Viés de confirmação: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Resgatando 1 fontes e marcando 0 como inativas. #IABot (v2.0beta15)
Kaider (discussão | contribs)
Tradução da primeira parte da seção "História"
Linha 102:
 
De forma geral, os resultados revelaram que as instruções de pesquisa equilibradas aumentaram consideravelmente a incidência de informações contrárias nos argumentos. Esses dados também revelam que crenças pessoais não são uma ''fonte'' de viés de confirmação; contudo, revelam que aqueles participantes que acreditam que um bom argumento é baseado em fatos são mais inclinados a exibirem viés de confirmação que os outros participantes. Essa evidência é consistente com as alegações propostas no artigo de Baron — que as opiniões das pessoas sobre o que constrói um bom raciocínio podem influenciar como os argumentos são gerados.<ref name="Wolfe 2008" />
 
== História ==
 
=== Observação informal ===
Antes dos estudos psicológicos sobre viés de confirmação, o fenômeno já havia sido observado ao longo da história.
 
O historiador grego [[Tucídides]] (ca. 460 a.C. – ca. 395 a.C.) escreveu, em ''[[História da Guerra do Peloponeso]]'', que são hábitos humanos confiar o que almejamos a uma esperança desatenta e usar a razão soberana para colocar de lado o que não concebemos.<ref>{{Thucydides|en|4|108|4|shortref}}</ref><ref>{{Citation |sobrenome1=Tucídides|título=História da Guerra do Peloponeso, página 281, traduzido por Mário da Gama Kury|url=http://funag.gov.br/loja/download/0041-historia_da_guerra_do_peloponeso.pdf|acessodata=2018-08-24}}</ref>
 
O poeta italiano [[Dante Alighieri]] (1265–1321) também tratou do assunto em sua famosa obra ''[[A Divina Comédia]]'', onde [[São Tomás de Aquino]], ao se encontrar com Dante no paraíso, alerta que opiniões apressadas podem comumente se inclinar para o lado errado, de forma que nossa mente é amarrada e confinada pela afeição à nossa própria opinião.<ref>Alighieri, Dante. ''Paradiso'' canto XIII: 118–20. Trans. Allen Mandelbaum</ref><ref>{{Citation |nome1=Dante|sobrenome1=Alighieri|título=A Divina Comédia, ''Paraíso'', canto XIII: 118–20, traduzido por José Pedro Xavier Pinheiro|url=http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/eb00002a.pdf|acessodata=2018-08-24}}</ref>
 
[[Ibne Caldune]] percebeu o mesmo efeito em seu livro ''[[Muqaddimah]]'', onde afirma que a inverdade naturalmente assola a informação histórica. O autor diz que há diversas razões que tornam isso inevitável. Uma delas seria o partidarismo por opiniões e por escolas de pensamento. O autor afirma que, se a alma é infectada pelo partidarismo por uma determinada opinião, ela aceita a informação que condiz com essa opinião sem hesitar sequer por um momento. Preconceito e partidarismo, segundo o autor, obscurecem a faculdade crítica e impedem a investigação crítica, de forma que o resultado seja a aceitação e a transmissão de inverdades.<ref>{{Citation |title=The Muqadimmah |author=Ibn Khaldun |publisher=Princeton University Press |location=Princeton |year=1958 |page=71}}</ref>
 
O filósofo e cientista inglês [[Francis Bacon]] (1561–1626)<ref name="baron195">{{Harvnb|Baron|2000|pp=195–96}}</ref>, em ''[[Novum Organum]]'', observa que uma análise tendenciosa das evidências guiou todas as superstições, fosse na astrologia, nos sonhos, nos presságios, nos julgamentos divinos e afins.<ref name="bacon">Bacon, Francis (1620). ''Novum Organum''. reimpresso em {{Citation |title=The English philosophers from Bacon to Mill |editor-first=E.A. |editor-last=Burtt |publisher=Random House |location=New York |year=1939 |page=36}} via {{Harvnb|Nickerson|1998|p=176}}</ref> Ele escreveu:
 
{{quote|O entendimento humano quando adota uma opinião (...) puxa todas as outras coisas para que apoiem e concordem com ela. E ainda que, no outro lado, haja casos em maior número e peso, ainda assim esse entendimento os nega ou despreza, ou, por alguma disfunção, os deixa de lado ou os rejeita.<ref name="bacon" />}}
 
No segundo volume de sua obra ''[[O Mundo como Vontade e Representação]]'' (1844), o filósofo alemão [[Arthur Schopenhauer]] aponta que "uma hipótese adotada nos dá olhos de lince para tudo que a confirma e nos torna cegos a tudo que a contradiz."<ref>{{Citation|last=Schopenhauer |first=Arthur |title=''The World as Will and Presentation'' |volume=2 |editor1-first=David |editor1-last=Carus |editor2-first=Richard E. |editor2-last=Aquila |location=New York |publisher=Routledge |year=2011 |orig-year=1844 |page=246}}</ref>
 
Em seu ensaio ''[[O que é arte?]]'' (1897), o romancista russo [[Liev Tolstói]] escreveu:
 
{{quote|Eu sei que a maioria dos homens — não apenas aqueles considerados inteligentes, mas também aqueles considerados muito inteligentes, aqueles capazes de entender a maior parte dos problemas difíceis da ciência, da matemática e da filosofia — muito raramente conseguem enxergar até a verdade mais simples e óbvia quando isso requer que eles admitam que suas conlusões formadas anteriormente eram falsas, talvez com muida dificuldade — conclusões das quais eles têm orgulho, as quais eles ensinaram a outras pessoas, e nas quais eles basearam suas vidas.<ref>Tolstoy, Leo. ''What is Art?'' [https://books.google.com/books?id=0SYVAAAAYAAJ&pg=PA124&vq=falsity&dq=tolstoy+%2B+%22what+is+art%22&output=html&source=gbs_search_r&cad=1 p. 124] (1899). In ''The Kingdom of God Is Within You'' (1893), he similarly declared, "The most difficult subjects can be explained to the most slow-witted man if he has not formed any idea of them already; but the simplest thing cannot be made clear to the most intelligent man if he is firmly persuaded that he knows already, without a shadow of doubt, what is laid before him." (ch. 3). Translated from the Russian by Constance Garnett, New York, 1894. [http://www.gutenberg.org/etext/4602 Project Gutenberg edition] released November 2002. Retrieved 2009-08-24.</ref>}}
 
== Ver também ==