James K. Polk: diferenças entre revisões

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Polk, apesar das derrotas, estava determinado em tornar-se o próximo [[Vice-presidente dos Estados Unidos|Vice-Presidente dos Estados Unidos]], vendo o cargo como um caminho para a presidência.<ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=43–44}} </ref> Van Buren era o favorito para a indicação democrata e Polk iniciou uma campanha cuidadosa para ser seu parceiro de chapa. O ex-presidente enfrentava a oposição de sulistas que temiam suas visões sobre escravidão, enquanto seu manejo do Pânico de 1837 gerou oposição de alguns no oeste que acreditavam que suas políticas tinham prejudicado essa área do país. Muitos sulistas apoiavam uma candidatura de Calhoun, enquanto muitos do leste ficaram com o senador [[Lewis Cass]] de [[Michigan]], com o ex-vice-presidente Johnson ainda mantendo fortes apoiadores dentre os democratas.<ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=50–53}} </ref> Jackson garantiu a Van Buren por carta que Polk em suas campanhas para governador tinha "lutado bem a batalha e lutado sozinho".<ref> {{harvnb|Borneman|2008|p=51}} </ref> Polk esperava conseguir o apoio de Van Buren, insinuando que uma chapa dos dois poderia vencer no Tennessee, porém o ex-presidente não se convenceu.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=65–66}} </ref>
 
A maior questão política nos Estados Unidos da época era a expansão territorial.<ref name=rawley /> A [[República do Texas]] tinha se [[Revolução do Texas|revoltado bem sucedidamente]] em 1836 contra o [[República Centralista (México)|México]]. O Texas era populado em sua maior parte por imigrantes norte-americanos, com aqueles em ambos os lados da fronteira do [[rio Sabine]] considerando inevitável que o Texas juntaria-se aos Estados Unidos, porém isto iria enfurecer o México, que considerava o território como uma província rebelde e estava ameaçando guerra caso fosse anexado pelos norte-americanos. Jackson, quando presidente, reconheceu a independência texana, porém a vontade inicial pela anexação tinha esfriado.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=67–74}} </ref> O Reino Unido desejava expandir sua influência para o Texas: os britânicos tinham abolido a escravidão e, caso o Texas fizesse o mesmo, criaria um refúgio ocidental para escravos fugitivos, igual ao norte.<ref> {{harvnb|Leonard|2000|pp=67–68}} </ref> Um Texas fora dos Estados Unidos também ficaria no caminho daquilo que era visto como o [[Doutrina do destino manifesto|Destino Manifesto]] norte-americano sobre o continente.<ref> {{harvnb|Bergeron|1986|pp=51–53}} </ref>
 
Clay foi indicado a presidente por aclamação durante a Convenção Nacional Whig, realizada em abril de 1844, com [[Theodore Frelinghuysen]] de [[Nova Jérsia|Nova Jérsei]] escolhido como o parceiro de chapa.<ref> {{harvnb|Leonard|2000|p=36}} </ref> Clay, um dono de escravos do Kentucky em uma época que os oponentes à anexação do Texas argumentavam que isto daria mais espaço para a escravidão se espalhar, procurou uma nuance maior sobre a posição. Jackson, que apoiava uma chapa formada por Van Buren e Polk, ficou maravilhado ao saber que Clay tinha publicado uma carta nos jornais opondo-se a anexação, porém ficou devastado ao descobrir que Van Buren tinha feito a mesma coisa.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=81–82, 122}} </ref> Van Buren o fez porque temia estar perdendo sua base de apoio no nordeste,<ref> {{harvnb|Bergeron|1986|p=15}} </ref> todavia seus apoiadores no sudoeste ficaram perplexos. Polk, por outro lado, escreveu uma carta pró-anexação que fora publicada quatro dias antes da carta de Van Buren.<ref name=rawley /> Jackson tristemente escreveu a seu antigo vice-presidente que nenhum candidato contra a anexação poderia ser eleito, decidindo que Polk era a melhor escolha para liderar a chapa.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|p=83}} </ref> Jackson encontrou-se com Polk em 13 de maio e explicou que apenas um expansionista do sul ou sudoeste poderia ser eleito, acreditando que Polk era quem tinha as melhores chances.<ref name=leonard3637 > {{harvnb|Leonard|2000|pp=36–37}} </ref> Este inicialmente ficou assustado, dizendo que o plano era "totalmente abortivo", porém acabou aceitando.<ref> {{harvnb|Remini|1984|p=501}} </ref> Polk imediatamente escreveu instruindo seus representantes na convenção a trabalharem para sua nomeação a presidente.<ref name=leonard3637 />
 
Polk estava cético de que poderia vencer, mesmo com os cuidadosos esforços de Jackson em seu nome.<ref> {{harvnb|Merry|2009|p=80}} </ref> Todavia, devido a oposição contra Van Buren por expansionistas no oeste e sul, Gideon Johnson Pillow, o principal representante de Polk na convenção, acreditava que o ex-governador poderia surgir como um candidato de meio-termo.<ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=83–84}} </ref> Polk permaneceu em Columbia durante toda a convenção e publicamente expressou seu total apoio a uma candidatura de Van Buren, com muitos acreditando que ele procurava a vice-presidência. Ele foi um dos poucos democratas proeminentes que declararam apoio pela anexação do Texas.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=86–87}} </ref>
 
A convenção começou em 27 de maio. Uma importante questão era se o candidato necessitaria de dois terços dos votos dos delegados, como havia acontecido nas convenções anteriores, ou uma simples maioria. Um voto por dois terços acabaria com a candidatura de Van Buren.<ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=84–85}} </ref> A regra dos dois terços foi aprovada com a ajuda dos estados do sul. Van Buren conseguiu uma maioria na primeira votação presidencial, porém não alcançou os dois terços necessários, com seu apoio diminuindo cada vez mais em votações subsequentes.<ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=87–88}} </ref> Cass, Johnson, Calhoun e [[James Buchanan]] também receberam votos na primeira votação, com Cass assumindo a liderança na quinta votação.<ref> {{harvnb|Merry|2009|p=89}} </ref> A convenção continuou em um impasse depois da sétima votação: Cass não estava conseguindo atrair o apoio necessário para alcançar os dois terços, enquanto os apoiadores de Van Buren estavam cada vez mais desiludidos sobre suas chances. Os delegados estavam dispostos a considerar um novo candidato que pudesse quebrar o impasse.<ref> {{harvnb|Bergeron|1986|p=16}} </ref>
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Isto deixou em aberto a questão sobre quem seria o candidato a vice-presidente. Butler defendeu uma indicação de Wright e a convenção concordou com a ideia, com apenas oito delegados da [[Geórgia (Estados Unidos)|Geórgia]] discordando. Notícias da indicação de Wright foram lhe enviadas por telégrafo até Washington, onde ele estava na ocasião, enquanto a convenção esperava. Ele acabou por não aceitar o segundo lugar na chapa, pois já tinha recusado a quase certa indicação a presidente. O senador [[Robert J. Walker]] do [[Mississippi]], aliado próximo de Polk, então sugeriu o ex-senador [[George M. Dallas]] da [[Pensilvânia]]. Este era um candidato aceitável para todas as facções democratas e foi escolhido como a indicação vice-presidencial logo na segunda votação. Os delegados então aprovaram uma plataforma e encerraram a convenção em 30 de maio.<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=104–108}} </ref><ref> {{harvnb|Merry|2009|pp=94–95}} </ref>
 
Muitos políticos contemporâneos, incluindo Pillow e Bancroft, reivindicaram nos anos seguintes crédito por terem conseguido a indicação de Polk, entretanto, o historiador Walter R. Borneman achou quem merecia mais os créditos eram Polk e Jackson: "os dois que mais fizeram mais estavam lá no Tennessee, um um ícone envelhecido confortável em [sua propriedade] e o outro um astuto político de carreira esperando com expectativa em Columbia".<ref> {{harvnb|Borneman|2008|p=108}} </ref> Os whigs ridicularizaram Polk com o canto de "Quem é James K. Polk?", alegando nunca terem ouvido falar dele até então.<ref name=merry9697 > {{harvnb|Merry|2009|pp=96–97}} </ref> Apesar de Polk ter experiência como deputado federal, Presidente da Câmara dos Representantes e Governador do Tennessee, todos os presidentes até então tinham sido anteriormente vice-presidentes, secretários de Estado ou generais de alta patente. Polk foi descrito como o primeiro candidato presidencial "azarão" dos Estados Unidos, porém sua indicação foi uma surpresa bem menor do que aquelas dos futuros candidatos [[Franklin Pierce]] e [[Warren G. Harding]].<ref> {{harvnb|Borneman|2008|pp=355–356}} </ref> Clay, apesar das zombarias de seu partido, reconheceu que seu adversário poderia unir os democratas.<ref name=merry9697 />
 
===Campanha===