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A '''Aliança Liberal''' foi uma aliança política no [[Brasil]] efetuada no início de agosto de 1929 por iniciativa de líderes políticos de [[Minas Gerais]] e [[Rio Grande do Sul]] com intuito de apoiar as candidaturas de [[Getúlio Vargas]] e [[João Pessoa]] à presidência e vice-presidência nas eleições de 1 de março de 1930, em oposição a [[Júlio Prestes]], o candidato [[São Paulo|paulista]] do também paulista e então presidente [[Washington Luís]].{{sfn|name=CP2019|CPDOC|2019}}
{{mais-fontes|data=junho de 2009}}
A '''Aliança Liberal''' foi uma aliança política efetuada em [[1929]] no [[Brasil]], unindo grande parte dos opositores à candidatura de [[Júlio Prestes]] à Presidência da República.<ref>{{Cita web|url=http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica/AliancaLiberal|título=Aliança Liberal|editorial=FGV CPDOC|fechaacceso=27 de março de 2019}}</ref>
 
== HistóricoHistória ==
Surgiu em virtude de brecha criada no tradicional esquema de [[sucessão presidencial]], dominado por [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Minas Gerais]] — a [[Política do Café com Leite]]. Nessa política, os estados se revezariam na escolha do presidente da república, cabendo a um presidente paulista apoiar um presidente indicado pelos mineiros nas eleições, e vice-versa. Graças a esquemas de fraude e manipulação (como a [[Comissão verificadora dos poderes|Comissão de Verificação dos Poderes]] e o Coronelismo), essa combinação política sempre conquistava as vitórias, ainda mais porque não havia oposições suficientemente fortes.
 
[[imagem:Getulio Vargas (1930).jpg|thumb|esquerda|[[Getúlio Vargas]] em 1930]]
Em 1929 o presidente paulista [[Washington Luís]] contrariou o esquema e indicou um paulista, [[Júlio Prestes]], para sua sucessão. Precisava garantir os interesses financeiros de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] frente aos impactos gerados pela [[Grande Depressão|Crise de 1929]]. Descontentes, os políticos de [[Minas Gerais]] romperam com o [[Partido Republicano Paulista]] (PRP) e firmaram o apoio à candidatura de [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (IV)|Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]]. Porém, inseguros quanto a uma vitória, procuraram aliar-se a outros estados, principalmente o [[Rio Grande do Sul]]. Em [[17 de junho]] de [[1929]] Antônio Carlos cedeu sua candidatura ao gaúcho [[Getúlio Dornelles Vargas|Getúlio Vargas]]. Outros acordos foram feitos com o Estado da [[Paraíba]], que indicaria o vice [[João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque|João Pessoa]], e o [[Partido Democrático (1930)|Partido Democrático Paulista]], rival do PRP. Em agosto foi formalizada a ''Aliança Liberal'' (AL). Os líderes do movimento eram [[Afonso Pena Júnior]] e [[Ildefonso Simões Lopes]].
 
Às eleições de 1 de março de 1930, o então presidente [[São Paulo|paulista]] [[Washington Luís]] lançou candidatura do também paulista [[Júlio Prestes]]. Sua escolha visava assegurar a continuidade da política econômico-financeira, de austeridade e contenção de recursos à cafeicultura, ao mesmo tempo que representava o rompimento do tradicional revezamento entre São paulo e Minas Gerais na presidência. Se sentindo alijado, o candidato mineiro de Minas Gerais, [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]], buscou apoio do Rio Grande do Sul. Após intensas negociações entre o final de 1928 e julho de 1929, no dia 30 de julho a comissão executiva do Partido Republicano Mineiro lançou as candidaturas de [[Getúlio Vargas]] e [[João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque]] à presidência e vice-presidência respectivamente. No dia seguinte, o [[Partido Libertador]] (PL), do Rio Grande do Sul, unindo-se ao [[Partido Republicano Rio-Grandense]] (PRR) na [[Frente Única Gaúcha]] (FUG), deu apoio à chapa de oposição. Visando tornar sua ação mais concreta, a oposição formou, no início de agosto, a Aliança Liberal sob liderança do mineiro [[Alfonso Pena Jr.]] (presidente) e do gaúcho [[Ildefonso Simões Lopes]] (vice-presidente). Para além de Minas Regais, Rio Grande do Sul e [[Paraíba]], a Aliança Liberal recebeu apoio de todas as oposições estaduais, sobretudo do [[Partido Democrático de São Paulo]] e o [[Partido Democrático do Distrito Federal]].<ref name=CP2019 />
Entre as bandeiras da Aliança Liberal (AL) estava o voto secreto, a independência do judiciário, a anistia para os tenentes envolvidos nas diversas rebeliões ao longo dos anos 1920, a proteção à exportação do café e reformas sociais.
 
Em 20 de setembro, em convenção realizada no Rio de Janeiro, a Aliança Liberal homologou a chapa Vargas-Pessoa e sua plataforma eleitoral, redigida pelo republicano gaúcho [[Lindolfo Collor]]. Estabelecendo como essencial a reforma política, defendia a representação popular através do voto secreto, a Justiça Eleitoral, a independência do Judiciário, a anistia aos revolucionários de 1922, 1924 e 1925-27 e adoção de medidas econômicas protecionistas a produtos de exportação além do café. Preconizava, ainda, medidas de proteção aos trabalhadores, como a extensão do direito à aposentadoria, a aplicação da lei de férias e a regulamentação do trabalho do menor e da mulher. No mesmo ano, uma corrente mais radical, formada por políticos jovens como [[João Neves da Fontoura]], [[Oswaldo Aranha]] e [[Virgílio de Melo Franco]], passou a admitir a hipótese de desencadear movimento armado em caso de derrota nas urnas. Como primeiro passo, buscaram a colaboração de [[tenentismo|tenentes]]. Essas negociações se deram com grande dificuldade devido a desconfianças recíprocas, pois na Aliança estavam alguns dos principais adversários dos tenentes, sobretudo [[Artur Bernardes]], [[Epitácio Pessoa]] e João Pessoa.<ref name=CP2019 />
A eleição de março de [[1930]] foi intensamente disputada, e a chapa aliancista acabou sendo derrotada. Várias denúncias de fraudes foram feitas, sem que isso tivesse qualquer resultado.
 
Pouco seguro, Vargas estabeleceu um acordo político com Washington Luís em que ficou acertado que, em caso de derrota, o candidato oposicionista aceitaria o resultado e passaria a apoiar o governo. Em compensação, o governo federal se comprometia a não apoiar a oposição gaúcha e reconhecer a vitória dos candidatos vinculados à Aliança Liberal nas eleições à Câmara dos Deputados. Vargas restringiria sua participação pessoal na campanha ao Rio Grande do Sul. Com a radicalização da campanha, o acordo foi rompido e a maioria governista na Câmara dos Deputados decidiu não dar quorum às sessões parlamentares, impedindo assim a manifestação dos deputados aliancistas. Em janeiro de 1930, Vargas viajou ao [[Rio de Janeiro]], e na capital federal promoveu um grande comício na esplanada do Castelo. Estendeu sua viagem a São Paulo e [[Santos]], onde foi recebido com demonstrações populares de apoio. O resultado do pleito de 1 de março deu a vitória a Júlio Prestes e [[Vital Soares]], eleitos com 57,7% dos votos. Em 19 de março, [[Borges de Medeiros]], líder do PRR, reconheceu a vitória de Júlio Prestes, dando por encerrada a campanha da oposição. Porém, as articulações dos oposicionistas prosseguiram, vindo a resultar, no mês de outubro, na [[Revolução de 1930]], que levou Getúlio Vargas ao poder.<ref name=CP2019 />
[[João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque|João Pessoa]] acabou morrendo em julho do mesmo ano, no [[Recife]], em razão de conflitos pessoais com [[João Dantas]]. Isso acirrou ainda mais os ânimos da Aliança Liberal. Mesmo depois da derrota, alguns líderes do movimento haviam considerado a possibilidade do movimento revolucionário, o que veio realmente a acontecer em outubro de [[1930]] (Júlio Prestes deveria assumir a presidência em novembro). Com a [[Revolução de 1930]], terminava a república velha, e o candidato da AL, Getúlio Vargas, chegava ao poder através de vias não legais.
 
{{Referências}}
A revolução de 1930 iniciou-se no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, às 17 horas e 25 minutos. [[Osvaldo Aranha]] telegrafou a [[Juarez Távora]] comunicando o início da Revolução. Ela rapidamente se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais no Nordeste foram depostos pelos tenentes.
 
== Bibliografia ==
No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto "O Rio Grande de pé pelo Brasil" e partiu, por ferrovia, rumo ao Rio de Janeiro, capital nacional à época.
 
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{{Referências}}
 
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