Confederação do Equador: diferenças entre revisões

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|legenda = Exército Imperial do Brasil ataca as forças confederadas no [[Recife]], [[1824]].
|outros_nomes =
|participantes = [[ManuelManoel Paes de Andrade]]<br />[[Frei Caneca]]<br />[[João Guilherme Ratcliff]]<br />[[João Metrowich]]<br />[[José de Barros Falcão de Lacerda]]<br />[[Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo|Padre Mororó]]<br />[[James Heide Rodgers]]<br />[[Agostinho Cavalcanti]]<br />[[Nicolau Martins Pereira]]<br />[[Joaquim da Silva Loureiro]]<br />[[Antônio do Monte]]<br />[[Francisco Antônio Fragoso]]<br />[[José Antônio Caldas|Padre José Antônio Caldas]]<br />Entre outros
|localização =
|data = [[2 de julho]] a [[29 de novembro]] de [[1824]]
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[[Imagem:Confederação do Equador.png|thumb|esquerda|300px|Possível mapa da Confederação do Equador]]
 
A dissolução da Assembleia Constituinte por Dom Pedro I do Brasil em fins de 1823 não foi bem recebida em Pernambuco. Os dois maiores líderes liberais na província, [[ManuelManoel Paes de Andrade]] e [[Frei Caneca]], apoiaram-na e consideravam os Bonifácios como culpados pelo ato.<ref name="Dohlnikoff, Miriam 2005, p.56">Dohlnikoff, Miriam. Pacto imperial: origens do federalismo no Brasil do século IX. São Paulo: Globo, 2005, p.56</ref> Ambos, assim como diversos correligionários, eram republicanos que participaram na revolta de 1817 e haviam sido perdoados.<ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.44">NOSSA HISTÓRIA. Year 3 issue 35. São Paulo: Vera Cruz, 2006, p.44</ref> Aceitaram a monarquia por acreditarem que ao menos teriam autonomia provincial. A promulgação da Constituição em 1824, com o seu regime altamente centralizado, frustrou os seus desejos.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464">Enciclopédia Barsa. Volume 5: Camarão, Rep. Unida do – Contravenção. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1987, p.464</ref><ref name="VAINFAS, Ronaldo 2002, p.161">VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p.161</ref> Pernambuco estava dividida entre duas facções políticas, uma monarquista, liderada por [[Francisco Pais Barreto]] e outra liberal e republicana, liderada por Pais de Andrade.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/> A província era governada por Pais Barreto, que havia sido nomeado Presidente por Dom Pedro I, de acordo com a lei promulgada pela Assembleia Constituinte em [[20 de outubro]] de 1823 (e que depois seria mantida pela Constituição).<ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.44"/><ref name="VAINFAS, Ronaldo 2002, p.161"/><ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.432">VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.432</ref> Em 13 de dezembro de 1823, Pais Barreto renunciou ante a pressão dos Liberais, que ilegalmente elegeram Pais de Andrade.<ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.44"/> Pedro I e nem o Gabinete foram informados da eleição e requisitaram a recondução de Pais Barreto ao cargo, algo que foi ignorado pelos Liberais.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/><ref>NOSSA HISTÓRIA. Year 3 issue 35. São Paulo: Vera Cruz, 2006, p.44-45</ref>
 
Dois navios de guerra (Niterói e Piranga) foram enviados ao Recife para fazer a lei ser obedecida. O comandante da pequena divisão naval, o britânico [[John Taylor]], não alcançou sucesso.<ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.432"/><ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.45">NOSSA HISTÓRIA. Year 3 issue 35. São Paulo: Vera Cruz, 2006, p.45</ref> Os Liberais recusaram-se veementemente a reempossar Pais Barreto e alardearam: "morramos todos, arrase-se Pernambuco, arda à guerra".<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/><ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.46">NOSSA HISTÓRIA. Year 3 issue 35. São Paulo: Vera Cruz, 2006, p.46</ref> Frei Caneca, José da Natividade Saldanha e João Soares Lisboa (que havia há pouco retornado de Buenos Aires) eram os intelectuais da rebelião que buscava preservar os interesses da aristocracia que representavam.<ref name="Dohlnikoff, Miriam 2005, p.56"/><ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/> Apesar do evidente estado de rebelião em que a cidade de Recife se encontrava, Dom Pedro I tentou evitar um conflito que considerava desnecessário e nomeou um novo presidente para a província, José Carlos Mayrink da Silva Ferrão. Mayrink era proveniente da província de Minas Gerais, mas era ligado aos Liberais e poderia atuar como uma entidade neutra para conciliar as duas facções locais. Entretanto, os Liberais não aceitaram Mayrink, que retornou ao Rio de Janeiro.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/><ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.432"/><ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.46"/> Os rumores de um grande ataque naval português (o Brasil ainda estava em guerra por sua independência) obrigaram John Taylor a se retirar de Recife.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/><ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.433">VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.433</ref>
[[Imagem:Bandeira da Confedereção do Equador.png|thumb|300px|Bandeira Confederada]]
Em 2 de julho de 1824, apenas um dia após a partida de Taylor, ManuelManoel Paes de Andrade aproveitou a oportunidade para proclamar a independência da província de Pernambuco. Pais de Andrade enviou convites às demais províncias do norte e nordeste do Brasil para que se unissem a Pernambuco e formassem a Confederação do Equador. Em tese, o novo Estado republicano seria formado pelas províncias do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Pernambuco. Contudo, nenhuma delas aderiu à revolta separatista, com a exceção de algumas vilas da Paraíba e vilas do Ceará, sendo as vilas desse Estado, comandadas por Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Mello, mais conhecido por [[Padre Mororó]], que é quem reúne a câmara de Quixeramobim, em 9 de janeiro de 1824, nos sertões nordestinos, para proclamar a deposição da dinastia dos Bragança.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.464"/><ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.45"/><ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.433"/><ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.176">LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.176</ref> No Ceará a situação tornou-se séria com a deposição do Presidente Pedro José da Costa Barros que foi substituído pelo confederado [[Tristão Gonçalves]] de Alencar Araripe, presidente do governo da Província do Ceará, padre [[Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo|Gonçalo Inácio de Albuquerque Mororó]], então secretário do governo provisório e com o apoio do capitão-mor do Crato [[José Pereira Filgueiras]] que veio aderir ao movimento. Ambos, passaram a ser nacionalmente reconhecidos como líderes deste movimento na província. As demais cidades e vilas da província não aceitaram o ato e contra-atacaram. Eles então, partiram para o interior onde tentaram derrotar as tropas legalistas e na sua ausência a capital da província, Fortaleza, reafirmou a sua lealdade ao Império. Padre Mororó, espalhou pelo Icó, São Bernardo das Russas e Aracati o brio revolucionário. E, José Pereira Filgueiras com Tristão Gonçalves de Alencar Araripe comandaram a adesão do Crato.<ref>VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.435-436</ref> O Ceará foi, depois de Pernambuco, o estado que mais ativamente tomou partido na rebelião.
 
O Imperador, com a carta régia de 25 de julho de 1824, tinha com ela a finalidade de julgar e sentenciar os revoltosos confederados. O decreto de criação da comissão era, em si, quase uma exigência de condenação, ordenando que os réus fossem processados de forma sumária e verbal pela comissão. Em Pernambuco, Pais de Andrade pode contar somente com a colaboração de Olinda, enquanto o restante da província não aderiu à revolta. O líder confederado organizou suas tropas, inclusive alistando a força crianças e velhos, sabendo que o governo central não tardaria a enviar soldados para atacar os confederados.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465">Enciclopédia Barsa. Volume 5: Camarão, Rep. Unida do – Contravenção. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1987, p.465</ref><ref name="NOSSA HISTÓRIA 2006, p.46"/> Pedro I, ao saber do levante secessionista, falou: "O que estavam a exigir os insultos de Pernambuco? Certamente um castigo, e um castigo tal que se sirva de exemplo para o futuro".<ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.176"/>
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Pais Barreto arregimentou tropas para debelar a revolta, mas acabou sendo derrotado e permaneceu no interior da província a espera de reforço.<ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.433"/> Em 2 de agosto o Imperador enviou uma divisão naval comandada por Cochrane, composta por uma nau, um brigue, uma corveta e dois transportes, além de 1.200 soldados liderados pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465"/><ref>SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p.139</ref> As tropas desembarcaram em Maceió, capital da província de Alagoas, de onde partiram em direção a Pernambuco. As forças legalistas logo se encontraram com Pais Barreto e 400 homens que se uniram à marcha. Ao longo do caminho, as tropas foram reforçados por milicianos que aumentaram o contingente para 3.500 soldados.<ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.179">LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.179</ref><ref>SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p.140</ref> A maior parte da população de Pernambuco, que vivia no interior, incluindo os partidários de Pais Barreto e mesmo os neutros ou indiferentes a disputas entre as facções, permaneceu fiel a monarquia.<ref name="SOUZA 2008, p.141">SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p.141</ref>
 
Enquanto isso, Cochrane, que já se encontrava em Recife bloqueado a cidade, buscou convencer Pais de Andrade a render-se e assim evitar mortes desnecessárias. Andrade arrogantemente recusou a oferta, alegando que preferiria morrer lutando "no campo da glória".<ref name="VIANNA, Hélio 1994, p.433"/><ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465"/><ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.179"/> Em 12 de setembro as forças terrestres lideradas pelo Brigadeiro Lima e Silva e Pais Barreto atacaram Recife.<ref name="SOUZA 2008, p.141"/> ManuelManoel Paes de Andrade, que jurara lutar até a morte, fugiu escondido sem sequer avisar a seus homens juntamente com Natividade Saldanha e partiram para num navio britânico.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465"/><ref name="SOUZA 2008, p.141"/> Os rebeldes, sem liderança e desmotivados, foram completamente derrotados cinco dias mais tarde.<ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.180">LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.180</ref> Alguns poucos liderados por frei Caneca lograram escapar e foram em direção ao Ceará. Acreditavam poder unir forças com os revoltosos daquela província. Poucas semanas mais tarde foram completamente derrotados por tropas legalistas. Alguns morreram, como João Soares Lisboa,<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465"/> e Alencar Araripe (assassinado por seus próprios homens),<ref>VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.436</ref> enquanto outros foram encarcerados, como Caneca.<ref name="LUSTOSA, Isabel 2007, p.180"/> Não tiveram melhor sorte os rebeldes na Paraíba, que foram aniquiladas rapidamente por tropas da própria província.<ref>VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.434-435</ref> O processo judicial para apurar os culpados iniciou-se em outubro de 1824 e estendeu-se até abril de 1825. Das centenas de pessoas que participaram da revolta nas três províncias, somente 15 foram condenadas à morte, dentre elas, Frei Caneca e Padre Mororó.<ref name="Enciclopédia Barsa 1987, p.465"/><ref>SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p.142</ref><ref>LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.182</ref> As execuções das lideranças puseram fim ao movimento, cujo lema era "Religião, Independência, União e Liberdade", e custaram a Província de Pernambuco a perda de parte de seu território (a antiga [[Comarca do Rio de São Francisco]]), incorporada à província da Bahia. O movimento deixou também um rastro de rivalidades mortais, estagnação econômica e confrontos políticos por toda a região. Todas as demais foram perdoadas por Pedro I em 7 de março de 1825.<ref>VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, monarquia e república. 15. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994, p.435</ref>
 
== Pernambuco ==
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No entanto, [[Pedro I do Brasil|Dom Pedro]] dissolveu a Assembleia Constituinte em [[1823]] e outorgou uma constituição no ano seguinte, extremamente centralizadora. A semente da revolta se plantou, e os jornais - notadamente o ''[[Typhis Pernambucano]]'', dirigido por [[Frei Caneca]] - criticavam dura e abertamente o governo imperial. Vários antigos revoltosos, anistiados em [[1821]], novamente conspiravam. Foi fundada a Sociedade Patriótica Pernambucana, em 1822, durante o governo de [[Gervásio Pires]], pelo padre [[Venâncio Henriques de Resende]], reunindo figuras da política local, inclusive Frei Caneca.
 
Em [[15 de setembro]] de 1823, segundo Evaldo Cabral de Melo, "''um movimento castrense prendeu o governador das armas nomeado pelo Imperador e forçou a renúncia do presidente da Junta dos Matutos, [[Afonso de Albuquerque Maranhão]], reduzindo-a ao triunvirato composto de [[Francisco Pais Barreto]], [[Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque]], futuro visconde de Suassuna, e [[Manuel Inácio Bezerra de Melo]].''" [[Cipriano Barata]] foi intimado, seu jornal atacado, e a Junta o intimou a viajar para o Rio de Janeiro, assumir na Assembleia Constituinte a cadeira para a qual fora eleito. Expirado o prazo, Barata seria expulso de Pernambuco, purgando sete anos de cárcere em Salvador e no Rio. A chefia do movimento autonomista passou assim a [[ManuelManoel Paes de Andrade]].
 
Em dezembro a posição do triunvirato era insustentável. Haviam desembarcado no Recife as tropas pernambucanas que, chefiadas por [[José de Barros Falcão de Lacerda]], haviam participado da luta na Bahia contra as forças do brigadeiro [[Inácio Luís Madeira de Melo]]. Eram contingentes euforizados pela vitória, politizados na luta contra o [[Exército Português]]. E a [[13 de dezembro]], regressaram os deputados da província à Constituinte, que traziam a notícia de sua dissolução pelo imperador no mês anterior. A Câmara de [[Goiana]] rebelou-se, como em 1821, recebendo adesões.
 
Soube-se que o Imperador, pela carta de lei de [[20 de outubro]] de 1823, havia substituído o sistema das antigas Juntas pelo de presidentes da província e de comandantes das armas de nomeação imperial. Decidiu-se formar uma Junta Provisória, pare evitar acefalia, e foi eleito chefe ManuelManoel Paes de Andrade. Ignorava-se no Recife que [[Pedro I do Brasil|Dom Pedro I]], no que se considera ''"um erro de proporções máximas"'', já havia escolhido Pais Barreto para a presidência de Pernambuco e como comandante das armas José de Barros Falcão de Lacerda, ligado aos autonomistas.
 
A Junta Provisória reuniu-se em janeiro de 1824, manifestando sua repulsa à escolha de um indivíduo que ''"havia sobejamente demonstrado sua incompetência para o exercício do poder, a que havia renunciado por sua livre e espontânea vontade"''. Rogava ao Imperador reconsiderar a escolha e avisava que se manteria no poder. Pais Barreto insistia em tomar posse, contando preparar nos quartéis uma reação armada. O morgado do Cabo retirou-se com sua gente para o sul, onde contava com a cumplicidade do governo de Alagoas.
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Mas a corte ignorou o apelo de 8 de janeiro e enviou uma flotilha, comandada pelo inglês Taylor, para garantir a posse de Pais Barreto. Taylor partiu do Rio em março de 1824, e a 1º de abril convidava Paes de Andrade a entregar o poder a Pais Barreto, sob pena de bloqueio a Recife. A Junta decidiu conservá-lo à frente da província, enviando delegação ao Rio. Taylor ordenou então o bloqueio do porto. Quando a delegação chegou ao Rio em maio de 1824, o imperador havia recuado e derrogado por decreto de [[24 de abril]] de 1824 a nomeação de Pais Barreto.
 
Estava escolhido para a presidência [[José Carlos Mairink da Silva Ferrão]], mineiro vindo para Pernambuco em [[1808]], casado com filha de uma das famílias abastadas do Recife. Era aceitável para as partes porque se mantivera equidistante nas lutas. A delegação foi informada ainda que Dom Pedro I jamais aceitaria ManuelManoel Paes de Andrade, detestado pelas medidas contra os portugueses e o comércio lusitano do Recife.
 
Entretanto, Mairink recusou-se a assumir o poder, provavelmente temeroso da situação demasiado polarizada. Apesar da promessa imperial de anistia para os carvalhistas, ninguém acreditava que fosse medida geral. A questão pernambucana voltava à estaca zero e a partir de então o conflito armado passou a se tornar inevitável.
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Em [[11 de junho]] de 1824, para concentrar suas forças, Dom Pedro I deu ordem a Taylor para levantar o bloqueio do Recife. Ainda a 30 de junho Manuel de Carvalho prometia reforços.
 
Em [[2 de julho]] de 1824 submetido por pressão incrível de seus partidários, [[ManuelManoel Paes de Andrade]] proclamou a Confederação do Equador, aproveitando a oportunidade única da partida de Taylor para realizar o velho sonho autonomista. Pensam historiadores que esperava forçar o Rio a negociar uma fórmula constitucional que garantisse a autonomia provincial no âmbito de um Império constitucional, mas é certo que muitos pensavam na adoção de um regime republicano.
 
Apoio intelectual lhe vinha de frei Caneca, do poeta Natividade Saldanha. Dirigiu proclamações aos brasileiros do Norte e enviou emissários para as demais províncias do Nordeste (então Norte). Conseguiu apoio do [[Ceará]], do [[Rio Grande do Norte]] e da [[Paraíba]]. Formou-se assim a Confederação do Equador propriamente dita, que pretendia organizar um país independente do Brasil — embora essa não fosse a intenção de muitos dos revoltosos. Desejavam que o Brasil se organizasse de maneira análoga "às luzes do século", segundo o "sistema americano" e não segundo o exemplo da "encanecida Europa", com ênfase na federação e não na república - maneira mais indicada de manter a união dos autonomistas com os republicanos puros.