Viés político: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 21:
Segundo Bauman, o [[neoliberalismo]] também conhecido como fundamentalismo de livre-mercado tem uma pedagogia própria que defende a irrestrita responsabilidade individual e o [[darwinismo social]],<ref>[[Zygmunt Bauman]], “The Art of Life,” (London: Polity Press, 2008), p. 88 (ISBN:978-0745643267)</ref> sendo que isso se reflete em algumas instituições de ensino superior<ref>Stephen Pender, “An Interview with [[David Harvey|Davidy Harvey]],” Studies in Social Justice 1:1 ([[Inverno]] do [[hemisfério norte]] em 2007), p. 14.</ref> em que o comando delas pré-formata e limita as possibilidades de ensino do professor de adaptar-se as circunstâncias sociais daquela comunidade e que dê autonomia de pensamento ao aluno sem se ancorar de forma enrijecida na linha de pensamento do colégio.<ref>[https://www.brasildefato.com.br/node/32359/ “Grandes grupos econômicos estão ditando a formação de crianças e jovens brasileiros”]</ref><ref>[[Cornelius Castoriadis]], “Democracy as Procedure and democracy as Regime,” Constellations 4:1 (1997), p. 5.</ref> Estudos confirmam também o mal estar de acadêmicos em trabalharem para o ensino superior privado em uma situação similar ao do trabalhador braçal não-regulamentado<ref>[http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/viewFile/14062/10363 Ensino superior particular: terceirização e exploração do trabalho docente]</ref> e existem casos registrados de [[elitismo]] inclusive no curso superior.<ref>[http://www.otempo.com.br/cidades/aqui-aprendemos-a-ser-melhor-que-voc%C3%AA-diz-camisa-de-alunos-do-ibmec-1.1536210 'Aqui aprendemos a ser melhor do que você', diz camisa de alunos]</ref> O uso do termo ''[[genocídio]]'' no pós-[[Segunda Guerra Mundial]] geralmente é descrito como um uso excessivo de um viés político segundo o Edward Said<ref>[[Edward S. Herman]] e [[David J. Peterson|David Peterson]]. The Politics of Genocide, Monthly Review Press: Nova York, 2010, 159 pp. ISBN:978-1-58367-212-9: “During the past several decades, the word ‘genocide’ has increased in frequency of use and recklessness of application, so much so that the crime of the twentieth century for which the word was originally coined often appears debased. Unchanged, however, is the huge political bias in its usage….”</ref> Para Said, a academia deve satisfazer o desejo de um engajamento do acadêmico na sociedade que está em ruínas,<ref>[[Edward Said]], “Humanism and Democratic Criticism,” (Nova Yorque: Columbia University Press, 2004), p. 50.</ref> e outros autores justificam esta afirmação dizendo que a democracia não é uma mercadoria e que necessita de uma formação mínima para que se possa atuar nela.<ref>Woodhouse, H. (2009), Selling Out: Academic Freedom and the Corporate Market, 360pp. Montreal and Kingston: McGill-Queen’s University Press.</ref><ref>[[John Keane]], “Journalism and Democracy Across Borders,” in Geneva Overholser and Kathleen Hall Jamieson, eds. The Press: The Institutions of American Democracy (Nova York: Oxford University Press, 2005), p. 92-114.</ref><ref>H. Arendt, “The Origins of Totalitarianism,” third edition, revised (Nova York: Harcourt Brace Jovanovich, 1968); e J. Dewey, “Liberalism and Social Action,” orig. 1935 (Nova York: Prometheus Press, 1999).</ref> Segundo Kuhn, a quebra de paradigma apenas ocorre quando há um questionamento da estrutura social do pensamento vigente, o que apenas ocorre se a sociedade não estiver engessada.<ref>[[Thomas Kuhn|Kuhn, T.S.]] (1962), The Structure of Scientific Revolutions, 209 pp. Chicago: University of Chicago Press.</ref><ref>[[Ludwik Fleck|Fleck, Ludwik]] (1929/1979), Genesis and Development of a Scientific Fact (trans. Bradley F. and Trenn T.), 121 pp. Chicago: Chicago University Press</ref>
 
O ensino superior na maior parte dos casos está mais preocupado em alardear uma controversa possibilidade de pleno emprego em que valeria a pena o endividamento do que formar cidadãos conscientes e menos [[egoísmo|egoísta]]s.<ref>[[Amartya Sen|Sen, Amartya]] (1977). “Rational Fools: A Critique of the Behavioral Foundations of Economic Theory”, Philosophy and Public Affairs, 6, 317-44.</ref><ref>Press, Eyal and Washburn, Jennifer (2000), “The Kept University”, Atlantic Monthly March 2000, 2-13.</ref><ref>[[Elinor Ostrom|Ostrom, Elinor]] (1990) Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action, 280 pp. Cambridge Mass: Harvard University Press.</ref><ref>[[Mancur Olson|Olson, M.]](1965) [[A Lógica da Ação Coletiva|The Logic of Collective Action]]: Public Goods and the Theory of Groups, 176pp. Cambridge Mass: Harvard University Press.</ref><ref>[[David Hume|Hume, David]] (1960/1888), A Treatise of Human Nature , 709pp. Oxford: Clarendon Press</ref><ref>Doray, B. (1988), From Taylorism to Fordism: A Rational Madness. 229pp. London: Free Association Books.</ref><ref>[[Edward Bernays|Bernays, Edward W.]] (1933), Propaganda, 159 pp. Nova York: Liverright </ref><ref>Armstrong, J. “Sharing One Skin” (1996), The Case Against the Global Economy (ed. Goldsmith E. And Mander J.) San Francisco: Sierra Books, 460-471. </ref><ref>[[Stanley Aronowitz]], “Against Schooling: Education and Social Class,” (Boulder, CO: Paradigm Publishers, 2008), p. xii.</ref><ref>[http://www.nytimes.com/2009/09/06/books/review/Faust-t.html The University’s Crisis of Purpose]</ref><ref>[http://rense.com/general95/amss.html America's Student Loan Racket]</ref><ref> [[Kate Zernike]], “Making College ‘Relevant’,” The New York Times, (January 3, 2010), p. ED16.</ref><ref>[[Charles Wright Mills|C. Wright Mills]], “The Politics of Truth: Selected Writings of C. Wright Mills,” (Nova York: Oxford University Press, 2008), p. 200.</ref><ref>[https://www.opendemocracy.net/article/the-killing-fields-of-inequality The killing-fields of inequality]</ref><ref>An early examination of the inside corporatization of universities, Becker L.C. ed. (2000), Encyclopedia of Ethics, 641pp.</ref><ref>Cornelius Castoriadis, “Democracy as Procedure and democracy as Regime,” Constellations 4:1 (1997), p. 10.</ref> Segundo Ranciére, a suposta isenção política de uma universidade é feita para que as empresas negociem na arena política sem serem incomodadas.<ref>[https://www.sovereignman.com/trends/total-student-debt-in-america-now-exceeds-cost-of-iraq-war-23031/ Total student debt in America now exceeds cost of Iraq War]</ref><ref>Newson, J. e Pollster, C. (2010), Academic Callings: The University We Have Had, Now Have And Could Have, 388 pp.</ref><ref>[[Michel Foucault|Foucault, M.]] (1984), The Foucault Reader (ed. P. Rabinow), 390 pp. Nova York: Pantheon.</ref><ref>Johnstone, D.B. et al (1998) “The Financing and Management of Higher Education: A Status Report on Worldwide Reforms, 56 pp, Washington, D.C.: World Bank.</ref><ref>[[Jacques Ranciere]], “On the Shores of Politics,” (London: Verso Press, 1995), p. 3.</ref> Ainda segundo o autor anterior, a dissidência sistemática a um pensamento dominante remediaria esta problemática.<ref>Fulvia Carnevale and John Kelsey, “Art of the Possible: An Interview with Jacques Rancière,” Artforum, (March 2007), pp. 259-260.</ref> Também existem estudos confirmando a relação entre falta de ética - inclusive para apoiar uma guerra - e uma maior renda do indivíduo<ref>[http://www.pnas.org/content/109/11/4086 Higher social class predicts increased unethical behavior]</ref> e além disso segundo estudos médicos os ricos tendem a naturalizar mais as desigualdades sociais do que a média da população, afirmam em uma escala maior que que o mundo é justo e que apoiam mais medidas punitivas do que reabilitadoras, tendem a justificar a sua posição social com argumentos pré-concebidos<ref name="ncbi">[https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23713698 Social class rank, essentialism, and punitive judgment.]</ref> e a ensinar os seus filhos a colocar na frente os seus próprios interesses em detrimento do bem estar dos outros.<ref>Patel, Raj (2009), The Value of Nothing: Where Everything Costs Much More than We Think, 250pp. Toronto: Harper-Collins</ref><ref>Unequal Freedoms: The Global Market As An Ethical System, 372 pp. Toronto and Westport CT: Garamond and Kumarian</ref><ref>Mackie, J.L. (1977), Ethics: Inventing Right and Wrong, 249 pp. Nova York: Penguin.</ref><ref name="ncbi" />
 
Segundo [[Naomi Wolf]], [[Umberto Eco]] e o resto da academia, uma das características do fascismo é a equivalência entre dissidência e traição, o controle da imprensa, a criação de um [[bode expiatório]] único e o acossamento do inimigo - ora descrito como forte - ora descrito como fraco e pobre.<ref>[https://www.theguardian.com/world/2007/apr/24/usa.comment Fascist America, in 10 easy steps]</ref><ref>[http://www.hartford-hwp.com/archives/27/076.html Facism Anyone?]</ref><ref>[http://www.openculture.com/2016/11/umberto-eco-makes-a-list-of-the-14-common-features-of-fascism.html Umberto Eco Makes a List of the 14 Common Features of Fascism]</ref> Os autores [[Vladimir Lênin]] e [[Hilary Putnam]] apoia a visão que não existem anarquistas de verdade, pois isso seria incorrer no anacronismo em que o indivíduo é refém do viés político da sociedade,<ref>Lenin, V. I. (1961b). Conspectus of Hegel’s Science of Logic. In Stewart Smith (Ed.), Collected Works, Vol. 38 (Clemens Dutt, Trans., pp. 85– 126).</ref><ref>London, UK: Lawrence and Wishart. (Originally published 1930) P. 189</ref><ref>Putnam, Hilary. (1975). The analytic and synthetic. Mind, language and reality: Philosophical papers, volume 2 (pp. 33– 69). New York, NY: Cambridge University Press.</ref> sendo que segundo o primeiro [[Buda]], o indivíduo sozinho não pode alterar o pensamento social sendo que a situação piora quando se tenta fazer isso<ref>Ledi Sayadaw, Requisites of Enlightenment (1999) 256-257</ref> e além disso [[José Martí]] afirmava que ninguém tem o direito de se tornar escravo da liberdade.<ref>Martí, José. (2002). Prologue to Juan Antonio Pérez Bonalde’s poem of Niagara. In Esther Allen (Ed. and Trans.), José Martí: Selected writings (pp. 43– 51). New York, NY: Penguin Books. (Originally published 1882), 50-51.</ref>