Maria Leopoldina da Áustria: diferenças entre revisões

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Insurreição Pernambucana refere-se a outro episódio.
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'''Maria Leopoldina de Áustria''' (''Leopoldina Carolina Josefa Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena''<ref>[http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=732&sid=95&tpl=printerview ''"Casamento de d. Pedro"'''] ''in'': "O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira"</ref><ref>CASTRO, Manuel António de. [http://purl.pt/4218/1/ ''D. Carolina Josefa Leopoldina, Princeza Real do Reino Unido, de Portugal, Brazil, e Algarves''], 1819</ref><ref>[http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Leopoldi.html ''Carolina Josefa Leopoldina, imperatriz Leopoldina'']</ref><ref>[http://educacao.uol.com.br/biografias/maria-leopoldina.jhtm ''Primeira imperatriz do Brasil - Maria Leopoldina'']</ref> [[Viena]], [[22 de janeiro]] de [[1797]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[11 de dezembro]] de [[1826]]) foi [[Arquiduque|arquiduquesa]] da Áustria, a primeira esposa do imperador [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]] e [[Lista de imperatrizes do Brasil|Imperatriz Consorte]] do [[Império do Brasil]] de 1822 até sua morte, também brevemente sendo [[Lista de consortes reais de Portugal|Rainha Consorte]] do [[Reino de Portugal|Reino de Portugal e Algarves]] entre março e maio de 1826. Era filha do imperador [[Francisco I da Áustria]] e de sua segunda esposa [[Maria Teresa da Sicília|Maria Teresa das Duas Sicílias]]. Seu casamento com [[Pedro I do Brasil|Pedro I]] e sequente independência do Brasil fizeram com que se tornasse a primeira imperatriz consorte do país e a primeira imperatriz do [[Novo Mundo]].
 
A educação que Leopoldina recebera em infância e adolescência era eclética e ampla, de nível cultural superior e formação política mais consistente. Tal educação dos pequenos príncipes e princesas da família Habsburgo baseava-se na crença educacional iniciada por seu avô [[Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico|Leopoldo II]], que acreditava "que as crianças deveriam ser desde cedo inspiradas a ter qualidades elevadas, como humanidade, compaixão e desejo de fazer o povo feliz".<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|página= 48|acessodata=}}</ref> Com uma profunda fé cristã e uma sólida formação científica e cultural – que incluía política internacional e noções de governo –, a arquiduquesa fora preparada desde cedo para reinar.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|página= 48|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=364-, 365-, 369-, 370|acessodata=}}</ref>
 
É considerada por muitos historiadores como a principal articuladora do processo de Independência do Brasil ocorrido entre 1821 e 1822, notadamente em setembro de 1822.<ref>{{Citar periódico|ultimo=superuser|data=2013-09-01|titulo=Maria Leopoldina assina o decreto da Independência do Brasil|url=https://seuhistory.com/hoje-na-historia/maria-leopoldina-assina-o-decreto-da-independencia-do-brasil|jornal=HISTORY|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar periódico|titulo=A Independência do Brasil decretada por uma mulher|url=https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/esoterico/a-independencia-do-brasil-decretada-por-uma-mulher,b91863337df6d310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|jornal=Terra|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2017-07-25|titulo=Como Leopoldina influenciou a política do Brasil e se tornou uma grande imperatriz?|url=https://www.vix.com/pt/mundo/548311/como-leopoldina-influenciou-a-politica-do-brasil-e-se-tornou-uma-grande-imperatriz|jornal=VIX|lingua=pt-br}}</ref> O historiador [[Paulo Rezzutti]], autor do livro “D. Leopoldina — A história não contada: A mulher que arquitetou a Independência do Brasil”, sustenta que foi em grande parte graças a ela que o Brasil se tornou uma nação. Segundo ele, a prometida de D. Pedro ''“abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a Independência como a sua causa”''. Foi também conselheira de Pedro em importantes decisões políticas que refletiram no futuro da nação, como o [[Dia do Fico]] e a posterior oposição e desobediência às cortes portuguesas quanto ao retorno do casal à Portugal.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=206-, 207|acessodata=}}</ref> Consequentemente, por reger o país em ocasião das viagens de Pedro pelas províncias brasileiras, é considerada a primeira mulher a se tornar chefe de estado na história do Brasil independente.<ref>{{Citar periódico|data=2017-09-02|titulo=Maria Leopoldina da Áustria: a primeira mulher a governar o Brasil Independente|url=https://rainhastragicas.com/2017/09/02/maria-leopoldina-da-austria-a-primeira-mulher-a-governar-o-brasil-independente/|jornal=Rainhas Trágicas|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Modelli|primeiro=Laís|data=2017-12-10|titulo=Quem foi a primeira mulher a governar o Brasil|url=http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42186974|jornal=BBC Brasil|lingua=en-GB}}</ref><ref>{{Citar periódico|titulo=Quem foi a primeira mulher a governar o Brasil|url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/quem-foi-a-primeira-mulher-a-governar-o-brasil,d59c1e789dc4252e7a23368472452376qyp2oh87.html|jornal=Terra|lingua=pt-BR}}</ref>
 
== Origem e infância ==
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O nome completo da [[arquiduque]]sa de Áustria, que viria a ser a primeira imperatriz do Brasil, era Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, como informa o seu biógrafo e grande estudioso de sua vida, Carlos H. Oberacker Jr, na obra "A Imperatriz Leopoldina: Sua Vida e Sua Época", confirmado também pela obra "Cartas de uma Imperatriz", de Bettina Kann e outros autores. Em um dos ensaios apresentados no livro, é citado um trecho do publicado no jornal austríaco "Wiener Zeitung", de 25 de janeiro de 1797, dando a notícia do nascimento da Arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina, acontecido três dias antes, num domingo, dia 22 de janeiro. Informa Oberacker Jr. (p.&nbsp;301 e 302) que o nome "Maria" não se encontra entre os nomes de batismo da Arquiduquesa, o que de fato é verdade. Segundo ele, Leopoldina passou a usá-lo já em sua viagem para o Brasil, ao tratar de alguns negócios particulares. No Brasil, ela passou a assinar somente Leopoldina, ou utilizando o pré-nome Maria, como pode ser visto no seu Juramento à Constituição do Brasil. Uma outra hipótese também apresentada pelo mesmo autor é que Leopoldina teria adotado o nome "Maria" por sua grande devoção à [[Maria (mãe de Jesus)|Virgem]] e invocar sua proteção às crianças portuguesas, e pelo fato de todas as infantas portuguesas usarem este nome.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[104]]|acessodata=}}</ref>
 
Maria Leopoldina nasceu em um período turbulento da história europeia, e sua infância e primeira juventude não correram pacificamente; em 1799, [[Napoleão Bonaparte]] assume o poder da França no cargo de primeiro-cônsul e posteriormente se auto intitula imperador. A partir daí, estabelece sobre a Europa uma série de conflitos e sistemas de alianças conhecidas como [[Guerras Napoleônicas|coligações “ou coalizões”]] que redefinem com frequência as fronteiras do continente. A [[Império Austríaco|Áustria]] é um dos participantes contra a França, presente em todos os cenários do conflito. Napoleão fazia estremecer as antigas instituições do velho continente. Batalhas ferozes abalavam o Império e a Corte. A irmã mais velha, [[Maria Luísa de Áustria]], casou-se com Napoleão Bonaparte em 1810, buscando fortalecer os laços entre França e Áustria. O casamento por procuração de estado foi, sem dúvida, uma das derrotas familiares mais graves. Só aA avó materna da princesa, a rainha [[Maria Carolina da Áustria|Maria Carolina das Duas Sicílias]], resmungou com a atitude do genro: “É justamente o que me faltava, tornar-me agora ainda avó do diabo”.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[46]]|acessodata=}}</ref>
 
=== Educação ===
Aos dez anos a princesa ficara órfã de mãe. Um ano depois seu pai se casaria novamente com aquela que Leopoldina descreveria como a pessoa mais importante de sua vida, Maria Ludovica. Prima de Francisco I, como ele, neta de [[Maria Teresa da Áustria|Maria Teresa a Grande]]. Superava a defunta imperatriz em cultura e brilho intelectual, pois tivera uma educação esmerada.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[42]]|acessodata=}}</ref> Musa e amiga pessoal do poeta Goethe, ela foi responsável pela formação intelectual da enteada, desenvolvendo na jovem o gosto pela literatura, a natureza e a música de Haydin e Beethoven. Não tinha filhos próprios, adotava de bom grado os da antecessora, e esses a chamavam de “querida mamãe”.
 
Leopoldina teve uma infância marcada pela rigidez com os estudos, estímulos culturais diversos e as sucessivas guerras que ameaçavam o império de seu pai. A princesa e seus irmãos foram educados segundos os princípios de seu avô paterno [[Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico|Leopoldo II]], que pregava a igualdade entre os homens, tratando a todos com cortesia, a necessidade de praticar a caridade, e acima de tudo, o sacrifício dos próprios desejos em nome das necessidades do Estado. Seu programa de ensino e dos arquiduques incluía disciplinas como leitura, escrita, alemão, francês, italiano, dança, desenho, pintura, história, geografia e música; em módulo avançado, matemática (aritmética e geometria), literatura, física, [[latim]], inglês, grego, canto e trabalhos manuais.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[92]]|acessodata=}}</ref> Desde cedo, Leopoldina mostrou maior inclinação para as disciplinas de ciências naturais, interessando-se principalmente por [[botânica]] e [[mineralogia]].<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|página=48-, 49|páginas=|acessodata=}}</ref> Leopoldina herdou do pai o hábito do [[colecionismo]]: montou acervos de moedas, plantas, flores, minerais e conchas.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[49]]|acessodata=}}</ref> Entre outubro e dezembro de 1816, teve êxito em aprender rapidamente a língua portuguesa, visto que em dezembro, a princesa já conversava com diplomatas portugueses, e vivia "rodeada de mapas do Brasil e de livros que contém a História deste Reino, ou Memórias a ele relativas".<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=87-, 93|acessodata=}}</ref> Fazia parte da formação da família o aprendizado de línguas, e Leopoldina falava 6 idiomas.
 
Eram frequentes as visitas a museus, jardins botânicos, fábricas e campos agrícolas. E, não raro, participavam de bailados, atuavam em peças teatrais e tocavam instrumentos para uma plateia com o objetivo de se adaptar aos cerimoniais e à exposição pública. Os príncipes de Habsburgo eram estimulados a frequentar o [[teatro]] especialmente para desenvolver a fala pública e expressões sem timidez, maior articulação e oratória sem medos, além de como se portar diante do povo.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[50]]|acessodata=}}</ref>
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: ''O ponto culminante das cerimônias de casamento foi atingido no Augarten de Viena onde, a 1 de junho, Marialva, que tinha tido poucas oportunidades para revelar o esplendor, riqueza e hospitalidade de sua nação, deu uma suntuosa recepção para a qual fizera preparativos durante todo o inverno.» Pouco tempo antes do casamento, duas fragatas austríacas, a'' Áustria ''e a'' Augusta'', partiram para o Rio, com os móveis e decorações para a embaixada da Áustria recém instalada no Rio, o equipamento para uma expedição científica ao interior do Brasil e numerosas mostras de produtos comerciais austríacos.''<ref>RAMIREZ, As relações entre a Áustria e o Brasil, p. 8.</ref>
 
O príncipe de Metternich, diplomata austríaco, viu no príncipe herdeiro português dom Pedro a possibilidade de fortalecimento dos laços entre os reinos da Áustria e de Portugal, de ideais monárquicos absolutistas. Para dom João VI, foi a oportunidade de estreitar novas alianças com tradicionais dinastias como forma de se contrapor à excessiva influência da Inglaterra nos seus domínios. Já a Áustria via o novo império luso-brasileiro como um importante aliado transatlântico que se inseria perfeitamente nos ideais reacionários da [[Santa Aliança]].<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=67-, 68|acessodata=}}</ref> O casamento era um ato político e não um impulso sentimental.
 
O casamento foi realizado por procuração em Viena, no dia 13 de maio de 1817, data de aniversário de dom João VI. O noivo, que não estava presente, foi representado em cerimônia pelo arquiduque Carlos, tio paterno de Leopoldina. No Rio de Janeiro, também foi festejada a notícia do ajustado enlace. Mas dom Pedro I e a arquiduquesa da Áustria só se viram pela primeira vez cinco meses depois – a bordo do barco que a trouxera. Dona Leopoldina desembarcou no [[Rio de Janeiro]] em 5 de novembro. No dia seguinte, as definitivas cerimônias de matrimônio se pronunciavam na [[Capela Real do Rio de Janeiro|Capela Real]] e enchiam de vida eventos por toda a cidade.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=156-157|acessodata=}}</ref>
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A viagem de Leopoldina ao Brasil foi difícil e demorada. A arquiduquesa partiu de Viena em direção a Florença em 2 de junho de 1817, onde esperava definições da corte portuguesa para prosseguir com a travessia que a levaria ao marido, dom Pedro. Ainda era recente o restabelecimento da ordem monárquica, destituída em Recife por revoltosos de ideias liberais no episódio conhecido como [[Revolução Pernambucana]].
 
Aquela era a primeira vez que a princesa vira o mar.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[132]]|acessodata=}}</ref> Leopoldina embarcou em Livorno, na Itália, na esquadra portuguesa composta das naus ''D. João VI'' e ''São Sebastião''. Era a primeira vez que via o mar. Com uma bagagem de princesa e numerosa comitiva, enfrentou 86 dias de travessia nas águas do [[Oceano Atlântico|Atlântico]]. Quarenta caixas da altura de um homem contendo o enxoval, livros, suas coleções e presentes para a futura família somavam-se a algumas damas da corte, uma camareira-mor, um mordomo-mor, seis damas, quatro pajens, seis nobres húngaros, seis guardas austríacos, seis camaristas, um esmoler-mor, um capelão, um secretário particular, um médico, um mineralogista e seu professor de pintura.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=139-, 140-, 141|acessodata=}}</ref>
 
Partiu definitivamente rumo ao Brasil em 15 de agosto. As diferenças de hábitos e costumes, notadas já no período em que esteve embarcada, prenunciavam as dificuldades que teria de enfrentar no Rio de Janeiro. A primeira vez que pisou em território português, contudo, não foi em terra Brasilis, mas na Ilha de Madeira, em 11 de setembro de 1817.<ref name="Leopoldina12">{{citar web|url=http://catcrd.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=manuscritos_pr&db=manuscritos&use=pn&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=leopoldina|acessodata=6-4-2017|publicado=Fundação Biblioteca Nacional|título=Catálogo de Manuscritos — Autores — Leopoldina}}</ref><ref name="Leopoldina22">{{citar web|url=http://aprenderamadeira.net/austria-maria-leopoldina-de/|acessodata=6-4-2017|publicado=Aprender Madeira|título=Áustria, Maria Leopoldina de}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=135-, 142|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Debret-desembarque.jpg|miniaturadaimagem|Desembarque da arquiduquesa Leopoldina no [[Rio de Janeiro]] em 5 de novembro de 1817, por [[Jean-Baptiste Debret|Debret]].|225x225px]]
[[Ficheiro:Jean-Baptiste Debret - Estudo para Desembarque de Dona Leopoldina no Brasil.jpg|miniaturadaimagem|Dona Leopoldina é recebida por Dom Pedro, a família real e a corte no [[Rio de Janeiro]] em 5 de novembro de 1817, por [[Jean-Baptiste Debret|Debret]].|225x225px]]
À chegada ao Rio, em 5 de novembro, a austríaca teria causado espanto aos reis, que esperavam uma bela princesa. Consta que tinha uma bela face e era obesa. Também era extraordinariamente culta para sua época, com grande interesse pela botânica. A chegada, proporcionou a [[Jean-Baptiste Debret]] ocasião para sua primeira intervenção, onde teve 12 dias para ornamentar a cidade. O mesmo possuía um atelier no bairro do [[Catumbi]], onde na sua qualidade de naturalista, fez mais tarde desenhos de plantas e flores para Leopoldina. Diria ele: ''J’ai été chargé d’exécuter gracieusement pour elle quelques—uns de ces dessins, ce qu’elle (l’impératrice) osait demander, affirmait-elle, au nom de sa soeur, l’ancienne impératrice des Français.'' (ou seja, "Fui encarregado de executar graciosamente para ela alguns desenhos que ela ousava pedir, dizia, em nome de sua irmã, antiga imperatriz dos franceses.") Pois uma irmã mais velha de Leopoldina foi [[Maria Luisa de Áustria|Maria Luísa]], a segunda esposa de [[Napoleão Bonaparte]] e segunda imperatriz dos franceses. No atelier, Debret desenhou os grandes uniformes de gala da corte, em verde e ouro, as condecorações do novo Estado, como a Coroa de Ferro criada por Napoleão em 1806 para o [[Reino de Itália (1805-1814)|Reino da Itália]]. Debret desenhou também as insígnias da [[Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul]], comparáveis à da medalha da Legião de Honra, e as da [[Imperial Ordem da Rosa]], instituída em homenagem à neta de Josefina, primeira esposa de Napoleão, [[Amélia de Leuchtenberg]] ou de Beauharnais, duquesa de Leuchtenberg.[[Ficheiro:D. Leopoldina - ca. 1817.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Leopoldina em um vestido da corte ostentando a [[Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul|Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul]], c. 1817.]]O historiadorjovem Carloscasal Oberacker,foi instalado em seuuma livrocasa "Ade Imperatrizcampo Leopoldinanos -terrenos Suada Vida[[Quinta eda SuaBoa Época",Vista]]. narraO quediplomata era[[Klemens exímiaWenzel caçadoravon eMetternich|Metternich]] queinterceptaria acompanhouuma ocarta maridodo em caçadas na planície[[barão de [[JacarepaguáEschwege]] durante a lua-de-mel.seu Ali,sócio naem sacristiaViena daem Igrejaque Nossaeste Senhoradizia: da"Por Penha,falar existeno umaPríncipe cadeirinhaHerdeiro, posto que, segundonão aseja tradiçãodestituído de inteligência natural, serviué afalho Donade Leopoldinaeducação formal. MaisFoi tardecriado entre cavalos, e a cadeirinhaprincesa foicedo usadaou portarde [[Teresaperceberá Cristinaque deele Bourbon-Duasnão Sicílias|Teresaé Cristina]], esposacapaz de Dcoexistir em harmonia. [[PedroAlém IIdisso, a corte do Brasil|PedroRio II]]é muito enfadonha e insignificante, comparada com as cortes da Europa".
 
O jovem casal foi instalado em uma casa de campo nos terrenos da [[Quinta da Boa Vista]]. O diplomata [[Klemens Wenzel von Metternich|Metternich]] interceptaria uma carta do [[barão de Eschwege]] a seu sócio em Viena em que este dizia: "Por falar no Príncipe Herdeiro, posto que não seja destituído de inteligência natural, é falho de educação formal. Foi criado entre cavalos, e a princesa cedo ou tarde perceberá que ele não é capaz de coexistir em harmonia. Além disso, a corte do Rio é muito enfadonha e insignificante, comparada com as cortes da Europa".
 
Na esteira de Leopoldina chegaram os primeiros imigrantes, colonos suíços que se fixaram nos arredores da corte, fundando [[Nova Friburgo]] e instalando-se na futura [[Petrópolis]], residência de verão sobretudo do [[Segundo Reinado]]. A partir de 1824, devido à campanha brasileira na Europa organizada pelo major [[Georg Anton von Schäffer]], os alemães chegaram mais numerosos e se instalaram outra vez em Nova Friburgo e nas regiões temperadas das províncias de [[Santa Catarina]] e do [[Rio Grande do Sul]], onde a colônia de [[São Leopoldo]] foi criada em sua homenagem. Alguns da [[Pomerânia]] foram para o [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], vivendo até os anos 1880 em tão completo isolamento que nem falavam português.
 
== Regência e Imperatriz do Brasil ==
[[Ficheiro:Maria_Leopoldina_regent.jpg|miniaturadaimagem|Dona Leopoldina, então Princesa Real-Regente do [[Reino do Brasil]], preside a reunião do Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822.|245x245px]]
1821 foi o ano de mudanças decisivas na vida de Leopoldina. Pertencente a uma das famílias mais conservadoras e duradouras da Europa – a casa de Habsburgo –, vinha de uma educação esmerada fundamentada aos moldes das monarquias absolutistas da época. ''“O meu esposo, Deus nos valha, ama as novas ideias”'', escreveu ao pai, uma assustada princesa Leopoldina em junho de 1821, desconfiada dos novos valores políticos constitucionais e liberais.<ref>{{citar livro|título=1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado.|ultimo=Gomes|primeiro=Laurentino|editora=Globo Livros|ano=2010|local=Brasil|página=118|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[223]]|acessodata=}}</ref> Testemunhou pessoalmente os eventos ocorridos na Europa anos antes, na qual Napoleão alterou sistematicamente o poder político do continente, tendo isso certa influência em sua maneira de enxergar esses novos conceitos políticos. A educação conservadora e tradicional da qual a princesa fora disciplinada também se soma a esse aspecto.[[Ficheiro:Maria_Leopoldina_regent.jpg|miniaturadaimagem|Dona Leopoldina, então Princesa Real-Regente do [[Reino do Brasil]], preside a reunião do Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822.|245x245px]]A princesa, antes carente de afeto e de aprovação, rapidamente dá lugar à mulher adulta que encara a vida sem ilusões. Com o desenrolar do atrito entre Portugal e Brasil, a princesa se envolvia cada vez mais no turbilhão dos acontecimentos políticos que precediam a Independência. Seu envolvimento com a política brasileira a levaria a desempenhar um papel fundamental na Independência, ao lado de [[José Bonifácio de Andrada e Silva|José Bonifácio de Andrada]]. Nessa fase, Leopoldina distancia-se das ideias conservadoras ([[Absolutismo|absolutistas]]) da corte de Viena e adota um discurso mais liberal ([[Monarquia constitucional|constitucional]]) a favor da causa brasileira.<ref>{{citar livro|título=1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado.|ultimo=Gomes|primeiro=Laurentino|editora=Globo Livros|ano=2010|local=Brasil|páginas=134-135|acessodata=}}</ref>
 
Em 25 de abril de 1821, a corte voltou para Portugal. Uma esquadra de 11 navios levou o rei, a corte, a casa real e o tesouro real, e só o príncipe Pedro permaneceu no Brasil como regente do país, com amplos poderes contrabalançados por um conselho de regência. A princípio, Pedro foi incapaz de dominar o caos: a situação estava dominada pelas tropas portuguesas, em condições anárquicas. A oposição entre portugueses e brasileiros tornou-se cada vez mais evidente. Vê-se claramente, na correspondência de Leopoldina, que ela esposou calorosamente a causa do povo brasileiro e chegou a desejar a independência do país, sendo por isso amada e venerada pelos brasileiros.
 
A princesa, antes carente de afeto e de aprovação, rapidamente dá lugar à mulher adulta que encara a vida sem ilusões. Com o desenrolar do atrito entre Portugal e Brasil, a princesa se envolvia cada vez mais no turbilhão dos acontecimentos políticos que precediam a Independência. Seu envolvimento com a política brasileira a levaria a desempenhar um papel fundamental na Independência, ao lado de [[José Bonifácio de Andrada e Silva|José Bonifácio de Andrada]]. Nessa fase, Leopoldina distancia-se das ideias conservadoras ([[Absolutismo|absolutistas]]) da corte de Viena e adota um discurso mais liberal ([[Monarquia constitucional|constitucional]]) a favor da causa brasileira.<ref>{{citar livro|título=1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado.|ultimo=Gomes|primeiro=Laurentino|editora=Globo Livros|ano=2010|local=Brasil|páginas=134, 135|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=224, 225|acessodata=}}</ref>
A jovem princesa, preparada para manter fidelidade à monarquia absolutista, não imaginava que seria regente nos momentos conturbados que antecederam o rompimento com Portugal, nem que defenderia a independência do Brasil antes mesmo de dom Pedro I. A princesa austríaca esteve sempre do lado da causa brasileira e, em várias cartas escritas a seus amigos na Europa, começou a fazer distinção entre portugueses e brasileiros, deixando claro o que pensava sobre a dominação portuguesa sobre a colônia. Com o retorno da corte para Portugal, Leopoldina concebeu que ficar na América era a solução para a defesa da legitimidade dinástica contra os excessos liberais que ameaçavam o poder dos Habsburgo e Bragança no Brasil. Presidindo o Conselho de Ministros durante a viagem do príncipe a São Paulo, apoiou a permanência dele no Brasil, simbolizada no [[Dia do Fico]]. Assim, aos 24 anos, tomava uma decisão política que a sentenciava à permanência indeterminada na América e a privaria pelo restante da vida do convívio com o pai, a irmã e outros familiares.
 
Em 25 de abril de 1821, a corte voltou para Portugal. Uma esquadra de 11 navios levou o rei, a corte, a casa real e o tesouro real, e só o príncipe Pedro permaneceu no Brasil como regente do país, com amplos poderes contrabalançados por um conselho de regência. A princípio, Pedro foi incapaz de dominar o caos: a situação estava dominada pelas tropas portuguesas, em condições anárquicas. A oposição entre portugueses e brasileiros tornou-se cada vez mais evidente. Vê-se claramente, nanas correspondênciacorrespondências de Leopoldina, que ela esposou calorosamente a causa do povo brasileiro e chegou a desejar a independência do país, sendo por isso amada e venerada pelos brasileiros.
A atitude de D. Leopoldina, defendendo os interesses brasileiros, acha-se eloqüentemente estampada na carta que escreveu a D. Pedro, por ocasião da independência do Brasil. “É preciso que volte com a maior brevidade. Esteja persuadido de que não é só o amor que me faz desejar mais que nunca sua pronta presença, mas sim as circunstâncias em que se acha o amado Brasil. Só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína”.<ref>{{Citar web|titulo=Casa Imperial do Brasil|url=https://www.monarquia.org.br/imperatrizleopoldina.html|obra=www.monarquia.org.br|acessodata=2019-03-01}}</ref>
 
A jovem princesa, preparada para manter fidelidade à monarquia absolutista, não imaginava que seria regente nos momentos conturbados que antecederam o rompimento com Portugal, nem que defenderia a independência do Brasil antes mesmo de dom Pedro I, atitudes contrárias à educação que recebera. A princesa austríaca esteve sempre do lado da causa brasileira e, em várias cartas escritas a seus amigos na Europa, começou a fazer distinção entre portugueses e brasileiros, deixando claro o que pensava sobre a dominação portuguesa sobre a colônia. Com o retorno da corte para Portugal, Leopoldina concebeu que ficar na América era a solução para a defesa da legitimidade dinástica contra os excessos liberais que ameaçavam o poder dos Habsburgo e Bragança no Brasil. Presidindo o Conselho de Ministros durante a viagem do príncipe a São Paulo, apoiou a permanência dele no Brasil, simbolizada no [[Dia do Fico]]. Assim, aos 24 anos, tomava uma decisão política que a sentenciava à permanência indeterminada na América e a privaria pelo restante da vida do convívio com o pai, a irmã e outros familiares.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=193, 220|acessodata=}}</ref> Assim como sua irmã Maria Luísa de Áustria casou-se com [[Napoleão Bonaparte]] na intenção de aproximar as relações políticas entre o [[Império Austríaco]] e o [[Primeiro Império Francês|Império Francês]] através da união matrimonial, para Maria Leopoldina estava guardado um papel na história muito mais relevante que o da irmã. No final de 1821, uma carta da princesa direcionada à seu secretário Schäffer deixa claro que Leopoldina estava, nesse período, mais decidida pelo Brasil e pelos brasileiros do que D. Pedro, era necessário sua permanência no Brasil e ir contra às exigências das cortes portuguesas. O "Fico" dela foi anterior ao do marido.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=206, 207, 208|acessodata=}}</ref>
 
No Manifesto às Nações Amigas, assinado por D. Pedro I em 6 de agosto de 1822, denunciava-se o despotismo das cortes de Lisboa em relação aos assuntos brasileiros e convocava as nações amigas do Brasil a tratar diretamente dos assuntos com o Rio de Janeiro e não mais com o governo português, explicitando a sua causa e os acontecimentos segundo o ponto de vista dos brasileiros. Nesse mesmo documento, porém, é possível observar que, mesmo às vésperas da proclamação da independência, o príncipe regente não desejava dissolver os laços entre Portugal e Brasil, mas não prometia defender as ligações entre os dois países.<ref>{{Citar web|titulo=Portal da Câmara dos Deputados|url=https://www2.camara.leg.br/legin/fed/manife_sn/anterioresa1824/manifestosemnumero-41437-6-agosto-1822-576171-publicacaooriginal-99440-pe.html|obra=www2.camara.leg.br|acessodata=2019-03-06}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[225]]|acessodata=}}</ref> Seria essa uma medida de água morna, já que um mês mais tarde o país tornaria-se independente. Como uma mulher não era bem vista no meio político, Leopoldina agia por meio de "conselhos pontuais e influenciando outros a aconselharem D. Pedro, [assim] ela ia conseguindo suas conquistas". D. Pedro, a princípio, evitou contato com a ideia de liberdade dos brasileiros, tentando manter a neutralidade, visando evitar a provável punição de perder sua herança ao trono português caso desobedecesse as cortes. Já a princesa Leopoldina percebia que Portugal, dominado pelas Cortes, já estava perdido e que o Brasil jazia ainda como uma tela em branco, que poderia vir a ser uma potência futura, muito mais relevante que a velha metrópole.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[206]]|acessodata=}}</ref> As ordens da Corte, se forçosamente cumpridas, acabariam por despedaçar o Brasil em dezenas de repúblicas, como ocorrera com as províncias espanholas na América do Sul.<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=[[207]]|acessodata=}}</ref> Eram visíveis os sinais de uma nascente unidade brasileira como nação independente nas províncias do sul, mas o norte apoiava as Cortes de Lisboa e pediam independência regional. Se o Príncipe Regente tivesse deixado o país naquele momento, o Brasil estaria perdido para Portugal pois as cortes de Lisboa repetiam o mesmo erro que levou as cortes espanholas a perderem as colônias, procurando estabelecer contactos diretos com cada província em particular.
 
SegundoA Ezekielatitude Ramirez,de abaixoD. citadoLeopoldina, eram visíveisdefendendo os sinaisinteresses debrasileiros, umaacha-se nascenteeloqüentemente unidadeestampada brasileirana comocarta naçãoque independenteescreveu nasa provínciasD. do sulPedro, maspor oocasião norteda apoiavaindependência asdo CortesBrasil. de“É Lisboapreciso eque pediamvolte independênciacom regionala maior brevidade. SeEsteja opersuadido Príncipede Regenteque tivessenão deixadoé só o paísamor naqueleque momento,me ofaz Brasildesejar estariamais perdidoque paranunca Portugalsua poispronta aspresença, cortesmas desim Lisboaas repetiamcircunstâncias oem mesmoque errose queacha levouo asamado cortesBrasil. espanholas a perderem assua colôniaspresença, procurandomuita estabelecerenergia contactose diretosrigor compodem cadasalvá-lo provínciada emruína”.<ref>{{Citar particularweb|titulo=Casa Imperial do Brasil|url=https://www.monarquia.org.br/imperatrizleopoldina.html|obra=www.monarquia.org.br|acessodata=2019-03-01}}</ref>[[Ficheiro:Leopoldina-schlapritz-mcm.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Leopoldina, Imperatriz consorte do Brasil. Retrato por Luís Schlappriz, no [[Museu do Estado de Pernambuco]].]]No Rio, milhares de assinaturas colhidas exigiam que os regentes permanecessem no Brasil. "A corajosa atitude de [[José Bonifácio de Andrada e Silva]] contra a arrogância dos portugueses encorajou muito as aspirações de unidade que existiam nas províncias meridionais, especialmente em São Paulo. Um grupo de homens altamente cultos liderou este movimento". Depois do dia do Fico, [[9 de janeiro]] de [[1822]], organizou-se novo ministério sob a chefia de José Bonifácio, "no fundo rigoroso monarquista", e o Príncipe Real cedo conquistaria a confiança do povo. Em 15 de fevereiro de 1822 as tropas portuguesas deixaram o Rio, e sua partida representou a dissolução dos laços entre o Brasil e a metrópole. O príncipe foi triunfalmente recebido nas [[Minas Gerais]].
 
=== Regência ===
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O oficial chegou ao príncipe no dia [[7 de setembro]] de [[1822]]. Leopoldina enviara ainda papéis recebidos de Lisboa, e comentários de [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]], deputado às cortes, pelos quais o Príncipe-Regente se inteirou das críticas que lhe faziam na metrópole. A posição de João VI e de todo o seu ministério, dominados pelas cortes, era difícil.
 
Enquanto se aguardava o retorno de Pedro, Leopoldina, governante interina de um Brasil já independente, idealizou a bandeira do Brasil, em que misturou o verde da família [[Duque de Bragança|Bragança]] e o amarelo ouro da família [[Habsburgo]]. Outros autores opinam que [[Jean-Baptiste Debret]], artista francês, foi o autor do pavilhão nacional que substituía o azul e branco da vetusta corte portuguesa, símbolo da opressão do antigo regime. Depois disso, Leopoldina se empenhou a fundo no reconhecimento da autonomia do novo país pelas cortes europeias, escrevendo cartas ao pai, imperador da Áustria, e ao sogro, rei de Portugal.<ref>{{citar livro|título=1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado.|ultimo=Gomes|primeiro=Laurentino|editora=Globo Livros|ano=2010|local=Brasil|página=135|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=243-, 244|acessodata=}}</ref>
 
Foi aclamada imperatriz em [[1 de dezembro]] de [[1822]], na cerimônia de coroação e sagração de Pedro I. Na condição do Brasil ser à época a única monarquia das Américas, Maria Leopoldina foi a primeira Imperatriz do [[Novo Mundo]].
 
== Declínio da saúde e morte ==