Heteronormatividade: diferenças entre revisões
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'''Heteronormatividade''' (do [[língua grega|grego]] ''hetero'', "diferente", e ''norma'', "esquadro" em [[latim]]) é um termo usado para descrever situações nas quais orientações sexuais diferentes da [[heterossexual]] são
== Origem do termo ==
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[[Cathy J. Cohen]] define a heteronormatividade como a prática e as instituições "que legitimam e privilegiam a heterossexualidade e relacionamentos heterossexuais como fundamentais e 'naturais' dentro da sociedade".<ref>COHEN, Cathy J. ''Punks, bulldaggers, and welfare queen: The radical potential of queer politics?'' in "Black Queer Studies". E. Patrick Johnson e Mae G. Henderson, eds. Duke UP, 2005. 24</ref> Sua obra enfatiza a importância da sexualidade envolvida em estruturas maiores de poder, intersectando com e inseparável de raça, gênero e opressão de classe. Ela assinala os exemplos de mães solteiras em [[auxílio-desemprego]] (particularmente mulheres negras) e trabalhadores do sexo, que podem ser heterossexuais, mas não são heteronormativos e assim não são percebidos como "normal, moral ou merecedores de ajuda do Estado" ou de legitimação.<ref>COHEN, Cathy J. ''Punks, bulldaggers, and welfare queen: The radical potential of queer politics?'' in "Black Queer Studies". E. Patrick Johnson e Mae G. Henderson, eds. Duke UP, 2005. 26</ref>
A heteronormatividade tem sido usada na exploração e crítica em [[norma social
Originalmente concebido para descrever as normas contra as quais os [[Não heterossexual|não heterossexuais]] lutam, o termo rapidamente incorporou-se tanto no debate de [[Género (ciências sociais)|gênero]] quanto no de [[transgênero]]. Também é frequentemente usado em debates [[pós-moderno|pós-modernistas]] e [[feminismo|feministas]]. <!-- Citar exemplos --> Aqueles que usam este conceito frequentemente apontam para as dificuldades enfrentadas pelos que mantém um ponto de vista dicotômico da sexualidade, pela presença de exceções claras—de ''[[freemartin]]s'' (fêmeas estéreis) no mundo bovino a seres humanos [[intersexualidade|intersexuais]] com características sexuais de ambos os sexos. Estas exceções são tomadas como evidências diretas de que nem o sexo nem o gênero são conceitos que possam ser reduzidos a uma proposição de ou-este/ou-aquele.
De acordo com [[Richard Miskolci]], a heteronormatividade expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade. A heteronormatividade é um conjunto de prescrições que fundamenta processos sociais de regulação e controle, até mesmo aqueles que não se relacionam com pessoas do sexo oposto. É uma denominação contemporânea para o dispositivo histórico da sexualidade que evidencia seu objetivo: formar todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e “natural” da heterossexualidade. Para Miskolci, o estudo da sexualidade necessariamente implica explorar os meandros da heteronormatividade, tanto a [[homofobia]] materializada em mecanismos de interdição e controle das relações amorosas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, quanto a padronização heteronormativa dos homo orientados.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf|título=A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização|acessodata=12 de setembro de 2013|autor=MISKOLCI, Richard|periódico=Sociologias|ano=2009|páginas=150-182}}</ref>▼
Numa sociedade heteronormativa, a escolha binária entre macho e fêmea para [[identidade de gênero]] é encarada como conduzindo a uma falta de escolha possível quanto ao papel de gênero e identidade sexual de alguém. Também, incluídas nas normas estabelecidas pela sociedade para ambos os gêneros está o requisito de que os indivíduos deveriam sentir e expressar desejo somente por parceiros do sexo ''oposto''. Na obra de [[Eve Kosofsky Sedgwick|Eve Sedgwick]], por exemplo, este emparelhamento heteronormativo é visto como definindo exclusivamente a orientação sexual de alguém em termos do sexo e gênero da pessoa que ela escolhe para fazer sexo, ignorando outras preferências que se possa ter relativas ao sexo.<ref>[[Eve Kosofsky Sedgwick]], ''The Epistemology of the Closet''.</ref>
* BENTO, Berenice. ''A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual''. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ISBN 85-7617-100-7▼
* {{Link||2=http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/sexpodident.html |3=Sexo, poder e a política da identidade}} - entrevista concedida por Michel Foucault a B. Gallagher e A. Wilson, em [[Toronto]], junho de 1982. Publicada originalmente em "The Advocate", n. 400, [[7 de agosto]] de [[1984]], pp. 26–30 e 58.▼
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade I. A Vontade de Saber''. Rio de Janeiro: Graal, 1977.▼
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade II. O Uso dos Prazeres''. Rio de Janeiro: Graal, 1984.▼
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade III. O Cuidado de Si''. Rio de Janeiro: Graal, 1985.▼
▲De acordo com [[Richard Miskolci]], a heteronormatividade expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade. A heteronormatividade é um conjunto de prescrições que fundamenta processos sociais de regulação e controle, até mesmo aqueles que não se relacionam com pessoas do sexo oposto. É uma denominação contemporânea para o dispositivo histórico da sexualidade que evidencia seu objetivo: formar todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e “natural” da heterossexualidade. Para Miskolci, o estudo da sexualidade necessariamente implica explorar os meandros da heteronormatividade, tanto a [[homofobia]] materializada em mecanismos de interdição e controle das relações amorosas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, quanto a padronização heteronormativa dos homo orientados.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf|título=A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização|acessodata=12 de setembro de 2013|autor=MISKOLCI, Richard|periódico=Sociologias|ano=2009|páginas=150-182}}</ref>
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* [[Capitalismo rosa]]
* [[Desvio sexual]]
* [[Heteropatriarcado]]
* [[Heterossexismo]]
* [[Heterossexualidade obrigatória]]
* [[Sistema de género]]
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* [[Michel Foucault]]
* [[Monique Wittig]]
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* COLLING, Leandro. [http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf Teoria Queer]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
* SANTOS, Ana Cristina. [http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/239/239.pdf Heteroqueers contra a heteronormatividade: notas para uma teoria queer inclusiva]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
* TAVARES, Marcus. [http://www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/rm_periscopio_conteudo.asp?idioma=1&idMenu=4&v_nome_area=Perisc%F3pio&label=Perisc%F3pio&v_id_conteudo=68986 Como se ensina a ser menino na mídia televisiva?]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
== Bibliografia ==
▲* BENTO, Berenice. ''A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual''. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ISBN 85-7617-100-7
▲* {{Link||2=http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/sexpodident.html |3=Sexo, poder e a política da identidade}} - entrevista concedida por Michel Foucault a B. Gallagher e A. Wilson, em [[Toronto]], junho de 1982. Publicada originalmente em "The Advocate", n. 400, [[7 de agosto]] de [[1984]], pp. 26–30 e 58.
▲* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade I. A Vontade de Saber''. Rio de Janeiro: Graal, 1977.
▲* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade II. O Uso dos Prazeres''. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
▲* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade III. O Cuidado de Si''. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
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