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'''Heteronormatividade''' (do [[língua grega|grego]] ''hetero'', "diferente", e ''norma'', "esquadro" em [[latim]]) é um termo usado para descrever situações nas quais orientações sexuais diferentes da [[heterossexual]] são ignoradasmarginalizadas, perseguidasignoradas ou silenciadasperseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas,. ouIsto manifestaçõesinclui a ideia de que possamos [[ser lidashumano|seres comohumanos]] nãorecaem heterossexuaisem duas categorias distintas e complementares: [[macho]] e [[fêmea]]; que relações sexuais e maritais são marginalizadasnormais somente entre pessoas de sexos diferentes; e que cada sexo tem certos papéis naturais na vida. Assim, [[sexo]] físico, [[identidade de gênero]] e [[papel social de gênero]] deveriam enquadrar qualquer pessoa dentro de [[norma]]s integralmente [[masculino|masculinas]] ou [[feminino|femininas]], e a [[heterossexualidade]] é considerada como sendo a única [[orientação sexual]] normal. As normas que este termo descreve ou critica podem ser abertas, encobertas ou implícitas. Aqueles que identificam e criticam a heteronormatividade dizem que ela distorce o [[discurso]] ao estigmatizar conceitos desviantes tanto de sexualidade quanto de gênero e tornam certos tipos de autoexpressão mais difíceis.
 
Exemplos de heteronormatividade são agir como se todas os seres humanos fossem ou devessem ser heterossexuais, pré-assumindo uma heterossexualidade, ou situações em que comportamentos que geralmente se associam com a homossexualidade − expressões de género não conformistas, interações íntimas com pessoas do mesmo sexo ([[Abraço|abraços]], [[Beijo|beijos]] ou manifestações carinhosas), etc − tentam ser silenciados e não permitidos.
 
O que foge da heteronormatividade para um membros de um grupo pode não fugir para outro ou alterar-se mediante a cultura ou o tempo, por exemplo, manifestações de emoções e atos de carinho entre homens poderão quebrar a norma heteronormativa para certas pessoas ou contextos, porém entre mulheres ser lido como um comportamento natural de manifestação de amizade.
 
== Origem do termo ==
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[[Cathy J. Cohen]] define a heteronormatividade como a prática e as instituições "que legitimam e privilegiam a heterossexualidade e relacionamentos heterossexuais como fundamentais e 'naturais' dentro da sociedade".<ref>COHEN, Cathy J. ''Punks, bulldaggers, and welfare queen: The radical potential of queer politics?'' in "Black Queer Studies". E. Patrick Johnson e Mae G. Henderson, eds. Duke UP, 2005. 24</ref> Sua obra enfatiza a importância da sexualidade envolvida em estruturas maiores de poder, intersectando com e inseparável de raça, gênero e opressão de classe. Ela assinala os exemplos de mães solteiras em [[auxílio-desemprego]] (particularmente mulheres negras) e trabalhadores do sexo, que podem ser heterossexuais, mas não são heteronormativos e assim não são percebidos como "normal, moral ou merecedores de ajuda do Estado" ou de legitimação.<ref>COHEN, Cathy J. ''Punks, bulldaggers, and welfare queen: The radical potential of queer politics?'' in "Black Queer Studies". E. Patrick Johnson e Mae G. Henderson, eds. Duke UP, 2005. 26</ref>
 
A heteronormatividade tem sido usada na exploração e crítica em [[norma social|normas]] tradicionais de [[sexo]], [[identidade de gênero]], [[papel social de gênero]] e [[sexualidade]], e das implicações sociais destas instituições. Ela é descritiva de um sistema [[dicotomia|dicotômico]] de categorização que vincula diretamente comportamento social e autoidentidade com oa genital[[genitália]] do indivíduo. Isto significa (entre outras coisas) que, visto que existem conceitos estritamente definidos de virilidade e feminilidade, existem paralelamente comportamentos esperados tanto de homens quanto de mulheres.
 
Originalmente concebido para descrever as normas contra as quais os [[Não heterossexual|não heterossexuais]] lutam, o termo rapidamente incorporou-se tanto no debate de [[Género (ciências sociais)|gênero]] quanto no de [[transgênero]]. Também é frequentemente usado em debates [[pós-moderno|pós-modernistas]] e [[feminismo|feministas]]. <!-- Citar exemplos --> Aqueles que usam este conceito frequentemente apontam para as dificuldades enfrentadas pelos que mantém um ponto de vista dicotômico da sexualidade, pela presença de exceções claras—de ''[[freemartin]]s'' (fêmeas estéreis) no mundo bovino a seres humanos [[intersexualidade|intersexuais]] com características sexuais de ambos os sexos. Estas exceções são tomadas como evidências diretas de que nem o sexo nem o gênero são conceitos que possam ser reduzidos a uma proposição de ou-este/ou-aquele.
De acordo com [[Richard Miskolci]], a heteronormatividade expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade. A heteronormatividade é um conjunto de prescrições que fundamenta processos sociais de regulação e controle, até mesmo aqueles que não se relacionam com pessoas do sexo oposto. É uma denominação contemporânea para o dispositivo histórico da sexualidade que evidencia seu objetivo: formar todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e “natural” da heterossexualidade. Para Miskolci, o estudo da sexualidade necessariamente implica explorar os meandros da heteronormatividade, tanto a [[homofobia]] materializada em mecanismos de interdição e controle das relações amorosas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, quanto a padronização heteronormativa dos homo orientados.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf|título=A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização|acessodata=12 de setembro de 2013|autor=MISKOLCI, Richard|periódico=Sociologias|ano=2009|páginas=150-182}}</ref>
 
Numa sociedade heteronormativa, a escolha binária entre macho e fêmea para [[identidade de gênero]] é encarada como conduzindo a uma falta de escolha possível quanto ao papel de gênero e identidade sexual de alguém. Também, incluídas nas normas estabelecidas pela sociedade para ambos os gêneros está o requisito de que os indivíduos deveriam sentir e expressar desejo somente por parceiros do sexo ''oposto''. Na obra de [[Eve Kosofsky Sedgwick|Eve Sedgwick]], por exemplo, este emparelhamento heteronormativo é visto como definindo exclusivamente a orientação sexual de alguém em termos do sexo e gênero da pessoa que ela escolhe para fazer sexo, ignorando outras preferências que se possa ter relativas ao sexo.<ref>[[Eve Kosofsky Sedgwick]], ''The Epistemology of the Closet''.</ref>
== Leituras adicionais ==
* BENTO, Berenice. ''A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual''. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ISBN 85-7617-100-7
* {{Link||2=http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/sexpodident.html |3=Sexo, poder e a política da identidade}} - entrevista concedida por Michel Foucault a B. Gallagher e A. Wilson, em [[Toronto]], junho de 1982. Publicada originalmente em "The Advocate", n. 400, [[7 de agosto]] de [[1984]], pp.&nbsp;26–30 e 58.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade I. A Vontade de Saber''. Rio de Janeiro: Graal, 1977.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade II. O Uso dos Prazeres''. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade III. O Cuidado de Si''. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
 
De acordo com [[Richard Miskolci]], a heteronormatividade expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade. A heteronormatividade é um conjunto de prescrições que fundamenta processos sociais de regulação e controle, até mesmo aqueles que não se relacionam com pessoas do sexo oposto. É uma denominação contemporânea para o dispositivo histórico da sexualidade que evidencia seu objetivo: formar todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e “natural” da heterossexualidade. Para Miskolci, o estudo da sexualidade necessariamente implica explorar os meandros da heteronormatividade, tanto a [[homofobia]] materializada em mecanismos de interdição e controle das relações amorosas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, quanto a padronização heteronormativa dos homo orientados.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf|título=A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização|acessodata=12 de setembro de 2013|autor=MISKOLCI, Richard|periódico=Sociologias|ano=2009|páginas=150-182}}</ref>
{{Referências}}
 
== {{Ver também}} ==
 
{{colunas-lista|3|
* [[Adrienne Rich]]
* [[Capitalismo rosa]]
* [[Cishomonormatividade]]
* [[Desvio sexual]]
* [[Heteropatriarcado]]
* [[Heterossexismo]]
* [[Heterossexualidade]]
* [[Heterossexualidade obrigatória]]
* [[Sistema de género]]
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* [[Michel Foucault]]
* [[Monique Wittig]]
* [[Norma social]]
}}
 
{{Portal3|LGBTReferências}}
 
== {{Ligações externas}} ==
* COLLING, Leandro. [http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf Teoria Queer]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
* SANTOS, Ana Cristina. [http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/239/239.pdf Heteroqueers contra a heteronormatividade: notas para uma teoria queer inclusiva]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
* TAVARES, Marcus. [http://www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/rm_periscopio_conteudo.asp?idioma=1&idMenu=4&v_nome_area=Perisc%F3pio&label=Perisc%F3pio&v_id_conteudo=68986 Como se ensina a ser menino na mídia televisiva?]. Acessado em [[30 de março]] de [[2008]].
 
== Bibliografia ==
{{Esboço-sociologia}}
* BENTO, Berenice. ''A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual''. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ISBN 85-7617-100-7
* {{Link||2=http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/sexpodident.html |3=Sexo, poder e a política da identidade}} - entrevista concedida por Michel Foucault a B. Gallagher e A. Wilson, em [[Toronto]], junho de 1982. Publicada originalmente em "The Advocate", n. 400, [[7 de agosto]] de [[1984]], pp.&nbsp;26–30 e 58.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade I. A Vontade de Saber''. Rio de Janeiro: Graal, 1977.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade II. O Uso dos Prazeres''. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
* [[Michel Foucault|FOUCAULT, Michel]]. ''História da Sexualidade III. O Cuidado de Si''. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
 
{{Portal3|LGBT}}
{{LGBT}}
{{Sem imagem|data=outubro de 2009}}