Conceito biológico de espécie: diferenças entre revisões

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==Características do conceito biológico==
Trata-se de um conceito horizontal de espécie, pois define as espécies em um dado momento e especifica quais indivíduos pertencem a qual espécie, naquele instante. O conceito não é chamado biológico por tratar de [[Táxon|unidade taxonômica]], mas porque a sua definição é biológica, isto é, utiliza critérios que não têm sentido quando se trata do mundo inanimado.<ref name=mayr /> Antes da definição de espécie proposta por Mayr, os conceitos de espécie eram baseados em propriedades que poderiam ser aplicadas tanto a objetos inanimados como a seres vivos. O conceito de Mayr era verdadeiramente biológico por se basear em propriedades pertinentes apenas aos sistemas biológicos, tais como propriedades como a [[reprodução]] e [[cruzamento]]. Objetos inanimados, como os minerais, não se reproduzem desta forma, não formam populações ou [[linhagem]], tal como os seres vivos.<ref name=Queiroz>Queiroz, K. de, Ernst Mayr and the modern concept of species. Proc. Nat. Acad. Sci. USA v.102 n. 6600-6607, 2005. Disponível em: <http://www.pnas.org/content/102/suppl.1/6600.full&usg=ALkJrhigFlpjNfLAlzE9la9K6JRqbLKHGg{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}> Acessado em 25 de maio de 2012</ref>
 
[[Ficheiro:Ernst Mayr PLoS.jpg|thumb|Ernst Mayr|alt=Ernst Mayr|250px|Ernst Mayr, 1994.]]
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O conceito biológico enfatiza o fato de que a espécie consiste de populações que são reais e têm uma coesão interna devido ao programa [[genético]], historicamente desenvolvido, compartilhado por todos os indivíduos que a compõe.<ref>Marroig, G. (2003) Conceitos de espécie. Disponível em:< dreyfus.ib.usp.br/bio208/ conceitos_de_especies_texto.pdf> Acessado em 01 de junho de 2012</ref>
 
De acordo com o conceito biológico, uma espécie passou a ser definida, basicamente, como um grupo de [[organismos]] ou uma população de organismos isoladas reprodutivamente de outros grupos ou populações.<ref name=Aleixo>Aleixo, A. Conceitos de espécie e suas implicações para a conservação. Megadiversidade, Belém, v.5, n. 1-2. 2009. Disponível em: <http://www.conservation.org.br/publicacoes/files_mega5/Conceitos_de_especie.pdf{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}> Acessado em 27 de maio de 2012 </ref> Portanto, a capacidade de grupos ou organismos de populações se entrecruzarem e deixarem descendentes férteis ou não, passou a ser o critério chave para definir limites entres as espécies. Populações que, mesmo separadas geograficamente, mantiveram a capacidade de se entrecruzarem e produzirem descendentes férteis quando em contato eventual, seriam consideradas como integrantes de uma mesma espécie, a despeito de quaisquer outras diferenças entre elas.
De acordo com esse conceito, o [[isolamento reprodutivo]] e o intercruzamento definem as espécies.<ref name=Aleixo/> <ref name=Ridley>Ridley, M. Evolução. 3ed. Porto alegre: Artmed, 2006. 752p</ref> Uma justificativa para a escolha do critério do isolamento reprodutivo foi que a sua aquisição representaria um caminho sem volta em termos evolutivos, selando, por assim dizer, a independência evolutiva de duas linhagens reciprocamente isoladas do ponto de vista reprodutivo, que ficariam assim impossibilitadas de trocar [[genes]] entre si.
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=== Espécies cujas populações estão em ambientes diferentes ===
O conceito biológico não pode ser aplicado em uma espécie cujas populações dessa mesma espécie apresentam distribuição geográfica diferente, uma vez que, é impossível de ser testada em condições naturais se as populações dessa mesma espécie, distribuídas em ambientes diferentes, estão isoladas reprodutivamente além da impossibilidade da determinação da co-especificidade dessas populações.<ref name=Aleivo @>Aleixo, A. Conceitos de espécie e o eterno conflito entre continuidade e operacionalidade: uma proposta de normatização de critérios para o reconhecimento de espécies pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, Belém, v.15 , n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/artigos/Volume152/ara152com1.pdf {{Wayback|url=http://www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/artigos/Volume152/ara152com1.pdf |date=20101127070346 }}> Acesso em 27 de maio de 2012</ref>
 
=== Híbridos ===
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Dobzhansky, geneticista russo, formou a sua visão de espécies como grupos reprodutivamente isolados, em parte como resultado de discussões científicas, mas provavelmente em parte através das leituras de Poulton no qual fez referência em uma sessão sobre mimetismo.
 
Em uma primeira definição do conceito de espécie, Theodosius Dobzhansky, publicou um artigo, em 1935, que discutiu revisão de Losty e de Poulton. Dobzhansky propôs que uma ''espécie é um grupo de indivíduos completamente férteis entre si, mas impedido de cruzamento com outros grupos semelhantes por suas propriedades fisiológicas, produzindo ou incompatibilidade de pais ou esterilidade do híbrido, ou ambos''.<ref name=Wilkins/> Foi nessa publicação que Dobzhansky também desenvolveu o conceito de isolamento pré-zigótico e o pós-zigótico.<ref name=Wilkins>Wilkins, J. S. (2007). The origins of species concepts. Disponível em: <ftp://128.250.252.74/pub/wilkinsftp/Thesisfinal.pdf{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }} > Acessado em 04 de junho de 2012</ref> Ele incluiu isolamento geográfico como um mecanismo de isolamento, mas argumentou que apenas os mecanismos de isolamento fisiológico foram importantes na definição de espécies.<ref name=Mallet>Mallet, J. Group selection and the development of the biological species concept. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. [S.I.] v.365, n.1547. 2010. Disponível em : <http://rstb.royalsocietypublishing.org/content/365/1547/1853.full.html#ref-list-1>Acessado em 4 de junho de 2012</ref> Dobzhansky acreditava fortemente que mecanismos de isolamento foram importantes na designação das espécies, pois através de experimentos, as espécies se comportavam assim.<ref name=Mallet/> Com base em seu trabalho com espécies crípticas de Drosophila.
 
=== Mayr e o conceito biológico de espécie ===