Batalha de Poitiers (732): diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 12:
| comandante1=[[Carlos Martel]]
| comandante2=[[Abderramão ibne Abdalá Algafequi|Algafequi]]{{KIA}}
| for1= Estima-se de
| for2= Estima-se de
| baixas1=
| baixas2=
}}
A '''Batalha de Poitiers''', também conhecida como '''Batalha de Tours''', travou-se entre o exército do [[Reino Franco]], liderados por [[Carlos Martel]] — prefeito do palácio de Paris, da dinastia [[Dinastia carolíngia|Carolíngia]], governante ''[[de facto]]'' do reino — e os [[mouros]], do exército do [[
Esta batalha é citada como sendo o marco do final da [[invasão muçulmana da Península Ibérica|expansão muçulmana]] na [[Europa medieval]].
== Importância ==
O [[emirado]] de [[Córdoba (Espanha)|Córdoba]] havia invadido anteriormente a [[Gália]], tendo sido parado no seu avanço mais ao norte na [[Batalha de Tolosa (721)|Batalha de Tolosa]], em 721. O herói do evento, que é menos celebrado, foi
Embora
A [[batalha de Tours]] deu, a Carlos, o [[cognome]] "Martel", pela crueldade com que ele batia seus inimigos com sua arma de escolha, o martelo de guerra. Muitos historiadores, incluindo o grande historiador militar ''sir'' Edward Creasy, acreditam que, tivesse ele fracassado em Tours, o [[Islã]] provavelmente teria invadido a Gália e, talvez, o restante da Europa cristã ocidental. [[Edward Gibbon]] acredita claramente que os muçulmanos teriam conquistado de [[Roma]] ao [[rio Reno]] e até mesmo a [[Inglaterra]] com facilidade, caso Carlos Martel não vencesse. Creasy diz que "a grande vitória obtida por Carlos Martel… deteve decisivamente o avanço árabe na conquista da Europa Ocidental, salvando a cristandade do Islã, [e] preservando as relíquias da [[Antiguidade]] e as origens da civilização moderna". Para Gibbon, o fato de a cristandade depender dessa batalha é ecoado por outros historiadores incluindo William E. Watson e era muito popular em [[historiografia]]. Ficou um pouco fora de moda no {{séc|XX}}, quando historiadores como Bernard Lewis sustentaram que os árabes não tinham grandes intenções em ocupar o norte da [[França]]. Não obstante, muitos historiadores em tempos recentes tendem novamente a ver a batalha de Tours como um evento bastante significativo na história da Europa e da cristandade.
Linha 33:
== Batalha ==
A Batalha de Tours ocorreu provavelmente em algum lugar entre [[Tours]] e [[Poitiers]] (daí seu outro nome: Batalha de Poitiers). O exército [[francos|franco]], liderado por [[Carlos Martel]], consistia principalmente de uma [[infantaria]] experiente, com algo entre
[[Odão da Aquitânia|Odo]] e a nobreza da [[Aquitânia]] também estavam geralmente na [[cavalaria]], mas eles também desmontaram no princípio da batalha, como suporte às falanges. Respondendo à invasão [[muçulmanos |muçulmana]], os francos evitaram as antigas [[Estrada romana|estradas romanas]], na esperança de pegar os invasores de surpresa. Martel acreditava que era absolutamente essencial que ele não apenas pegasse os muçulmanos de surpresa, mas que isso lhe permitisse escolher o campo onde a batalha seria disputada – preferencialmente uma elevação, plana e coberta de árvores onde os cavaleiros islâmicos, já cansados de carregar as armaduras, seriam mais exigidos com uma subida. Depois, a floresta ajudaria os francos na sua formação defensiva por impedir parcialmente a habilidade dos cavaleiros muçulmanos em fazer um ataque sem dificuldades.
Linha 40:
Das considerações muçulmanas da batalha, verifica-se que eles foram realmente tomados de surpresa ao encontrar uma grande força de oposição ao seu esperado saque a Tours, e esperaram por seis dias, reconhecendo o inimigo e reunindo todos os seus exércitos de ataque de forma que uma concentração plena estava presente no campo de batalha. O emir Abderramão Algafequi era um general competente que não gostou de desconhecer tudo e não gostou do esforço de subida contra um número desconhecido de inimigos que pareciam bem disciplinados e dispostos para a batalha. Mas o clima também era um fator. Os francos germânicos, em suas peles de lobo e urso, estavam mais acostumados ao frio, melhor vestidos para isso e, apesar de não possuírem tendas como as que os muçulmanos possuíam, estavam preparados para esperar tanto quanto fosse necessário.
No sétimo dia, o exército muçulmano, formado principalmente por cavaleiros berberes e árabes liderados por Algafequi, atacou.
Martel conseguiu convencer seus homens a permanecerem firmes contra uma força que lhes parecia invencível, uma grande quantidade de cavaleiros, que, além disso, era provavelmente muito superior ao número de francos. Em uma das raras ocorrências onde a infantaria medieval se levantou contra cargas de cavalaria, os disciplinados soldados francos resistiam aos assaltos mesmo que, de acordo com as fontes árabes, a cavalaria árabe várias vezes rompesse as defesas francas. A cena é descrita em uma tradução de uma descrição árabe da batalha:
Linha 48:
Ambas as descrições concordam que os muçulmanos romperam as defesas francas e estavam tentando matar Carlos Martel, cujos vassalos o rodearam e não foram vencidos, quando um estratagema que Carlos havia planejado antes da batalha causou consequências além das que ele imaginara. Tanto as fontes ocidentais como as islâmicas da batalha afirmam que em algum momento durante o ápice da luta, ainda indefinida, patrulheiros enviados por Martel ao campo muçulmano começaram a libertar prisioneiros. Temendo a perda de suas pilhagens, uma grande porção do exército muçulmano abandonou a batalha e retornou ao campo para proteger seus espólios. Na tentativa de parar o que parecia ser uma retirada, Algafequi foi cercado e morto pelos francos, perfurado por muitas lanças,<ref>CREASY, Edward. ''Fifteen Decisive Battles of the World''. Nova Iorque: E. P. Dutton & Co., s/d, p. 168-169.</ref> e o que começou como um ardil terminou como uma retirada real, com o exército muçulmano fugindo do campo de batalha naquele dia. Os francos reuniram suas falanges, e descansaram no local por toda a noite, acreditando que a batalha seria retomada na manhã seguinte.
No dia seguinte, quando os muçulmanos não reiniciaram a batalha, os francos temeram uma emboscada. Carlos inicialmente acreditou que os muçulmanos estavam tentando atraí-lo ao sopé da colina e ao campo aberto, uma tática a que ele resistiria a todo custo. Foi apenas após um reconhecimento abrangente do campo muçulmano – que ambas as fontes citam ter sido apressadamente abandonado, deixando para trás até mesmo as tendas, com as forças muçulmanas voltando à [[Península Ibérica]] levando consigo os espólios restantes que podiam carregar – que os soldados francos descobriram que os muçulmanos haviam se retirado durante a noite. Como as crônicas árabes revelariam depois, os generais de diferentes partes do Califado, [[berberes]], [[árabes]], [[persas]] e muitos mais, foram incapazes de concordar em escolher um líder para substituir Algafequi como emir, ou até mesmo concordar sobre a escolha de um comandante para o dia seguinte. Apenas o emir, Algafequi, tinha a ''[[fatwa]]'' do califa e, portanto, a autoridade absoluta sobre a fidelidade dos exércitos. Com a sua morte e com as várias nacionalidades e etnias presentes em um exército formado de homens de todo o Califado, propensões políticas, raciais e étnicas e personalidades importantes os influenciaram.
Os francos de Martel, na prática uma [[infantaria]] sem armaduras, resistiram a uma grande [[cavalaria]] pesada com lanças de seis metros e a uma cavalaria ligeira com arco e flecha, sem a ajuda de arcos ou armas de fogo; um feito que até mesmo as [[Legião romana|legiões romanas]] com suas pesadas armaduras mostraram-se incapazes de realizar contra os [[Pártia|partos]].
|