Superstição: diferenças entre revisões

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[[File:Zagallocomemora.jpg|right|thumb|350px|[[Mário Jorge Zagallo]], conhecido por adorar o [[treze|número 13]], afirmou que o número ajudou a [[Seleção Brasileira de Futebol|Seleção Brasileira]] a garantir classificação para a [[Copa do Mundo FIFA de 2006|Copa do Mundo de 2006]], na [[Alemanha]].<ref>esportes.terra.com.br: [http://esportes.terra.com.br/mundial2006/interna/0,,OI654541-EI1773,00-Zagallo+diz+que+supersticao+do+ajudou+o+Brasil.html Zagallo diz que superstição do 13 ajudou o Brasil] ([[4 de setembro]] de [[2005]])</ref>]]
 
A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força [[sobrenatural]], que pode inclusive ser de origem [[Religião|religiosa]],<ref name="superstição">"superstição", em Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/superstição [consultado em 21-10-2013].</ref> agiu para promover a suposta causalidade.
 
Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em [[tradição|tradições populares]], normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Para os [[Ceticismo|céticos]], em geral superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas ações (voluntárias ou não) tais como [[reza]]s, [[cura]]s, conjuros, [[feitiços]], maldições ou outros [[ritual|rituais]], possam influenciar de maneira transcendental a [[vida]] de uma pessoa.
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A palavra "superstition" foi usada pela primeira vez em inglês no século 15, modelada a partir do francês. A palavra francesa, junto com seus cognatos românicos (''superstizione''em italiano, ''supersticón'' em espanhol, superstição em português, ''superstició'' em catalão) continua o termo latino ''superstitio''.
 
Enquanto a formação da palavra latina é clara, do verbo ''[[:wikt:supersto#latim|super-stare]]'', "ficar em pé, ficar em pé, sobreviver", seu sentido original é menos claro . Pode ser interpretado como "ficar de pé sobre algo espantado ou admirado",<ref>"orig. a standing still over or by a thing; hence, amazement, wonder, dread, esp. of the divine or supernatural." Charlton T. Lewis, Charles Short, [http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=superstitio&fromdoc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0059 A Latin Dictionary].</ref> mas outras possibilidades foram sugeridas, e. o sentido de "excesso", ou seja, excesso de escrúpulos ou excesso de cerimônia na realização de ritos religiosos, ou então a "sobrevivência" de velhos hábitos religiosos irracionais..<ref>{{cite bookcitar livro|titletítulo=Oxford Latin Dictionary |publisherpublicado=Oxford University Press |yearano=1982 |locationlocal=Oxford, England}}</ref><ref>{{cite bookcitar livro|lastúltimo =Turcan |firstprimeiro =Robert |others=Nevill, Antonia (trans.) |titletítulo=The Cults of the Roman Empire |publisherpublicado=Blackwell |locationlocal=Oxford, England |yearano=1996 |pagespáginas=10–12 |isbn=978-0-631-20047-5}}. {{cite bookcitar livro|titletítulo=Oxford English Dictionary |publisherpublicado=Oxford University Press |locationlocal=Oxford, England |yearano=1989 |editionedição=Second |quotecitação=The etymological meaning of L. superstitio is perhaps ‘standing over a thing in amazement or awe.’ Other interpretations of the literal meaning have been proposed, e.g., ‘excess in devotion, over-scrupulousness or over-ceremoniousness in religion’ and ‘the survival of old religious habits in the midst of a new order of things’; but such ideas are foreign to ancient Roman thought.}}</ref>
 
== História ==
 
O mais antigo uso conhecido como substantivo latino ocorre em [[Plautus]], [[Ennius]] e depois por [[Plínio, o Velho | Plínio]], com o significado de "arte da adivinhação".<ref>{{citecitar web |url=http://www.giornopaganomemoria.it/superstitio.html|languagelíngua=Italian|authorautor =Manuela Simeoni|titletítulo=Uso della parola superstitio contro i pagani|datedata=2011-09-04}}</ref>
 
Desde o seu uso no [[latim clássico]] de [[Livy]] e [[Ovid]] (século I aC), o termo é usado no sentido pejorativo que ainda detém hoje, de um medo excessivo dos deuses ou crença religiosa irracional, em oposição a "[[:wikt:religio|religio]]", o devir apropriado e razoável dos deuses. [[Cícero]] derivou o termo de ''superstitiosi'', aqueles que são "de sobra", ou seja, "sobreviventes", "descendentes", conectando-o com a ansiedade excessiva dos pais na esperança de que seus filhos sobrevivam para realizar seus ritos funerários necessários.<ref>[[Cicero]], ''[[De Natura Deorum]]'' '''II''', '''28''' (32), quoted in {{cite bookcitar livro|lastúltimo =Wagenvoort |firstprimeiro =Hendrik |authorlinkautorlink =Hendrik Wagenvoort |titletítulo=Pietas: selected studies in Roman religion |publisherpublicado=Brill |locationlocal=Leiden, Netherlands |yearano=1980 |pagepágina=236 |isbn=978-90-04-06195-8}}</ref> Enquanto [[Cícero]] distingue entre "religio" e "superstitio", [[Lucrécio]] usa apenas o termo "religio" (apenas com significado pejorativo). Ao longo de todo o seu trabalho, ele distinguiu apenas entre "ratio" e "religio".
 
Os politeístas gregos e romanos, que modelavam suas relações com os deuses em termos políticos e sociais, desprezavam o homem que constantemente tremia de medo ao pensar nos deuses, como um escravo temia um mestre cruel e caprichoso. Tal medo dos deuses era o que os romanos queriam dizer com "superstição" (Veyne 1987, p.&nbsp;211).
 
A ''[[Encyclopédie]]'', de [[Diderot]], definiu a superstição como "qualquer excesso de religião em geral", e a liga especificamente ao [[paganismo]].<ref>{{Cite journalcitar periódico|url=http://quod.lib.umich.edu/cgi/t/text/text-idx?c=did;cc=did;rgn=main;view=text;idno=did2222.0000.629 |titletítulo=Superstition |journalperiódico=Encyclopedia of Diderot & d'Alembert - Collaborative Translation Project |accessdateacessodata=1 Aprilde abril de 2015|datedata=2010-10-10 |last1último1 =Louis |first1primeiro1 =Chevalier de Jaucourt (Biography) }}</ref>
 
Em seu ''Prelúdio sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja'', [[Martinho Lutero]] (que chamou o papado de "fonte e fonte de todas as superstições") acusa os papas de superstição:
<blockquote>Pois havia escassos outros dos célebres bispados que tinham tão poucos eruditos pontífices; somente na violência, na intriga e na superstição, até agora, superou o resto. Para os homens que ocuparam os romanos, há mil anos, diferem tão vastamente daqueles que, desde então, chegaram ao poder, é-se obrigado a recusar o nome do pontífice romano tanto para o primeiro como para o segundo.<ref name="Steinhaeuser1915">{{citation |mode=cs1 |url=https://books.google.com/books?id=Q3xIAAAAMAAJ |titletítulo=Works of Martin&nbsp;Luther: With Instructions and Notes |datedata=1915 |pagepágina=291 |chaptercapítulo=The Babylonian Captivity §&nbsp;The Sacrament of Extreme Unction |chapter-urlcapítulourl=https://books.google.com/books?id=Q3xIAAAAMAAJ&pg=PA291 |lastúltimo =Luther |firstprimeiro =Martin |editor1editor-lastsobrenome1 =Jacobs |editor1editor-firstnome1 =Henry Eyster |editor2editor-lastsobrenome2 =Spaeth |editor2editor-firstnome2 =Adolph |translator-last=Steinhaeuser |translator-first=Albert&nbsp;T.&nbsp;W. |publisherpublicado=A.&nbsp;J. Holman Company |locationlocal=Philadelphia |volume=2 |lccn=15007839 |oclc=300541097 |quotecitação=For there was scarce another of the celebrated bishoprics that had so few learned pontiffs; only in violence, intrigue, and superstition has it hitherto surpassed the rest. For the men who occupied the Roman&nbsp;See a thousand years ago differ so vastly from those who have since come into power, that one is compelled to refuse the name of Roman pontiff either to the former or to the latter.}}</ref></blockquote>
 
O atual "Catecismo da Igreja Católica" considera a superstição no sentido de que denota "um excesso perverso de religião", como demonstra a falta de confiança na [[providência divina]] (¶ 2110), e uma violação do primeiro dos [[Dez Mandamentos]].