Mestre Ataíde: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 89:
[[File:Mestre Ataíde - Glorificação de Nossa Senhora - Igreja de São Francisco 2.jpg|thumb|300px|''Assunção de Nossa Senhora'', sua obra mais afamada (ver nota <ref>Esta composição também é conhecida como ''Glorificação da Virgem Maria'' ou ''Coroação de Nossa Senhora da Porciúncula''</ref>), no teto da [[Igreja São Francisco de Assis (Ouro Preto)|igreja de São Francisco de Assis]], Ouro Preto.]]
 
Possivelmente sua primeira obra no gênero ilusionístico, noo teto da [[Matriz de Santa Bárbara|Matriz de Santo Antônio]] em Santa Bárbara, ilustrado na seção ''Estilo e temas'', já estabelece seu modelo formal geral, ao qual permaneceu fiel, com poucas variações essenciais, até o fim de sua trajetória. A ilusão arquitetônica se inicia logo na [[cimalha]], onde Ataíde pintou dois consoles em cada lateral da igreja. Sobre cada um deles se ergue um destacado [[pedestal]] e uma [[coluna]], que se ligam ao medalhão central apenas por um concheado que faz as vezes de [[entablamento]]. Outros apoios são figuras de [[atlante]]s, falsos [[pilar]]es, [[púlpito]]s, formas vegetais e [[rocalha]]s. Entre esses suportes há, em cada lateral, um balcão com ornamentação vazada, onde aparecem anjos cantores.<ref name="Encurralado"/>
 
A composição do medalhão central tem uma distribuição de pesos bastante simétrica, representando a ''Ascensão de [[Cristo]]'', assistida pelos doze [[Apóstolos]] e a [[Virgem Maria]]. No alto a composição é rarefeita, dominada pela figura solitária de Cristo, cuja fisionomia feliz e descontraída contrasta com os olhares atônitos de sua pequena plateia, que se agrupa em círculo compacto logo abaixo em torno de um tipo de pedestal, onde estão impressas as marcas dos pés d'Aquele que acabou de subir aos céus, criando uma eficiente dialética visual entre as esferas divina e terrena.<ref name="Encurralado"/><ref name="Morato2"/>
 
O teto da [[Igreja São Francisco de Assis (Ouro Preto)|Igreja de São Francisco de Assis]] em Ouro Preto talvez sejaé sua criação mais afamada. O medalhão central trata da gloriosa ''Assunção da Virgem'', que aparece rodeada por uma orquestra de anjos de todas as idades. Maria tem traços mulatos, como ocorre com vários anjos, e está em atitude de oração assentada num trono de nuvens, rodeada por raios de luz e apoiada em um crescente lunar. A composição é complexa, ricamente colorida e perfeitamente integrada em si mesma e em relação à arquitetura da igreja.<ref name="Encurralado"/> Carla Oliveira afirmou que "ali naquele forro abobadado está cristalizado não só o amálgama entre ambos os estilos [o Rococó e o Barroco] mas, de forma mais contundente, também transparece visualmente o hibridismo do discurso visual construído durante o século XVIII na Capitania das Minas".<ref>Oliveira, Carla (2009), p. 11</ref> Nas palavras de Carlos del Negro,
 
::"O tom aconchegante e acariciante da luz que banha toda a composição do medalhão revela um certo grau de intimidade, consonância e vibração dos habitantes desse céu. Todas as figuras da composição só têm autonomia em função do conjunto. A orquestra é um segundo centro da composição pictórica pois determina a distribuição espacial do músicos. Poderíamos dizer que nesse forro ele pintou uma partitura e executou uma pintura. Essa talvez tenha sido a inovação mais importante da pintura de Ataíde: introduzir no universo iconográfico da pintura religiosa a música; entra-se no céu ao som musical de uma orquestra celestial. A transposição da música para o paraíso, revela o valor estético e sagrado que esta linguagem adquiriu no simbolismo religioso das Minas Gerais".<ref name="Encurralado"/>