Narciso Doval: diferenças entre revisões
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| partidasselecao = {{0|000}}5 {{0|000}}(1) <ref name = "quien">MACÍAS, Julio. '''DOVAL, Horacio Narciso'''. ''Quién es quién en la Selección Argentina'', 1 ed. Buenos Aires: Corregidor, 2011, p. 244</ref><ref name = "editorialperfil">RAMÍREZ, Pablo. ''Fútbol, Historia y Estadísticas''. Editorial Perfil</ref><ref name = "unofficial">{{citar web | autor=CIULLINI, Pablo| titulo= Argentina National Team - Unofficial Matches - Match Details| publicado=RSSSF | data=11/10/2018 | url=http://www.rsssf.com/tablesa/arg-unoff-intres-det.html | acessodata=18/10/2018 }}</ref>
}}
'''Narciso Horacio Doval''' ([[Buenos Aires]], [[4 de janeiro]] de [[1944]] - Buenos Aires, [[12 de outubro]] de [[1991]]) foi um [[futebol]]ista [[Argentina|argentino]] [[naturalização|naturalizado]] [[brasil]]eiro.<ref name = "placar 378">QUADROS, Raul (22 de julho de 1977). '''Ainda somos professores'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 378. Editora Abril, pp. 12-14</ref> Fez sucesso nos rivais [[CR Flamengo|Flamengo]] e [[Fluminense FC|Fluminense]], sendo admirado por todas as torcidas cariocas.<ref name = "placar 457">REZENDE, Marcelo (26 de janeiro de 1979). '''O Flu volta com tudo: dívidas, dispensas, decepções'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 457. Editora Abril, p. 51</ref> Os dois times que defendeu em seu país natal, [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]] (com o qual é mais identificado na [[Argentina]]) e [[Club Atlético Huracán|Huracán]], curiosamente, também [[Huracán vs. San Lorenzo|são rivais]].<ref>LEAL, Ubiratan (março de 2009). '''Orgulhosamente bairrista'''. [[Revista Trivela|Trivela]] n. 37. Trivela Comunicações, pp. 56-61</ref> Foi descrito como o "argentino mais carioca que existiu"<ref>REZENDE, Marcelo (26 de setembro de 1980). '''Os 3 malandros do Flu'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 543. Editora Abril, pp. 12-13</ref> - e, de fato, chegou a ser diplomado como cidadão carioca honorário.<ref name = "placar 394">AZEDO, Maurício; QUADROS, Raul (10 de novembro de 1977). '''A pose do malandro'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 394. Editora Abril, pp. 4-6</ref> ''"Doval é para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] o que [[Pelé]] é para o [[Brasil]]"'' foi outro comentário,<ref name = "clarin">{{citar web | autor=IGLESIAS, Waldemar| titulo= Añoranzas para un loco| publicado=[[Clarín]] | data=12/02/2007 | url=http://old.clarin.com/diario/2007/02/12/deportes/d-00201.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref> feito por Manolo Eppelbaum, compatriota que trabalhava como correspondente do jornal argentino ''[[Clarín]]'' no [[Brasil]].<ref>{{citar web | autor=IGLESIAS, Waldemar | titulo=
Fazia sucesso com o público masculino por seu futebol e, com o feminino, pela sua fisionomia de galã.<ref name = "placar 1203">FONTENELLE, André (30 de outubro - 5 de novembro de 2001). '''"El Loco" Doval'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 1203. Editora Abril, p. 57</ref> No campo, dosava velocidade e potência em doses iguais,<ref name = "dicionario">FUENTES, Fernando. '''"El Loco" Doval'''. ''San Lorenzo: el diccionario azulgrana''. 1 ed. Buenos Aires, 2007, p. 64</ref> demonstrando também força, valentia, agressividade e fôlego: cansava seus marcadores intercalando piques com paradas em suas investidas pelo ataque, conseguindo assim passar pelas defesas ou cavar faltas para [[Zico]] ou [[Roberto Rivellino|Rivellino]] cobrarem.<ref name = "placar 394"/> Oportunista, costumava também antecipar-se aos zagueiros, sendo ainda bom cabeceador.<ref name = "placaresp">'''Rivelino pilotou a Máquina''' (junho de 2005). [[Revista Placar|Placar]] Especial 35 Anos - Coleção de Aniversário n. 5, "Os Grandes Esquadrões". Editora Abril, pp. 36-39</ref> Todavia, era tido como um jogador tão talentoso e extremamente hábil como também indisciplinado e nada responsável.<ref name = "quien"/>
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[[Ficheiro:Carasucias.jpg|thumb|right|250px|''Los Carasucias'', celebrada linha ofensiva do [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]] nos [[anos 1960]], lembrada pela juventude e irreverência.<ref name = "placar 308">CARDOSO, Maurício; CERRETTI, Mauro (5 de março de 1976). '''Só faltava essa milonga'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 308. Editora Abril, pp. 6-8</ref> Da esquerda para a direita: Doval, [[Fernando Areán]], [[Héctor Veira]], [[Victorio Casa]] e [[Roberto Telch]].]]
Começou a carreira nos juvenis do clube. Fora levado pelo próprio vice-presidente da instituição na época; este o havia observado em uma pelada no bairro de [[Palermo (Buenos Aires)|Palermo]],<ref name = "placar 187"/> onde o garoto nascera e morava.<ref name = "boedovengo">{{citar web | titulo= Un elegido más: Horacio Narciso Doval| publicado=De Boedo Vengo | data=2009 | url=http://www.deboedovengo.org/2009/detalle_noticia_home.php?id_noticia=2258 | acessodata=29/07/2011 }}</ref> Na ocasião, Doval estava jogando como goleiro por conta de um pé machucado, mas ainda assim se empolgou, driblou o time adversário e marcou um gol. Depois de dois anos nas categorias inferiores do [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]], já estava na equipe principal.<ref name = "placar 187"/> Debutou em novembro de [[1962]], em derrota por 1 x 4 para o [[Club Atlético River Plate|River Plate]], atuando no ataque ao lado de um mito do clube, [[José Sanfilippo]].<ref>{{citar web | titulo= Horacio Doval|publicado=Museo de San Lorenzo | data=16/12/2010 | url=http://www.museodesanlorenzo.com.ar/contenido/jugadores/fotos/1960/doval.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref> No ano seguinte, jogou apenas três vezes, firmando-se no time titular somente em [[1964]].<ref name = "mancha">{{citar web | autor=Pablo | titulo=
Naquele 1964, a [[Associação do Futebol Argentino]] elaborou no início do ano a Copa Jorge Newbery, disputada por quatro dos [[os cinco grandes do futebol argentino|cinco grandes do futebol argentino]] (o [[Club Atlético Independiente|Independiente]] foi a exceção, pois na mesma época disputava a [[Taça Libertadores da América]], da qual seria campeão) mais o [[Club Atlético Huracán|Huracán]] e o [[Club Atlético Vélez Sarsfield|Vélez Sarsfield]]. A competição foi criada devido à indefinição da realização do [[Campeonato Argentino de Futebol|campeonato argentino]], e finalizada justamente após definir-se o calendário do campeonato. O San Lorenzo, com mais pontos somados, foi declarado campeão.<ref name = "newbery">{{citar web | titulo= Copa Jorge Newbery|publicado=Museo de San Lorenzo | data=16/12/2010 | url=http://www.museodesanlorenzo.com.ar/contenido/copas/1964/pagina.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref>
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[[Ficheiro:Carasucias1965.jpg|thumb|right|250px|O elenco de 1965 do San Lorenzo. Doval, o primeiro agachado, foi o artilheiro do time naquele ano.<ref>{{citar web | titulo= Año 1965 l Tabla de Goleadores.|publicado=Museo de San Lorenzo | data= | url=http://www.museodesanlorenzo.com.ar/contenido/jugadores/torneos/1961/1965/Tabla%20goleadores.htm | acessodata=12/08/2011 }}</ref>]]
Sua suspensão, aos fins de [[1967]],<ref name = "mancha"/> revoltou o público argentino, que o tinha como ídolo, e por um tempo houve faixas e panfletos pedindo a sua volta.<ref name = "placar 187"/> Ironicamente, Doval não pôde atuar na campanha ''cuerva'' no Metropolitano (que, apesar do nome, era o torneio mais valorizado<ref>'''Dois campeões por ano''' (2003). Anuário [[Revista Placar|Placar]] 2003. Editora Abril, pp. 702-704</ref>) de 1968. Os ''Carasucias'', então lembrados com admiração apesar da falta de resultados mais expressivos,<ref name = "mancha"/> transformaram-se ali em ''Los Matadores'' por conseguirem um feito inédito no país: naquela edição do torneio, tornaram-se a primeira equipe a sagrar-se campeã argentina profissional de forma invicta.<ref name = "placar 394"/> Com isso, Doval ficaria conhecido como ''El Matador que no jugó'' ("o Matador que não jogou").<ref name = "boedovengo"/> Quando o museu virtual do San Lorenzo relembrou os 45 anos da conquista, em 2013, ressaltou que "e como se fosse pouco, não pôde jogar este campeonato Doval (por suspensão)".<ref>{{citar web | autor=BARJA, Alberto | titulo=
Naquele ano, voltou a tempo de disputar cinco partidas do torneio Nacional e marcou quatro gols.<ref name = "dicionario"/> Apesar do título, o ''Ciclón'' e o [[Club Atlético Chacarita Juniors|Chacarita Juniors]] (o campeão do Nacional de 1968) não participaram da [[Taça Libertadores da América de 1969]]; o único time argentino naquela edição do torneio foi o [[Club Estudiantes de La Plata|Estudiantes]], como campeão anterior.<ref>{{citar web | autor=BEUKER, John; STOKKERMANS, Karel; PIERREND, José Luis | titulo=Copa Libertadores de América 1969|publicado=[[RSSSF]] | data=18/04/1999 | url=http://www.rsssf.com/sacups/copa69.html | acessodata=29/07/2011 }}</ref> Em [[1969]], Doval chegou a participar apenas da [[Copa Argentina de Fútbol|Copa Argentina]] <ref>{{citar web | titulo= Copa Argentina de 1969|publicado=Museo de San Lorenzo | data= | url=http://www.museodesanlorenzo.com.ar/contenido/jugadores/torneos/1961/1969%20metro/copa%20argentina.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref> e de alguns jogos do Metropolitano antes de deixar o clube.<ref>{{citar web | autor=BARJA, Alberto| titulo= Metro de 1969: Finalizo noveno.|publicado=Museo de San Lorenzo | data= | url=http://www.museodesanlorenzo.com.ar/contenido/jugadores/torneos/1961/1969%20metro/Tabla%20posiciones.htm | acessodata=10/08/2013 }}</ref>
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===Chegada ao Flamengo===
[[Imagem:Doval e Fio, 1971.tif|thumb|direita|220px|Doval e [[Fio Maravilha]] em 1971.]]
O próprio [[CR Flamengo|Flamengo]] já contava com um argentino desde 1968, o goleiro [[Rogelio Domínguez]].<ref name = "futportenho"/> Mas foi no apartamento de outro goleiro argentino, [[Edgardo Andrada]], do [[CR Vasco da Gama|Vasco da Gama]], que Doval passou seus primeiros dias no [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]].<ref name = "placar 394"/> Seu sucesso individual não tardaria a chegar, embora os resultados do Flamengo decepcionassem: a [[Campeonato Carioca de Futebol de 1969|Taça Rio de 1969]] foi perdida em um [[Fla-Flu]] com o gol da derrota vindo a dez minutos do fim.<ref>{{citar web | autor=ARRUDA, Marcelo Leme de | titulo=Rio de Janeiro Championship 1969 | publicado=[[RSSSF]] | data=20/08/2008 |
A falta de títulos nos primeiros momentos, todavia, não o impedia de fazer juras de amor: ''"Jogar no Flamengo é simplesmente fascinante. Esta história de que a camisa do Flamengo corre sozinha, dribla e faz gols é mais que uma história, é uma verdade. (...) É gente que ganha jogo nas arquibancadas. Seu grito é grito de guerra, que empurra o jogador para frente. A torcida rubronegra é um milagre"'', declarou ainda em [[1970]].<ref name = "placar 25">NETO, Fausto (22 de maio de 1970). '''O belo Doval'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 25. Editora Abril, p. 25</ref> Foi neste ano, porém, que ele começou a sofrer sob o comando de um novo técnico, o ex-goleiro [[Dorival Knipel|Yustrich]], que queria que o argentino mudasse de posição. Doval não reclamava exatamente de ficar na ponta-direita, como pretendia Yustrich, e sim de ter de ficar preso nas funções táticas do treinador.<ref name = "placar 187"/> Doval achava que deveria ir à linha de fundo, entrar pelo miolo da zaga para ser lançado e marcar gols, como fazia com sucesso. Yustrich queria que ele se transformasse em um mero centrador de bolas, no que teve resistência do ''gringo''.<ref name = "placar 64">AZEDO, Maurício (4 de junho de 1971). '''O Mengo está livre. Já pode começar'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 64. Editora Abril, pp. 13-14</ref> ''"Yustrich está acabando com meu futebol"'', reclamou, quando afirmou que também sentia-se marginalizado por colegas protegidos pelo técnico.<ref>'''Só Iustrich gosta de Iustrich''' (9 de abril de 1971). [[Revista Placar|Placar]] n. 56. Editora Abril, pp. 4-6</ref>
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===Huracán===
Esquecido na terra natal, Doval, ainda antes do fim do primeiro turno do [[Campeonato Carioca de Futebol de 1971|Estadual de 1971]] (encerrado em junho),<ref>{{citar web | autor=ARRUDA, Marcelo Leme de | titulo=Rio de Janeiro Championship 1971 | publicado=[[RSSSF]] | data=12/08/2008 |
Apesar disso, a equipe do técnico [[César Luis Menotti]] (que seria o treinador da [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] na vitoriosa [[Copa do Mundo de 1978]]) teve um ano de resultados irregulares. Ainda assim, ela desempenhou papel crucial na definição do Metropolitano de 1971: na última rodada, enfrentaram fora de casa o [[Club Atlético Vélez Sarsfield|Vélez Sarsfield]], líder do certame, com o outro concorrente ao título, o [[Club Atlético Independiente|Independiente]], um ponto atrás. O Vélez abriu o marcador e seus torcedores já antecipavam as comemorações.<ref name = "40anos">{{citar web | autor=VICENTE, Pablo| titulo=¿40 años no es nada?| publicado=[[Diário Olé]] | data=22/06/2009 | url=http://edant.ole.com.ar/notas/2009/06/22/futbollocal/01943985.html | acessodata=29/07/2011 }}</ref>
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Um dos novos colegas era [[Zico]], então no começo da carreira. Inicialmente, este costumava apenas substituir o argentino.<ref>CARVALHO, Milton Costa (4 de maio de 1979). '''Invicto! Como a galera queria'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 471. Editora Abril, pp. 4-5</ref> Posteriormente, ambos formariam uma grande dupla, revezando-se ambos na posição de centroavante e ponta - a ponto de às vezes haver confusão alheia sobre quem havia marcado algum gol <ref>MAINENTE, Geraldo (13 de agosto de 1982). [[Revista Placar|Placar]] n. 638. Editora Abril, pp. 16-17</ref> -, completados por [[Geraldo Cleofas Dias Alves|Geraldo]], vindo de trás para completar para as redes.<ref>REZENDE, Marcelo (20 de abril de 1979). '''Duas torcidas no ataque da seleção'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 469. Editora Abril, pp. 16-17</ref> Mas, aos que lhe diziam que ajudara Zico quando este subiu para o time profissional, Doval admitia bem-humoradamente: ''"O Galo é que me dava conselhos, de tão profissional e dedicado que era. Eu jogava futebol como se disputasse uma pelada. Ele, não"''.<ref>MARTINS, Sérgio; UNZELTE, Celso Dario (maio de 1992). '''Zico - conquistador do destino'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 1071. Editora Abril, pp. 18-22</ref>
Em 1973, sentindo-se totalmente adaptado ao [[Brasil]], Doval deu entrada no pedido de [[naturalização]] - curiosamente, na mesma época, o conterrâneo e antigo companheiro de apartamento [[Edgardo Andrada]] fez o mesmo.<ref>'''O gringo é nosso''' (20 de julho de 1973). [[Revista Placar|Placar]] n. 175. Editora Abril, p. 34</ref> Naquele ano, ele participou do jogo em homenagem a [[Garrincha]].<ref>ANDRADE, Aristélio (23 de novembro de 1973). '''As seleções no jogo de Garrincha'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 193. Editora Abril, p. 39</ref> No [[Campeonato Carioca de Futebol de 1973|Estadual de 1973]], ele e o Flamengo ergueram o primeiro turno, mas o título acabou ficando com o [[Fluminense Football Club|Fluminense]], em final em que ele esteve de fora.<ref>{{citar web | autor=ARRUDA, Marcelo Leme de | titulo=
Em 1974, o [[Campeonato Brasileiro de Futebol de 1974|campeonato brasileiro]] foi realizado no primeiro semestre. Os rubronegros tiveram uma boa campanha inicial, em que foram o segundo melhor time. Mas, na fase final, ficaram em terceiro no grupo que deu ao [[Cruzeiro EC|Cruzeiro]] e vaga na final - para piorar, o arquirrival [[CR Vasco da Gama|Vasco da Gama]] bateria os mineiros na decisão.<ref>{{citar web | autor=PONTES, Ricardo FF| titulo= Brazil 1974| publicado=[[RSSSF]] | data=28/01/2004 | url=http://www.rsssfbrasil.com/tablesae/br1974.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref> Um troco no rival viria a dois dias do natal daquele ano, na decisão do [[Campeonato Carioca de Futebol de 1974|Estadual]], conquistado sobre os cruzmaltinos - Doval, todavia, ficou outra vez de fora do jogo decisivo.<ref>{{citar web | autor=ARRUDA, Marcelo Leme de | titulo=
1975 começa já com nova edição do [[Campeonato Carioca de Futebol|Campeonato Carioca]]. O Flamengo vai mal, com o título sendo decidido em uma fase final que reunia justamente seus três rivais, que haviam vencido um turno cada um.<ref>{{citar web | autor=ARRUDA, Marcelo Leme de | titulo=
===Fluminense===
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Doval manteve o ritmo individual no ano seguinte, logo provocando boatos de uma retroca com o Flamengo - especulou-se que ele e [[Dirceu José Guimarães|Dirceu]] seriam trocados por [[Luís Alberto da Silva Lemos|Luisinho Lemos]],<ref name = "placar 352"/> mas Doval permaneceu no ''Flu''. Naquele 1977, o adversário [[Abel Braga|Abel]], do [[CR Vasco da Gama|Vasco]], comentou sobre os atacantes do Rio com quem não se "podia bobear". Mencionou [[Nilson Dias]], o próprio [[Luís Alberto da Silva Lemos|Luisinho Lemos]] e [[Zico]], ''"mas o pior de todos eles é o Doval"'', julgado como o "atacante mais perigoso do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio]]" pelo beque. ''"Com ele, não tem essa de bola perdida. Além do mais, o gringo é a malícia em pessoa, um cara provocador. No jogo contra o Fluminense, ele chegou em mim e foi logo dizendo: 'Vamos ver quem é que dá a primeira hoje'. E o danado arrepiou: na primeira bola que dividi com ele, levei um toco"''.<ref>AZEDO, Maurício (27 de maio de 1977). '''O sobrinho que faltava'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 370. Editora Abril, pp. 9-10</ref>
Ainda assim, a eliminação frente ao Corinthians acabou por marcar a despedida da ''Máquina Tricolor''.<ref name = "trivela"/> Em 1977, a única conquista seria não-oficial: o Fluminense venceu o tradicional torneio amistoso [[Troféu Teresa Herrera|Teresa Herrera]], com [[Feyenoord]] e [[Dukla Praga]] vencidos ambos com gols dele.<ref name = "placar 381">'''Flu arrasa holandeses e tchecos na Espanha''' (12 de agosto de 1977). [[Revista Placar|Placar]] n. 381. Editora Abril, p. 64</ref> Pois, no [[Campeonato Carioca de Futebol de 1977|Campeonato Carioca]] e no [[Campeonato Brasileiro de Futebol de 1977|Campeonato Brasileiro]], a equipe decepcionou: no Estadual, o Vasco da Gama venceu os dois turnos;<ref>{{citar web | autor=DIOGO, João Bovi | titulo=
Doval deixaria o Fluminense em 1978, em meio a uma crise no clube,<ref>'''Bolão Teste''' (18 de novembro de 1977). [[Revista Placar|Placar]] n. 395. Editora Abril, pp. 64-65</ref> novamente eliminado na segunda fase do [[Campeonato Brasileiro de Futebol de 1978|campeonato nacional]], disputado no primeiro semestre (ficou em quinto lugar em grupo que concedeu a [[Sport Club do Recife|Sport]] e [[Santa Cruz Futebol Clube|Santa Cruz]] as duas vagas para as quartas-de-final).<ref>{{citar web | autor=PONTES, Ricardo | titulo= IV COPA BRASIL - 1978 [Brazilian Championship]| publicado=[[RSSSF]] | data=08/06/2000 | url=http://www.rsssfbrasil.com/tablesae/br1978.htm | acessodata=29/07/2011 }}</ref> O ''Tricolor'', que no Estadual viu outra vez um rival vencer os dois turnos (desta vez, o Flamengo),<ref>{{citar web | autor=DIOGO, João Bovi | titulo=State Championship of Rio de Janeiro 1978 | publicado=[[RSSSF]] | data=31/10/2000 |
[[Ficheiro:Loco Doval.jpg|200px|thumb|right|Em sua volta ao [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]], já veterano.]]
===Pós-Rio===
Perambulou pela Argentina,<ref name = "placar 457"/> acertando em 1979, depois de dez anos, uma volta ao [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]], ficando apenas naquele ano.<ref name = "placar 1203"/> O treinador era [[Carlos Bilardo]], futuro técnico campeão com a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] na [[Copa do Mundo de 1986]].<ref name = "boedovengo"/> Naquele momento, porém, o time, que em campo ficou longe das primeiras colocações,<ref name= "arg70"/> enfrentava grande crise institucional: no mesmo ano, o clube, por causa das dívidas, teria de vender as também estrelas [[Jorge Olguín]] e [[Claudio Marangoni]], além do seu tradicional estádio Gasómetro, deixando o bairro de [[Boedo]] depois de sessenta anos. Dois anos depois, o ''Ciclón'' se tornaria o primeiro [[os cinco grandes do futebol argentino|grande time argentino]] a sofrer o rebaixamento para a segunda divisão.<ref name = "fp"/><ref>{{citar web | autor=BRUM, Maurício | titulo=
Encerrou a carreira nos [[Estados Unidos]]. No [[Cleveland Cobras]], atuou ao lado de dois brasileiros: [[Rildo da Costa Menezes|Rildo]] e [[Ivair Ferreira|Ivair]].<ref>'''Correção''' (18 de julho de 1980). [[Revista Placar|Placar]] n. 533. Editora Abril, p. 44</ref> Jogou também no [[New York United]], onde chegou aos ''play-offs'' decisivos da ''[[American Soccer League]]'', segunda divisão do futebol estadunidense.<ref>{{citar web | autor=LITTERER, Dave| titulo= The Year in American Soccer - 1980| publicado=The American Soccer History Archives | data=31/01/2010 | url=http://homepages.sover.net/~spectrum/year/1980.html | acessodata=19/07/2011 }}</ref>
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Sua beleza - chamava a atenção pelos longos cabelos loiros, os olhos azuis e seu jeito simpático e descontraído - já o havia feito, na [[Argentina]], ser manequim de uma casa de modas masculinas <ref name = "placar 25"/> e posar para capas de revista.<ref name = "placar 187"/> No [[Brasil]], ela despertou também convites para trabalhar em telenovelas. ''"Não dá não. As propostas não me agradaram e também não tenho tempo para isso. Meu caso é garantir o prestígio que, sem esperar, adquiri com a torcida. Sei que sou ídolo e não posso decepcionar os torcedores. Às vezes, tenho medo. Medo de errar e decepcionar a torcida"''.<ref name = "placar 25"/> [[Zico]], seu colega no Flamengo, conheceu sua futura esposa, Sandra, justamente porque esta ia com amigas à [[Estádio da Gávea|Gávea]] para suspirar pelo argentino.<ref>LAURENCE, Michel (setembro de 2002). '''El Loco Doval'''. [[Revista Placar|Placar]] n. 1239. Editora Abril, pp. 6-7</ref> Ele andava na companhia dos compositores [[Marcos Valle|Marcos]] e [[Paulo Sérgio Valle]], no que as garotas chamavam de "trio colírio".<ref name = "jc">{{citar web | autor=NOGUEIRA, Armando| titulo= Na grande área| publicado=[[Jornal do Commercio]] | data= 13/12/2000| url=http://www2.uol.com.br/JC/_2000/1302/nog1302.htm| acessodata=29/07/2011 }}</ref>
Naturalizado em [[1976]], Doval de fato se considerava brasileiro; no ano seguinte, chegou a comentar, sobre a influência crescente das ideias europeias no futebol do Brasil, que ''"Nós, brasileiros, não temos de imitar os europeus. Nosso futebol é e sempre foi superior ao deles - eles é que têm de nos imitar, afinal, fomos nós que ganhamos três Copas (...). O jogador brasileiro tem de continuar malicioso"''.<ref name = "placar 378"/> Chegou a ser um dos torcedores que viajaram à [[Espanha]] para torcer de perto pelo Brasil na [[Copa do Mundo de 1982]].<ref name = "fp"/> Após parar de jogar, continuou a pessoa irrequieta e desbocada, além de convicto solteiro namorador e assíduo frequentador de [[Ipanema]].<ref name = "placar 805"/> ''"Doval viveu a cidade, morou em [[Copacabana]] e Ipanema e deve ter tido umas 54 namoradas por aqui. (...) Foi um sujeito extraordinário"'', recordou o correspondente argentino no Brasil Manolo Eppelbaum,<ref>{{citar web
A boemia, que controlava para não lhe atrapalhar como jogador (sua disposição, quando tinha 32 anos, era descrita como a de um principiante), também não lhe comprometia na administração de seu dinheiro;<ref name = "placar 187"/> não tinha problemas financeiros, aproveitando bem os contratos que tinha feito, chegando a ter terreno em [[Palma de Mallorca]].<ref name = "placar 805"/> Mesmo em sua infância na Argentina, onde fora garoto de classe média <ref name = "placar 187"/> - criou-se no [[bairro nobre]] de [[Palermo (Buenos Aires)|Palermo]] e estudou em um [[Salesianos|colégio salesiano]] <ref name = "boedovengo"/> -, não teve maiores dificuldades econômicas, a despeito de ter ficado órfão cedo - o pai, um [[Galiza|galego]] que possuía um restaurante,<ref name = "dicionario"/> morrera do coração, e a mãe, de câncer.<ref name = "placar 187"/> Também possuía imóveis em [[Ipanema]] e, em [[Buenos Aires]], no bairro fino de [[Belgrano (Buenos Aires)|Belgrano]], chegando a ter também uma loja de artigos masculinos na cidade natal e a fazer aplicações em ações no [[Banco do Brasil]]. Economizava tanto o dinheiro, cuidado que ele redobrou após o escândalo que atravessou na Argentina, que chegou a ser rotulado de avarento por colegas.<ref name = "placar 187"/>
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Doval faleceu em [[12 de outubro]] de [[1991]], após sofrer uma parada cardíaca, tal qual seu pai,<ref name = "placar 187"/> pouco depois de sair de uma discoteca em [[Buenos Aires]],<ref name = "placar 1203"/> a New York City, ainda aos 47 anos.<ref name = "clarin"/> Ele tinha ido lá com a delegação do [[CR Flamengo|Flamengo]] para festejar a vitória sobre o [[Estudiantes de La Plata]] pela [[Supercopa Libertadores]].<ref name = "jc"/> Doval continuara ligado ao ex-clube na [[década de 1980]], passando-lhe como espião informações de alguns adversários enfrentados na [[Taça Libertadores da América]].<ref>'''Doval, o "agente secreto" do Mengo''' (16 de março de 1984). [[Revista Placar|Placar]] n. 721. Editora Abril, p. 53</ref> No dia de sua morte, havia ressaltado seu amor pelo time, ao visitar a delegação no hotel em que estava hospedada. Na comemoração pós-jogo, teria apenas bebido [[Champanhe (vinho)|champanhe]] antes de sofrer um mal súbito;<ref name = "jc"/> outros relatos apontaram que Doval divertiu-se a noite toda sem ter ingerido [[álcool]] algum.<ref name = "dicionario"/>
[[Héctor Veira]], que fora seu colega no [[Club Atlético San Lorenzo de Almagro|San Lorenzo]] e no [[Club Atlético Huracán|Huracán]], lamentou em [[1999]]: ''"Andava sempre com Doval. Por [[Deus]], como sinto sua falta... passamos tantos anos juntos que... quando morreu, foi um golpe duríssimo"''.<ref>{{citar web | titulo= El Bambino, rey en el Altiplano| publicado=[[La Nación]] | data=21/01/1999 | url=http://www.lanacion.com.ar/125236-el-bambino-rey-en-el-altiplano | acessodata=29/07/2011 }}</ref> [[Fernando Areán]], outro ''Carasucia'', disse que ''"morreu porque tinha um grande cansaço"''.<ref name = "dicionario"/> [[Alberto Rendo]], com quem também convivera nas duas equipes, afirmaria no velório que ''"se havia uma lista de cem pessoas que deveriam morrer, ele era o 101"''.<ref name = "dicionario"/><ref name = "boedovengo"/> Certos fãs flamenguistas e tricolores continuam a celebrá-lo, realizando missas em sua homenagem a cada aniversário da morte do ídolo.<ref>{{citar web | titulo=
==Títulos==
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*{{BR-RJb}} [[Campeonato Carioca Aspirante]]: 1970
*{{BRAb}} [[Torneio Internacional de Verão do Rio de Janeiro]]: 1970,1972
*{{BR-RJb}} [[Taça Guanabara]]: 1970, 1972, 1973 <ref>{{citar web | autor=TORRES, Paulo | titulo=
*{{BR-RJb}} [[Campeonato Carioca de Futebol|Campeonato Carioca]]: [[Campeonato Carioca de Futebol de 1972|1972]], [[Campeonato Carioca de Futebol de 1974|1974]] <ref name = "placar 1203"/>
*{{BRAb}} [[Torneio do Povo]]: [[Torneio do Povo de 1972|1972]] <ref name = "povo"/>
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