Fernando de Noronha: diferenças entre revisões
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[[Imagem:Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha.tif|thumb|left|Mapa de Fernando de Noronha, 1886. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].|esquerda]]
Uma ilha, chamada Quaresma, parecendo muito com a ilha de Fernando de Noronha, aparece no [[Planisfério de Cantino]] de 1502. O mapa de [[Alberto Cantino]] foi composto por um cartógrafo português anônimo e terminado antes de novembro de 1502, bem antes da expedição de Coelho ser estabelecida. Isso levou à especulação de que a ilha foi descoberta por uma expedição anterior. Entretanto, não há consenso sobre qual expedição que poderia ter sido a pioneira. O nome, "[[Quaresma]]", sugere que o arquipélago deve ter sido descoberto em março ou início de abril, o que não corresponde bem com expedições conhecidas. Há também uma ilha misteriosa
De acordo com Vespúcio, a expedição de 1501 retornou a Lisboa em setembro de 1502,
Uma outra teoria é de que a ilha foi descoberta já em 1500, logo após a [[descoberta do Brasil|chegada ao Brasil]] da Segunda [[Armadas da Índia|Armada da Índia]], sob a liderança de [[Pedro Alvares Cabral]]. Após sua breve parada em terra firme em [[Porto Seguro]], na [[Bahia]], Cabral despachou um navio de suprimentos sob o comando de [[Gaspar de Lemos]] ou André Gonçalves de volta a Lisboa para relatar a descoberta. Este navio de abastecimento retornando teria seguido em direção ao norte ao longo da costa brasileira e pode ter chegado até a ilha de Fernando de Noronha e relatado a sua existência ao governo de Lisboa em julho de 1500.<ref>Roukema (1963) rejeitou esta teoria.</ref> No entanto, isso contradiz o nome ''Quaresma'', uma vez que o navio de abastecimento partiu bem após o tempo da Quaresma. Uma quarta possibilidade (improvável) é que a ilha foi descoberta pela Terceira Armada da Índia de [[João da Nova]], que partiu de Lisboa em março ou abril de 1501 e chegou de volta em setembro de 1502, também a tempo de influenciar o Planisfério de Cantino. O cronista [[Gaspar Correia]] afirma que na viagem de ida, a Terceira Armada fez uma parada na costa brasileira em torno do [[Cabo de Santo Agostinho]].<ref>Gaspar Correia, ''Lendas da India'' ([http://books.google.com/books?id=YmVKAAAAYAAJ&pg=PA235#v=onepage&q&f=false p.235])</ref> Dois outros cronistas ([[João de Barros]] e [[Damião de Góis]]) não mencionam a terra firme, mas eles relatam a descoberta de uma ilha (que eles acreditam ser identificado como ilha de Ascensão, mas isso não é certo).<ref>João de Barros, ''Decadas da Asia'', vol.1, [http://books.google.com/books?id=Epo2AAAAMAAJ&pg=PA466#v=onepage&q&f=false p.466]; Damião de Góis, ''Chronica de D.Manuel'', [http://books.google.com/books?id=0vTmAAAAMAAJ&pg=PA84#v=onepage&q&f=false p.84]. Veja Roukema (1963).</ref> No entanto, o calendário é muito apertado: a [[Páscoa]] foi em 11 de abril de 1501, enquanto que a data prevista de partida da Terceiro Armada de Lisboa varia de 5 março a 15 abril, não deixando tempo suficiente para chegar a esses locais dentro da Quaresma.
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[[Imagem:Igreja de Nossa Senhora dos Remédios vista do Forte dos Remédios - Fernando de Noronha, Brasil.jpg|miniatura|esquerda|[[Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (Fernando de Noronha)|Igreja de Nossa Senhora dos Remédios]] vista do [[Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha|forte homônimo]].]]
[[Imagem:São Miguel Palace - Fernando de Noronha - Pernambuco - Brazil.jpg|miniatura|Antigos canhões usados na defesa do arquipélago, expostos em frente ao [[Palácio de São Miguel]].|esquerda]]
O comerciante [[Fernão de Loronha]] não apenas recebeu a ilha como uma [[capitania hereditária]], mas também de
O pau-brasil, continuamente colhido pelos índios costeiros e entregues aos vários armazéns litorâneos, era enviado para o armazém central no arquipélago, que era visitado por um navio de transporte maior que levava as cargas coletadas de volta para a [[Europa]]. Após o vencimento do alvará comercial de Loronha em 1512, a organização da empresa de pau-brasil foi assumida pela [[coroa portuguesa]], mas Loronha e seus descendentes mantiveram a posse privada da ilha como uma capitania hereditária pelo menos até a década de 1560.<ref name="Noronha" /> Embora valiosa como entreposto comercial, o primeiro donatário não manifestou interesse em povoar a ilha que batizou. Mesmo extinta a "capitania do mar", sua posse permaneceu na descendência de Loronha — que tampouco se preocupou com ela — até 24 de setembro de 1700.<ref name="Widmer"/> Segundo o [[IBGE]], "o donatário jamais tomou posse de suas terras que, abandonadas, atraíram as atenções de muitos povos, dentre os quais os alemães (que a abordaram em 1534), os franceses (também em abordagens em 1556, 1558 e 1612), os ingleses (em 1577), o holandeses (que nela se fixaram por 25 anos, entre 1629 e 1654) e os franceses (que aí viveram um ano, entre 1736 e 1737)".<ref name="IBGE"/>
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Há notícias de envio para a ilha de degredados, galés e militares condenados desde o século XVII. Em 1612 o missionário capuchinho [[Claude d'Abbeville]] esteve por alguns dias na ilha, relatando a existência de "um português em companhia de dezessete ou dezoito índios, homens, mulheres, e crianças, todos escravos, e para aqui desterrados pelos moradores de Pernambuco". No período da dominação holandesa (1630-1654), o arquipélago foi arrendado a Michel de Pavw, passando a se chamar Pavônia. Continuou a receber desterrados, agora holandeses. Retomando a posse do arquipélago, no final do século XVII os portugueses entenderam ser necessário fortificá-lo. Isso só ocorreu mais tarde, depois que uma Carta Régia de 24 de setembro de 1700 anexou-o à [[Capitania de Pernambuco]].<ref name="Pessoa"/> Em 1736 a ilha foi invadida pela [[Companhia Francesa das Índias Orientais]], passando-se a chamar ''Isle Dauphine'', porém, no ano seguinte, uma expedição enviada pelo Recife expulsou os franceses.<ref name="Noronha" />
Em 1739 Pereira Freire organizou o governo da ilha, que passou a ser denominada como Presídio de Fernando de Noronha. Com isso, foi levado a cabo o projeto das fortificações, encarregado ao engenheiro militar [[Diogo de Silveira Veloso]], e foram erigidos os núcleos urbanos da Vila dos Remédios e de Quixaba. No final do século XVIII o presídio possuía cinco fortificações regulares, com 54 canhões. A guarnição contava com 213 praças, sendo 190 oficiais, 144 soldados, 20 artilheiros e 30 índios. Havia ainda 6 empregados civis, dois
Em 1817 foi nomeado o capitão José de Barros Falcão de Lacerda para desmantelar as fortificações e levar para Pernambuco o destacamento militar e os sentenciados, mas em 3 de outubro de 1833 a ilha se tornou destino de condenados às galés pelo crime de falsificação de moeda e notas. Em 1844 havia 187 prisioneiros, incluindo 4 mulheres, sendo 75 condenados a pena de galés, 28 a pena de prisão com trabalho forçado e 84 a de prisão simples. Um decreto de 5 de março de 1859 atualizou sua vocação prisional, tornando-a destino dos condenados a pena de prisão "quando no lugar em que se devesse executar a sentença, não houvesse prisão segura, precedendo neste caso, ordem do Governo". O decreto especificava que para lá seriam mandados condenados a galés por falsificação, militares condenados a seis anos ou mais de trabalhos públicos ou de fortificações, militares condenados a galés por mais de dois anos, e os degredados. As condições eram péssimas. Um relatório dos ministros da Guerra em meados do século XIX cita que “repugnava aos sentimentos de humanidade e aos preceitos mais triviais de decência que continue a prática bárbara de privar a estes infelizes segregados do resto do mundo até o indispensável para se alimentarem e cobrirem sua nudez". Em 1873 havia 1.414 prisioneiros, e nesta época pensava-se em reformar o presídio e transformá-lo em colônia penal agrícola, mas nada mudou. Em 1885 a ilha abrigava 2.364 presos, e se tornava difícil mantê-los sob controle, sendo impostos castigos exemplares que causaram escândalo. Notícias na imprensa citam castigos de açoites e tronco, e muitas eram as acusações de abuso e má administração. Após 1889 o Governo Republicano reconheceu “serem de suma gravidade os abusos e irregularidades há muitos anos denunciados por todas as comissões inspetoras” durante o governo imperial. Reconhecendo ainda que “eram notórias as dificuldades de repressão e dos atos judiciais”, o decreto n. 854, de 13 de outubro de 1890, criou o juiz de direito com plena jurisdição civil e criminal, o promotor público e escrivão de Fernando de Noronha. Em 1891 o arquipélago foi integrado ao Estado de Pernambuco, mantendo um presídio administrado pela Secretaria de Estado da Justiça, que funcionou até 1910.<ref name="Pessoa"/>
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[[Imagem:Couzinet Arc-en-Ciel.jpg|miniatura|O monoplano francês Couzinet 70 na ilha em 14 de junho de 1934|216x216px]]
Em 1938 a ilha foi novamente requisitada pela União para tornar-se um Presídio Político Federal,<ref name="Widmer"/> destinado "à concentração de indivíduos reputados como perigos à ordem pública ou suspeitos de atividades extremistas”.<ref>Cancelli, Elizabeth. [https://revistas.ufpr.br/historia/article/view/4648/3804 "Repressão e controle prisional no Brasil: prisões comparadas"]. In: ''História: Questões & Debates'', 2005; 42:141-156 </ref> Em diversos períodos haviam sido recolhidos para lá presos políticos, como os [[ciganos]] em 1739, os [[Revolução Farroupilha|farroupilhas]] em 1844 e os [[capoeira|capoeiristas]] em 1890.<ref name="Widmer"/> Reportagem da revista ''O Cruzeiro'', de 2 de agosto de 1930, descreve o presídio como "fantasma infernal para esses proscritos da sociedade", que viviam completamente alheios ao que se passava no resto do mundo, apesar de o Governo
Em 1942 tornou-se um [[Território Federal de Fernando de Noronha|território federal]], administrado por militares, que incluía o [[Atol das Rocas]] e o [[Arquipélago de São Pedro e São Paulo]]. A entidade administrativa durou 46 anos.<ref name="Widmer"/> Durante a Segunda Guerra Mundial, um aeroporto foi construído em setembro de 1942 pelas [[Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos]] para a rota aérea [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]]-[[Dakar]]. É então fornecida uma ligação transoceânica entre o Brasil e a [[África Ocidental Francesa]] para carga, trânsito das aeronaves e pessoal durante a campanha dos [[Aliados (Segunda Guerra Mundial)|Aliados]] na [[África]]. O Brasil transferiu o aeroporto para a jurisdição da [[Marinha dos Estados Unidos]] em 5 de setembro de 1944.<ref>[http://airforcehistoryindex.org/data/000/001/957.xml USAFHRA Document 00001957]</ref> Após o fim da guerra, a administração do aeroporto foi transferido de volta para o [[governo brasileiro]]. O [[Aeroporto de Fernando de Noronha]] é servido por voos diários de [[Recife]] e Natal, na costa brasileira.
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