Jean-Auguste Dominique Ingres: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel |
recicl ligeira |
||
Linha 6:
|imagem_legenda=''Auto-retrato com 24 anos'', 1804 (revisado ca. 1850), pintura a óleo, 78 x 61 cm, Musée Condé.
|nomecompleto =Jean-Auguste Dominique Ingres
|nascimento_data ={{dni|29|08|1780|
|nascimento_local =[[Montauban]]
|morte_data ={{morte|14|1|1867|29|8|1780
|morte_local =[[Paris]]
|nacionalidade ={{
|área =[[
}}
'''Jean-Auguste Dominique Ingres''' (<small>
Filho de um escultor ornamentista, educou-se inicialmente em Toulouse. Depois, formado na oficina de David, permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspectos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da sua posição de académico, ao triunfo do romantismo pictórico representado por Delacroix.
Ingres preferia os [[retrato pictórico|retratos]] e os nus às cenas mitológicas e históricas. Entre os seus melhores retratos contam-se ''Bonaparte Primeiro Cônsul'', ''A Bela Célia'', ''O Pintor Granet'' e ''A Condessa de Hassonville''. Nos nus que pintou (''A Grande Odalisca'', ''Banho Turco'' e, sobretudo, ''A Banhista'') é patente o domínio e a graça com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é ''Apoteose de Homero'', de desenho nítido e equilibrada composição.
Sua obra representa a última grande floração da veneranda tradição de pintura histórica. Também deixou obra notável no [[retrato]] e no nu feminino. Sua pintura tinha um acabamento técnico impecável e a qualidade de sua linha foi sempre altamente elogiada.<ref name="Encyclopædia Britannica Online"/><ref name="Benjamin, 2001. pp. 94-104">Benjamin, 2001. pp. 94-104.</ref> Respeitava profundamente os mestres do passado, assumindo depois da morte de David o papel de paladino da ortodoxia clássica contra a ascensão do Romantismo. Esclareceu sua posição afirmando que seguia ''"os grandes mestres que floresceram naquele século de gloriosa memória quando [[Rafael Sanzio|Rafael]] estabeleceu os eternos e incontestáveis padrões do sublime em arte… Sou, assim, um conservador de boa doutrina, e não um inovador"''.<ref>Condon, et al., 1983, p. 14.</ref>
Linha 26:
===Primeiros anos ===
Ingres foi o primeiro de sete filhos de Jean-Marie-Joseph Ingres (1755–1814) e sua esposa Anne Moulet (1758–1817). Seu pai era um "faz-tudo" nas artes - pintor de [[Iluminura|miniaturas]], [[escultor]], ornatista em pedra e [[músico]] amador - mas sua mãe tinha escassa educação. O pai foi o primeiro incentivador e introdutor do jovem Ingres nas artes, através da música e do desenho..<ref>Arikha, 1986, p. 103.</ref> A partir de 1786 passou a freqüentar a ''Ecole des Frères de l'Education Chrétienne'', mas os estudos foram interrompidos com a [[Revolução Francesa]], e desde ali sua instrução deixou de ser regular, fato que foi sempre causa de insegurança para ele.<ref>Tinterow, Conisbee et al., 1999, pp. 25, 280.</ref>
[[
[[
Em 1791, viajando com o pai, ingressou na academia de arte de [[Toulouse]], onde foi aluno de Jean-Pierre Vigan, Jean Briant e Joseph Roques, artistas competentes mas de pouco gênio, mas cuja admiração por [[Rafael Sanzio|Rafael]] foi assimilada pelo jovem.<ref>Prat, 2004, p. 15.</ref> Seu talento musical recebeu a atenção do [[violinista]] Lejeune, sendo dos 13 aos 16 anos segundo violinista da ''Orchestre du Capitole de Toulouse''. Por ocasião das comemorações da morte de [[Luís XVI]] foi o solista de um concerto para violino de [[Viotti]], recebendo aplausos calorosos. Era um admirador entusiasta de [[Gluck]] e por algum tempo hesitou entre a música e a pintura, optando finalmente pela última, mas levaria por toda a vida o gosto pela outra arte e pelo violino.<ref>{{Googlebooks url|LrwCAAAAIAAJ|460|lk=Wedmore, 1867. p. 460}}</ref>
Linha 37:
=== Temporada em Roma ===
[[
[[
Instalado em um atelier na [[Villa Medici em Roma|Villa Medici]], Ingres continuou seus estudos e, como mandavam os regulamentos de sua bolsa, enviava sua produção a Paris para que seu progresso pudesse ser avaliado. Em 1808 remeteu ''[[Édipo e a Esfinge (Ingres, Louvre)|Édipo e a Esfinge]]'', e a ''[[A Banhista de Valpinçon|Banhista de Valpinçon]]'', para demonstrar sua maestria sobre o nu masculino e o feminino. A crítica não foi muito favorável, reconheceu alguns méritos nos trabalhos, mas também seu afastamento da escola de David, e aconselhou mais estudo dos clássicos.<ref>{{Googlebooks url|LrwCAAAAIAAJ|464|lk=Wedmore, 1867. p. 464}}</ref><ref>Shelton, 2005. p. 141 ´[]</ref> Produziu nesta fase diversos retratos: ''Madame Duvauçay'', ''François-Marius Granet'', ''Edme-François-Joseph Bochet'', ''Madame Panckoucke'', e ''Madame la Comtesse de Tournon''. Sua pensão expirou em [[1810]], mas em vez de retornar à França preferiu permanecer na Itália e buscar patrocínio do governo francês de ocupação.<ref name="Encyclopædia Britannica Online"/>
Linha 49:
=== Florença e o triunfo em Paris ===
[[
[[
Ingres e sua esposa se mudaram para [[Florença]] em 1820 por convite do escultor [[Lorenzo Bartolini]], um antigo amigo de Paris, que esperava que lá o pintor pudesse melhorar suas condições financeiras. Isso não aconteceu, e a sobrevivência do casal novamente dependeu de seus desenhos para turistas. Tampouco a amizade com Bartolini, afamado em toda a Europa e muito requisitado, pôde suportar a disparidade em seu nível social.<ref>Cohn & Siegfried, 1980, pp. 23, 114</ref> No ano seguinte um amigo de infância, Monsieur de Pastoret, requisitou-lhe três pinturas, a ''Entrada de Carlos V em Paris,'' um retrato e a ''Virgem do véu azul'', mas a realização maior do período foi o ''Voto de Luís XIII'', para a catedral de [[Montauban]], encomenda conseguida com a ajuda de Pastoret e que levou quatro anos para ser terminada, levando-a então para Paris para ser exposta depois da insistência de seu amigo Delécluze. Exibido no Salão de 1824, o ''Voto'' rendeu-lhe finalmente o tão almejado sucesso de crítica. Concebida em um estilo rafaelesco e relativamente livre de arcaísmos, pelo que o autor havia sido tão fustigado nos anos anteriores, a composição foi admirada até mesmo pelos mais intransigentes Davidianos, e sua fama correu a França. Em janeiro de 1825, antes do encerramento do Salão, recebeu a Cruz da [[Legião de Honra]] e em junho foi eleito para o [[Instituto de França]].<ref>{{Googlebooks url|LrwCAAAAIAAJ|466|sufixo=&hl=pt-BR#PPA466,M1|lk=Wedmore, 1867. p. 466}}</ref> Mesmo obras anteriormente criticadas como ''A grande odalisca'' passaram a ser bem vistas, com sua divulgação através de estampas, e se tornaram muito populares. Coroando o súbito e enorme sucesso uma encomenda do governo foi o motivo da produção da monumental ''Apoteose de Homero'', cuja recepção foi tão favorável que muitos novos artistas acorreram a ele para serem aceitos como discípulos, fazendo com que ele abrisse seu atelier para dar aulas.<ref>{{Googlebooks url|LrwCAAAAIAAJ|466|sufixo=&hl=pt-BR#PPA466,M1|lk=Wedmore, 1867. pp. 466-467}}</ref>
Linha 59:
=== Anos finais ===
[[
Em 1852, já com setenta e um anos de idade, Ingres casou novamente. A escolhida foi Delphine Ramel, muito mais jovem que ele, e parente de seu amigo Marcotte d'Argenteuil. O segundo casamento foi tão bem sucedido quanto o primeiro, e lhe deu forças para produzir na década seguinte mais uma série de grandes trabalhos. Dentre os mais notáveis estão a ''Apoteose de Napoleão'' (1853) para o [[Hôtel de Ville (Paris)|Hôtel de Ville]] em Paris, infelizmente devorado pelo fogo em [[1871]]; o ''Retrato da Princesa de Broglie'' (1853) e ''Joana d'Arc'' (1854), este com o auxílio provável de assistentes. Em 1855 consentiu em ter uma sala especial para uma retrospectiva de suas obras na Exposição Internacional,<ref>Tinterow, Conisbee et al., 1999, p. 554.</ref> onde ficou claro para todos que ele dava seu melhor nos retratos,<ref>Tinterow, Conisbee et al., 1999, p. 512.</ref> apesar de o artista sempre lamentar o tempo perdido neste gênero, quando preferiria poder se dedicar mais à pintura histórica. Seu ''Retrato de Louis-François Bertin'' de imediato tornou-se um símbolo da [[burguesia]] em ascensão.<ref>Tinterow, Conisbee et al., 1999, p. 300.</ref>
Linha 77:
:: ''"Pensais que vos mando ao Louvre com outro objetivo senão o de encontrardes a mais alta natureza? Se assim fosse eu faria aquilo que tem trazido a decadência à arte. Eu vos mando para os antigos porque os antigos vos mostrarão a natureza, pois os antigos'' são ''a natureza … Pensais que quando vos mando copiá-los quero vos tornar imitadores apenas? Não, quero que desenheis a partir da raiz da árvore"''.<ref>{{Googlebooks url|LrwCAAAAIAAJ|467|lk=Wedmore, 1867. p. 467}}</ref>
A sua influência sobre as gerações posteriores foi considerável, se estendendo até os modernos.<ref>Arikha, 1986, p. 11.</ref> O conservador do Museu Ingres, Pierre Barousse, disse que o caso de Ingres é por certo intrigante quando percebemos a variedade de artistas que se consideram seus devedores, desde [[Alexandre Cabanel|Cabanel]] ou [[William-Adolphe Bouguereau|Bouguereau]] no
[[
[[
[[
=== Técnica e estilo ===
Linha 93:
[[Imagem:Le_Bain_Turc,_by_Jean_Auguste_Dominique_Ingres,_from_C2RMF_retouched.jpg|thumb|230px|''[[O Banho turco (Ingres)|O banho turco]]'', 1862]]
Na década de 1840, quando já passara a expor só em privado, começou a se formar uma espécie de lenda em torno do artista, alimentada por seus admiradores, que exaltava seu caráter pessoal contra o panorama das dificuldades que encontrara junto aos críticos, encorajando uma opinião de que sua vida e sua obra faziam parte de um todo integrado e autoexplicativo. A partir do que se viu como uma nobreza heróica em sua postura se esperava encontrar o mesmo em suas criações plásticas. Essa visão estimulou uma renovação no interesse pelo artista, e nesta época apareceram as primeiras tentativas de situá-lo e definir seu papel na corrente da história da pintura do
Henri Delaborde, escrevendo em 1870, o considerava uma encarnação de uma unidade absoluta e transcendental entre teoria e prática da arte.<ref name=
Mais recentemente a crítica tem continuado a tentar compreender a natureza paradoxal de sua arte e as discrepâncias entre seu discurso e sua prática, e têm reiterado seu papel influente para a pintura moderna. Robert Rosenblum o considerava um dos precursores da linguagem visual do
== Outras obras ==
Linha 136:
* [[Museu Ingres]]
{{Referências
== Bibliografia ==
Linha 168:
== Ligações externas ==
{{Correlatos
|commonscat
|wikiquote
}}
* [http://www.britannica.com/EBchecked/topic/288120/J-A-D-Ingres ''J.-A.-D. Ingres''. Encyclopædia Britannica Online]
Linha 178:
{{Portal3|Biografias|Arte|França}}
{{
{{artigo destacado}}
{{DEFAULTSORT:Ingres, Jean-Auguste Dominique}}
[[Categoria:Jean-Auguste-Dominique Ingres| ]]
[[Categoria:Pintores do neoclassicismo]]
[[Categoria:Pintores do romantismo]]
|