Fernando de Noronha: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de Pedro Jorge Nunes da Costa para a última revisão de Tetraktys, de 20h27min de 27 de abril de 2019 (UTC)
Etiqueta: Reversão
Linha 79:
=== Descoberta ===
{{Artigo principal|Fortificações na Ilha de Fernando de Noronha}}
ApesarMuitas dessascontrovérsias contradiçõesmarcam o descobrimento do arquipélago pelos [[europeus]]. Pelo menos três nomes — ''São Lourenço'', é''São João'' e ''Quaresma'' — têm sido associados com a ilha na época de sua descoberta. O que se sabe como certo é que várias expedições alcançaram a costa brasileira entre 1500 e 1503 e que a existência do arquipélago era conhecida em Lisboa pelo menos desde antes de 16 de janeiro de 1504, quando o rei D. [[Manuel I de Portugal]] emitiufez uma carta de concessãomercê da "ilha de São João" comoa uma[[Fernão de Loronha]] — [[capitaniafidalgo|cavaleiro hereditáriada Sua Casa]], de[[cristão-novo]], Fernãogrande decomerciante Loronhae armador — como uma [[capitania hereditária]], citando- o beneficiado [com ou sem razão] como descobridor da ilha.<ref name="Pessoa"/><ref name="Grazielle">Nascimento, Grazielle Rodrigues do. "No Tempo dos Loronhas se Erguia uma Ilha-Presídio no Atlântico (1504-1800)". In: ''Revista Crítica Histórica'', 2010; I (1)</ref> <sup>Ver nota:</sup> <ref>Uma cópia realautêntica desta carta nunca foi encontrada. Seu conteúdo e data, no entanto, são resumidos em carta régia de 3 março de 1522, confirmando isso, e ainda umanuma outra carta régia de 20 de maio de 1559, que identifica a localização de ''São João'' precisamente como a ilha Fernando de Noronha. Veja Duarte Leite (1923: p.276-8) e; Roukema (1963: p.21).</ref>
Muitas controvérsias marcam o descobrimento do arquipélago pelos [[europeus]]. Pelo menos três nomes — ''São Lourenço'', ''São João'' e ''Quaresma'' — têm sido associados com a ilha na época de sua descoberta. Uma das propostas é de que ela foi descoberta por uma expedição de mapeamento portuguesa que foi enviada em maio de 1501. A expedição de 1501 também é conhecida como a "terceira viagem" de [[Américo Vespúcio]] (e seu primeiro sob a bandeira portuguesa). Vespúcio relaciona esta expedição duas vezes — primeiro em uma carta a Lorenzo Pietro Francesco di Medici, escrita no início de 1503 ([http://books.google.com/books?id=8wAuAAAAMAAJ&pg=PA42#v=onepage&q&f=false account]), e de novo em suas cartas a [[Piero Soderini]], escritas em 1504-05. Em sua carta, Vespúcio não menciona o nome do capitão dessa expedição de 1501 e sua identidade tem sido especulada. O cronista do século XVI [[Gaspar Correia]] sugeriu que era [[André Gonçalves (explorador)|André Gonçalves]].<ref>[http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&dq=editions%3ALCCN05022145&as_brr=1&pg=PA152#v=onepage&q&f=false ''Lendas da India'', p. 152]. </ref> Greenlee (1945) analisa vários nomes possíveis — e se instala na conjetura de que poderia ser o próprio [[Fernão de Loronha]], hipótese também sugerida por Duarte Leite (1923). Pode ter recebido crédito por ter sido o principal financiador de um consórcio de comerciantes que ambicionava explorar as ricas florestas de [[pau-brasil]], que estava em atividade por mercê régia desde 1501, e que construiu um grosso comércio até aproximadamente a década de 1540. Sem dúvida Loronha foi foi um dos financiadores da expedição de 1503-1504, sob o comando do capitão [[Gonçalo Coelho]], que levou Vespúcio a bordo, e Loronha pode ter estado a bordo de uma das naus que em 24 de julho de 1503 avistaram a ilha então chamada da Quaresma, rebatizada em seguida como Ilha de São João, e que mais tarde levaria seu nome. Porém, a historiografia recente considera pouco provável que Loronha tenha participado pessoalmente de qualquer das viagens.<ref name="Grazielle"/><ref name="Pessoa"/>
 
A ilha sem dúvida havia sido descoberta algum tempo antes disso, mas há mais de um século o autor, a data precisa e as circunstâncias do achado vêm dando motivo para muitos debates. Uma das propostas é de que ela foi descoberta por uma expedição de mapeamento portuguesa que foi enviada em maio de 1501. A expedição de 1501 também é conhecida como a "terceira viagem" de [[Américo Vespúcio]] (e seu primeiro sob a bandeira portuguesa). Vespúcio relaciona esta expedição duas vezes — primeiro em uma carta a Lorenzo Pietro Francesco de Medici, escrita no início de 1503, e de novo em suas cartas a [[Piero Soderini]], escritas em 1504-1505.<ref>Markham, Clements (ed.). [http://books.google.com/books?id=8wAuAAAAMAAJ&pg=PA42#v=onepage&q&f=false ''The Letters of Amerigo Vespucci and Other Documents Illustrative of His Career''].
A expedição de Coelho é também conhecida com a "Quarta Viagem" de Vespúcio e é relatada na carta a Soderini.<ref> Veja a versão em inglês da [http://books.google.com/books?id=boQKAQAAIAAJ&pg=RA1-PA41#v=onepage&q&f=false carta] em ''Letter to Soderini''</ref> A nau capitânia da expedição atingiu um recife e naufragou perto da ilha e a tripulação e a carga tiveram que ser resgatados. Sob ordens de Coelho, Vespúcio ancorou na ilha e passou uma semana lá, enquanto o resto da frota de Coelho ficou ao sul. Em sua carta a Soderini, Vespúcio descreve uma ilha desabitada e relata o seu nome coma "ilha de São Lourenço" (10 de agosto é o dia da festa de [[São Lourenço]], era um costume de [[Descobrimentos portugueses|explorações portuguesas]] nomear locais de acordo com o [[calendário litúrgico]]). Os historiadores têm ainda a hipótese de que um navio perdido da frota de Coelho, sob o comando de um capitão desconhecido, pode ter retornado para a ilha (provavelmente no dia 29 de agosto de 1503, dia da festa da [[Decapitação de João Batista|decapitação de São João Batista]]) para pegar Vespúcio, mas não o encontrou ou a qualquer outra pessoa e voltou para Lisboa com a notícia.<ref>Roukema (1963: p.22)</ref> Vespúcio, em sua carta, afirma que ele deixou a ilha em 18 de agosto de 1503 e em sua chegada a Lisboa um ano depois, em 7 de setembro de 1504, o povo da cidade foi surpreendido, uma vez que "tinha sido dito" que o navio havia se perdido.<ref>Roukema (1963: p.21)</ref> Como Vespúcio não regressou a Lisboa até setembro de 1504, a descoberta deve ter sido anterior. O principal problema para as versões que se apoiam na famosa ''Carta ao Soderini'' é que a crítica moderna considera a carta uma falsificação.<ref name="Pessoa">Pessoa, Gláucia Tomaz de Aquino. [http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/fernando_noronha.pdf ''Fernando de Noronha: uma ilha-presídio nos trópicos (1833-1894)'']. Arquivo Nacional, 2014, pp. 11-33</ref>
MuitasHakluyt controvérsias marcam o descobrimento do arquipélago pelos [[europeus]]. Pelo menos três nomes — ''São Lourenço''Society, ''São1894 João'' e ''Quaresma'' — têm sido associados com a ilha na época de sua descoberta. Uma das propostas é de que ela foi descoberta por uma expedição de mapeamento portuguesa que foi enviada em maio de 1501. A expedição de 1501 também é conhecida como a "terceira viagem" de [[Américo Vespúcio]] (e seu primeiro sob a bandeira portuguesa). Vespúcio relaciona esta expedição duas vezes — primeiro em uma carta a Lorenzo Pietro Francesco di Medici, escrita no início de 1503 ([http:<//books.google.com/books?id=8wAuAAAAMAAJ&pg=PA42#v=onepage&q&f=false account]), e de novo em suas cartas a [[Piero Soderini]], escritas em 1504-05.ref> Em sua carta, Vespúcio não menciona o nome do capitão dessa expedição de 1501 e sua identidade tem sido especulada. O cronista do século XVI [[Gaspar Correia]] sugeriu que era [[André Gonçalves (explorador)|André Gonçalves]].<ref>[http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&dq=editions%3ALCCN05022145&as_brr=1&pg=PA152#v=onepage&q&f=false ''Lendas da India'', p. 152]. </ref> Greenlee (1945) analisaanalisou vários nomes possíveis — e se instalainstalou na conjetura de que poderia ser o próprio [[Fernão de Loronha]], hipótese também sugerida por Duarte Leite (1923). PodeLoronha pode ter recebido crédito na descoberta por ter sido o principal financiador de um consórcio de comerciantes que ambicionava explorar as ricas florestas de [[pau-brasil]], que estava em atividade por mercê régia desde 1501, e que construiumanteve um grossoativo comércio até aproximadamente a década de 1540. Sem dúvida Loronha foi foi um dos financiadores da expedição de 1503-1504, sob o comando do capitão [[Gonçalo Coelho]], que levou Vespúcio a bordo, e Loronha pode ter estado a bordo de uma das naus que em 24 de julho de 1503 avistaram a ilha então chamada da Quaresma, rebatizada em seguida como Ilha de São João, e que mais tarde levaria seu nome. Porém, a historiografia recente considera pouco provável que Loronha tenha participado pessoalmente de qualquer das viagens.<ref name="Grazielle"/><ref name="Pessoa"/>
 
A expedição de Coelho é também conhecida com a "Quarta Viagem" de Vespúcio e é relatada na carta a Soderini.<ref> Veja a versão em inglês da [http://books.google.com/books?id=boQKAQAAIAAJ&pg=RA1-PA41#v=onepage&q&f=false carta] em ''Letter to Soderini''</ref> A nau capitânia da expedição atingiu um recife e naufragou perto da ilha e a tripulação e a carga tiveram que ser resgatados. Sob ordens de Coelho, Vespúcio ancorou na ilha e passou uma semana lá, enquanto o resto da frota de Coelho ficou ao sul. Em sua carta a Soderini, Vespúcio descreve uma ilha desabitada e relata o seu nome coma "ilha de São Lourenço" (10 de agosto é o dia da festa de [[São Lourenço]], era um costume de [[Descobrimentos portugueses|explorações portuguesas]] nomear locais de acordo com o [[calendário litúrgico]]). Os historiadores têm ainda a hipótese de que um navio perdido da frota de Coelho, sob o comando de um capitão desconhecido, pode ter retornado para a ilha (provavelmente no dia 29 de agosto de 1503, dia da festa da [[Decapitação de João Batista|decapitação de São João Batista]]) para pegar Vespúcio, mas não o encontrou ou a qualquer outra pessoa e voltou para Lisboa com a notícia.<ref>Roukema (1963: p.22)</ref> Vespúcio, em sua carta, afirma que ele deixou a ilha em 18 de agosto de 1503 e em sua chegada a Lisboa um ano depois, em 7 de setembro de 1504, o povo da cidade foi surpreendido, uma vez que "tinha sido dito" que o navio havia se perdido.<ref>Roukema (1963: p.21)</ref> Como Vespúcio não regressou a Lisboa até setembro de 1504, a descoberta deve ter sido anterior. O principal problema para as versões que se apoiam na famosa ''Carta ao Soderini'' é que a crítica moderna considera a carta uma falsificação.<ref name="Pessoa">Pessoa, Gláucia Tomaz de Aquino. [http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/fernando_noronha.pdf ''Fernando de Noronha: uma ilha-presídio nos trópicos (1833-1894)'']. Arquivo Nacional, 2014, pp. 11-33</ref>
[[Imagem:Cantino west.jpg|miniatura|esquerda|Detalhe do [[Planisfério de Cantino]], de 1502, mostrando a ilha de "Quaresma" na costa brasileira.]]
[[Imagem:Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha.tif|thumb|left|Mapa de Fernando de Noronha, 1886. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].|esquerda]]
 
Uma ilha, chamada Quaresma, parecendo muito com a ilha de Fernando de Noronha, aparece no [[Planisfério de Cantino]] de 1502. O mapa de [[Alberto Cantino]] foi composto por um cartógrafo português anônimo e terminado antes de novembro de 1502, bem antes da expedição de Coelho ser estabelecida. Isso levou à especulação de que a ilha foi descoberta por uma expedição anterior. Entretanto, não há consenso sobre qual expedição que poderia ter sido a pioneira. O nome, "[[Quaresma]]", sugere que o arquipélago deve ter sido descoberto em março ou início de abril, o que não corresponde bem com expedições conhecidas. Há também uma ilha misteriosa vermelha à esquerda de Quaresma no mapa de Cantino que não se encaixa com a ilha de Fernando de Noronha. Alguns explicaram estas anomalias lendo ''quaresma'' como ''anaresma'' (de significado desconhecido, mas que evita o período da Quaresma),<ref>Para o termo "Anaresma", veja Henry Harrisse (1891) ''The Discovery of North America'' (1961 ed., p.319) and Orville Derby (1902) "Os mappas mais antigos do Brasil", ''Revista do Instituto Historico e Geografico de São Paulo'', vol. 7, [http://books.google.com/books?id=i6MCAAAAYAAJ&pg=PA244#v=onepage&q&f=false p.244]. This reading was insisted upon later by historian Marcondes de Sousa (1949) ''Américo Vespúcio e suas viagens'' (São Paulo). Essa hipótese causou uma breve controvérsia com outros historiadores, e.g. Damião Peres, Duarte Leite.</ref> e propuseram que a ilha vermelha é apenas uma mancha acidental de tinta.<ref>A teoria da mancha de tinta foi sugeridosugerida por Duarte Leite (1923: p. 275-8).</ref> Alguns historiadores modernos têm proposto que o arquipélago de Fernando de Noronha não está representado no mapa de Cantino, de 1502. Em vez disso, eles propuseram que a ilha Quaresma e a "mancha de tinta" vermelha que acompanha são, na verdade, o [[Atol das Rocas]], um pouco deslocadadeslocado no mapa. Estes também consideram que Fernando de Noronha foi descoberta em 10 de agosto de 1503, pela expedição de Gonçalo Coelho, como relatado originalmente por Vespúcio.<ref>Roukema (1963: p.19-22). Roukema conclui que o [[Atol das Rocas]] é que foi descoberto pelo navio/expedição sem registro perdido e que retornou em 16 de março de 1502, bem dentro do tempo da Quaresma.<ref>Roukema (1963: p.19-22).</ref> O principal problema para as versões que se apoiam na famosa ''Carta ao Soderini'' é que a crítica moderna considera a carta uma falsificação.<ref name="Pessoa">Pessoa, Gláucia Tomaz de Aquino. [http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/fernando_noronha.pdf ''Fernando de Noronha: uma ilha-presídio nos trópicos (1833-1894)'']. Arquivo Nacional, 2014, pp. 11-33</ref>
 
De acordo com Vespúcio, a expedição de 1501 retornou a Lisboa em setembro de 1502, apenas a tempo de influenciar a composição final do mapa de Cantino. Infelizmente, Vespúcio não relata ter descoberto esta ilha; na verdade, ele é bastante claro que a primeira vez que ele (e seus companheiros marinheiros) viu a ilha foi na expedição de Coelho em 1503. No entanto, há uma carta escrita por um italiano de que um navio chegou "da terra dos [[papagaio]]s" em Lisboa no dia 22 de julho de 1502 (três meses antes Vespúcio). Esta carta foi escrita pelo emissário veneziano Pascualigo em 12 de outubro de 1502 e é citada no diário de Marino Sanuto.<ref>veja Greenlee (1945: p.11n) e Roukema (1963:p.19).</ref> Este poderia ser um navio perdido da expedição de mapeamento que retornou prematuramente, sobre a qual ainda não há informação.<ref>Roukema (1963) aceita a hipótese de uma expedição em separado não registrada em 1501 - e que esta pode ser a única liderado por André Gonçalves. No entanto, Greenlee (1945) rejeita a teoria da expedição não registrada, considerando-a supérflua e abraça a teoria do navio perdido (e que este navio era comandado, pessoalmente, por Fernão de Loronha).</ref> O momento da sua famosa chegada (julho de 1502), faz com que seja possível que ele passou na ilha em algum momento de março de 1502, na viagem de volta, bem dentro do período da Quaresma.
 
De acordo com Vespúcio, a expedição de 1501 retornou a Lisboa em setembro de 1502, apenas a tempo de influenciar a composição final do mapa de Cantino. Infelizmente, Vespúcio não relata ter descoberto esta ilha; na verdade, ele é bastante claro que a primeira vez que ele (e seus companheiros marinheiros) viu a ilha foi na expedição de Coelho em 1503. No entanto, há uma carta escrita por um italiano de que um navio chegou "da terra dos [[papagaio]]s" em Lisboa no dia 22 de julho de 1502 (três meses antes Vespúcio). Esta carta foi escrita pelo emissário veneziano Pascualigo em 12 de outubro de 1502 e é citada no diário de Marino Sanuto.<ref>veja Greenlee (1945: p.11n) e Roukema (1963:p.19).</ref> Este poderia ser um navio perdido da expedição de mapeamento que retornou prematuramente, sobre a qual ainda não há informação.<ref>Roukema (1963) aceita a hipótese de uma expedição em separado não registrada em 1501 - e que esta pode ser a única liderado por André Gonçalves. No entanto, Greenlee (1945) rejeita a teoria da expedição não registrada, considerando-a supérflua e abraça a teoria do navio perdido (e que este navio era comandado, pessoalmente, por Fernão de Loronha).</ref> O momento da sua famosa chegada (julho de 1502), faz com que seja possível que ele passoutenha napassado pela ilha em algum momento de março de 1502, na viagem de volta, bem dentro do período da Quaresma.
Uma outra teoria é de que a ilha foi descoberta já em 1500, logo após a [[descoberta do Brasil]] pela Segunda [[Armadas da Índia|Armada da Índia]], sob a liderança de [[Pedro Alvares Cabral]]. Após sua breve parada em terra firme em [[Porto Seguro]], na [[Bahia]], Cabral despachou um navio de suprimentos sob o comando de [[Gaspar de Lemos]] ou André Gonçalves de volta a Lisboa para relatar a descoberta. Este navio de abastecimento retornando teria seguido em direção ao norte ao longo da costa brasileira e pode ter chegado até a ilha de Fernando de Noronha e relatado a sua existência ao governo de Lisboa em julho de 1500.<ref>Roukema (1963) rejects this theory.</ref> No entanto, isso contradiz o nome ''Quaresma'', uma vez que o navio de abastecimento partiu bem após o tempo da Quaresma. Uma quarta possibilidade (improvável) é que a ilha foi descoberta pela Terceira Armada da Índia de [[João da Nova]], que partiu de Lisboa em março ou abril de 1501 e chegou de volta em setembro de 1502, também a tempo de influenciar o Planisfério de Cantino. O cronista [[Gaspar Correia]] afirma que na viagem de ida, a Terceira Armada fez uma parada na costa brasileira em torno do [[Cabo de Santo Agostinho]].<ref>Gaspar Correia, ''Lendas da India'' ([http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&pg=PA235#v=onepage&q&f=false p.235])</ref> Dois outros cronistas ([[João de Barros]] e [[Damião de Góis]]) não mencionam a terra firme, mas eles relatam a descoberta de uma ilha (que eles acreditam ser identificado como ilha de Ascensão, mas isso não é certo).<ref>João de Barros, ''Decadas da Asia'', vol.1, [http://books.google.com/books?id=Epo2AAAAMAAJ&pg=PA466#v=onepage&q&f=false p.466]; Damião de Góis, ''Chronica de D.Manuel'', [http://books.google.com/books?id=0vTmAAAAMAAJ&pg=PA84#v=onepage&q&f=false p.84]. Veja Roukema (1963).</ref> No entanto, o calendário é muito apertado: a [[Páscoa]] foi em 11 de abril de 1501, enquanto que a data prevista de partida da Terceiro Armada de Lisboa varia de 5 março a 15 abril, não deixando tempo suficiente para chegar a esses locais dentro da Quaresma.
 
Uma outra teoria é de que a ilha foi descoberta já em 1500, logo após a [[descoberta do Brasil]] pela Segunda [[Armadas da Índia|Armada da Índia]], sob a liderança de [[Pedro Alvares Cabral]]. Após sua breve parada em terra firme em [[Porto Seguro]], na [[Bahia]], Cabral despachou um navio de suprimentos sob o comando de [[Gaspar de Lemos]] ou André Gonçalves de volta a Lisboa para relatar a descoberta. Este navio de abastecimento retornando teria seguido em direção ao norte ao longo da costa brasileira e pode ter chegado até a ilha de Fernando de Noronha e relatado a sua existência ao governo de Lisboa em julho de 1500.<ref>Roukema (1963) rejectsrejeitou thisesta theoryteoria.</ref> No entanto, isso contradiz o nome ''Quaresma'', uma vez que o navio de abastecimento partiu bem após o tempo da Quaresma. Uma quarta possibilidade (improvável) é que a ilha foi descoberta pela Terceira Armada da Índia de [[João da Nova]], que partiu de Lisboa em março ou abril de 1501 e chegou de volta em setembro de 1502, também a tempo de influenciar o Planisfério de Cantino. O cronista [[Gaspar Correia]] afirma que na viagem de ida, a Terceira Armada fez uma parada na costa brasileira em torno do [[Cabo de Santo Agostinho]].<ref>Gaspar Correia, ''Lendas da India'' ([http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&pg=PA235#v=onepage&q&f=false p.235])</ref> Dois outros cronistas ([[João de Barros]] e [[Damião de Góis]]) não mencionam a terra firme, mas eles relatam a descoberta de uma ilha (que eles acreditam ser identificado como ilha de Ascensão, mas isso não é certo).<ref>João de Barros, ''Decadas da Asia'', vol.1, [http://books.google.com/books?id=Epo2AAAAMAAJ&pg=PA466#v=onepage&q&f=false p.466]; Damião de Góis, ''Chronica de D.Manuel'', [http://books.google.com/books?id=0vTmAAAAMAAJ&pg=PA84#v=onepage&q&f=false p.84]. Veja Roukema (1963).</ref> No entanto, o calendário é muito apertado: a [[Páscoa]] foi em 11 de abril de 1501, enquanto que a data prevista de partida da Terceiro Armada de Lisboa varia de 5 março a 15 abril, não deixando tempo suficiente para chegar a esses locais dentro da Quaresma.
Apesar dessas contradições, é certo que várias expedições alcançaram a costa brasileira entre 1500 e 1503 e que a existência do arquipélago era conhecida em Lisboa pelo menos desde antes de 16 de janeiro de 1504, quando o rei D. [[Manuel I de Portugal]] emitiu uma carta de concessão da "ilha de São João" como uma [[capitania hereditária]] de Fernão de Loronha, citando-o [com ou sem razão] como descobridor da ilha.<ref name="Pessoa"/><ref name="Grazielle">Nascimento, Grazielle Rodrigues do. "No Tempo dos Loronhas se Erguia uma Ilha-Presídio no Atlântico (1504-1800)". In: ''Revista Crítica Histórica'', 2010; I (1)</ref> <sup>Ver nota:</sup> <ref>Uma cópia real desta carta nunca foi encontrada. Seu conteúdo e data, no entanto, são resumidos em carta régia de 3 março de 1522, confirmando isso e ainda uma outra carta régia de 20 de maio de 1559, que identifica a localização de ''São João'' precisamente como a ilha Fernando de Noronha. Veja Duarte Leite (1923: p.276-8) e Roukema (1963: p.21).</ref>
 
A transição do nome de "São João" para "Fernando de Noronha" foi, provavelmente, apenas pelo uso natural. A carta régia datada de 20 de maio de 1559, aos descendentes da família Noronha, ainda se refere à ilha por seu nome oficial, ilha de São João.<ref>Duarte Leite (1923: p.276-8)</ref> No entanto, em outros lugares por exemplo, o diário de bordo de [[Martim Afonso de Sousa]] na década de 1530 referia-se ao arquipélago como "ilha de Fernão de Noronha" ("Noronha" era um erro ortográfico comum de "Loronha"). O nome informal eventualmente se tornou o nome oficial.