Realismo: diferenças entre revisões

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== Características ==
=== Contexto histórico ===
[[Ficheiro:Young Girl Reading by Jean-Baptiste-Camille Corot c1868.jpg|miniaturadaimagem|[[Jean-Baptiste Camille Corot]], ''Jovem Garota Lendo'', 1868, [[Galeria Nacional de Arte]].<ref>{{citar web | url=http://www.nga.gov/fcgi-bin/tinfo_f?object=66407&detail=prov | título=National Gallery of Art | publicado=www.nga.gov | acessodata=2014-02-23 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20090508050157/http://www.nga.gov/fcgi-bin/tinfo_f?object=66407&detail=prov | arquivodata=2009-05-08 | urlmorta=yes }}</ref>]]
Entende-se por "realismo literário" um estilo de escrita que toma a realidade como princípio orientador de criação artística por meio da palavra. Neste sentido, o realismo pode ser percebido em texto de qualquer época, desde as primeiras manifestações da humanidade até hoje; mas, como movimento relativamente organizado, começou na segunda metade do {{séc|XIX}}, na França, difundindo-se por todos os países da Europa, com oposição declarada, ou não, ao sentimento romântico.<ref>dos Santos Silva, Antonio Manoel; Sant'Anna, Romildo; Villibor Flory, Suely Fadul. ''Literaturas de língua portuguesa: Brasil''. Arte & Ciência, 2007. pp. 121. ISBN 8574733377</ref> O movimento realista correspondeu à ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu mais influência no surgimento do realismo foi o [[positivismo]].<ref>{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/literatura/realismo.htm |título=Realismo |acessodata=4 de fevereiro de 2014 |ultimo=Vilarinho |primeiro=Sabrina |data= |obra=R7 |publicado=Brasil Escola }}</ref> Ao contrário do gosto da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a "[[arte pela arte]]"), motivou-a uma arte voltada a solução dos problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de "compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo [[Romantismo|romântico]] e procurava incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo. O naturalismo é uma espécie de prolongamento do realismo. Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é que muitos autores são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o naturalismo cronologicamente posterior ao realismo.<ref>Abdala Júnior, Benjamin; Villibor Flory, Suely Fadul. ''Literaturas de língua portuguesa: marcos e marcas''. Arte & Ciência, 2007. pp. 199. ISBN 8574733369</ref><ref>Bernardi, Francisco. ''As bases da literatura brasileira''. Porto Alegre: Editora AGE Ltda, 1999. pp. 123. ISBN 8585627611</ref> Para muitos, o realismo representava uma alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da vanguarda — ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do realismo socialista como a forma oficial de arte da União Soviética. Contudo, outras vozes insistiam em que a vanguarda possuía um papel a exercer no desenvolvimento de um realismo moderno adequado às condições do {{séc|XX}}.<ref>Batchelor, David; Fer, Briony; Wood, Paul. ''Realismo, racionalismo, surrealismo-praticas e Debat, Volume 3''. Editora Cosac Naify, 1998. pp. 1. ISBN 8586374229</ref><ref>{{Citar livro |sobrenome=Trotsky |nome=Leon |autorlink=Leon Trótski |título=Literatura e revolução |editora=Zahar |ano=1969 |página=240 |isbn=8571109885 }}</ref>
 
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::''As suas origens situam-se na França e nas artes plásticas: antes que os literários, os pintores reagiram violentamente contra o romantismo, a pintura idealista e imaginativa, não raro feita de memória. E essa reação divisa a primeira característica do realismo. Em 1850 e 1853, Gustave Courbet (1818-1877) expõe duas obras realistas (''O Enterro em Ornans'' e ''As Banhistas''), nas quais procura traduzir os costumes, o aspecto de sua época, faz arte atual.''
 
A primeira característica divisada por Moisés na pintura daquele momento é justamente a ênfase dada ao "retrato do real", resultando na insatisfação com a expressão subjetiva e desfocada do inventário da realidade que os realistas vão propor a partir daí.<ref name="Oliveira29"/> Principais pintores realistas:<ref name="História">{{citar web |url=http://www.historiadaarte.com.br/linha/realismo.html |título=Linha do Tempo - Realismo |acessodata=3 de fevereiro de 2014 |ultimo=Rodrigues |primeiro=Rennan R. |data= |ano=2011 |obra= |publicado=História da Arte |arquivourl=https://web.archive.org/web/20141012083159/http://www.historiadaarte.com.br/linha/realismo.html |arquivodata=2014-10-12 |urlmorta=yes }}</ref>
 
[[Ficheiro:Jean-François Millet - Gleaners - Google Art Project.jpg|275px|miniaturadaimagem|[[Jean-François Millet]], ''[[As Respigadoras (Millet)|As Catadoras]]'', 1857.]]
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=== Teatro ===
[[Ficheiro:LadyoftheCamellias.jpg|miniaturadaimagem|''La Dame aux camélias'', de Dumas filho (1848).]]
Com o realismo, problemas do cotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os palcos. O teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo fato de que não só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também ''suplantava'' a vida real pela forma do [[drama]].<ref>{{Citar livro |sobrenome=Lehmann |nome=Hans-Thies |título=Teatro pós-dramático |editora=Editora Cosac Naify |ano=2007 |página=196 |isbn=8575036572 }}</ref> O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. A primeira grande [[dramaturgia|obra dramática]] realista é ''[[La dame aux camélias|A Dama das Camélias]]'', de fevereiro de 1852, do francês [[Alexandre Dumas, filho]] (1824-1895).<ref>Roberto Faria, João. ''O teatro na estante: estudos sobre dramaturgia brasileira e estrangeira''. reimpressão. Atelie Editorial, 1998. pp. 34. ISBN 8585851686</ref> Essa peça conta a história de uma cortesã que é regenerada pelo amor, dando ao público a constatação de um mundo real, observado, sem fantasiosas e lúdicas vivências, e sim, do dia a dia que explica o comportamento dos personagens apresentados. O realismo teatral francês apresenta a singularidade de combinar ''descrição'' com ''prescrição''. Assim, em ''Les Filles de Marbre'' (1853), por exemplo, [[Théodore Barrière|Barrière]] e Thiboust não se contentam em descrever o universo da prostituição ou os males que uma prostituta pode causar a um jovem inexperiente. Eles introduzem um ''raisonneur'' — personagem típico da comédia realista — que didaticamente expõe o pensamento dos autores em relação a esse problema social. Em algumas peças teatrais como ''Le Mariage d'Olympe'' (1855), de Augier; ''De Demi-monde'' (1855), de Dumas Filho; e ''Dalila'' (1857), de [[Octave Feuillet|Feuillet]] a prostituição é abordada com variações sobre o mesmo tema.<ref>{{citar web |url=http://www.ciaateliedasartes.com.br/ARTIGOS/Teatro%20Naturalista%20e%20Realista.pdf |título=Teatro - Naturalista e Realista |acessodata=17 de fevereiro de 2014 |data= |obra= |publicado=Cia Ateliê das Artes |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222045050/http://www.ciaateliedasartes.com.br/ARTIGOS/Teatro%20Naturalista%20e%20Realista.pdf |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref><ref>Roberto Faria, João. ''O teatro na estante: estudos sobre dramaturgia brasileira e estrangeira''. reimpressão. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. pp. 37. ISBN 8585851686</ref> O teatro, tanto naturalista quanto realista, era definido pelo fato de que não só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também ''suplantava'' a vida real pela forma do drama.<ref>Lehmann, Hans-Thies. ''[[Teatro pós-dramático]]''. Editora Cosac Naify, 2007. pp. 196. ISBN 8575036572</ref>
 
Fora da [[França]], um dos expoentes é o [[Noruega|norueguês]] [[Henrik Ibsen]] (1828-1906), citado como o primeiro grande nome a despontar no realismo. Em ''[[Casa de Bonecas]]'', por exemplo, trata da situação social da mulher.<ref>Trindade Gonçalves, Maria Magaly. ''Teatro ocidental: reflexões''. Faculdade de Ciências e Letras, Departamento de Letras Modernas, UNESP, 1992. pp. 28.</ref> Em obra ''[[Espectros (peça)|Espectros]]'', Ibsen desenvolve um comentário cáustico sobre a moralidade da sociedade norueguesa da época. O drama foi tratado duramente pelos críticos por abrir completamente a moral da sociedade ao falar de promiscuidade e doenças venéreas.<ref>{{citar web |url=http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/27777/hoje+na+historia+1891+-+estreia+peca+espectros+de+henrik+ibsen.shtml |título=Hoje na História: 1891 - Estreia peça "Espectros", de Henrik Ibsen |acessodata=19 de fevereiro de 2014 |ultimo=Altman |primeiro=Max |data=13 de março de 2013 |obra=UOL |publicado=Opera Mundi }}</ref> São importantes também o dramaturgo e escritor russo [[Máximo Gorki]] (1868-1936), autor de ''[[Ralé]]'' e ''[[Os Pequenos Burgueses]]'', e o alemão [[Gerhart Hauptmann]] (1862-1946), autor de ''[[Os Tecelões]]''.
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== Ligações externas ==
* [https://web.archive.org/web/20090925071902/http://www.historiadaarte.com.br/realista.html História da arte]
 
{{Escolas da Literatura portuguesa}}