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== Biografia ==
Filho de Antonio Candeia e dona Maria, nasceu em agosto de [[1935]]. Sambista e boêmio, o pai tocava flauta em rodas de choro e samba na [[década de 1930]] e é considerado o idealizador das [[comissão de frente|Comissões de Frente]] das [[escola de samba|escolas de samba]].<ref name=EMB-1977>{{Citar livro|url= |autor=André Diniz |coautor= |título=Enciclopédia da música brasileira |subtítulo=Erudita, folclórica e popular |idioma=pt |edição=1 |local=São Paulo |editora=Arte Editora |ano=1977 |página=137 |total-páginas=544 |isbn= |acessodata= }}</ref> Tanto sua casa quanto a de dona Ester, ambas localizadas no bairro de [[Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro)|Oswaldo Cruz]], eram frequentadas assiduamente por sambistas, como [[Paulo da Portela]], João da Gente, Dino do Violão, Claudionor Cruz, Cumpadi Cambé, Zé da Fome, Luperce Miranda. Dessas reuniões, acabou nascendo um [[bloco carnavalesco]] que teve vários nomes até chegar a "[[GRES Portela|Bloco Vai Como Pode]]".<ref name=FSP-17-NOV-1978>{{Citar periódico |autor=Isa Cambará |data=17 de novembro de 1978 |titulo=O samba ficou menor; Candeia morreu |jornal=Folha de S.Paulo |numero= |paginas=43 |local=São Paulo |lingua2língua=pt |formato=jornal |acessadoem=3 de novembro de 2014 |aspas= |notas= }}</ref> Desde os seis anos, Candeia frequentava esses encontros e, mais tarde, também participava das rodas musicais. Ainda jovem, aprendeu [[violão]] e [[cavaquinho]], começou a jogar [[capoeira]] e a costumava ir a terreiros de [[candomblé]]. Como integrante da escola de samba [[Vai Como Pode]], ele participou do núcleo original de sambistas que fundou a [[Portela]].<ref name=EMB-1977/>
 
Em [[1953]], Candeia compôs seu primeiro samba para a nova escola de samba, ''"Seis datas magnas"'', em parceria com Altair Marinho, que conseguiu a nota máxima do júri, um fato inédito até então.<ref name=EMB-1977/> Venceu outras quatro seletivas de samba da Portela: ''"Festas juninas em fevereiro"'' ([[1955]]) e ''"Legados de Dom João VI"'' ([[1957]]), ambos em parceria com [[Waldir 59]], ''"Rio, capital eterna do samba"'' e ''"Histórias e tradições do Rio quatrocentão"''.
 
No início da [[década de 1960]], Candeia ingressou na [[Polícia Civil]], assumindo o cargo de investigador. Ganhou fama como policial enérgico e truculento, principalmente com prostitutas e malandros, e chegou mesmo a receber vários prêmios por sua atuação na corporação.<ref name=VARGENS-1987>{{Citar livro|url= |autor=João Baptista M. Vargens |coautor= |título=Candeia, luz da inspiração |subtítulo=|idioma=pt |edição=1 |local=Rio de Janeiro |editora=Martins Fontes/Funarte |ano=1987 |página= |páginas=149 |isbn=85-246-0025-X |acessodata= }}</ref> Sem abandonar o samba, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba, ao lado de Picolino e [[Casquinha da Portela|Casquinha]], que realizou suas primeiras no bar [[Zicartola]] e, mais tarde, em [[1964]], teve lançado um LP.
 
No entanto, sua carreira como policial terminou de modo trágico em dia [[13 de dezembro]] de [[1965]]. Ao se envolver em uma batida de trânsito, acabou surpreendido pelo motorista que lhe desferiu cinco tiros, um deles alojou-se na medula óssea e o deixaria sem movimento nas pernas.<ref name=VARGENS-1987/> Com a paralisia, foi obrigado a se aposentar por invalidez e passou a se locomover em cadeira de roda. A limitação física o levou a mergulhar em uma profunda depressão. Ao mesmo tempo, Candeia pôde se dedicar exclusivamente ao samba, que passaria por profundas mudanças. Segundo pessoas próximas, ele se tornou mais sensível, equilibrado e liberto, corrigindo seu caráter e enriquecendo sua obra como sambista, que atingiria maturidade de caráter lírico e social, mostrando um homem amargurado, mas que tentará resistir.<ref name=VARGENS-1987/> Muitas de suas letras procurariam discutir sua nova condição, tendo no compor e cantar do samba o sentido e o significado de sua vida.bem como ele se dedicou a retomar o legado de seu pai através dos pagodes que comandava. Isso contribuiu para que o sambista começasse a resgatar sua auto-estima.<ref name=VARGENS-1987/>
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Em [[1977]], Candeia participou do álbum "Quatro grandes do samba", que contava também com [[Nelson Cavaquinho]], [[Guilherme de Brito]] e [[Elton Medeiros]]. Também naquele ano, assinou com a gravadora estrangeira [[WEA]], que era mais conhecida no mercado fonográfico por ser voltada a música dos [[Estados Unidos]], fato que gerava críticas a Candeia. O sambista, no entanto, rebatia seus críticos, afirmando que jamais pensou em fazer concessões ao selo.<ref name=FSP-17-NOV-1978/> A WEA lançou "[[Luz da inspiração]]", onde Candeia trabalhou suas reflexões sobre a identidade cultural do negro brasileiro após a abolição. Ainda em 1977, ele começou a escrever o livro "Escola de samba: a árvore que esqueceu a raiz"". Candeia pretendia escrever o livro com [[Paulinho da Viola]] mas por falta de tempo do cantor, a obra foi escrita junto com Isnard de Araújo, devido à sua participação na criação do projeto Museu Histórico da Portela. Inicialmente proposto como um levantamento histórico da escola de samba, aproveitando depoimentos de integrantes da [[Velha Guarda da Portela|Velha Guarda portelense]], o livro aprofundou as ideias de como uma escola de samba deveria se portar, como símbolo de arte e resistência negra.
 
Com problemas nos rins decorrentes da sua paralisia, Candeia foi internado, mas se recusou a continuar o tratamento, alegando que não tinha tempo.<ref name=FSP-17-NOV-1978/> Em [[1978]], seu livro foi finalmente lançado. Ele também conseguiu finalizar a gravação de ''[[Axé!|Axé - Gente amiga do samba]]'', o seu quinto e último álbum, considerado um dos mais importantes discos da história do Samba.<ref>{{Citar livro|url= |autor=André Diniz |coautor= |título=Almanaque do samba |subtítulo=A história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir |idioma= |edição= |local= |editora=Zahar |ano=2010 |página=122 |total-páginas=312 |isbn=978-85-3780-873-3 |acessodata= }}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.dicionariompb.com.br/candeia/dados-artisticos |acessodata=033 de novembro de 2014 |autor= |título=Dados Artísticos|publicado=Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira |língua2língua=pt |citação= }}</ref><ref>{{citar web |url=http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,cristina-canta-ineditas-de-candeia,323221 |acessodata=033 de novembro de 2014 |autor=Laura Lisboa Garcia |coautores= |data=13 de fevereiro de 2009 |título=Cristina canta inéditas de Candeia|publicado=O Estado de S.Paulo |língua2língua=pt |citação= }}</ref> Mas o sambista não viveria para ver seu lançamento. Em [[14 de novembro]] daquele ano, ele teve uma crise aguda que o levou ao coma. O sambista foi internado no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. Seu estado piorou dois dias depois e Candeia morreu na manhã daquela quinta-feira por conta da [[rins|infecção renal]].<ref name=FSP-17-NOV-1978>{{Citar periódico |autor=Isa Cambará |data=17 de novembro de 1978 |titulo=O samba ficou menor; Candeia morreu |jornal=Folha de S.Paulo |numero= |paginas=43 |local=São Paulo |lingua2=pt |formato=jornal |acessadoem=3 de novembro de 2014 |aspas= |notas= }}</ref> Poucos dias depois, a WEA lançou o disco.<ref name=FSP-17-NOV-1978/>
 
==Discografia==
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{{Esboço-músico}}
{{Portal3|Música|Rio de Janeiro}}
 
[[Categoria:Cantores do Rio de Janeiro]]
[[Categoria:Compositores do Rio de Janeiro]]