Fernando de Noronha: diferenças entre revisões
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'''Fernando de Noronha''' é um [[arquipélago]] [[brasil]]eiro do [[Unidades federativas do Brasil|estado]] de [[Pernambuco]]. Formado por 21 [[ilha]]s, [[Ilhéu|ilhotas]] e [[Penedo (geologia)|rochedo]]s de origem [[Vulcão|vulcânica]], ocupa uma área total de {{fmtn|26|km²}} — dos quais {{fmtn|17|km²}} são da ilha principal — e se situa no [[Oceano Atlântico]] a nordeste do Brasil continental, distando {{fmtn|545|km}} da capital pernambucana, [[Recife]], e {{fmtn|360|km}} de [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]] no [[Rio Grande do Norte]].<ref name="Dist_FN_Rec">{{citar web |url=http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=260545&search=pernambuco%7cfernando-de-noronha%7cinfograficos:-historico |título=Fernando de Noronha - IBGE Cidades |data= | publicado=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |acessodata=17 de janeiro de 2015}}</ref> O centro comercial da ilha é o núcleo urbano de [[Vila dos Remédios]]. A administração do Parque Nacional está atualmente a cargo do [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio).<ref name="fernando de noronha">{{Citar CNUCão|id=186|título=Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha|acessodata=20 de dezembro de 2013}}</ref>▼
Avistada pela primeira vez entre 1500 e 1502, tem sua descoberta atribuída a uma expedição comandada pelo explorador [[Fernão de Loronha]], embora haja controvérsias; porém é certo que o primeiro a descrevê-la foi [[Américo Vespúcio]], em expedição realizada entre 1503 e 1504. Primeira [[capitania hereditária]] do Brasil, o arquipélago sofreu constantes invasões de [[ingleses]], [[franceses]] e [[holandeses]] entre os séculos XVI e XVIII. Em 24 de setembro de 1700, Fernando de Noronha tornou-se, por carta régia, dependência de [[Capitania de Pernambuco|Pernambuco]], capitania com a qual já tinha uma ligação histórica. Em 1736, a ilha foi invadida pela [[Companhia Francesa das Índias Orientais]], passando-se a chamar ''Isle Dauphine'', porém, no ano seguinte, uma expedição enviada pelo Recife expulsou os franceses.<ref name="Noronha">{{citar web |url=http://www.noronha.com.br/site/a_ilha.php?noticia=22 |título=História de Fernando de Noronha |publicado=Noronha.com.br |acessodata=4 de janeiro de 2015 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120425230959/http://www.noronha.com.br/site/a_ilha.php?noticia=22 |arquivodata=2012-04-25 |urlmorta=yes }}</ref> ▼
Em 1942, com a [[Segunda Guerra Mundial]], o arquipélago tornou-se território federal, cuja sigla era ''FN'', passando a servir como base avançada de guerra; mas voltou à administração pernambucana quatro décadas e meia depois, no ano de 1988.<ref name="Noronha" /><ref>{{citar web|url=http://cidadebrasileira.brasilescola.uol.com.br/pernambuco/historia-fernando-noronha.htm|título=História de Fernando de Noronha|publicado=Brasil Escola|acessodata=11 de janeiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www2.pucpr.br/agenciaescola/destinos.php?codigo=6&imagem=90|título=Fernando De Noronha|publicado=PUC-PR|acessodata=11 de janeiro de 2016}}</ref> Atualmente Fernando de Noronha constitui um [[distrito estadual]] de Pernambuco, e é gerida por um administrador-geral designado pelo governo do estado.<ref name="Noronha" />▼
Após uma campanha liderada pelo [[ambientalista]] [[José Truda Palazzo Júnior]], em {{Dtlink|14|10|1988}} a maior parte do arquipélago foi declarada [[Parques nacionais#Pernambuco|Parque Nacional]], com cerca de {{Fmtn|11270|[[Hectare|ha]]}},<ref name="fernando de noronha"/> para a proteção das espécies [[Endemismo|endêmicas]] lá existentes e da área de concentração dos [[golfinho-rotador|golfinhos rotadores]] (''Stenella longirostris''), que se reúnem diariamente na [[Baía dos Golfinhos]] — o lugar de observação mais regular da espécie em todo o planeta. No ano de 2001 a [[UNESCO]] declarou Fernando de Noronha [[Patrimônio Natural da Humanidade]].<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u1408.shtml |título=Unesco declara Fernando de Noronha Patrimônio da Humanidade|publicado=Folha de S.Paulo |acessodata=30 de janeiro de 2015}}</ref>▼
== História ==▼
=== Descoberta ===▼
{{Artigo principal|Fortificações na Ilha de Fernando de Noronha}}▼
[[Imagem:Cantino west.jpg|miniatura|esquerda|Detalhe do [[Planisfério de Cantino]], de 1502, mostrando a ilha de "Quaresma" na costa brasileira.]]▼
Esta versão, reconstruída a partir de registros escritos, é severamente prejudicada pelo registro [[Cartografia|cartográfico]]. Uma ilha, chamada Quaresma, parecendo muito com a ilha de Fernando de Noronha, aparece no [[Planisfério de Cantino]]. O mapa de [[Alberto Cantino]] foi composto por um cartógrafo português anônimo e terminado antes de novembro de 1502, bem antes da expedição de Coelho ser estabelecida. Isso levou à especulação de que a ilha foi descoberta por uma expedição anterior. Entretanto, não há consenso sobre qual expedição que poderia ter sido a pioneira. O nome, "[[Quaresma]]", sugere que o arquipélago deve ter sido descoberto em março ou início de abril, o que não corresponde bem com expedições conhecidas. Há também uma ilha misteriosa vermelha à esquerda de Quaresma no mapa de Cantino que não se encaixa com a ilha de Fernando de Noronha. Alguns explicaram estas anomalias lendo ''quaresma'' como ''anaresma'' (de significado desconhecido, mas que evita o período da Quaresma)<ref>Para o termo "Anaresma", veja Henry Harrisse (1891) ''The Discovery of North America'' (1961 ed., p.319) and Orville Derby (1902) "Os mappas mais antigos do Brasil", ''Revista do Instituto Historico e Geografico de São Paulo'', vol. 7, [http://books.google.com/books?id=i6MCAAAAYAAJ&pg=PA244#v=onepage&q&f=false p.244]. This reading was insisted upon later by historian Marcondes de Sousa (1949) ''Américo Vespúcio e suas viagens'' (São Paulo). Essa hipótese causou uma breve controvérsia com outros historiadores, e.g. Damião Peres, Duarte Leite.</ref> e propuseram que a ilha vermelha é apenas uma mancha acidental de tinta.<ref>A teoria da mancha de tinta foi sugerido por Duarte Leite (1923: p.275-8).</ref>▼
{{Info/Património Mundial
|Nome = Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha
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▲'''Fernando de Noronha''' é um [[arquipélago]] [[brasil]]eiro do [[Unidades federativas do Brasil|estado]] de [[Pernambuco]]. Formado por 21 [[ilha]]s, [[Ilhéu|ilhotas]] e [[Penedo (geologia)|rochedo]]s de origem [[Vulcão|vulcânica]], ocupa uma área total de {{fmtn|26|km²}} — dos quais {{fmtn|17|km²}} são da ilha principal — e se situa no [[Oceano Atlântico]] a nordeste do Brasil continental, distando {{fmtn|545|km}} da capital pernambucana, [[Recife]], e {{fmtn|360|km}} de [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]] no [[Rio Grande do Norte]].<ref name="Dist_FN_Rec">{{citar web |url=http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=260545&search=pernambuco%7cfernando-de-noronha%7cinfograficos:-historico |título=Fernando de Noronha - IBGE Cidades |data= | publicado=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |acessodata=17 de janeiro de 2015}}</ref> O centro comercial da ilha é o núcleo urbano de [[Vila dos Remédios]]. A administração do Parque Nacional está atualmente a cargo do [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio).<ref name="fernando de noronha">{{Citar CNUCão|id=186|título=Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha|acessodata=20 de dezembro de 2013}}</ref>
▲Avistada pela primeira vez entre 1500 e 1502, tem sua descoberta atribuída a uma expedição comandada pelo explorador [[Fernão de Loronha]], embora haja controvérsias; porém é certo que o primeiro a descrevê-la foi [[Américo Vespúcio]], em expedição realizada entre 1503 e 1504. Primeira [[capitania hereditária]] do Brasil, o arquipélago sofreu constantes invasões de [[ingleses]], [[franceses]] e [[holandeses]] entre os séculos XVI e XVIII. Em 24 de setembro de 1700, Fernando de Noronha tornou-se, por carta régia, dependência de [[Capitania de Pernambuco|Pernambuco]], capitania com a qual já tinha uma ligação histórica. Em 1736, a ilha foi invadida pela [[Companhia Francesa das Índias Orientais]], passando-se a chamar ''Isle Dauphine'', porém, no ano seguinte, uma expedição enviada pelo Recife expulsou os franceses.<ref name="Noronha">{{citar web |url=http://www.noronha.com.br/site/a_ilha.php?noticia=22 |título=História de Fernando de Noronha |publicado=Noronha.com.br |acessodata=4 de janeiro de 2015 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120425230959/http://www.noronha.com.br/site/a_ilha.php?noticia=22 |arquivodata=2012-04-25 |urlmorta=yes }}</ref>
▲Em 1942, com a [[Segunda Guerra Mundial]], o arquipélago tornou-se território federal, cuja sigla era ''FN'', passando a servir como base avançada de guerra; mas voltou à administração pernambucana quatro décadas e meia depois, no ano de 1988.<ref name="Noronha" /><ref>{{citar web|url=http://cidadebrasileira.brasilescola.uol.com.br/pernambuco/historia-fernando-noronha.htm|título=História de Fernando de Noronha|publicado=Brasil Escola|acessodata=11 de janeiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www2.pucpr.br/agenciaescola/destinos.php?codigo=6&imagem=90|título=Fernando De Noronha|publicado=PUC-PR|acessodata=11 de janeiro de 2016}}</ref> Atualmente Fernando de Noronha constitui um [[distrito estadual]] de Pernambuco, e é gerida por um administrador-geral designado pelo governo do estado.<ref name="Noronha" />
▲Após uma campanha liderada pelo [[ambientalista]] [[José Truda Palazzo Júnior]], em {{Dtlink|14|10|1988}} a maior parte do arquipélago foi declarada [[Parques nacionais#Pernambuco|Parque Nacional]], com cerca de {{Fmtn|11270|[[Hectare|ha]]}},<ref name="fernando de noronha"/> para a proteção das espécies [[Endemismo|endêmicas]] lá existentes e da área de concentração dos [[golfinho-rotador|golfinhos rotadores]] (''Stenella longirostris''), que se reúnem diariamente na [[Baía dos Golfinhos]] — o lugar de observação mais regular da espécie em todo o planeta. No ano de 2001 a [[UNESCO]] declarou Fernando de Noronha [[Patrimônio Natural da Humanidade]].<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u1408.shtml |título=Unesco declara Fernando de Noronha Patrimônio da Humanidade|publicado=Folha de S.Paulo |acessodata=30 de janeiro de 2015}}</ref>
▲== História ==
▲=== Descoberta ===
▲{{Artigo principal|Fortificações na Ilha de Fernando de Noronha}}
A expedição de Coelho é também conhecida com a "Quarta Viagem" de Vespúcio e é relatada na carta a Soderini.<ref> Veja a versão em inglês da [http://books.google.com/books?id=boQKAQAAIAAJ&pg=RA1-PA41#v=onepage&q&f=false carta] em ''Letter to Soderini''</ref> A nau capitânia da expedição atingiu um recife e naufragou perto da ilha e a tripulação e a carga tiveram que ser resgatados. Sob ordens de Coelho, Vespúcio ancorou na ilha e passou uma semana lá, enquanto o resto da frota de Coelho ficou ao sul. Em sua carta a Soderini, Vespúcio descreve uma ilha desabitada e relata o seu nome coma "ilha de São Lourenço" (10 de agosto é o dia da festa de [[São Lourenço]], era um costume de [[Descobrimentos portugueses|explorações portuguesas]] nomear locais de acordo com o [[calendário litúrgico]]). O principal problema para as versões que se apoiam na famosa ''Carta ao Soderini'' é que a crítica moderna considera a carta uma falsificação.<ref name="Pessoa">Pessoa, Gláucia Tomaz de Aquino. [http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/fernando_noronha.pdf ''Fernando de Noronha: uma ilha-presídio nos trópicos (1833-1894)'']. Arquivo Nacional, 2014, pp. 11-13</ref> Os historiadores têm ainda a hipótese de que um navio perdido da frota de Coelho, sob o comando de um capitão desconhecido, pode ter retornado para a ilha (provavelmente no dia 29 de agosto de 1503, dia da festa da [[Decapitação de João Batista|decapitação de São João Batista]]) para pegar Vespúcio, mas não o encontrou ou a qualquer outra pessoa e voltou para Lisboa com a notícia.<ref>Roukema (1963: p.22)</ref> Vespúcio, em sua carta, afirma que ele deixou a ilha em 18 de agosto de 1503 e em sua chegada a Lisboa um ano depois, em 7 de setembro de 1504, o povo da cidade foi surpreendido, uma vez que "tinha sido dito" que o navio havia se perdido.<ref>Roukema (1963: p.21)</ref> Como Vespúcio não regressou a Lisboa até setembro de 1504, a descoberta deve ter sido anterior.
▲[[Imagem:Cantino west.jpg|miniatura|esquerda|Detalhe do [[Planisfério de Cantino]], de 1502, mostrando a ilha de "Quaresma" na costa brasileira.]]
[[Imagem:Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha.tif|thumb|left|Mapa de Fernando de Noronha, 1886. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].|esquerda]]
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▲Assumindo que "Quaresma" seja, de fato Fernando de Noronha, não se sabe quem a descobriu. Uma das propostas é de que ela foi descoberta por uma expedição de mapeamento portuguesa real que foi enviado em maio de 1501, comandada por um capitão (possivelmente [[André Gonçalves (explorador)|André Gonçalves]]) e também acompanhada por [[Américo Vespúcio]].<ref>A expedição de mapeamento de 1501 também é conhecida como a "terceira viagem" de [[Américo Vespúcio]] (e seu primeiro sob a bandeira portuguesa). Américo Vespúcio relaciona esta expedição duas vezes - primeiro em uma carta a Lorenzo Pietro Francesco di Medici, escrito no início de 1503 (ver([http://books.google.com/books?id=8wAuAAAAMAAJ&pg=PA42#v=onepage&q&f=false account]) em ''Letter do Medici''), e de novo em suas cartas a [[Piero Soderini]], escritas em 1504-05 (''Letter to Soderini''). EM sua carta, Vespúcio não menciona o nome do capitão dessa expedição de 1501 e sua identidade tem sido especulada. O cronista do século XVI [[Gaspar Correia]] sugeriu que era André Gonçalves (''Lendas da India'', [http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&dq=editions%3ALCCN05022145&as_brr=1&pg=PA152#v=onepage&q&f=false p.152]). Greenlee (1945) analisa vários nomes possíveis - e se instala na conjectura de que poderia ser o próprio Fernão de Loronha (a hipótese também sugerido por Duarte Leite (1923)). Mas isso é fortemente contestado por outros autores como, por exemplo, Roukema (1963). Seria altamente improvável que um comerciante proeminente e rico como Loronha fosse se ausentar de seus negócios para ir pessoalmente comandar navios por si mesmo. O apoio da Loronha (se houver) para a expedição de mapeamento foi provavelmente limitado ao financiamento.</ref> De acordo com Vespúcio, esta expedição retornou a Lisboa em setembro de 1502, apenas a tempo de influenciar a composição final do mapa de Cantino. Infelizmente, Vespúcio não relata ter descoberto esta ilha; na verdade, ele é bastante claro que a primeira vez que ele (e seus companheiros marinheiros) viu a ilha foi na expedição de Coelho em 1503. No entanto, há uma carta escrita por um italiano de que um navio chegou "da terra dos [[papagaio]]s" em Lisboa no dia 22 de julho de 1502 (três meses antes Vespúcio).<ref>Esta carta foi escrita pelo emissário veneziano Pascualigo em 12 de outubro de 1502 e é citada no diário de Marino Sanuto. veja Greenlee (1945: p.11n) e Roukema (1963:p.19).</ref> Este poderia ser um navio perdido da expedição de mapeamento que retornou prematuramente, sobre a qual ainda não há informação.<ref>Roukema (1963) aceita a hipótese de uma expedição em separado não registrada em 1501 - e que esta pode ser a única liderado por André Gonçalves. No entanto, Greenlee (1945) rejeita a teoria da expedição não registrada, considerando-a supérflua e abraça a teoria do navio perdido (e que este navio era comandado, pessoalmente, por Fernão de Loronha).</ref> O momento da sua famosa chegada (julho de 1502), faz com que seja possível que ele passou na ilha em algum momento de março de 1502, na viagem de volta, bem dentro do período da Quaresma.
De acordo com Vespúcio, a expedição de 1501 retornou a Lisboa em setembro de 1502, apenas a tempo de influenciar a composição final do mapa de Cantino. Infelizmente, Vespúcio não relata ter descoberto esta ilha; na verdade, ele é bastante claro que a primeira vez que ele (e seus companheiros marinheiros) viu a ilha foi na expedição de Coelho em 1503. No entanto, há uma carta escrita por um italiano de que um navio chegou "da terra dos [[papagaio]]s" em Lisboa no dia 22 de julho de 1502 (três meses antes Vespúcio). Esta carta foi escrita pelo emissário veneziano Pascualigo em 12 de outubro de 1502 e é citada no diário de Marino Sanuto.<ref>veja Greenlee (1945: p.11n) e Roukema (1963:p.19).</ref> Este poderia ser um navio perdido da expedição de mapeamento que retornou prematuramente, sobre a qual ainda não há informação.<ref>Roukema (1963) aceita a hipótese de uma expedição em separado não registrada em 1501 - e que esta pode ser a única liderado por André Gonçalves. No entanto, Greenlee (1945) rejeita a teoria da expedição não registrada, considerando-a supérflua e abraça a teoria do navio perdido (e que este navio era comandado, pessoalmente, por Fernão de Loronha).</ref> O momento da sua famosa chegada (julho de 1502), faz com que seja possível que ele passou na ilha em algum momento de março de 1502, na viagem de volta, bem dentro do período da Quaresma.
Uma outra teoria é de que a ilha foi descoberta já em 1500, logo após a [[descoberta do Brasil]] pela Segunda [[Armadas da Índia|Armada da Índia]], sob a liderança de [[Pedro Alvares Cabral]]. Após sua breve parada em terra firme em [[Porto Seguro]], na [[Bahia]], Cabral despachou um navio de suprimentos sob o comando de [[Gaspar de Lemos]] ou André Gonçalves de volta a Lisboa para relatar a descoberta. Este navio de abastecimento retornando teria seguido em direção ao norte ao longo da costa brasileira e pode ter chegado até a ilha de Fernando de Noronha e relatado a sua existência ao governo de Lisboa em julho de 1500.<ref>Roukema (1963) rejects this theory.</ref> No entanto, isso contradiz o nome ''Quaresma'', uma vez que o navio de abastecimento partiu bem após o tempo da Quaresma. Uma quarta possibilidade (
Apesar dessas contradições, é certo que várias expedições alcançaram a costa brasileira entre 1500 e 1503 e que a existência do arquipélago era conhecida em Lisboa pelo menos desde antes de 16 de janeiro de 1504, quando o rei D. [[Manuel I de Portugal]] emitiu uma carta de concessão da "ilha de São João" como uma [[capitania hereditária]] de Fernão de Loronha, citando-o [com ou sem razão] como descobridor da ilha.<ref name="Pessoa"/><ref name="Grazielle">Nascimento, Grazielle Rodrigues do. "No Tempo dos Loronhas se Erguia uma Ilha-Presídio no Atlântico (1504-1800)". In: ''Revista Crítica Histórica'', 2010; I (1)</ref> <sup>Ver nota:</sup> <ref>Uma cópia real desta carta nunca foi encontrada. Seu conteúdo e data, no entanto, são resumidos em carta régia de 3 março de 1522, confirmando isso e ainda uma outra carta régia de 20 de maio de 1559, que identifica a localização de ''São João'' precisamente como a ilha Fernando de Noronha. Veja Duarte Leite (1923: p.276-8) e Roukema (1963: p.21).</ref>
A transição do nome de "São João" para "Fernando de Noronha" foi, provavelmente, apenas pelo uso natural. A carta régia datada de 20 de maio de 1559, aos descendentes da família Noronha, ainda se refere à ilha por seu nome oficial, ilha de São João.<ref>Duarte Leite (1923: p.276-8)</ref> No entanto, em outros lugares por exemplo, o diário de bordo de [[Martim Afonso de Sousa]] na década de 1530 referia-se ao arquipélago como "ilha de Fernão de Noronha" ("Noronha" era um erro ortográfico comum de "Loronha"). O nome informal eventualmente se tornou o nome oficial.
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