Marca (território): diferenças entre revisões

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{{distinguir|Marco de fronteira}}
'''Marca''' ({{langx|la|''marca''}}), desde a [[Idade Média]], era um território fronteiriço cedido a um nobre que tinha como obrigação proteger o reino de ataques. As marcas foram criadas no [[Império Carolíngio]] e eram cedidas para os [[conde]]s,{{sfn|Fichtenau|1978|p=109}} que recebiam o título de [[marquês|marqueses]] ({{langx|la|''marchiones''}}), que hoje é um título nobiliárquico próprio classificado abaixo do conde e do [[duque]]. Por essa associação, no [[língua alemã|alemão]], o marquês é chamado ''markgraf'' ("conde da marca"). Além disso, considerando que a autoridade do marquês não era menor que a de um duque, a mesma língua criou o termo ocasionalmente usado de ''markherzog'' ("duque da marca").{{sfn|Editores|1998}} Os marqueses recebiam territórios diretamente do rei, e diferente dos demais condes, que são distinguidos no alemão como ''landgraf'' ("conde da terra"), tinham poderes adicionais para melhor agirem durante uma invasão. Dentre os seus direitos, estava o de criar castelos e fortificações sem autorização prévia do rei, bem como podia ter mais vassalos que estavam diretamente sob sua autoridade e convocá-los à defesa da marca.{{sfn|Pavlac|2019|p=157-158}}
As '''marcas''' eram regiões [[fronteira|fronteiriças]] fortificadas do [[Reino Franco]] na [[Dinastia carolíngia|época carolíngia]] ('''marca de fronteira''', '''marca carolíngia''').
 
Sob [[Carlos Magno]] {{nwrap|r.|768|814}}, várias marcas foram criadas. A [[Marca Hispânica]] que compreendia os territórios carolíngios entre os [[Pirineus]] e o [[rio Ebro]] e que faziam divisa com o [[Emirado de Córdova]] do [[Alandalus]];{{sfn|Sholod|1966|p=44}} A [[Marca Sorábia]] ou Eslava, criada em ca. 780 para proteger a área ao sul da cordilheira de [[Harz]] e ao longo do [[rio Saale]] contra os [[sorábios]] e que foi integrada à anterior [[Marca de Germar]];{{sfn|Bachrach|2013|p=645}} a [[Marca Danesa]], que integrou os [[danos]] no território imperial; a [[Marca da Francônia]], que estava perto da Marca Sorábia; e a [[Marca Ávara]], para proteger contra ataques dos [[ávaros]] na antiga [[Panônia]].{{sfn|Pavlac|2019|p=158}}
À época de [[Carlos Magno]], o Reino Franco contava cerca de quatrocentas unidades administrativas (inicialmente chamadas ''pagus'', depois [[condado]]), chefiadas por [[conde]]s, designados pelo [[rei]] e dependentes deste. Nas regiões de fronteira, ou Marcas, os condes receberam poderes adicionais, pois estavam incumbidos de guardar os limites do reino. Este "conde de fronteira", com precedência sobre os demais condes, passou a chamar-se [[marquês]] (''marquis'', em [[Língua francesa|francês]]; ''Markgraf'', em [[língua alemã|alemão]]), designação posteriormente transformada em [[Título nobiliárquico|título de nobreza]].
 
== Etimologia ==
No Reino Franco, Carlos Magno criou as Marcas da [[Espanha]] (contra os [[árabes]]), a [[Dinamarca]] (contra os dinamarqueses), a da [[Saxónia]] (contra os [[obotritas]]), a da [[Turíngia]] (contra os [[sorábios]]), a da [[Francónia]] (contra os [[checos]]), a dos Ávaros (contra os [[ávaros]], posteriormente chamada ''Marcha Orientalis''), a da [[Panónia]], a da [[Caríntia]] e a do [[Friuli]]. Seus sucessores mantiveram este sistema e criaram novas marcas: a do Norte (posteriormente, de [[Brandemburgo]]), a dos Sorábios, a de [[Meißen]], a de [[Zeitz]], a da [[Carníola]], a dos [[Billunger]] e outras.
A palavra ''marca'' vem do [[latim]] ''marca'',{{sfn|Michaelis}} que por sua vez é uma latinização de ''marka'', que é oriunda das [[língua sueva|línguas sueva]] e [[língua gótica|gótica]];{{sfn|Green|2000|p=192}} o dicionário [[Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa de Caldas Aulete|Aulete]] alega que veio diretamente do suevo.{{sfn|Aulete}} Noutras línguas germânicas aparece de forma semelhante: no [[inglês antigo]] ''mearc'' (saxão ocidental) e ''merc'' (mércio); no [[língua protogermânico|protogermânico]] ''*marko''; no [[nórdico antigo]] ''merki''; no [[língua neerlandesa|holandês]] ''merk''; no [[frísio antigo]] ''merke''; no alemão ''mark''. Todas, por sua vez, derivaram do [[proto indo-europeu]] ''*mereg-'', como visível pelo [[irlandês antigo]] ''mruig''. O latim ainda tem o termo sinônimo ''margo''.{{sfn|Thorup|2010|p=174}}
 
{{referências|col=3}}
O uso pelo reino carolíngio fez com que o termo se propagasse pela Europa e viesse a ser empregado no que se tornaria, posteriormente, a [[Dinamarca]] ("marca dos danos"), a [[Alemanha]] ([[Nova Marca]], [[Potsdam-Mittelmark]] e outros), a [[Áustria]] ([[Estíria]]), a [[Itália]] ([[Marcas]] [''Marche'']), a [[Noruega]] (''Marca Finlandesa'', na fronteira com a [[Finlândia]]), a [[França]] (''comté de la Marche'', dentre outros) e a [[Inglaterra]] (''Welsh Marches'').
 
== EtimologiaBibliografia ==
A palavra ''marca'' vem do [[frâncico]] ''marka'' ("fronteira"), esta do [[proto-germânico]] ''marko'', que, por sua vez, se origina da raiz proto-[[indo-europeu|indo-europeia]] ''*mereg-'' ("borda", "fronteira"). Desta raiz veio o [[latim]] ''margo'' ("borda", "margem") e os vocábulos [[língua portuguesa|portugueses]] "margem", "marca" e "marcar", dentre inúmeros outros.
 
{{InícioRef|2}}
De entre outras acepções, ''marca'' significa "fronteira ou limite", daí o uso do vocábulo para designar as marcas de fronteira.
* {{Citar web|ref={{harvid|Aulete}}|título=Marca|url=http://www.aulete.com.br/marca|publicado=Aulete}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Bachrach|nome=Bernard|título=Charlemagne's Early Campaigns (768-777): A Diplomatic and Military Analysis|editora=BRILL|ano=2013| local= Leida|ref=harv}}
== Ver também ==
* [[Marquês]]
 
* {{Citar web|sobrenome=Editores|ano=1998|url=https://www.britannica.com/topic/marquess|título=Marquess|publicado=Britânica Online|ref=harv}}
{{Divisões administrativas}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Fichtenau|nome=Heinrich|título=The Carolingian Empire|ano=1978|editora=Imprensa da Universidade de Toronto|local=Toronto|ref= harv}}
{{esboço-geografia}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Green|nome=D. H.|título=Language and History in the Early Germanic World|local=Cambrígia|editora=Imprensa da Universidade de Cambrígia|ano=2000|ref=harv}}
 
* {{Citar web|ref={{harvid|Michaelis}}|título=Marca|url=http://michaelis.uol.com.br/busca?id=WoE9y|publicado=Michaelis}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Pavlac|nome=Brian A.|coautor=Lott, Elizabeth S.|título=The Holy Roman Empire: A Historical Encyclopedia|editora=ABC-CLIO|local= Santa Bárbara, Califórnia|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Sholod|nome=Barton|título=Charlemagne in Spain: The Cultural Legacy of Roncesvalles|editora=Librairie Droz|local=Genebra|ano= 1966|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Thorup|nome=Mikkel|título=An Intellectual History of Terror: War, Violence and the State|editora=Routledge|local=Londres e Nova Iorque|ano=2010|ref=harv}}
 
{{-fim}}
 
{{Divisões administrativas}}
 
[[Categoria:Fronteiras]]