Cabinda (província): diferenças entre revisões
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[[Imagem:Cabinda pol77.jpg|190px|thumb|Mapa de Cabinda]]
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'''Cabinda''' é
Tem uma superfície de 7 283 km² e cerca de 716 076 habitantes.
A população de Cabinda pertence na sua quase totalidade aos povos [[bantus]], a um grupo antigamente chamado [[Fiote]], cuja língua, a [[Ibinda|língua cabinda (localmente chamada ''ibinda'')]], é considerada um [[dialecto]] do [[kikongo]].▼
Administrativamente, a província é constituída pelos municípios de [[Cabinda (cidade)|Cabinda]], [[Cacongo (Angola)|Cacongo]] (ex Landana), [[Buco-Zau]] e [[Belize (Cabinda)|Belize]].
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As elevações mais relevantes se encontram na [[Serra do Muabi]].
E um [[exclave]] da nação, sendo limitado ao norte pela [[República do Congo]], a leste e ao sul pela [[República Democrática do Congo]] e a oeste pelo [[Oceano Atlântico]].
=== Clima ===
O [[clima]] é [[clima tropical|tropical]] húmido, com precipitações anuais em torno de 800 mm. A [[temperatura]] média anual varia entre os 25 e os 30º Celsius.
=== Demografia ===
▲A população de Cabinda pertence na sua quase totalidade aos povos [[
== História ==
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=== Génese do enclave ===
Exploradores, missionários e comerciantes portugueses chegaram à foz do [[rio Congo]] na metade do [[século XV]], fazendo contacto com o [[
Com o passar dos anos, [[portugueses]], [[holandeses]] e [[ingleses]] estabeleceram postos de comércio, fábricas de extração de madeira e de [[óleo de palma]] em Cabinda. O comércio continuou e a presença europeia cresceu, resultando em conflitos entre as potências coloniais rivais.
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Por ocasião da [[Conferência de Berlim]], realizada no mesmo ano, quando simultaneamente nasceram o [[Congo Belga]] (ex-Zaire e atual [[República Democrática do Congo]]) e o [[Congo Francês]] (ex-Congo Brazzaville e atual [[República do Congo]]), a atribuição de Cabinda a Portugal foi internacionalmente confirmada, adotando-se a designação [[Congo português]].
No entanto, como a [[Bélgica]] reivindicou uma saída para o [[Atlântico]] para o [[Congo Belga]], agora constituído como tal, foi-lhe concedido um "corredor" constituído pelos territórios adjacentes ao [[Zaire (rio)|rio Congo]]. Desta maneira foi cortada a ligação por terra, anteriormente existente, entre Cabinda e o restante Reino do
Completada, até meados dos anos 1920, a ocupação efetiva do território que constitui a atual [[Angola]], Portugal deu por findo o estatuto de protetorado separado, passando a considerar Cabinda como parte integrante (com o estatuto de [[distrito]]) da então [[Colónia]], mais tarde chamada [[Província Ultramarina]]) de Angola.
=== Período colonial
[[Imagem:Poste de Massabe en 1896-Congo Français.jpg|thumb|200px|esquerda|Posto de Massabi, em 1896.]]
No quadro do sistema colonial estabelecido em Angola, Cabinda teve alguma importância económica que levou a um significativo desenvolvimento da cidade de Cabinda que chegou a ser dotada de um [[porto]] e de um [[aeroporto]].
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A situação mudou dramaticamente quando, em [[1967]], foram descobertos importantes jazidos de [[petróleo]] ao largo da costa de Cabinda, o que levou Portugal a promover de imediato a sua exploração.
=== Descolonização ===
No fim
Em [[1962]], estes grupos uniram-se, formando em Brazzaville a [[FLEC|Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC)]].<ref name=Marcum">{{citar livro|autor=John Marcum|título=The Angolan Revolution, Exile Politics and Guierrilla Warfare (1962-1976)|volume=II|editora=MIT Press|local=Cambridge/Mass. & Londres|ano=1978|páginas=|id=}}</ref> A designação inicial da FLEC foi "Front pour la Libération de l'Enclave de Cabinda".▼
Neste sentido, a FLEC constituiu em [[1967]] um "Governo de Cabinda no Exílio", com sede em [[Ponta Negra (Congo)|Ponta Negra]] (''Pointe Noire''), no Congo Brazzaville.▼
▲Em [[1962]], estes grupos uniram-se, formando em Brazzaville a [[
Estas operações obrigaram Portugal a reforçar consideravelmente a sua presença militar em Cabinda, conseguindo deste modo conter a penetração dos dois movimentos - tarefa facilitada pelos frequentes conflitos armados entre ambos. No fim das [[anos 1960]], a FNLA cessou praticamente as suas operações em Cabinda, enquanto o MPLA marcou alguma presença militar até ao fim da era colonial. MPLA e FLEC rivalizaram fortemente no campo da mobilização política.▼
▲Neste sentido, a FLEC constituiu em [[1967]] um "Governo de Cabinda no Exílio", com sede em [[Ponta Negra (Congo)|Ponta Negra]]
Após a [[Revolução dos Cravos|Revolução do 25 de Abril]] de [[1974]] em Portugal, o MPLA obteve rapidamente o controle militar de Cabinda, defendendo a continuação do enclave como parte integrante de Angola, e procurando neutralizar os militantes da FLEC.▼
▲Em simultâneo, a FNLA e o MPLA desenvolveram a partir do [[Congo-Quinxassa]] (e o MPLA mais tarde a partir do [[Congo-Brazzavile]]) operações militares em Cabinda, no essencial em regiões do interior, de acesso mais difícil. Estas operações obrigaram Portugal a reforçar consideravelmente a sua presença militar em Cabinda, conseguindo deste modo conter a penetração dos dois movimentos
▲Após a [[Revolução dos Cravos|Revolução do 25 de Abril]] de [[1974]] em Portugal, o MPLA obteve rapidamente o controle militar de Cabinda, defendendo a continuação do enclave como parte integrante de Angola, e procurando neutralizar os militantes da FLEC. Por sua vez a FLEC, na altura dividida em várias correntes, declarou a independência separada de Cabinda e criou rapidamente um pequena força militar. Esta tentou uma incursão a partir do Congo-Quinxassa, mas foi sem problemas maiores rechaçada pelo MPLA. A partir deste momento, a FLEC deixou de ter qualquer papel no processo conflituoso que levou à [[Independência de Angola]].
=== Período pós-colonial ===
{{VT|Conflito de Cabinda}}
Na constelação resultante das circunstância em que foi alcançada a independência de Angola
Dada a rápida decadência da FNLA enquanto força militar, e a impossibilidade de a UNITA chegar até Cabinda, esta não foi, porém, afetada pelas operações militares, durante e Guerra Civil. Em contrapartida, a FLEC
Os conflitos, que duraram longos anos, suscitaram a intervenção de várias forças da sociedade civil de Cabinda, com destaque para a Igreja Católica, com o fim de conseguir a pacificação. Porém, só depois do fim da Guerra Civil,
Em consequência deste entendimento, os efectivos militares da FLEC foram aquarteladas e a {{DataExt|6|1|2007}}, alguns destes elementos incorporados nas [[FAA|Forças Armadas Angolanas]] e na [[Polícia Nacional (Angola)|Polícia Nacional]]. Um dirigente da FLEC, António Bento Bembe, passou a integrar o governo de Luanda. Um contingente de bolsas de estudo foi atribuído a pessoas anteriormente envolvidas na oposição ao Estado angolano. O governo do MPLA prometeu atribuir a Cabinda uma parcela maior dos lucros obtidos no setor petrolífero. Entre várias outras melhorias, destaca-se a criação, em 2009, da [[Universidade 11 de Novembro]], na cidade de Cabinda.▼
▲Dada a rápida decadência da FNLA enquanto força militar, e a impossibilidade de a UNITA chegar até Cabinda, esta não foi, porém, afetada pelas operações militares, durante e Guerra Civil. Em contrapartida, a FLEC - apesar das suas divisões internas - retomou algum fôlego, menos em termos de ações armadas, mas com uma significativa capacidade de mobilização política.
=== Década de 2010 ===
▲Os conflitos, que duraram longos anos, suscitaram a intervenção de várias forças da sociedade civil de Cabinda, com destaque para a Igreja Católica, com o fim de conseguir a pacificação. Porém, só depois do fim da Guerra Civil, a {{DataExt|1|7|2006}}, foi assinado um "Memorando de Entendimento para a Paz e a Reconciliação da Província de Cabinda", entre o Governo de Angola e o Fórum Cabindês para o Diálogo, órgão da sociedade civil que também integra parte das tendências da FLEC.
No entanto, elementos inconformados da FLEC acabaram por realizar ataques esporádicos contra forças do governo nas selvas e também contra instalações de empresas sediadas no território. Para demonstrar normalidade, Cabinda havia sido escolhida como uma das sub-sedes do [[Campeonato Africano das Nações]] de futebol, organizado por Angola em 2010. A FLEC aproveitou esta oportunidade para levar a cabo um ato terrorista, atacando o autocarro que fazia o transporte da [[Seleção Togolesa de Futebol|selecção do Togo]], matando o motorista e ferindo dois jogadores.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/esportes/mat/2010/01/08/onibus-da-selecao-de-futebol-de-togo-metralhado-915489771.asp|título=Onibus da seleção de futebol de Togo metralhado|autor=|data=|publicado=Globo.com|acessodata=22 de fevereiro de 2011}}</ref> Este ato suscitou fortes reações da comunidade internacional e da parte dos serviços de segurança de Angola.▼
▲Um dirigente da FLEC, António Bento Bembe, passou a integrar o governo de Luanda. Um contingente de bolsas de estudo foi atribuído a pessoas anteriormente envolvidas na oposição ao Estado angolano. O governo do MPLA prometeu atribuir a Cabinda uma parcela maior dos lucros obtidos no setor petrolífero.
Em inícios de março de 2011, as [[Forças Armadas Angolanas]] capturaram o chefe do estado maior das Forças Armadas de Cabinda (FAC; braço armado da FLEC).<ref> Ver ''O País'' (Luanda) de 7/3/2011</ref>
▲A FLEC aproveitou esta oportunidade para levar a cabo um ato terrorista, atacando o autocarro que fazia o transporte da [[Seleção Togolesa de Futebol|selecção do Togo]], matando o motorista e ferindo dois jogadores.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/esportes/mat/2010/01/08/onibus-da-selecao-de-futebol-de-togo-metralhado-915489771.asp|título=Onibus da seleção de futebol de Togo metralhado|autor=|data=|publicado=Globo.com|acessodata=22 de fevereiro de 2011}}</ref> Este ato suscitou fortes reações da parte dos serviços de segurança de Angola.
== Economia ==
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