Racismo no Brasil: diferenças entre revisões

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No Brasil, o [[mestiço]], dependendo do tom da sua pele, era classificado como quase-branco, semibranco ou sub-branco, e tinha tratamento diferenciado do negro retinto, porém nunca era classificado como quase-negro, seminegro ou sub-negro. Por isso, a mestiçagem no Brasil sempre foi vista como o "clareamento" da população, e não como o "enegrecimento" dela.<ref name="alma"/> A ideologia do branqueamento criou raízes profundas na sociedade brasileira no início do século XX. Muitos negros assimilaram os preconceitos, os valores sociais e morais dos brancos. Por isso, "desenvolveram um terrível preconceito em relação às raízes da negritude". A recusa da herança africana e o isolamento do convívio social com outros negros eram características desses negros "branqueados socialmente". Para se tornarem "brasileiros", os negros tinham que abdicar de sua ancestralidade africana e assumir os valores "positivos" dos brancos, pois o próprio "abrasileiramento" passava por uma assimilação dos valores e modos dos brancos. Nesse contexto, o racismo brasileiro é peculiar pois a própria vítima do racismo assume o papel de seu próprio algoz, ao reproduzir o discurso discriminatório do qual ela mesmo é vítima e ao interiorizar esses conceitos dentro de sua própria comunidade.<ref name="alma"/>
 
Assim, muitos negros brasileiros cultuaram o padrão de beleza branco, associando os traços africanos à fealdade e recorrendo a diversos métodos para "mascarar" suas próprias características físicas, criando uma obsessão nas mulheres negras em alisar o [[cabelo]], estimulando a venda de produtos que prometiam "clarear a pele" e por meio de métodos excêntricos de tentar se branquear, como na crença de que beber muito [[leite]] daria esse resultado. Também por meio da assimilação dos valores morais e sociais das classes dominantes, fazendo com que toda a característica cultural que remetesse ao passado africano fosse considerada inferior e motivo de vergonha. Por meio do branqueamento biológico <ref>{{Citar periódico|ultimo=Arteaga|primeiro=Juanma Sánchez|data=2016-05-23|titulo=Biological Discourses on Human Races and Scientific Racism in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref>, muitos negros optaram por se casar com parceiros de pele mais clara, preferencialmente brancos. Quando o parceiro era branco e rico, simbolizava uma melhoria dupla: de raça e de classe social. A procura por parceiros de pele mais clara estava enraizada na mentalidade de muitos membros da comunidade negra, inclusive por pais negros que compeliam seus filhos a se casarem com pessoas de tom de pele mais claro, na esperança de que seus filhos e netos se parecessem cada vez menos com a filiação afro-negra. Na mentalidade dessas pessoas, quando o filho nascia mais claro que os pais, simbolizava uma vitória, mas quando nascia mais escuro, uma derrota. Ter um filho de pele mais clara simbolizava que ele teria menos chances de sofrer e mais oportunidades de vencer na vida.<ref name="alma"/>
in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref>, muitos negros optaram por se casar com parceiros de pele mais clara, preferencialmente brancos. Quando o parceiro era branco e rico, simbolizava uma melhoria dupla: de raça e de classe social. A procura por parceiros de pele mais clara estava enraizada na mentalidade de muitos membros da comunidade negra, inclusive por pais negros que compeliam seus filhos a se casarem com pessoas de tom de pele mais claro, na esperança de que seus filhos e netos se parecessem cada vez menos com a filiação afro-negra. Na mentalidade dessas pessoas, quando o filho nascia mais claro que os pais, simbolizava uma vitória, mas quando nascia mais escuro, uma derrota. Ter um filho de pele mais clara simbolizava que ele teria menos chances de sofrer e mais oportunidades de vencer na vida.<ref name="alma"/>
 
A ideologia do branqueamento no Brasil teve consequências nefastas, à medida que parte da comunidade negra absorveu o branqueamento estético, biológico <ref>{{Citar periódico|ultimo=Arteaga|primeiro=Juanma Sánchez|data=2016-05-23|titulo=Biological Discourses on Human Races and Scientific Racism in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref> e social como metas. A historiadora Angela Figueiredo chega mesmo a afirmar que no Brasil "todos nós nascemos embranquecidos", pois há a predominância da cultura "branca", "e só enegrecem ou se tornam negros ao longo dos anos os que optam por
in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref> e social como metas. A historiadora Angela Figueiredo chega mesmo a afirmar que no Brasil "todos nós nascemos embranquecidos", pois há a predominância da cultura "branca", "e só enegrecem ou se tornam negros ao longo dos anos os que optam por
incluir em suas vidas os aspectos identificados com a "cultura negra" e se tornam curiosos em conhecer o seu passado".<ref name="alma"/>
[[Imagem:Street dwellers Rio.JPG|miniatura|Moradores de rua no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]].]]
 
Muito se comparou os [[Afro-americano|negros americanos]] com os brasileiros, fazendo uma crítica que a sociedade americana era marcada pelo ódio e segregação racial, enquanto que no Brasil havia uma harmonia e paz entre as raças. Porém, enquanto nos Estados Unidos o racismo estava escancarado e qualquer pessoa com uma gota de sangue africano era excluída socialmente, favorecendo a união desses excluídos que lutavam pelos seus direitos, no Brasil o racismo foi camuflado pela ideologia do branqueamento <ref>{{Citar periódico|ultimo=Arteaga|primeiro=Juanma Sánchez|data=2016-05-23|titulo=Biological Discourses on Human Races and Scientific Racism in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref>. Para a pessoa tentar conseguir ascender socialmente ela tinha que passar por um processo de "branqueamento" estético, biológico e social, criando um profundo complexo de inferioridade na população brasileira e uma consequente negação de qualquer elemento que remetesse à sua negritude.<ref name=alma>{{citar livro | título = Negros de alma branca-|autor=Petrônio José Domingues|páginas =–|ano = |editora = 34}}</ref>
in Brazil (1832–1911)|url=http://dx.doi.org/10.1007/s10739-016-9445-8|jornal=Journal of the History of Biology|volume=50|numero=2|paginas=267–314|doi=10.1007/s10739-016-9445-8|issn=0022-5010}}</ref>. Para a pessoa tentar conseguir ascender socialmente ela tinha que passar por um processo de "branqueamento" estético, biológico e social, criando um profundo complexo de inferioridade na população brasileira e uma consequente negação de qualquer elemento que remetesse à sua negritude.<ref name=alma>{{citar livro | título = Negros de alma branca-|autor=Petrônio José Domingues|páginas =–|ano = |editora = 34}}</ref>
 
=== Preconceito à brasileira ===