto]], o Zequinha, envolvido nas agitações grevistas de Osasco e que havia atuado na VPR e na VAR. A VPR, por sua vez, iniciara o treinamento guerrilheiro no Vale do Ribeira, sob a chefia de [[Carlos Lamarca]]. A ALN, após a morte de Marighella, passou ao comando de Joaquim Câmara Ferreira, que, buscando a unidade da esquerda revolucionária, entrou em contato com outras organizações para a realização de ações armadas em conjunto.{{Sfn|Gorender|2014|p=211}} Entre o final de 1970 e o início de 1971, ALN, MR-8, MRT e VPR realizaram algumas ações em conjunto, incluindo sequestros de diplomatas e assaltos bem sucedidos a carros pagadores e agências bancárias.{{Sfn|Gorender|2014|p=220}}
 
As últimas ações de grande envergadura realizadas pelos grupos armados foram os sequestros de diplomatas para a libertação de presos políticos. No dia 12 de março VPR, MRT e [[Resistência Democrática]] (REDE) se mobilizaram em uma ação para libertar [[Shizuo Ozawa]], conhecido como Mário Japa. Membro da Coordenação Regional da VPR, ele conhecia o campo de treinamento guerrilheiro da organização e poderia revelar o paradeiro de Lamarca. Para libertá-lo, o grupo sequestrou [[Nobuo Okushi]], cônsul do Japão em São Paulo. A lista de resgate contou com apenas cinco nomes, incluindo o de Mário Japa. O governo Médici aceitou as exigências impostas pelos guerrilheiros, libertando os presos políticos e enviando-os ao México.{{Sfn|Gorender|2014|p=212}} Não obstante, em abril, os militares descobriram a localização do campo de treinamento guerrilheiro da VPR e o paradeiro de Lamarca. No dia 21, o Exército iniciou o cerco aos guerrilheiros no Vale da Ribeira. Os guerrilheiros, no entanto, foram bem sucedidos ao furar o cerco dos militares, travando combates nos quais saíram vitoriosos e chegando inclusive a fazer prisioneiros, chegando à cidade de São Paulo na noite do dia 31. Após a fuga, Lamarca ficou abrigado cinco meses em um aparelho providenciado por [[Joaquim Alencar de Seixas]], do MRT.{{Sfn|Gorender|2014|p=212-213}} No dia 11 de julho, a ALN e a VPR capturaram o embaixador alemão [[Ehrenfried von Holleben]]. Durante a ação, o guarda de segurança Irlando de Souza Régis foi baleado e perdeu a vida. Mesmo assim, o governo Médici providenciou rapidamente a publicação do manifesto dos revolucionários na grande imprensa e a libertação de quarenta presos políticos, que foram enviados à Argélia.{{Sfn|Gorender|2014|p=219}} O último sequestro foi realizado pela VPR. No dia 7 de setembro, em uma ação comandada diretamente por Lamarca, o grupo raptou o embaixador suíço [[Giovanni Enrico Bucher]], exigindo a libertação de setenta presos políticos. Dessa vez, porém, o governo Médici decidiu mudar de orientação, recusando vários nomes da lista original, em especial aqueles presos sob acusação ou condenação por homicídio, condenados à prisão perpétua e que haviam participado nos sequestros anteriores. A atitude imprevista obrigou os guerrilheiros a propor nomes substitutivos, alguns dos quais também rejeitados. As negociações duraram quarenta dias e se arrastaram através de canais sigilosos, enquanto os órgãos policiais empreendiam uma grande investigação para localizar Lamarca e os demais guerrilheiros que guardavam o embaixador Bucher. No fim, chegou-se a um acordo quanto aos setenta presos políticos a serem libertados, que foram enviados ao Chile em troca da liberdade de Bucher.{{Sfn|Gorender|2014|p=222}}
 
Após o sequestro do embaixador suíço, as organizações armadas começaram a passar por dificuldades cada vez mais sérias. Em 1971, quase todas as organizações armadas foram desarticuladas pela repressão e seus dirigentes presos ou mortos.{{Sfn|Gorender|2014|p=226-227}}{{Sfn|Gorender|2014|p=228-229}} A ALN ainda conseguiu sustentar a guerrilha até 1973, passando por cisões que deram origem ao [[Movimento de Libertação Popular]] (MOLIPO) e a [[Tendência Leninista]] (TL).{{Sfn|Gorender|2014|p=230-231}} Nessa última fase da luta armada, com as organizações destroçadas, militantes presos, mortos, exilados ou desaparecidos, e sem nenhuma perspectiva de recrutar novos quadros, as ações armadas tornaram-se um meio desesperado de sobrevivência dos militantes e organizações ainda engajados na guerrilha.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=73}} Com a crescente marginalização social dos grupos armados, já no início de 1970, os militantes viviam um dilema entre abandonar suas organizações e serem tachados de "traidores" ou permanecer na luta armada para enfrentar quase que fatalmente a prisão ou a morte.{{Sfn|Silva|2014|p=20}} Quando o general [[Ernesto Geisel]] tomou posse da Presidência da República em março de 1974, a guerrilha urbana já havia sido extinta, ao custo de centenas de presos, mortos, exilados e desaparecidos.{{Sfn|Gorender|2014|p=264}}
 
===Guerrilha do Araguaia e desarticulação total da luta armada===
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=== Apoio externo ===
Alguns grupos guerrilheiros chegaram a contar com o apoio externo chinês e cubano. Às vésperas do golpe, em 29 de março de 1964, dez militantes do PCdoB foram à China para a realização de um curso político-militar. Até 1966, mais dos grupos do partido fariam este curso.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=66}} Entre esses militantes, estavam [[Osvaldo Orlando da Costa]] (Osvaldão), [[João Carlos Haas Sobrinho]], [[André Grabois]], [[José Humberto Bronca]] e [[Paulo Mendes Rodrigues]], que em 1967 se fixaram às margens do [[rio Araguaia]] para iniciar a guerrilha rural.{{Sfn|Gorender|2014|p=236}} A AP, após o abandono do foquismo e a adesão ao maoísmo em 1967, também teve militantes fazendo treinamento político-militar na China.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=66}}
[[Imagem:Edmund S. Valtman, What you need is a revolution like mine ppmsca.02969.jpg|thumb|"Homem, o que você precisa é de uma revolução como a minha": [[Fidel Castro]] aconselhando o Brasil, enquanto oculta Cuba acorrentada. Charge anticomunista de Edmund S. Valtman.]]
Cuba, por sua vez, apoiou concretamente os brasileiros em três momentos distintos. O primeiro foi no momento anterior ao golpe militar, no qual as Ligas Camponesas de Francisco Julião contaram com o apoio financeiro de Cuba. Instaurada a ditadura e desarticuladas as Ligas, o apoio cubano foi deslocado para o [[Movimento Nacionalista Revolucionário]] (MNR). Após a desarticulação da [[guerrilha do Caparaó]] antes mesmo de seu início, o apoio cubano passou para a ANL.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=60-61}} A partir de 1967, Carlos Marighella surgiu para os cubanos como o principal nome da revolução brasileira. Daí até o início de 1970, cuba treinou guerrilheiros não só da ALN, mas também da VPR e do MR-8, embora tenha considerado a organização de Marighella a mais apta para desencadear a luta armada no Brasil. Marighella se fez presente na conferência que deu origem à [[Organização Latino-Americana de Solidariedade]] (OLAS), entre 31 de julho e 10 de agosto de 1967, fato que marcou sua ruptura com o PCB, e logo depois da formação da OLAS, militantes ligados à Marighella chegavam em Cuba para realizar o treinamento político-militar. As relações de Marighella e da ALN com Cuba, no entanto, não se davam sem tensões e conflitos. Apesar de bem recebido, o apoio, para Marighella, não respaldava a ingerência do governo cubano nos rumos da revolução brasileira. Marighella e a ALN consideravam que o apoio cubano não deveria levar à perda da autonomia da organização, à entrega da direção guerrilheira ou à subserviência.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=62-63}}
 
Para a direita e os militares, o apoio externo às guerrilhas seria uma prova da ingerência do comunismo internacional nos rumos da política interna do país. Para as organizações de esquerda alinhadas ao foquismo e ao maoísmo, no entanto, o apoio cubano ou chinês representava legitimação e status.{{Sfn|Rollemberg|20072007a|p=63}}
 
==Anistia==