Suástica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Erro ortográfico
Etiquetas: Editor Visual Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
copidesque
Linha 1:
{{mais notas||data=Fevereiro de 2011}}
[[Ficheiro:Four-swastika collage (transparent).png|250px|miniaturadaimagem|A suástica é um símbolo encontrado em várias culturas, com diferentes estilos e significados.]]
A '''suástica''' ou '''cruz suástica''' ([[ascii]]: 卐 ou 卍) é um símbolo [[místico]] encontrado em muitas culturas e religiões em tempos diferentes, dos índios [[Hopis|Hopi]] aos [[Astecas]], dos [[Celtas]] aos [[BudistasBudismo|budistas]], dos [[Grécia|Gregos]] aos [[HinduHinduísmo|hindus]]s,
sendo encontrados registros de 5 mil anos atrás.<ref name=MC>{{citar web|url=http://www.megacurioso.com.br/polemica/40303-voce-sabia-que-a-suastica-representa-a-harmonia-universal-para-o-budismo-.htm|título=Você sabia que a suástica representa a 'harmonia universal' para o budismo?|publicado=Mega Curioso|acessodata=9 de junho de 2017}}</ref> Alguns autores acreditam que a suástica tem um valor especial por ser encontrada em muitas culturas sem contatos umas com as outras. Os símbolos a que chamamos suástica possuem detalhes gráficos bastante distintos. Vários desenhos de suásticas usam figuras com três linhas. A [[Nazismo|nazista]] tem os braços, apontando para o sentido horário, ou seja, indo para a direita e roda a figura de modo a um dos braços estará no topo. Outras chamadas suásticas não têm braços e consistem de cruzes com linhas curvas. Os símbolos [[IslâmicoIslamismo|islâmico]]s e [[Malta|Malteses]] parecem mais [[hélice]]s do que propriamente suásticas. A chamada suástica celta dificilmente se assemelha a uma. As suásticas Budistas e Hopi parecem reflexos no espelho do símbolo Nazista. Na China há um símbolo de orientação quádrupla, que segue os pontos cardeais; desde o ano [[700]] ela assume ali o significado de número dez mil. No [[Japão]], a suástica (卍 manji) é usada para representar [[templo]]s e [[santuário]]s em mapas, bem como em outros países do extremo oriente.
 
== Difusão do símbolo ==
Linha 12:
[[Imagem:Niagara lodge 2 analogue graphic 3.jpg|thumb|esquerda|direita|150px| Um tipo de veneração à suástica]]
 
O símbolo tem uma história bastante antiga na [[Europa]], aparecendo na cerâmica da pré-história de [[Troia]] e [[Chipre]], mas não aparece no [[EgitoAntigo antigoEgito]], [[Assíria]] ou [[Babilônia]]; [[A. H. Sayce]] sugere que a sua origem é [[hitita]].<ref name="sayce.hititas.8">[[A. H. Sayce]], ''The Hittites: The Story of a Forgotten Empire'' (1888), ''Chapter VIII. Hittite Trade and Industry'' [http://rbedrosian.com/Classic/hsfe8.htm <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> No começo do {{séc|XX}} era largamente utilizado em muitas partes do mundo, considerado como amuleto de sorte e sucesso<ref>{{Citar periódico|ultimo=Campion|primeiro=Mukti Jain|data=2017-10-28|titulo=Como o mundo amava a suástica, até os nazistas se apropriarem do símbolo|jornal=BBC Brasil|url=http://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-41793032|idioma=en-GB}}</ref>. Entre os nórdicos, a suástica está associada a uma Runa, Gibur, ou Gebo.
 
Desde que foi adotado como logotipo do [[Nazismo|Partido Nazista]] de [[Adolf Hitler]] a suástica passou a ser associada ao [[fascismo]], ao [[racismo]], à ''supremacia branca'', à [[IISegunda Guerra Mundial]] e ao [[Holocausto]] na maior parte do Ocidente. Antes ela havia reaparecido num reconhecido trabalho [[Arqueologia|arqueológico]] de [[Heinrich Schliemann]], quando descobriu esta imagem no antigo sítio em que localizara a [[Troia|cidade de Troia]], sendo então associada com as migrações ancestrais dos povos "proto-indo-europeus" dos [[Ariano]]s. Ele fez uma conexão entre estes achados e antigos vasos germânicos, e teorizou que a suástica era um ''"significativo símbolo religioso de nossos remotos ancestrais"'', unindo os antigos germânicos às culturas [[Grécia Antiga|grega]] e [[védica]]. O casal [[William Thomas Pavitt|William Thomas]] e [[Kate Pavitt]] especulou que a difusão da suástica entre diversas culturas mundiais (Índia, África, América do Norte e do Sul, Ásia e Europa) apontava para uma origem comum.<ref name="pawitts" />
 
Os nazistas utilizaram-se destas ideias, existentes desde os primórdios do [[movimento völkisch|movimento''völkisch'']], adotando a suástica como símbolo a "identidade ariana" - conceito referendado por teóricos como [[Alfred Rosenberg]], que o associou às raças nórdicas, ou seja, grupos originários do norte europeu. A suástica ainda sobrevive como símbolo dos grupos [[neonazistas]].
 
== Etimologia e outros nomes ==
A palavra "suástica" deriva do [[sânscrito]] ''svastika'' (na escrita [[Devanagaridevanágari]] - स्वस्तिक), significando felicidade, prazer e boa sorte.<ref name="pawitts" /> Ela é formada do prefixo "''su-''" (cognata do grego ''ευ-''), significando "''bom, bem''" e "''-asti''", uma forma abstrata para representar o verbo "ser".<ref name="pawitts" /> ''Suasti'' significa, portanto, "bem-ser". O sufixo "''-ca''" designa uma forma diminutiva, portanto "suástica" pode ser literalmente traduzida por "pequenas coisas associadas ao que traz um bom viver (ser)". O sufixo "''-tica''", independentemente do quanto foi dito, significa literalmente "marca". Desta forma na Índia um nome alternativo para "suástica" é ''shubhtika'' (literalmente, "boa marca"). A palavra tem sua primeira aparição nos clássicos épicos em sânscrito [[Ramayana]] e [[Mahabharata]]
 
Formas alternativas de escrita deste vocábulo sânscrito em inglês incluem "suastika" e "svastica". Formas alternativas de denominar o símbolo:
* "Aranha negra" - como chamada por diversos povos da Europa Ocidental.
* "Cruz torta"
* "Cruz Gamada" (ou "em ganchos") - na [[Heráldicaheráldica]].
 
== Histórico ==
Linha 32:
 
=== Hipóteses ===
Bárbara G. Walker, autora da obra ''The Woman's Dictionary of Symbols and Sacred Objects'', defende que a cruz suástica representaria os 4 ventos. Com relação à forma em que esta surge como uma armação de 4quatro letras ''gama'' ( Γ ), Walker diz que são um emblema de uma antiga deusa e provavelmente representa "os solstícios e equinócios, ou as quatro direções, quatro elementos, e os quatro deuses guardiães do mundo."
 
[[Imagem:Owlvasetroy.png|250px|thumb|Dois vasos de óleo - desenho de Schliemann em ''"Ilios"'']]
Linha 45:
Uma outra explicação foi proposta pelo astrônomo [[Carl Sagan]] no seu livro “Cometa”. Sagan reproduz um antigo manuscrito chinês que exibe algumas variedades de [[cometa]]s: a maioria são variações de cometas com caudas simples, mas as últimas representações apresentam o núcleo dos cometas com quatro braços curvados, lembrando a suástica. Sagan sugere que na antiguidade um cometa possa haver se aproximado bastante da [[Terra]] de forma que os jatos de gases que fluem dele, vergados pela rotação do cometa, tornaram-se visíveis – o que justificaria a representação da suástica como símbolo mundialmente existente.
 
Bob Kobres em ''Comets and the Bronze Age Collapse'' [http://abob.libs.uga.edu/bobk/bronze.html] (1992 - em inglês) , refuta esta teoria de que as representações similares à suástica da Dinastiadinastia Han sejam derivadas de cometas, mas sim eram na verdade alegorias de “pés de aves” por sua semelhança com esta parte da anatomia desses animais – e sugere que o símbolo seja a representação de um [[faisão]], incluindo também nesta hipótese aqueles localizados pelo arqueólogo Schliemann.
 
=== Hinduísmo primitivo ===
Linha 59:
Estas descobertas e a grande popularidade do símbolo suástico levaram a um desejo de emprestar-se um significado para ele. Na [[Escandinávia]] e [[Alemanha]], regiões onde exemplares antigos foram encontrados, o símbolo ganhou o significado de boa-sorte, tal como na tradição indo-iraniana.
 
O uso do símbolo no ocidente, junto às significações religiosas e culturais que lhe emprestaram, foi corrompido no começo do {{séc|XX}}, quando foi adotado pelo [[NSDAP|Partido Nazista]]. Isto ocorreu porque os nazistas declaravam que os arianos eram os antepassados do povo alemão moderno e propuseram, por causa disto, que a subordinação do mundo à Alemanha fosse algo imperativo, e até mesmo predestinado. A suástica então tornou-se um símbolo conveniente, de forma geométrica simples e ao mesmo tempo marcante, a enfatizar este mito ariano-alemão, insuflando o orgulho racial. Desde a IISegunda Guerra Mundial a maior parte do mundo ocidental tem a suástica apenas como um símbolo nazista, levando a equivocadas interpretações de seu uso no Ocidente, além de confusão quanto ao seu papel sagrado e histórico em outras culturas.
 
== Geometria e simbolismo ==
Linha 85:
 
E, indo mais longe, faz a leitura de que a suástica esquerda tem nítido apelo sexual:
:"''Se olharmos detidamente para as suásticas no lado direito, vemos que elas claramente revelam formas humanas esquematizadas. Já a suástica voltada para a esquerda, mostra um ato sexual…''".
 
Conclui, assim, que o símbolo representou importante fator de atração para as massas, em torno de uma ideologia que considera falaciosa.
 
== Arte e Arquiteturaarquitetura ==
[[Imagem:Romswastika.jpg|thumb|200px|Suástica num mosaico romano]]
 
A suástica comum (卍) é um desenho de motivo muito recorrente na arquitetura e arte hindus e indianas, como ainda na arquitetura Ocidentalocidental antiga, aparecendo com frequência em mosaicos, frisos e outros elementos da antiguidade. Antigos desenhos arquitetônicos gregos estão repletos de sequências com este motivo. Estes símbolos ocidentais clássicos incluem a suástica propriamente dita, em cruz, como o "triskele" (com 3 braços - "triskelion") e ainda os de pontas arredondadas. Neste último contexto, a suástica também é conhecida por "gammadion".
 
Na arte chinesa, coreana, e japonesa, a suástica é achada frequentemente como parte de um padrão decorativo. Um padrão comum, chamado '' sayagata '' em japonês, inclui suásticas viradas para a esquerda e para a direita, unidas por duas linhas.
 
O símbolo de suástica foi bastante encontrado nas ruínas da cidade antiga de [[Troia]].
 
Na arte e arquitetura Grecogreco-romana, como na arte românica e gótica do Oriente, suásticas isoladas são relativamente raras, e geralmente são encontradas como elemento repetitivo de bordas ou tesselas (pedras quadradas com que se lajeiam compartimentos de edifícios - espécie de mosaico). Um exemplo de tessela é a que orna o piso da Catedralcatedral de [[Amiens]], na França. Bordas de suástica unidas também era um motivo arquitetônico comum em Roma, e pode ser visto em edifícios mais recentes como elemento neoclássico.
 
[[Imagem:Rosazza-parrocchiale-part-DSCF7904.JPG|thumb|200px|Igreja de Rosazza - detalhe]]
Linha 115:
É um dos 108 símbolos de [[Vishnu]] - e representa ali os raios do Sol, sem os quais não haveria vida.
 
O som [[Aum]] é também sagrado no [[Hinduísmohinduísmo]]. Considera-se Aum como representativo do único tom primordial da criação. Já a suástica é uma marca puramente geométrica, sem nenhum som que lhe esteja associado. Também é vista como indicadora das quatro direções (Nortenorte, Lesteleste, Sulsul e Oesteoeste), neste caso simbolizando estabilidade e solidez. Já o seu uso como símbolo do Sol pode ser visto primeiro como uma representação de [[Surya]] - o deus hindu do Sol.
 
Para o Hinduismohinduísmo, os dois símbolos representam as duas formas do deus criador, [[BrahmaBrama]]: voltada para a direita, a cruz representa a evolução do Universo (ou ''Pravritti''); para a esquerda, simboliza a involução do Universo (''Nivritti''). Também pode ser interpretado como representando as quatro direções (Nortenorte, Lesteleste, Sulsul e Oesteoeste), com significado de estabilidade e solidez.
 
Usada como símbolo do Sol, pode ser interpretada primeiro como representação de Surya, o deus hindu do Sol.
Linha 132:
[[Imagem:buddhistswastika.jpg|frame|direita|Suástica em um templo [[Budismo|budista]] da [[Coreia]]]]
 
O [[Budismobudismo]] foi fundado por um príncipe hindu e as duas formas da suástica são uma herança dessa cultura. O símbolo foi incorporado desde a ''Dinastia Liao'' nos ideogramas chineses, com o sinal representativo 萬 ou 万 (''wan'', em chinês; ''man'', em japonês; ''van'', em vietnamita), significando algo como 'um grande número', 'multiplicidade', 'grande felicidade' ou 'longevidade',<ref name="pawitts" /> mas o desenho 卐 (suástica virada à direita) é raramente usado. A suástica marca as fachadas de muitos templos budistas. As suásticas (qualquer das duas variantes) costumam ser desenhadas no peito de muitas esculturas de [[Buda]], e frequentemente aparecem ao pé da estatuária de Buda.
 
Em razão da associação da suástica voltada para a direita com o nazismo após a segunda metade do {{séc|XX}}, a suástica budista fora da Índia tem sido utilizada apenas na sua forma 卍 (virada para a esquerda).
Linha 145:
 
=== Jainismo ===
O [[Jainismojainismo]] dá mais ênfase à suástica que o Hinduísmohinduísmo. É um símbolo do progresso humano,<ref name="pawitts" /> e representa o sétimo ''Jina'' (Santo), o ''Tirthankara Suparsva''. É considerada uma das 24 marcas auspiciosas, emblema do sétimo ''arhat'' dos tempos atuais. Todos os templos do Jain, assim como seus livros santos, contêm a suástica. Suas cerimônias começam e terminam com o desenho da suástica feito várias vezes em volta do altar.
 
Os adeptos também usam o arroz para desenhar a suástica (também conhecida por "''Sathiyo''" no estado indiano de Gujarate) diante dos ídolos nos templos. Os Jains colocam uma oferenda sobre esta suástica - geralmente uma fruta, um doce (''mithai''), uma fruta em passa ou ainda uma moeda ou cédula de dinheiro.
Linha 155:
A suástica não era usada pelos adeptos das religiões Abrâmicas. Onde aparece não tem nenhum simbolismo religioso e sim meramente decorativo - eventualmente podendo ser um sinal de boa sorte. Um claro exemplo é o chão da sinagoga de Ein Gedi, construída durante a ocupação da [[Judeia]] pelo [[Império Romano]], que era ornado com a suástica.
 
Algumas igrejas cristãs no [[arquitetura do românico|período românico]] e [[Estilo gótico|gótico]] estavam enfeitadas com suásticas, sobretudo as do início do período românico. Suásticas são o principal motivo de um [[mosaico]] na igreja de Santa Sofia, em [[Quieve]] ([[Ucrânia]]), erguida no {{séc|XII}}. Também aparece como ornamento na [[Basílica de Santo Ambrósio]] em [[Milão]]. Deste período é a Catedral de Nossa Senhora, em [[Amiens]] - acima citada - que foi erguida sobre um local de práticas pagãs, algo que, entretanto, nenhuma relação possui com o símbolo.
 
A [[Grande Mesquita de Isfahan|mesquita da Sexta-feira]], em [[Isfahan]] ([[Irã]]), e a Mesquita de Taynal em [[Trípoli]] ([[Líbano]]) possuem ambas motivos com a suástica.
Linha 172:
 
=== Tradições dos nativos americanos ===
O formato da suástica foi usado por alguns dos povos americanos. Foi encontrado em escavações junto ao [[rio Mississipi]], como no vale do [[rio Ohio]], e era usada por muitas tribos norte-americanas, com destaque pelos [[Navajo]]s. Em cada tribo a suástica possuía uma significação distinta. Para o povo Hopihopi representava os clãs nômades; para os Navajos, era o símbolo usado para representar um ''tronco girando'' - imagem sagrada que evocava uma lenda usada nos rituais curativos.
 
[[Imagem:Flag of Kuna Yala.svg|thumb|bandeira de [[Kuna Yala]]|150x150px]]
Linha 183:
[[Imagem:Argent a fylfot azure.svg|thumb|150px|Brasão inglês com a ''fylfot'']]
 
A suástica, também chamada de "''cruz fylfot''", um símbolo usado em moedas do {{séc|XIX}} como referência a uma ''cunha'' usada como ''calço'' nas janelas das igrejas medievais, aparece como ornamento em muitos artefatos pré-cristãos, tanto com as pontas viradas para a esquerda como para a direita. Motivos similares, dentro de círculos ou formas arredondadas, foram também interpretados como formas da suástica.
 
Na [[Grécia Antiga]] a deusa [[Atena]] era por vezes retratada num roupão ornado por suásticas.
Linha 192:
O símbolo [[Escandinávia|nórdico]] denominado cruz do Sol ou roda do Sol, forma habitualmente interpretada como uma variante da suástica, aparece frequentemente na arte antiga deste povo europeu. Também foram encontradas formas semelhantes em artefatos alemães antigos (período nômade), como uma ponta de lança encontrada em [[Brest-Litovsk]], [[Rússia]], ou a pedra de Snoldelev, em [[Ramsø]], [[Dinamarca]].
 
Nas religiões neo-pagãs germânicas, Asatru e Heathenry, a forma da suástica é frequentemente usada como símbolo religioso. Seus adeptos argumentam que o uso não possui qualquer implicação política que o símbolo ganhou com a ideologia nazista, lembrando as origens pré-cristãs do símbolo.
 
A suástica estava também presente na mitologia eslava pré-cristã. Era dedicada ao deus do Sol, chamado ''Svarog'', e tinha o nome de ''Kolovrat'' (em polonês: ''kolowrót''). Na República Polonesa o símbolo da suástica era popular entre os nobres. As crônicas registram que o príncipe Olegue, ''varangiano'' (um dos povos escandinavos), que no {{séc|IX}} junto aos seus guerreiros [[viquingues]] russos conquistaram [[Constantinopla]], havia inscrito uma suástica vermelha nos portões daquela cidade. Várias das casas nobres da Polônia, como por exemplo Boreyko, Borzym, e Radziechowski da Rutênia ostentavam suásticas em seus brasões. As famílias alcançaram a nobreza entre os séculos XIV e XV, e a cruz suástica pode ser vista em muitos livros de [[heráldica]] então produzidos.
Linha 228:
 
=== Finlândia ===
Na [[Finlândia]] a suástica era usada como uma marca nacional e oficial do Exércitoexército Finlandêsfinlandês entre [[1918]] e [[1944]], e também pela [[Força Aérea]] daquele país por algum tempo.
 
A suástica ali também foi utilizada pela organização Lotta Svärd. A suástica azul era um símbolo de boa sorte usado pela família sueca do conde Eric von Rosen, que doou o primeiro aeroplano para a Finlândia para a Guarda Branca, durante a [[Guerra Civil Finlandesa|guerra civil daquele país]] (1918). Não havia qualquer conexão oficial com o Partido Nazista, mas representava a Cruz da Liberdade, uma antiga ordem finlandesa. Esta posição, contudo, permanece contraditória para alguns autores, uma vez que Rosen foi um dos fundadores do [[Nationalsocialistiska Blocket]] – a versão nazi sueca de [[partido político]]. Posteriormente Rosen estabeleceu maior e íntima ligação com a Alemanha nazista, após o casamento de [[Hermann Göring]] com Karin Kantzow, que era irmã de sua esposa.
Linha 235:
 
=== Irlanda ===
In [[Dublim]], [[Irlanda]], uma lavanderia chamava-se "''Swastika Laundry''", e existiu por muitos anos em ''Ballsbridge'', ao sul da cidade. A companhia possuía uma frota de furgões vermelhos para entrega rápida, com uma suástica preta pintada sobre um fundo branco. A empresa foi fundada no começo do {{séc|XX}} e existiu até o final deste. O outdoor da lavanderia destacava-se no alto da lavanderia, e era visível das ruas próximas. Conta-se que o físico Erwin Schrodinger, exilando-se na Irlanda depois de fugir do regime nazista, quase foi assassinado pouco antes de um destes furgões cruzar a rua, e logo acreditou que a tentativa fora patrocinada pelo [[Terceiro Reich]]. O nome e o logotipo desapareceram quando a lavanderia foi incorporada a outra empresa maior - a companhia ''Spring Grove''.
 
=== Letônia ===
Linha 243:
 
=== Estados Unidos ===
Nos [[Estados Unidos]] a suástica foi muito utilizada antes do nazismo. Além da [[suástica#Teosofia|Sociedade Teosófica]], fundada em [[Nova YorkIorque]], e das [[suástica#Tradições dos nativos americanos|tribos nativas]], como os [[Navajos]], até a [[década de 1930]] a suástica era frequente no Sudoeste americano em suvenires, como mantas, medalhinhas e outras lembranças.
 
As estradas estaduais do [[Arizona]], até [[1940]] tinham em suas placas uma suástica sobreposta ao sinal de trânsito ([http://arizonaroads.com/maps/ Arizona Roads] - em inglês)
Linha 257:
* A base da [[United States Navy|Marinha Americana]], em [[Coronado (Califórnia)|Coronado]], [[Califórnia]], é construída no formado de uma suástica. ([http://maps.google.com/maps?f=q&hl=en&q=32+40%2734.09%22+N,+117+09%2727.96+W&btnG=Search&ll=32.676138,-117.157763&spn=0.006854,0.009849&t=k] Mapa no Google). Esta base naval foi construída antes da [[Segunda Guerra Mundial]].
* Logo após a II Guerra, vários povos indígenas norte-americanos (como as tribos [[Navajos|Navajo]], [[Apaches|Apache]], Tohono O'odham e [[Hopis|Hopi]]), publicaram um decreto declarando que não mais usariam a suástica em sua arte. Isto porque a suástica passou a simbolizar o mal, entre eles. O decreto, assinado por representantes dessas tribos, dizia:
::"''Porque o antigo sinal, que foi um símbolo de amizade entre nossos antepassados durante muitos séculos, foi recentemente profanado por outra nação de homens.''"
::"''Fica então resolvido que desta data por diante e para sempre nossas tribos renunciam ao uso do emblema, hoje geralmente conhecido por suástica ou fylfot, em nossas mantas, cestos, objetos artísticos, pintura corporal e vestimentas''".
 
O Roger Stone também promoveu o seu uso em 2018 quando publicou no [[Instagram]] uma foto de sua assessoria presidencial da chapa da [[Campanha presidencial de Donald Trump em 2016]]<ref>[https://www.huffpostbrasil.com/entry/roger-stone-posted-swastika-laden-image-of-space-force-featuring-himself-trump_us_5b7300a2e4b03d52e490dd8f Roger Stone Posted Swastika-Laden Image Of ‘Space Force’ Featuring Himself, Trump]</ref> dando [[spoiler]] do novo símbolo do novo ministério da [[NASA]].
Linha 265:
Suástica é o nome de uma pequena comunidade do norte de [[Ontário]], no [[Canadá]], situada a aproximadamente 580 [[quilômetro]]s ao norte de [[Toronto]], e a cinco quilômetros de Kirkland Lake, cidade à qual pertence. A vila de Suástica foi fundada em 1906. [[Ouro]] foi descoberto perto dali e a ''Swastika Mining Company'' foi formada em 1908. O governo de Ontário tentou mudar o nome da cidade durante II Guerra Mundial, mas a população resistiu.
 
Em Windsor ([[Nova Scotia]]), entre 1905 e 1916, houve um time de [[hóquei no gelo]] que se chamava "''The Swastikas''", e seu uniforme característico tinha este símbolo estampado. Outros times com este nome existiram em Edmonton ([[Alberta]]), por volta de 1916, e outro em Fernie (na [[British Columbia|Colúmbia Britânica]]), por volta de 1922.
 
=== Polônia ===
[[Imagem:Herb Boreyko.jpg|thumb|Brasão de armas dos ''Boreyko''|136x136px]]
 
Na [[Polônia]], desde o começo da [[Idade Média]] que a suástica era parte integrante da nobreza muito utilizada nas terras eslavas. Conhecida por "''swazyca''", era especialmente associada com um dos deuses eslavos, chamado [[Swarog]].
 
Este significado, com o tempo, foi desaparecendo, mas permaneceu associado como sinal individual de várias personalidades, a exemplo do [[Brasãobrasão]] dos [[Boreyko]], e ainda na região de Podhale, onde era usado como [[Talismã (objeto)|talismã]], até o {{séc| XX}}. Como um símbolo do Sol, era pintado ou esculpido no interior das casas nas Montanhas de Tatra, sob a crença de que protegia a moradia contra o mal.
 
[[Imagem:KorpusowkaPodhalanczykow.png|thumb|esquerda|110px|A ''cruz montesa'', usada pela 21ª e 22ª Divisões de Infantaria]]
Linha 313:
Com isto, viram-se os nazistas justificados em cooptar a suástica como um símbolo da [[raça ariana]]. O uso da suástica seria um símbolo ariano, tempos antes dos escritos de [[Émile-Louis Burnouf]]. Assim como muitos outros escritores nazis, o poeta nacionalista [[Guido von List]] e o jornalista [[Jörg Lanz von Liebenfels]], místicos renomados, fizeram acreditar que a suástica era um símbolo exclusivamente ariano.<ref>[http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:w4r7qQ-FynoJ:https://super.abril.com.br/historia/como-a-suastica-virou-a-marca-do-nazismo/&hl=pt-BR&gl=br&strip=1&vwsrc=0 Como a suástica virou a marca do nazismo?] Por Tiago Cordeiro. ''[[Superinteressante]]'', 7 de junho de 2016.</ref>
 
Quando Hitler criou a bandeira para o Partido, procurou incorporar a suástica e ainda "''essas cores veneráveis'' [vermelho, preto e branco] ''que expressam nossa homenagem ao passado glorioso que tantas honras trouxe à nação alemã''" .
 
Hitler também escreve em '' Mein Kampf '':<ref>{{pt}} Hitler, Adolf. [https://sanderleisilveira.com.br/PDF/Adolf-Hitler/Adolf-Hitler-Mein-Kampf-PT.pdf ''Minha Luta''] ''([[Mein Kampf]]'')</ref><ref name=MK>{{en}} Hitler, Adolf. [http://gutenberg.net.au/ebooks02/0200601.txt ''Mein Kampf'']. [[Project Gutenberg]], Australia.</ref> "''Nós, nacional-socialistas, víamos a nossa bandeira como a materialização do nosso programa partidário. O vermelho expressava o pensamento social subjacente ao movimento. O branco, o pensamento nacional. E a suástica significava a missão que nos cabia - a luta pela vitória da humanidade ariana e, ao mesmo tempo, pelo triunfo do ideal do trabalho renovador, que é, em si, e sempre será antissemítico.''" .
 
=== Nacionalismo: a suástica na bandeira alemã ===
Na realidade, a suástica já era usada como símbolo do [[movimento völkisch|movimento ''völkisch'']] (em português, 'folclórico') alemão. Na obra "''Deutschland Erwache''" (ISBN 0-912138-69-6) Ulric da Inglaterra (sic), assim afirma:
{{quote1|
''… o que inspirou Hitler a usar a suástica como símbolo do [[NSDAP]] já era usado pela [[Sociedade Thule]] (em alemão: ''Thule-Gesellschaft''), considerando-se que havia muitas ligações entre aquela e o DAP ([[Partido Alemão dos Trabalhadores]]) (…) De 1919 até o verão de 1921, Hitler usou a especial biblioteca ''Nationalsozialistische'' do Dr. Friedrich Krohn, um sócio muito ativo da ''Thule-Gesellschaft'' (…) O Dr. Krohn também era dentista de Sternberg, que foi designado por Hitler para desenhar uma bandeira semelhante àquela que Hitler projetara em 1920 (…) No verão de 1920, a primeira bandeira do partido foi apresentada no Lago Tegernsee (…) Sua fabricação foi caseira (…) As primeiras bandeiras não foram preservadas, de modo que a bandeira do ''Ortsgruppe München'' foi então considerada como a primeira bandeira do Partido.''
Linha 346:
Na [[Alemanha]] de pós-guerra, por exemplo, o [[Código Penal]] (''Strafgesetzbuch'') tornou criminosa a exibição de símbolos nazistas, tais como a suástica - exceto como símbolo religioso ou para demonstrar oposição ao nazismo (por exemplo, uma suástica quebrada, cruzada, etc.).
 
Na [[Finlândia]] algumas unidades militares ainda usam a suástica. Em [[1944]] a Força Aérea mudou o seu emblema principal, mas continuou a utilizar a suástica noutro lugar. Em [[1963]] a "''Grã Cruz''" da '''Ordem da Rosa Branca''' mudou o seu emblema. Mais recentemente ([[25 de outubro]] de [[2005]]) um emblema oficial com a suástica foi adotado pela Força Aérea.
 
Na [[Austrália]], país que recebeu muitos refugiados durante a guerra, o símbolo é legalmente considerado "racista".
Linha 354:
Fundado nos [[década de 1970|anos 70]] o '''Raëlismo''' — uma seita religiosa que acredita na possibilidade da imortalidade do corpo através do progresso científico — usa um símbolo que foi objeto de considerável controvérsia: a [[Estrela de David]] e a '''suástica''' entrelaçadas. Em [[1991]] o símbolo foi modificado, removendo-se a suástica, evitando-se assim a reprovação pública.
 
A "''Society for Creative Anachronism''" (''Sociedade para o Anacronismo Criativo''), que visa o estudo e diversão segundo a [[Idade Média]] e o [[Renascimento]], impõem restrições para o uso da suástica em suas filiais - embora algumas delas mais modernas usem o símbolo.
 
Em [[2002]] a China exportou para o [[Canadá]] alguns brinquedos (como um panda gigante) em que a suástica aparecia, o que provocou muitas reclamações naquele país. Antes, em [[1995]] a cidade norte-americana de ''Glendale'', na [[Califórnia]], teve de cobrir mais de 900 postes de iluminação, marcados com a suástica - embora estes tenham sido fabricados por uma companhia norte-americana antes dos [[década de 1920|anos 20]], e nada tivessem a ver com o nazismo.
Linha 371:
 
=== Brasil ===
No [[Brasil]], o uso da suástica para divulgação do nazismo constitui crime, de acordo com a lei 9.459, de [[1997]], conforme o parágrafo primeiro do seu artigo 20:<ref>{{citar web|url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9459.htm|titulo=Lei Nº 9.459, de 13 de maio de 1997|autor=|data=|publicado=Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos |acessodata=21 de setembro de 2010}}</ref>
::''"§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.''
::''Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa."''