Imigração italiana no Rio Grande do Sul: diferenças entre revisões

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No início do século XX a zona colonial havia estabelecido uma próspera atividade econômica, tornando-se um dos principais centros produtores do estado. Embora muito diversificada, a produção era liderada pelas viníferas, que a esta altura eram em conjunto o maior produtor de vinho do Brasil, tendo ganhado muitos prêmios nacionais e internacionais. Mas o setor do vinho vivia numa crise crônica e os lucros eram oscilantes. Nesta época foi feita uma experiência de [[cooperativismo]] em larga escala sob a égide do técnico italiano [[Giuseppe di Stefano Paternó|Giuseppe Paternó]], convidado pelo governo estadual, a fim de melhorar a qualidade do produto e torná-lo mais competitivo, combater as falsificações e os intermediários, diversificar a produção com castas finas e intensificar a troca de experiências entre os produtores, mas ela acabou fracassando.<ref>Santos, Sandro Rogério dos. "Stefano Paternó e a Construção do Empreendedorismo Cooperativo na Serra Gaúcha". In: Fay, Claudia Musa & Ruggiero, Antonio de (orgs.). ''Imigrantes Empreendedores na História do Brasil: estudos de caso''. EdiPUCRS, 2014, pp. 141-155</ref><ref>Picolotto, Everton Lazzaretti. ''As Mãos que Alimentam a Nação: agricultura familiar, sindicalismo e política''. Tese de Doutorado. UFRRJ, 2011, pp. 55-65</ref><ref>Santos, Sandro Rogério dos. ''A Construção do Cooperativismo em Caxias do Sul: cooperativa vitivinícola Aliança (1931-2011)''. Tese de Doutorado. PUCRS, 2011, pp. 41-97</ref>
 
Apesar do expressivo sucesso da produção rural, com o passar dos anos outros problemas começavamcomeçaram a avultar. Os italianos geralmente transferiam toda a terra para um dos filhos, geralmente o mais novo, que iria cuidar dos pais na velhice. Às vezes os lotes eram subdivididosdivididos entre os irmãos, mas seu tamanho pequeno logo colocou um impedimento para divisões sucessivas. Os deserdados precisavam partir em busca de outras colocações, iniciando um grande êxodo populacional para novas colônias que iam surgindo ou para outros estados, que se acentuou no entre-guerras, quando a cultura italiana foi reprimida pelo programa nacionalista de [[Getúlio Vargas]] e o sistema de produção regional passou a se concentrar na indústria e no comércio. Os investimentos escoavam principalmente para as cidades, já em rápido crescimento, aumentando os problemas no campo, cujos artigos — incluindo os artesanatos — sofriam crescente concorrência de importados e industrializados e passavam a ficar dependentes de intermediários para seu escoamento. Boa parte daqueles filhos sem terra e sem futuro definido acabou se refugiando nas cidades e se tornando parte do [[proletariado]] operário e comerciário.<ref name="Rovílio"/><ref name="Associação">Machado, Maria Abel & Herédia, Vania Beatriz Merlotti. "Associação dos Comerciantes: Uma Forma de Organização dos Imigrantes Europeus nas Colônias Agrícolas no Sul do Brasil". In: ''Scripta Nova — Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales'', 2001; 94 (28)</ref><ref>Herédia, Vânia Beatriz Merlotti. ''Processo de Industrialização da Zona Colonial Italiana''. EDUCS, 1997, pp. 166-167.</ref>
 
==As cidades coloniais==