Fiódor Dostoiévski: diferenças entre revisões

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Dostoiévski logrou atingir certo sucesso já com seu primeiro romance, ''[[Gente Pobre]]'', o qual foi imediatamente elogiado e protegido pelo mais importante crítico literário russo da primeira metade do {{séc|XIX}}, [[Vissarion Belinski]].<ref>Lorenzotti, 2007</ref> Já seu segundo romance, [[O Duplo (romance)|O Duplo]] - obra hoje muita famosa, tendo sido reinterpretada literária e cinematograficamente -, recebeu criticas muito negativas, inclusive do seu antigo protetor, críticas que acabaram por destruir o reconhecimento que Dostoiévski começava a adquirir como escritor. Apenas após seu retorno da prisão na [[Sibéria]] - Dostoiévski foi preso por tramar contra o [[Czar]] -, repetiria o escritor seu sucesso inicial com a semi-biográfica obra ''[[Recordações da Casa dos Mortos]]'', a qual trata dos anos que passou na prisão. Mais tarde sua fama aumentaria drasticamente graças a obras como ''[[Crime e Castigo]]'', ''[[O Idiota]]'' e ''[[Os Demônios]]''.{{sfn | FRANK| 1986|p=371}} Foi entretanto já próximo da morte que Dostoiévski consolidou-se um dos maiores escritores de todos os tempos com sua obra-prima ''[[Os Irmãos Karamazov]]''.{{sfn | FRANK| 2003|p=739}}
 
A influência de Dostoiévski é ímpar: ele influenciou diretamente a [[Literatura]], a [[Filosofia]], a [[Psicologia]] e a [[Teologia]]. Sob sua influência direta foram produzidas várias obras literárias e cinematográficas. Foi também reconhecido como precursor dos seguintes movimentos: [[Friedrich Nietzsche|nietzscheanismo]], [[psicanálise]], [[expressionismo]], [[surrealismo]], [[Teologia dialética|teologia da crise]] e [[existencialismo]].{{sfn | FRANK| 1986|p=310}}<ref name="Brit" /><ref name="Kaufmann">Kaufmann, 1975, p.12</ref> O reconhecimento popular também é imenso: é mundialmente conhecido, possui diversas estátuas, selos e moedas em sua homenagem e até hoje celebra-se em São Petesburgo o "Dia Dostoiévski".{{sfn |Rbth - Dostoevsky Day| 2015}}
 
== Vida ==
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==== Detenção, julgamento e falsa execução ====
[[Imagem:B pokrovsky kazn 1849.jpg|thumb|direita|A falsa execução do Círculo Petrashevski]]
Dostoiévski foi detido na noite de 22-23 de abril de 1849 por participar do [[Círculo Petrashevski]] sob acusação de conspirar contra o [[czar]] [[Nicolau I da Rússia|Nicolau I]].{{sfn | FRANK | 1983 | p=3}}<ref name="Brit"/> O czar mostrou-se, depois das [[revoluções de 1848]] na [[Europa]], vigoroso contra qualquer organização clandestina que pudesse pôr em risco seu reinado.{{sfn | FRANK | 1983 | pp=3-4}}<ref name="Brit"/> Apesar do Círculo Petrashevski não ser em si nem clandestino nem revolucionário, como chegou a conclusão o relatório oficial,{{sfn | FRANK | 1983 | p=49}} existiam vários grupos menores orbitanto ao seu redor e alguns de seus membros eram de fato revolucionários, como era o caso de Dostoiévski.<ref>Frank, 1976, 173-291</ref> A ordem de detenção foi emitida baseada nos relatórios da chancelaria imperial russa da época, mais conhecida como "polícia secreta", realizados em conjunto com o Ministério dos Assuntos Internos, após mais de um ano de investigação.<ref>{{Harv | Frank | 1983 | p=6}}</ref> A principal acusação contra Dostoiévski foi de ter lido em público passagens de uma carta semi-aberta de [[Vissarion Belínski]] ao escritor [[Nikolai Gogol]], na qual o escritor foi criticado por suas visões políticas e sociais conservadoras. Dostoiévski leu esta carta tanto no Círculo Petrashevski quanto no [[Círculo Palm-Durov]], além de ter ajudado a disseminá-la.{{sfn | FRANK | 1983 | pp=42,169}}
 
Por conta do processo, Dostoiévski passou oito meses na [[Fortaleza de São Pedro e São Paulo]], onde trabalhou escrevendo várias notas para diferentes obras.<ref>Pisma, I:124; July 18, 1849. Trad. Frank, 1983, p.25</ref> As notas não sobreviveram e a única obra concluída desta época foi [[O Pequeno Herói]].{{sfn | FRANK | 1983 | p=25169}} Nestes oito meses continuaram as investigações do Círculo Petrashevski, as quais foram finalizadas apenas em 17 de setembro de 1849, quando foram enviadas ao czar, o qual ordenou a abertura de um tribunal misto (civil e militar) para julgar, sob leis militares, 28 acusados. Destes, 15, incluindo Dostoiévski, foram condenados no dia 16 de novembro à pena de morte por fuzilamento.
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Após diversos recursos, Nicolau I perdoou muitos dos sentenciados à morte. Dostoiévski foi então condenado a oito anos de trabalhos forçados, pena reduzida para quatro anos seguida de serviço militar por tempo indeterminado.{{sfn | FRANK | 1983 | pp=49-51}} Mesmo assim, em 22 de dezembro os prisioneiros foram transferidos e levados ao lugar da suposta execução, a Praça Semenovski, onde suas sentenças de morte foram lidas publicamente.{{sfn | FRANK | 1983 | pp=51-55}} Três membros do grupo - Petrashevski, Mombelli e Grigoriev - foram amarrados aos postes em frente ao pelotão de fuzilamento. Dostoiévski era um dos três próximos {{sfn | FRANK | 1983 | p=55}} e neste momento de aguardo disse a Nikolai Spetchniev, o qual se encontrava atrás: -"Nós estaremos com Cristo", o revolucionário respondeu -"Um pouco de poeira".{{sfn | FRANK | 1983 | p=58}}
 
Antes do comando para o fuzilamento, entretanto, chegou uma ordem do czar para que a pena fosse comutada para prisão com trabalhos forçados. Soube-se depois, que a ordem havia sido assinada há dias, mas que o czar exigira a falsa execução - através do Príncipe Michkin de [[O Idiota]], Dostoiévski oferece uma descrição desta experiência de quase morte -.{{sfn | FRANK | 1983 | p=56}} Dostoiévski, então, recebeu os grilhões e partiu para a [[Sibéria]] poucos dias depois.{{sfn | FRANK | 1983 | p=59}} É comumente aceito e afirmado pelo próprio Dostoiévski, que após a simulação da execução ele passou a apreciar a vida de uma maneira muito diferente da anterior, iniciando um processo de transformação existencial, literária e política, que estaria terminada quando de seu retorno a [[São Petersburgo]], 10 anos depois.<ref name="Brit"/> {{sfn | FRANK | 1983 | pp=59,87-88,303}}{{sfn| FRANK | 1986 | p=4}}
 
{{quote2|''- Nós estaremos com Cristo. - Um pouco de poeira.|autor=Dostoiévski, Spechniev.''{{sfn | FRANK | 1983 | p=58}}}}
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==== Exército e primeiro casamento ====
[[Imagem:Maria Dostoevskaya.jpg|thumb|150px|Maria Dostoevskaya (1824-1864)]]
Após libertado da prisão de [[Omsk]], Dostoiévski foi mandado para cumprir pena servindo no exército russo em seu Sétimo Batalhão do Corpo Militar da Sibéria por tempo indeterminado,{{sfn | FRANK | 1983 | p=165}} permanecendo por quatro anos na fortaleza de [[Semey|Semipalatinsk]], no [[Cazaquistão]].<ref name="Brit"/>
 
Neste período, apaixonou-se por Maria Dmitriévna, mulher casada e mãe de um filho chamado Pável Issáiev (Pasha), do qual Dostoiévski era tutor.{{sfn | FRANK | 1983 | p=183}} Ela sofria de [[tuberculose]].{{sfn | FRANK | 1986 | p=15}} Quando Maria Dmitriévna mudou-se com seu marido e filho para [[Kuinetsk]], ambos trocaram cartas semanalmente e uma destas cartas ainda sobrevive.{{sfn | FRANK | 1983 | p=201}} Em agosto de 1855, morreu Alexander Ivanovich Isaev, marido de Maria Dmitriévna{{sfn | FRANK | 1983 | p=203}} e como em novembro de 1855 Dostoiévski foi promovido,{{sfn | FRANK | 1983 | p=203}} ele pediu a amada em casamento. Não sem muitas idas e vindas (inclusive um caso com outro homem){{sfn | FRANK | 1983 | pp=200-219}} Maria Dmitriévna aceita, em dezembro de 1856, se casar com Dostoiévski e em 7 de fevereiro de 1857 ocorreu a cerimônia.{{sfn | FRANK | 1983 | p=213}}
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==== O reinício em São Petersburgo ====
[[Imagem:Mikhail Dostoyevsky.jpg|thumb|200px|esquerda|Mikhail Dostoiévski, irmão de Fiódor Dostoiévski, ca. 1864]]
A primeira obra publicada por Dostoiévski após seu retorno a [[São Petersburgo]] foi a autobiográfica e de enorme sucesso [[Recordações da Casa dos Mortos]], esta obra foi baseada em suas experiências como prisioneiro,<ref name="Brit"/> {{sfn | FRANK | 1983 | p=297}} inaugurando este gênero literário russo.{{sfn | FRANK | 1986 | p=214}} A obra chegou a ser considerada por [[Liev Tolstói]] como o melhor livro de toda a literatura moderna.<ref>Jackson, 1993, p.111.</ref> Ela foi publicada no revista ''O Mundo Russo'' (''Russkii Mir''): seus dois primeiros capítulos foram publicados em 1860 e republicados no início de 1861, seguidos de três capítulos publicados semanalmente, quando a publicação foi então interrompida e nunca mais retomada.{{sfn | FRANK | 1986 | pp=28,33}} Muito tempo depois, em 1922, foi encontrado e publicado um capítulo esquecido das ''Recordações da Casa dos Mortos'', o qual tinha sido escrito para reveter uma censura governamental feita à obra, porém, uma vez que a obra acabou publicada sem este capítulo, ele ficou esquecido nos arquivos do governo.{{sfn | FRANK | 1986 | pp=28-30}} Este capítulo esquecido continha, pela primeira vez nos escritos de Dostoiévski, aquilo que seria um dos temas de suas grandes obras: a liberdade humana como bem supremo, contraposta, p.ex., a uma suposta supressão total das necessidades vitais do ser humano pela utopia socialista.{{sfn | FRANK | 1986 | p=31}}
 
Em 8 de julho de 1860, Mikhail, irmão de Dostoiévski, foi autorizado a publicar a revista literária [[Tempo (revista russa)|Tempo]] (''Vremia''), da qual seria editor juntamente com Dostoiévski, esta revista foi muito bem sucedida.{{sfn | FRANK | 1986 | p=110}} A posição política defendida pelos editores de ''Tempo'' era a fusão mediadora de [[ocidentalismo]] e [[eslavofilia]],{{sfn | FRANK | 1986 | p=26}} podendo por isso ser entendida como a principal referência de um novo movimento no cenário literário russo, o [[Pochvennichestvo]], cujos principais membros, além do próprio Dostoiévski, era [[Strakhov]] e [[Grigoriev]].{{sfn | FRANK | 1986 | p=34}} O movimento ''potchvennitchestvo'' acreditava que a questão mais emergencial a ser tratada pelos escritores era a síntese cultural pacífica entre os "bem educados" e a massa russa, entre ocidentalismo e eslavofilia, e não uma revolução violenta guiada por intelectuais educados na cultura europeia, a qual teria como finalidade impor ao povo russo um ideal de vida iluminista.{{sfn | FRANK | 1986 | p=35}} Na revista ''Tempo'', além de suas próprias ficções, Dostoiévski também publicava traduções, resenhas, comentários e alguns estudos,{{sfn | FRANK | 1986 | pp=64ss}} incluindo, p.ex., um estudo sobre [[Edgar Allan Poe]].{{sfn | FRANK | 1986 | pp=74ss}}
 
Desde a autorização para a publicação de ''Tempo'', enquanto Mikhail terminava os preparos burocráticos para publicação da revista, Dostoiévski escrevia seu primeiro romance pós-Sibéria, o romance em folhetim [[Humilhados e Ofendidos]], o qual também foi agraciado com grande sucesso.<ref name="Brit"/> O romance começou a ser publicado desde o primeiro volume de ''Tempo'', em janeiro de 1861, continuando por vários dos seus números.{{sfn | FRANK | 1986 | p=110}} Esse romance, segundo Joseph Frank, teria inaugurado um estilo melodramático que Dostoiévski usaria mais tarde em suas grandes obras.{{sfn | FRANK | 1986 | p=7}} Segundo Frank, portanto, nesta época Dostoiévski funda o estilo{{sfn | FRANK | 1986 | p=7}} e o tema{{sfn | FRANK | 1986 | p=31}} de suas grandes obras: a dramatização da contraposição entre liberdade e racionalidade. Neste período, Dostoiévski também começou a frequentar o círculo literário que se encontrava na casa de Miliukov, ex membro do círculo [[Palm-Durov]].{{sfn | FRANK | 1986 | p=22}}
 
Em 7 de junho de 1862 partiu Dostoiévski para sua primeira viagem pela Europa (Alemanha, Bélgica, França e Inglaterra).{{sfn | FRANK | 1986 | p=180,186}} Nesta viagem, ele jogou roleta pela primeira vez, adquirindo um vício que o acompanharia por quase toda a vida, apesar de praticado apenas durante viagens.{{sfn | FRANK | 1986 | p=183}} Também foi nesta viagem que Dostoiévski visitou o [[The Crystal Palace|Palácio de Cristal]], símbolo dos avanços tecnológicos europeus, o qual será usado pelo autor em alguns de seus textos posteriores.{{sfn | FRANK | 1986 | p=187}} Já no final de 1862, após seu retorno da Europa, Dostoiévski publicou [[Uma História Desagradável]] e depois, como a última importante obra publicada na revista ''Tempo'', publicou [[Notas de Inverno sobre Impressões de Verão]],{{sfn | FRANK | 1986 | pp=180,233}} obra que retratava e comentava sua viagem à Europa do ano anterior.{{sfn | FRANK | 1986 | p=233}}
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Neste sentido ainda, no período pós-siberiano, o tema recorrente de Dostoiévski foi aquele por ele mesmo chamado de "conflito entre ideias e coração"{{sfn | FRANK | 1983 | p=169}} ou entre razão e fé cristã.{{sfn | FRANK | 2003 | p=567}} Este tema foi nomeado por Joseph Frank de "crítica da ideologia" e explicado como a contraposição entre as ideias europeias da época, principalmente o socialismo, e a moral cristã ortodoxa viseral do povo russo, [[Servidão na Rússia|servos]] principalmente.{{sfn | FRANK | 1983 | pp=69-146}} Trata-se, portanto, de tematizar sua própria conversão (v. [[Fiódor Dostoiévski#A conversão de Dostoiévski|A conversão de Dostoiévski]] neste mesmo artigo). Este tema também pode ser descrito como a defesa da liberdade enquanto o bem humano supremo,{{sfn | FRANK | 1986 | p=33}} i.e., a contraposição entre as leis de Cristo e as leis do ego.{{sfn | FRANK | 1986 | p=309}} Outro modo de denominar o mesmo tema, um modo mais sintético, é afirmar que no período pós-sibéria, mais especificamente a partir de [[Notas do Subterrâneo]], o tema central de Dostoiévski é a superação do niilismo.{{sfn | Drucker| 2006| p=113}}
 
Dostoiévski tinha por tema, diferentemente dos outros escritores que descreviam o círculo da família moldados na tradição e nas "belas formas", o caos familiar, a humilhação, o sadismo, o masoquismo, a ganância, a doença etc.<ref name="Brit"/> Essencialmente um escritor de mitos (e às vezes comparado por isso a [[Herman Melville]]), criou um trabalho com uma enorme vitalidade e de um poder quase hipnótico, caracterizado por cenas febris e dramáticas, onde os personagens apresentam comportamento escandaloso, e atmosferas explosivas, envolvidas em diálogos socráticos apaixonados, a busca de [[Deus]], do mal e do sofrimento dos inocentes.<ref name="Brit"/>
 
[[Reinhold Niebuhr]] atribui a Dostoiévski um "universalimo ético" pelo qual o escritor defenderia e pregaria o destino da Rússia como o lugar de onde partiria o reino do bem e da justiça na terra.{{sfn | FRANK| 1995| p=254}}
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É do próprio Dostoiévski a afirmação do uso de personagens-tipo como estratégia literária: no início da quarta parte de [[O Idiota]], em uma meta narrativa pelo autor mesmo designada de "crítica jornalística",{{sfn| DOSTOIÉVSKI | 1960| p=469}} ele cita o tipo Podkolióssin como um dos mais difíceis de serem retratados na literatura.{{sfn| DOSTOIÉVSKI | 1960| p=468-474}} Os personagens-tipo encontrados nas obras de Dostoiévski são:
 
* Tipo [[Dom Quixote]]
São cristãos humildes e modestos. Neste tipo enquadram-se: [[Príncipe Michkin]], Sonia Marmeládova, Aliocha Karamazov, Aliocha Valkovski, Coronel Rostanev ([[Aldeia de Stiepantchikov e Seus Habitantes]]) e Aleksei Valkovski ([[Humilhados e Ofendidos]]).{{sfn| FRANK | 1986 | pp=12,128}}{{sfn| FRANK | 2003| pp=280,300}} Dostoiévski trabalhou o tipo ''Dom Quixote'' mais ampla e detalhadamente através do ''Príncipe Michkin'' em [[O Idiota]].{{sfn| FRANK | 1995 | pp=256-275}}
 
O tipo ''Dom Quixote'' é para Dostoiévski o mais perfeito exemplo moral de cristão.{{sfn| FRANK | 1995 | p=274}} Uma tal comparação entre ''Dom Quixote'' e [[Cristo]] não ocorre pela primeira vez com Dostoiévski: também [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]], [[Ivan Turgueniev|Turgueniev]], o próprio [[Cervantes]] com Dom Quixote, [[Charles Dickens]] com [[Pickwick]], e [[Voltaire]] com [[Pangloss]] estabeleceram tais paralelos.{{sfn | BROCA| 1960| p=XVI e XVII}}{{sfn| FRANK | 1995 | p=274}}{{sfn| FRANK | 1995 | p=288}} Diferentemente do que ocorre com ''Dom Quixote'', ''Sr. Pickwick'' e ''Pangloss'', entretanto, Dostoiévski não utiliza a comédia para conseguir a identificação do leitor com seu personagem, ele utiliza a idiotia ou inocência: o ''Príncipe Michkin'' é um inocente idiota.{{sfn| FRANK | 1995 | p=288}}
 
* Tipo [[Cleópatra]].
São cínicos e libertinos. Neste tipo enquadram-se Cleópatra (Notas do Subterrâneo), Svidrigáilov (Crime e Castigo), Fiódor Karamazov (Irmãos Karamazov), Stavroguin (Os Demônios), Príncipe Valkorski(Humilhados e Ofendidos).{{sfn| FRANK | 1986 | p=87}}{{sfn| FRANK | 2003| p=288}} O tipo ''Cleópatra'' ilustra o sadismo amoroso e erótico.{{sfn| FRANK | 1995 | p=489}}
 
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Em [[Notas de Inverno sobre Impressões de Verão]] Dostoiévski afirma que os burgueses franceses não precisavam temer nem a classe trabalhadora, nem os comunistas e nem os socialistas, pois nenhum grupo ocidental era de fato contrário ao espírito burguês.{{sfn | FRANK | 1986 | p=242}} Para Dostoiévski, o convencimento racional almejado pelo socialismo ocidental nunca poderia mitigar a vontade que o homem possui de liberdade, portanto, uma comunhão constrangida nunca seria possível, só seria possível uma em que o indivíduo livremente resolve-se pela fraternidade. Em outros termos, apenas uma ética cristã poderia chegar ao socialismo e não uma ética utilitarista.{{sfn | FRANK | 1986 | p=246}}
 
{{quote2|''[...] não vão para aprender com o povo, mas para intruí-los, instruí-los arrogantemente, com desprezo: um passatempo puramente aristocrático.|autor=Dostoiévski.'' <ref>Dostoiévski, PSS, 30/Bk. 1:21-25; 18.04.1878</ref>}}
 
=== Nacionalismo e imperialismo ===
Linha 322:
* ''[[Saul Bellow#Análise da obra|Herzog]]'', de [[Saul Bellow]]{{sfn | Denby | 2012}}
* ''[[O Homem Duplicado]]'', de [[José Saramago]]{{sfn | Pal| 2015| p=Tema do artigo}}
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; Obras cinematográficas
Linha 339:
* ''[[Homem Irracional]]'' (2015), de [[Woody Allen]]{{sfn|Imdb-Irrational Man}}
 
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== Lista de obras ==
Linha 438:
* {{Citar livro |título=How Russia Shaped the Modern World: From Art to Anti-semitism, Ballet to Bolshevism|nome=Steven Gary |sobrenome=Marks|ano=2003 |local= Princeton |editora= Princeton University Press|isbn= 978-0691118451|ref=harv}}
* {{Citar livro |título=Dostoevsky: His Life and Work|nome=Konstantin |sobrenome=Mochulsky|ano=1971|local= Princeton |editora= Princeton University Press|isbn= 978-0691012995|ref=harv}}
* {{Citar livro|título=Fyodor Dostoyevsky. In. ''Encyclopædia Britannica''|nome=Gary Saul|sobrenome=Morson|ano=2017|url=https://global.britannica.com/biography/Fyodor-Dostoyevsky|wayb=|ref=harv}}{{Ligação inativa|1=|data=abril de 2019 }}
* {{Citar livro |título=Conversations with James Joyce.|nome=Arthur|sobrenome=Power|ano=2000 |local=Toronto|editora=University of Toronto|isbn=978-1-901866-41-4|ref=harv}}
* {{Citar livro |título=Dostoevsky the Thinker: A Philosophical Study|nome=James P.|sobrenome=Scanlan|ano=2002 |local= Nova Iorque|editora= Cornell University Press|isbn=978-0-8014-3994-0|ref=harv}}
Linha 462:
* {{citar periódico |ultimo= Pal| primeiro= Shraddha |data= 2015|titulo= Encountering Self as Another: The Motif of Double in Dostoevsky’s Novel “The Double” and Jose Saramago’s Novel “The Double”|periódico= Research Scholar |volume= 3|número=II |issn= 2320 – 6101 |páginas= 434-438|acessodata= 24.11.2017|ref=harv}}
* {{citar periódico |ultimo= Thefreelibrary | data= 2014|titulo= The anguish of God's lonely men: Dostoevsky's underground man and Scorsese's Travis Bickle|periódico= The Free Library. |url= https://www.thefreelibrary.com/The+anguish+of+God%27s+lonely+men%3a+Dostoevsky%27s+underground+man+and...-a083762010 |ref=harv}}
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===Introduções, prefácios e comentários ===
Linha 490:
* {{citar web|url= http://www.openculture.com/2012/10/albert_camus_talks_about_adapting_dostoyevsky_for_the_theatre_1959.html|autor=OpenCulture|título=Albert Camus Talks About Adapting Dostoyevsky for the Theatre|wayb=20170607001555|ref=harv}}
* {{citar web|url= http://dostoevsky-bts.com/blog/124-dostoyevsky-film-adaptations/|autor=Vanes Naldi|ano= 2017| título= 124 Films Adapted from Dostoyevsky Novels, And Where to Find Them |wayb=20180622134232|ref=harv}}
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== Ligações externas ==