Estado de Maracaju: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig|outras localidades contendo este nome|Maracaju (desambiguação)}}
{{Estado extinto
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'''Estado de Maracaju''' foi a criação revolucionária de um estado federativo [[brasil]]eiro que existiu sem autorização da União de [[10 de julho]] a [[2 de outubro]] de [[1932]], durante as agitações da [[Revolução Constitucionalista de 1932]].<ref name=":23">{{Citar periódico|ultimo=Parreira|primeiro=Luiz Eduardo S.|data=2010-07-09|titulo=E o sul do Mato Grosso foi às armas!|url=https://www.correiodoestado.com.br/noticias/e-o-sul-do-mato-grosso-foi-as-armas/5281/|jornal=Correio do Estado|lingua=pt-br|acessodata=2018-05-31}}</ref><ref name=":24">{{citar livro|título=História de Mato Grosso do Sul|ultimo=Campestrini|ultimo2=Guimarães|primeiro=Hildebrando|primeiro2=Acyr V.|editora=IHGB|ano=2002|local=Campo Grande|páginas=287|acessodata=}}</ref>
 
O estado reclamava o território que hoje ocupa o estado de [[Mato Grosso do Sul]]. Seu nome deriva-se da [[Serra de Maracaju|serra]] que corta o estado. Teve como seu governador o então prefeito de [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]], [[Vespasiano Barbosa Martins]]. Durante essa época, tiveram também os seguintes nomes: como secretário-geral, [[Arlindo de Andrade Gomes]]; como Chefe de Polícia do Estado, Leonel Velasco; e como prefeito de Campo Grande, Artur Mendes Jorge Sobrinho.<ref name=":23" />
[[Ficheiro:Palácio Maracaju 2.JPG|thumb|250px|direita|[[Loja Maçônica Oriente Maracajú|Loja Maçônica Oriente Maracaju]], antigamente serviu como Palácio Maracaju, sede do Estado de Maracaju, localizado em [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]], [[Mato Grosso do Sul]].]]
 
Criado a partir da divisão de [[Mato Grosso]] na sua parte meridional, o estado é uma precoce demonstração das pretensões separatistas com relação ao governo de [[Cuiabá]]. Durante a Revolução Constitucionalista, o sul de Mato Grosso apoiou a causa paulista, na pessoa do general [[Bertoldo Klinger]]. Com o fim da revolução e a vitória militar do governo central, o estado foi dissolvido, mas serviria de embrião para o que seria o hoje estado de Mato Grosso do Sul.
'''Estado de Maracaju''' foi a criação revolucionária de um estado federativo [[brasil]]eiro que existiu sem autorização da União de [[10 de julho]] a [[2 de outubro]] de [[1932]], durante as agitações da [[Revolução Constitucionalista de 1932]].
 
==Contexto Histórico==
O estado reclamava o território que hoje ocupa o estado de [[Mato Grosso do Sul]]. Seu nome deriva-se da [[Serra de Maracaju|serra]] que corta o estado. Teve como seu governador o então prefeito de [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]], [[Vespasiano Barbosa Martins]]. Durante essa época, tiveram também os seguintes nomes: como secretário-geral, [[Arlindo de Andrade Gomes]]; como Chefe de Polícia do Estado, Leonel Velasco; e como prefeito de Campo Grande, Artur Mendes Jorge Sobrinho.
{{VT|História de Mato Grosso do Sul}}
Em julho de 1932, quando iniciou a [[Revolução Constitucionalista de 1932|Revolução Constitucionalista]] em [[São Paulo]], o general [[Bertoldo Klinger]] comandava a Circunscrição Militar de Mato Grosso e, durante as preparações para o levante, prometia levar 5 mil soldados e copiosa munição daquele estado para engrossar as fileiras da tropas paulistas. Contudo, com a súbita exoneração do general ocorrida em 8 de julho, por conta de uma carta em termos ofensivos enviada no dia 1º daquele mês ao Ministro da Guerra [[Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso|Augusto Espírito Santo Cardoso]], ficou comprometida as conspirações em curso no [[Mato Grosso]], bem como a adesão total ao levante das unidades do Exército sediadas naquele estado, em especial, aquelas situadas em [[Cuiabá]], que estavam alheias a situação e acabaram por permanecerem leais ao governo federal na ocasião da deflagração do conflito. Em substituição ao general Klinger, o coronel de engenharia Oscar Saturnino de Paiva foi nomeado interinamente ao comando daquela Circunscrição Militar. Contudo, Saturnino de Paiva veio a também aderir ao levante deflagrado em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] no dia seguinte, o que em muito facilitou a aliança entre os paulistas e aquelas unidades do Exército e da Força Pública Mato-grossense. O coronel também participou da cerimônia de criação do novo estado e da posse do seu governador aclamado, [[Vespasiano Martins]], ocorrida na tarde de 11 de julho de 1932.<ref name=":17" >{{citar livro|ultimo=Carvalho e Silva|primeiro=Herculano|ano=1932|título=A Revolução Constitucionalista de 1932|local=Rio de Janeiro|editora=Civilização brasileira|páginas=444}}</ref><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref>{{citar web|url=http://www.seer.ufms.br/index.php/AlbRHis/article/viewFile/4056/3239|título=A posse do dr Vespasiano Martins na Interventoria do Estado|publicado=UFMS|data=2013}}</ref><ref name=":25">{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=238-242|acessodata=2018-01-31}}</ref>
[[FicheiroImagem:Palácio Maracaju 2.JPG|thumb|250px180px|direitaesquerda|[[Loja Maçônica Oriente Maracajú|Loja Maçônica Oriente Maracaju]], antigamente serviu como Palácio Maracaju, sede do Estado de Maracaju, localizado em [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]], [[Mato Grosso do Sul]].]]
[[FicheiroImagem:Palácio Maracaju.JPG|thumb|180px|direitaesquerda|Placa indicativa do Palácio Maracaju]]
O setor respectivo ao estado de Maracaju, então comandado pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva, foi entregue ainda no mês de julho para o coronel Francisco Jaguaribe de Mattos, que a princípio de setembro veio a ser substituído pelo coronel Nicolau Bueno Horta Barbosa.<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=763900&pesq=Nicolau%20Horta%20Barbosa|título=O commando da Circumscripção Militar de Matto Grosso|data=1932-09-05|edição=07988|publicado=A Gazeta|acessodata=2018-06-01|página=1|idioma=pt}}</ref> O coronel Saturnino de Paiva veio a assumir no mês seguinte o comando do destacamento paulista respectivo ao denominado setor leste de combate, situado na região de [[Campinas]].<ref name=":17" />Desde os primeiros combates o destacamento constitucionalista de Maracaju assumiu a ofensiva para garantir posições estratégicas para o controle da região. À leste, aquela tropa desbaratou uma coluna de soldados federais em [[Paranaíba|Santana do Paranaíba]], e também outra vinda de [[Goiás]], com vários elementos tendo sido presos. Também repeliram forças federais em [[Três Lagoas]] e [[Porto XV de Novembro]]. Ao norte, em [[Coxim]], também debelaram uma coluna vinda de [[Cuiabá]] que visava a tomada de Campo Grande. Mais ao sul, em [[Bela Vista]], os rebeldes tomaram a cidade após súbita resistência do interventor municipal, o major Mário Garcia, e do comandante do [[10.º Regimento de Cavalaria Mecanizado|10º R.C.I.]] que inicialmente haviam declarado apoio a Revolução. A oeste, os combates foram mais intensos, tendo as tropas revolucionárias tomado a cidade de [[Corumbá]], a [[Base Fluvial de Ladário]], [[Porto Esperança]], o [[Forte Coimbra]] e, por fim, [[Porto Murtinho]], em 12 de setembro de 1932, onde lá desbarataram a flotilha liderada pelo monitor fluvial ''Pernambuco'' e o destacamento governista comandado pelo coronel do Exército Leopoldo Nery da Fonseca Junior. As batalhas pela tomada de [[Porto Murtinho]] e [[Porto Esperança]] foram os feitos mais notáveis daquelas tropas no conflito, cuja vitória também garantiu para os rebeldes o controle de toda a região atualmente contemplada pelo Estado do [[Mato Grosso do Sul]]. Além disso, garantiram o acesso ao [[Oceano Atlântico]] pelo [[Rio Paraguai]], ao [[Rio Paraná]] e a fronteira brasileira com a [[Bolívia]] e o [[Paraguai]] para viabilizar a entrada de recursos bélicos em favor das tropas revolucionárias, uma vez que o [[Porto de Santos]] estava sob bloqueio da esquadra naval governista. Ainda em meados de setembro, parte daquela força mato-grossense viria dar reforço na frente sul e frente leste paulista de combate, com o [[7.º Batalhão de Engenharia de Combate|Batalhão Visconde de Taunay]] junto com uma unidade de artilharia se deslocando para [[Capão Bonito]] para combater tropas gaúchas. O controle da região sul do então Estado do Mato Grosso viabilizou o acesso dos revolucionários ao estrangeiro, algo que até então estava restringido, inclusive por meio dele conseguiram realizar o translado dos novos aviões adquiridos dos [[Estados Unidos|EUA]]. A atuação das tropas de Maracaju foi mais tarde reconhecida como notável pelos comandantes paulistas.<ref name=":17" /><ref name=":19">MIRANDA, Alcibíades (coronel). A Rebelião de São Paulo. Curitiba: scp, 1934, 249p. v.2</ref><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":25" />
 
Até a data de rendição, ocorrida em 2 de outubro, o território do estado de Maracaju permaneceu com livre-trânsito para os paulista, tendo inclusive boa parte dos líderes do levante fugido via Campo Grande do cerco governista na véspera do armistício. Porém, entre 3 e 4 de outubro, as tropas rebeldes situadas na Capital, após tomarem conhecimento do armistício em [[São Paulo]], se amotinaram e prenderam o seu comandante, o coronel Nicolau Horta Barbosa. No entanto, as demais regiões do estado continuaram nas mãos dos revoltosos por mais algumas semanas até negociarem a deposição de armas e sua rendição às tropas federais.
[[Ficheiro:Palácio Maracaju.JPG|thumb|180px|direita|Placa indicativa do Palácio Maracaju]]
 
O último reduto revolucionário foi na região de [[Bela Vista]] e [[Ponta Porã]], cujo destacamento constitucionalista comandando pelo coronel Jaguaribe de Mattos se rendeu somente no dia 25 de outubro perante as tropas federais comandadas pelo tenente-coronel Castelo Branco. Apesar da derrota militar dos rebeldes, em 1º de janeiro de 1979 a divisão regional ocorrida em 1932 foi consumada com a criação do estado de [[Mato Grosso do Sul]], uma divisão desejada desde o término da [[Guerra do Paraguai]].<ref>{{citar livro|título=Contribuição para História da Revolução Constitucionalista|primeiro=Euclydes de Oliveira|ultimo=Figueiredo|editora=Martins|local=São Paulo|páginas=362|ano=1954}}</ref><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":19" /><ref>{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=1932-10-30|titulo=Telegrammas: serviço especial d'O Matto Grosso|url=https://memoria.bn.br|jornal=O Matto Grosso|local=Bela Vista|pagina=página 1|acessodata=2019-02-24}}</ref>
Criado a partir da divisão de [[Mato Grosso]] na sua parte meridional, o estado é uma precoce demonstração das pretensões separatistas com relação ao governo de [[Cuiabá]]. Durante a Revolução Constitucionalista, o sul de Mato Grosso apoiou a causa paulista, na pessoa do general [[Bertoldo Klinger]]. Com o fim da revolução e a vitória militar do governo central, o estado foi dissolvido, mas serviria de embrião para o que seria o hoje estado de Mato Grosso do Sul.
 
{{referências}}
 
== Ver também ==