Oswald de Andrade: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
seção 'Biografia' antes de seção 'Obra', +subseções, -desambigs., +{{InícioRef}} em 'Bibliografia', -remov. alguns trechos sem fontes, -Representações na cultura (sem fontes e irrelevante), -Ver também (WP:LE/VT, ligs. já no texto do artigo)
Linha 15:
|cônjuge = {{small|Henriette Denise Boufflers}} ({{small|1912}} - {{small|1916}}) <br> {{small|[[Tarsila do Amaral]]}} ({{small|1926}} - {{small|1929}}) <br> {{small|[[Pagu|Patrícia Galvão]]}} ({{small|1930}} - {{small|1934}}) <br> {{small|Julieta Bárbara Guerrini}} ({{small|1936}} - {{small|1940}}) <br> {{small|Maria Antonieta D'Alkmin}} ({{small|1944}} - {{small|1954}})
|filhos = 5
|ocupação = [[poeta]] <br> [[Literatura do Brasil|escritor]] <br> [[Ensaio|ensaísta]] <br> [[dramaturgia|dramaturgo]]
|escola = [[Modernismo]]
|magnum_opus =''Marco Zero'' (2 volumes)
|prémios =[[30º Prêmio Jabuti|Prêmio Jabuti 1988]]
}}
'''José Oswald de Sousa de Andrade''',<ref name="UOL">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.jhtm |título=Oswald de Andrade |acessodata=22 de outubro de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=UOL - Educação |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref> apelidado de '''Oswald de Andrade''',<ref group="nota">De acordo com [[Antonio Candido]], o autor modernista preferia que seu nome fosse pronunciado com a tonicidade na última sílaba (Oswáld, em vez de Ôswald). Cf. CANDIDO, A. "Oswaldo, Oswáld, Ôswald". ''Folha de S. Paulo'', 21 mar. 1982. [https://prefaciocultural.wordpress.com/2012/03/06/oswaldo-oswald-oswald-de-antonio-candido/ link].</ref> ([[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[11 de janeiro]] de [[1890]] — São Paulo, [[22 de outubro]] de [[1954]]) foi um [[poeta]], [[Literatura do Brasil|escritor]], [[Ensaio|ensaísta]] e [[dramaturgia|dramaturgo]] [[brasil]]eiro.<ref name="UOL">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.jhtm |título=Oswald de Andrade |acessodata=22 de outubro de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=UOL - Educação |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref> Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade (irmã do escritor [[Inglês de Sousa]]).<ref>Oswald de Andrade. ''Um homem sem profissão. Memórias e confissões. I. Sob as ordens de mamãe''. 1a. Edição. São Paulo: Editora José Olympio, 1954, pag. 9</ref> Formou-se em Direito no [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Largo São Francisco]] em 1919.<ref>{{Citar web|titulo=ARCADAS Associação Antigos Alunos Faculdade de Direito da USP|url=http://www.arcadas.org.br/antigos_alunos.php?q=nome&qvalue=Oswald+andrade&grad=#result_busca|obra=www.arcadas.org.br|acessodata=2019-08-01}}</ref> Foi um dos promotores da [[Semana de Arte Moderna]] que ocorreu em 1922 na cidade de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], tornando-se um dos grandes nomes do [[modernismo]] literário brasileiro. Ficou conhecido pelo seu temperamento "irreverente e combativo",<ref name="UOL - Educação">[http://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm Oswald de Andrade] Uol Educação</ref> sendo o mais inovador entre estes. Colaborou na revista ''[[Contemporânea (revista)|revista Contemporânea]]''<ref>[http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/CONTEMPORANEA/Contemporanea.htm Contemporânea (1915-1926) [cópia digital, Hemeroteca Digital<nowiki>]</nowiki>]</ref> (1915-1926). De [[1926]] a [[1929]] foi casado com [[Tarsila do Amaral]] e de [[1930]] a [[1935]] foi marido de [[Pagu]].
 
== Biografia ==
== Oswald no Modernismo Brasileiro ==
=== Primeiros anos ===
Em [[11 de janeiro]] de [[1890]] nasceu, em [[São Paulo]], José Oswald de Sousa de Andrade, filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade, sendo eles pertencentes a uma família paulistana tradicional, de [[classe alta]], de [[ascendência]] [[portugueses|portuguesa]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Iniciou seus estudos, em 1900, na Escola Modelo Caetano de Campos. Em 1901, ingressa no Ginásio Nossa Senhora do Carmo. De 1903 a 1908 estudou no Colégio São Bento, onde concluiu seus estudos com o diploma de bacharel em [[Ciências humanas|humanidades]]. Em 1909 iniciou carreira no [[jornalismo]] como [[redator]] e crítico teatral do “Diário Popular”, assinando a coluna "Teatro e Salões". No mesmo ano ingressou na Faculdade de Direito.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
=== Anos 1910 ===
Em 1910 montou um [[Estúdio|ateliê]] com o [[pintor]] Oswaldo Pinheiro, no [[Vale do Anhangabaú]]. Neste ano conheceu o [[Rio de Janeiro]], onde ficou hospedado na residência de seu tio avô, o escritor Inglês de Souza. Passou o primeiro Natal longe da família, acompanhado de amigos, em [[Santos]], numa hospedaria.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1911, com a ajuda financeira de sua mãe, fundou o jornal “O Pirralho”, cujo primeiro número é lançado em 12 de agosto, tendo como colaboradores Amadeu Amaral, Voltolino, Alexandre Marcondes, Cornélio Pires e outros. Conheceu o poeta Emílio de Meneses, de quem se tornou amigo, e o ajudou profissionalmente. Lançou a campanha civilista em torno de [[Ruy Barbosa]]. Neste mesmo ano passou suas férias em [[Baependi]], [[Minas Gerais]], na [[fazenda]] da família de seu avô paterno.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em [[1912]] decidiu conhecer a [[Europa]], onde visitou vários países: [[Itália]], [[Alemanha]], [[Bélgica]], [[Inglaterra]], [[França]] e [[Espanha]]. Manteve casos amorosos com diversas mulheres durante a viagem, o mais longo deles com uma jovem dançarina de [[cabaré]], a italiana Helena Carmen Hosbale, com quem ficou por três meses, durante sua estadia em [[Milão]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em uma viagem a [[Paris]], ele conheceu uma jovem estudante francesa, Henriette Denise Boufflers, uma donzela de família abastada. Ele passou a chamá-la carinhosamente de Kamiá. Eles se apaixonaram intensamente, e mantiveram um caso amoroso escondido por um mês, até assumirem o namoro e Oswald ser aceito pela família dela. Após dois meses, em setembro do mesmo ano, sua mãe faleceu, e Oswald, então, voltou para o [[Brasil]], trazendo Kamiá junto consigo, que recebeu autorização da família para ir com ele. Eles passam a morar juntos na casa dele em São Paulo. Em 1914 nasceu o filho do casal, José Oswald Antônio Boufflers de Andrade, apelidado por eles de Nonê. A partir daí o casamento se desestabilizou, com as inseguranças e ciúmes de Kamiá, e as traições de Oswald. Nesse mesmo ano tornou-se bacharel em [[Ciência natural|ciências]] e [[letras]], pelo [[Colégio São Bento]], e fez um curso de [[filosofia]] no Mosteiro de São Bento.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1915, Oswald iniciou um caso extraconjugal com a dançarina espanhola Carmen Lydia, que passou a viver no Brasil. Em 1916 sua esposa descobriu a traição, e ambos separaram-se. Ela, então, voltou para Paris com seu filho, e Oswald ficou vivendo sozinho em São Paulo, separando-se da dançarina um mês depois.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1917 começou a namorar a jornalista Maria de Lourdes Olzani, apelidada de ''Deise'', e através dela conheceu [[Mário de Andrade]], com quem organizou a [[Semana de Arte Moderna]]. Em 1918 formou-se em [[direito]], após parar e retomar a faculdade diversas vezes. Em 1922 separou-se de Maria de Lourdes, que o abandonou, cansada de perdoar as diversas traições dele. Nesse mesmo ano, Oswald começou a namorar a pintora [[Tarsila do Amaral]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
=== Anos 1920 ===
Em 1923 viajou até a França, e entrou na justiça para conseguir a guarda do filho, já que Kamiá, a mãe do menino, ainda magoada com o término do casamento, não queria mais que Oswald o visse. Oswald, então, conseguiu a custódia dele, devido ao seu alto poder aquisitivo e influência no cenário cultural brasileiro. Ele, então, matriculou seu filho no colégio interno Licée Jaccard, em [[Lausanne]], na [[Suíça]]. Ele passou a visitar o menino uma vez por mês, e o levava para viajar com ele todo ano, nas férias, tendo levado seu filho para morarem juntos no Brasil após o menino ficar maior de idade. Neste mesmo ano de 1923 viajou com sua namorada Tarsila para divulgar os trabalhos artísticos de ambos em [[Portugal]], Espanha e [[Senegal]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1925 viajou a passeio com sua então noiva Tarsila, a filha dela, e seu filho, pela [[Grécia]], [[Turquia]], [[Israel]] e [[Egito]]. Ambos foram morar juntos em [[1926]]. Com a [[Grande Depressão|Crise de 1929]] no mundo, Oswald rompeu sua parceria profissional com Mário de Andrade, devido a sua grande perda financeira. Isso agravou seu casamento, já em crise há um ano, devido às diferenças marcantes de temperamento ente o casal, e os ciúmes intensos de Tarsila. Em dezembro de 1929 separou-se de sua esposa e assumiu um relacionamento sério com sua amante, a escritora [[Pagu]], com quem já se relacionava há um ano.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
=== Anos 1930 ===
No dia 1º de abril de 1930 "casa-se" com Pagu, em uma cerimônia pouco convencional: O acontecimento foi simbólico, realizado no [[Cemitério da Consolação]], em São Paulo. O fato apareceu em diversos noticiários. Ambos casaram-se oficialmente no [[casamento civil|civil]] e na [[casamento religioso|igreja]] apenas no mês seguinte, com Pagu já grávida de seis meses. Em 25 de setembro do mesmo ano nasceu o filho do casal, [[Rudá de Andrade|Rudá Poronominare Galvão de Andrade]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Seu casamento com Patrícia o faz se aproximar da [[política]], e ele tornou-se [[militante]] do [[Partido Comunista Brasileiro]], e o casal fundou juntos o jornal ''O Homem do Povo'', que durou até 1945, quando Oswald rompeu com o partido comunista.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em junho de 1934 [[desquite|desquitou-se]] de Pagu, devido as constantes traições de Oswald, que assumiu um relacionamento sério com sua amante, a pianista Pilar Ferrer, com quem já estava há dois anos. Após um mês, separou-se de Pilar, e iniciou um namoro com Julieta Bárbara Guerrini, uma jovem poetisa, de família tradicional paulistana, de origem italiana. Em dezembro o casal passou a viver juntos. O casal separou-se em 1940, devido as divergências conjugais constantes.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Após levar uma vida [[boemia|boêmia]], mantendo relacionamentos casuais com mulheres anônimas e famosas, em 1943 iniciou um namoro com Maria Antonieta D'Alkmin, uma jovem paulistana, de família rica e tradicional, de origem alemã. Ambos foram viver juntos em 1944. O casal teve dois filhos: Antonieta Marília D'Alkmin de Andrade, nascida em 1945, e Paulo Marcos D'Alkmin de Andrade, nascido em 1948. Este foi o último casamento de Oswald, que permaneceu casado até seu falecimento, em 1954.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
=== Morte ===
[[File:Cemiterio da Consolacao Tumulo da Familia Andrade.jpg|thumb|right|150px|Túmulo onde foi sepultado Oswald de Andrade, no cemitério da Consolação.]]
Ele faleceu aos 64 anos, em seu quarto, vítima de um [[Enfarte agudo do miocárdio|infarto]]. Ele foi [[sepultamento|sepultado]] no [[jazigo]] da família, no [[Cemitério da Consolação]], junto aos seus pais e avós.<ref>[[http://almanaque.folha.uol.com.br/semana3.htm]]</ref>
 
== Obra ==
=== Modernismo brasileiro ===
Um dos mais importantes introdutores do [[Modernismo]] no [[Brasil]], foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o ''[[Manifesto da Poesia Pau-Brasil]]'' e o ''[[Manifesto Antropófago]]'', bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, [[Pau-Brasil (livro)|Pau-Brasil]].<ref name="UOL - Educação"/>
 
Linha 37 ⟶ 75:
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em [[Paris]] na época do [[Futurismo]] e do [[Cubismo]], que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a [[África|africana]] ou a [[polinésia]], estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da [[Europa]] industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos. Oswald percebeu que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas [[autóctones]] dos índios até a [[cultura negra]] representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes.<ref name="UOL - Educação"/> A partir daí, volta sua poesia para um certo [[primitivismo]] e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.
 
=== ''Manifesto da Poesia Pau-Brasil'' (1924) ===
[[Imagem:Oswald de andrade 1920.jpg|thumb|upright|Andrade em 1922]]
 
Linha 48 ⟶ 86:
O manifesto propõe, sem perder o humor e a ingenuidade, a descolonização de seu país pelas vias de um levante popular, e acima de tudo negro, quando expõe uma sugestão de [[Blaise Cendrars]] : "– Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino".<ref>{{citar web |url=http://www.academia.edu/7013131/Manifesto_antropofagico_-_manifesto_pau_brasil |título=''Manifesto da poesia pau-brasil'' |acessodata=22 de julho de 2014 |autor=|coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Academia.edu |páginas= |língua= |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref>
 
=== ''Manifesto Antropófago'' (1928) ===
O ''[[Manifesto Antropófago]]'' foi publicado no primeiro exemplar da [[Revista de Antropofagia]]. Os exemplares desta publicação eram numerados como ''primeira dentição'', ''segunda dentição'', etc.
 
Linha 68 ⟶ 106:
Assim o ''Manifesto Antropófago'', embora seja nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário é xecanofágico: "Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago." Por isso, o antropófago Oswald seria um vanguardista, e teria sido o primeiro brasileiro, cronologicamente, a influenciar o movimento literário brasileiro de maior repercussão internacional, o concretismo, bem como, talvez indiretamente, ao poeta brasileiro mais aclamado nos círculos literários da atualidade, Manoel de Barros, o qual se diz um poeta da "vanguarda primitiva".
 
== VidaLista Pessoalde obras ==
=== Manifestos ===
Em [[11 de janeiro]] de [[1890]] nasceu, em [[São Paulo]], José Oswald de Sousa de Andrade, filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade, sendo eles pertencentes a uma família paulistana tradicional, de [[classe alta]], de [[ascendência]] [[portugueses|portuguesa]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
* ''[[Manifesto da Poesia Pau-Brasil]]'' (1924)
 
* ''[[Manifesto Antropófago]]'' (1928)
Iniciou seus estudos, em 1900, na Escola Modelo Caetano de Campos. Em 1901, ingressa no Ginásio Nossa Senhora do Carmo. De 1903 a 1908 estudou no Colégio São Bento, onde concluiu seus estudos com o diploma de bacharel em [[Ciências humanas|humanidades]]. Em 1909 iniciou carreira no [[jornalismo]] como [[redator]] e crítico teatral do “Diário Popular”, assinando a coluna "Teatro e Salões". No mesmo ano ingressou na Faculdade de Direito.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1910 montou um [[Estúdio|ateliê]] com o [[pintor]] Oswaldo Pinheiro, no [[Vale do Anhangabaú]]. Neste ano conheceu o [[Rio de Janeiro]], onde ficou hospedado na residência de seu tio avô, o escritor Inglês de Souza. Passou o primeiro Natal longe da família, acompanhado de amigos, em [[Santos]], numa hospedaria.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1911, com a ajuda financeira de sua mãe, fundou o jornal “O Pirralho”, cujo primeiro número é lançado em 12 de agosto, tendo como colaboradores Amadeu Amaral, Voltolino, Alexandre Marcondes, Cornélio Pires e outros. Conheceu o poeta Emílio de Meneses, de quem se tornou amigo, e o ajudou profissionalmente. Lançou a campanha civilista em torno de [[Ruy Barbosa]]. Neste mesmo ano passou suas férias em [[Baependi]], [[Minas Gerais]], na [[fazenda]] da família de seu avô paterno.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em [[1912]] decidiu conhecer a [[Europa]], onde visitou vários países: [[Itália]], [[Alemanha]], [[Bélgica]], [[Inglaterra]], [[França]] e [[Espanha]]. Manteve casos amorosos com diversas mulheres durante a viagem, o mais longo deles com uma jovem dançarina de [[cabaré]], a italiana Helena Carmen Hosbale, com quem ficou por três meses, durante sua estadia em [[Milão]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em uma viagem a [[Paris]], ele conheceu uma jovem estudante francesa, Henriette Denise Boufflers, uma donzela de família abastada. Ele passou a chamá-la carinhosamente de Kamiá. Eles se apaixonaram intensamente, e mantiveram um caso amoroso escondido por um mês, até assumirem o namoro e Oswald ser aceito pela família dela. Após dois meses, em setembro do mesmo ano, sua mãe faleceu, e Oswald, então, voltou para o [[Brasil]], trazendo Kamiá junto consigo, que recebeu autorização da família para ir com ele. Eles passam a morar juntos na casa dele em São Paulo. Em 1914 nasceu o filho do casal, José Oswald Antônio Boufflers de Andrade, apelidado por eles de Nonê. A partir daí o casamento se desestabilizou, com as inseguranças e ciúmes de Kamiá, e as traições de Oswald. Nesse mesmo ano tornou-se bacharel em [[Ciência natural|ciências]] e [[letras]], pelo [[Colégio São Bento]], e fez um curso de [[filosofia]] no [[Mosteiro de São Bento]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1915, Oswald iniciou um caso extraconjugal com a dançarina espanhola Carmen Lydia, que passou a viver no Brasil. Em 1916 sua esposa descobriu a traição, e ambos separaram-se. Ela, então, voltou para Paris com seu filho, e Oswald ficou vivendo sozinho em São Paulo, separando-se da dançarina um mês depois.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1917 começou a namorar a jornalista Maria de Lourdes Olzani, apelidada de ''Deise'', e através dela conheceu [[Mário de Andrade]], com quem organizou a [[Semana de Arte Moderna]]. Em 1918 formou-se em [[direito]], após parar e retomar a faculdade diversas vezes. Em 1922 separou-se de Maria de Lourdes, que o abandonou, cansada de perdoar as diversas traições dele. Nesse mesmo ano, Oswald começou a namorar a pintora [[Tarsila do Amaral]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1923 viajou até a França, e entrou na justiça para conseguir a guarda do filho, já que Kamiá, a mãe do menino, ainda magoada com o término do casamento, não queria mais que Oswald o visse. Oswald, então, conseguiu a custódia dele, devido ao seu alto poder aquisitivo e influência no cenário cultural brasileiro. Ele, então, matriculou seu filho no colégio interno Licée Jaccard, em [[Lausanne]], na [[Suíça]]. Ele passou a visitar o menino uma vez por mês, e o levava para viajar com ele todo ano, nas férias, tendo levado seu filho para morarem juntos no Brasil após o menino ficar maior de idade. Neste mesmo ano de 1923 viajou com sua namorada Tarsila para divulgar os trabalhos artísticos de ambos em [[Portugal]], Espanha e [[Senegal]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em 1925 viajou a passeio com sua então noiva Tarsila, a filha dela, e seu filho, pela [[Grécia]], [[Turquia]], [[Israel]] e [[Egito]]. Ambos foram morar juntos em [[1926]]. Com a [[Grande Depressão|Crise de 1929]] no mundo, Oswald rompeu sua parceria profissional com Mário de Andrade, devido a sua grande perda financeira. Isso agravou seu casamento, já em crise há um ano, devido às diferenças marcantes de temperamento ente o casal, e os ciúmes intensos de Tarsila. Em dezembro de 1929 separou-se de sua esposa e assumiu um relacionamento sério com sua amante, a escritora [[Pagu]], com quem já se relacionava há um ano.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
No dia 1º de abril de 1930 "casa-se" com Pagu, em uma cerimônia pouco convencional: O acontecimento foi simbólico, realizado no [[Cemitério da Consolação]], em São Paulo. O fato apareceu em diversos noticiários. Ambos casaram-se oficialmente no [[casamento civil|civil]] e na [[casamento religioso|igreja]] apenas no mês seguinte, com Pagu já grávida de seis meses. Em 25 de setembro do mesmo ano nasceu o filho do casal, [[Rudá de Andrade|Rudá Poronominare Galvão de Andrade]].<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Seu casamento com Patrícia o faz se aproximar da [[política]], e ele tornou-se [[militante]] do [[Partido Comunista Brasileiro]], e o casal fundou juntos o jornal ''O Homem do Povo'', que durou até 1945, quando Oswald rompeu com o partido comunista.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Em junho de 1934 [[desquite|desquitou-se]] de Pagu, devido as constantes traições de Oswald, que assumiu um relacionamento sério com sua amante, a pianista Pilar Ferrer, com quem já estava há dois anos. Após um mês, separou-se de Pilar, e iniciou um namoro com Julieta Bárbara Guerrini, uma jovem poetisa, de família tradicional paulistana, de origem italiana. Em dezembro o casal passou a viver juntos. O casal separou-se em 1940, devido as divergências conjugais constantes.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
Após levar uma vida [[boemia|boêmia]], mantendo relacionamentos casuais com mulheres anônimas e famosas, em 1943 iniciou um namoro com Maria Antonieta D'Alkmin, uma jovem paulistana, de família rica e tradicional, de origem alemã. Ambos foram viver juntos em 1944. O casal teve dois filhos: Antonieta Marília D'Alkmin de Andrade, nascida em 1945, e Paulo Marcos D'Alkmin de Andrade, nascido em 1948. Este foi o último casamento de Oswald, que permaneceu casado até seu falecimento, em 1954.<ref>[[http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp]]</ref><ref>[[https://educacao.uol.com.br/biografias/oswald-de-andrade.htm]]</ref>
 
==Falecimento==
[[File:Cemiterio da Consolacao Tumulo da Familia Andrade.jpg|thumb|right|150px|Túmulo onde foi sepultado Oswald de Andrade, no cemitério da Consolação.]]
Ele faleceu aos 64 anos, em seu quarto, vítima de um [[Enfarte agudo do miocárdio|infarto]]. Ele foi [[sepultamento|sepultado]] no [[jazigo]] da família, no [[Cemitério da Consolação]], junto aos seus pais e avós.<ref>[[http://almanaque.folha.uol.com.br/semana3.htm]]</ref>
 
== Representações na cultura ==
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por [[Colé Santana]] no filme ''[[Tabu (1982)|Tabu]]'' (1982); [[Flávio Galvão]] e [[Ítala Nandi]], no filme ''[[O Homem do Pau-Brasil]]'' (1982); [[Antônio Fagundes]], no filme ''[[Eternamente Pagu]]'' (1987); e [[José Rubens Chachá]], nas minisséries ''[[Um Só Coração]]'' (2004) e ''[[JK (minissérie)|JK]]'' (2006).
 
As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também diversas áreas da criação artística: na música, o [[tropicalismo]]; na poesia, o movimento dos concretistas; e no teatro, grupos como [[Teatro Oficina]].
 
== Principais obras ==
Além dos manifestos ''[[manifesto da Poesia Pau-Brasil|Poesia Pau-Brasil]]'' (1924) e ''[[Manifesto Antropófago|Antropófago]]'' (1928), Oswald escreveu:
 
=== Poesia ===
* ''[[Pau-Brasil (livro)|Pau-Brasil]]'' (1925)
Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior (como a de [[Carlos Drummond de Andrade]], [[João Cabral de Mello Neto]], o [[Concretismo]] e [[Manoel de Barros]]), bem como a obra do poeta francês [[Blaise Cendrars]], considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta [[Paul Eluard]].
* ''Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade'' (1927)
 
* ''[[Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão]]'' (1942)<ref name="A">Oswald de Andrade. ''O santeiro do mangue e outros poemas''. São Paulo: Editora Globo, 1991</ref>
* 1925: ''[[Pau-Brasil (livro)|Pau-Brasil]]''
* ''[[O Escaravelho de Ouro]]'' (1946)<ref name="A" />
* 1927: ''Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade''
* ''O Cavalo Azul'' (1947)
* 1942: ''[[Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão]]''<ref name="A">Oswald de Andrade. ''O santeiro do mangue e outros poemas''. São Paulo: Editora Globo, 1991</ref>
* ''Manhã'' (1947)
* 1946: ''[[O Escaravelho de Ouro]]''<ref name="A" />
* ''[[O Santeiro do Mangue]]'' (1950)<ref name="A" />
* 1947: ''O Cavalo Azul''
* 1947: ''Manhã''
* 1950: ''[[O Santeiro do Mangue]]''<ref name="A" />
 
=== Romance ===
* Trilogia ''Os Condenados'' (1922-1934)
Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém ''[[Memórias Sentimentais de João Miramar]]'', por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.
* ''[[Memórias Sentimentais de João Miramar]]'' (1924)
 
* ''[[Serafim Ponte Grande]]'' (1933)
* 1922-1934: ''Os Condenados'' ([[trilogia]])
* ''Marco Zero I - A Revolução Melancólica'' (1943)
* 1924: ''[[Memórias Sentimentais de João Miramar]]''
* ''Marco Zero II - Chão'' (1945)
* 1933: ''[[Serafim Ponte Grande]]''
* 1943: ''Marco Zero I - A Revolução Melancólica''
* 1945: ''Marco Zero II - Chão''
 
=== Teatro ===
* [[1916]]: ''Mon Coeur Balance - Leur Âme - Histoire de La Fille Du Roi'' (parceria com [[Guilherme de Almeida]]) (1916)
* [[1934]]: ''O Homem e o Cavalo'' (1934)
* [[1937]]: ''A Morta pelo homem'' (1937)
* [[1937]]: ''[[O Rei da Vela]]'' (1937); primeira encenação de seus textos em [[1967]], pelo [[Teatro Oficina]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]].<ref>Oswald de Andrade. ''O rei da vela''. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008</ref>
 
=== Outros ===
* 1911 a 1918: ''O Pirralho'' (1911-1918), periódico literário, político e de humor.<ref>{{Citar web|URL = http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/o-pirralho|título = O Pirralho|publicado = Hemeroteca Digital Brasileira|acessadoem = 14 de janeiro de 2014}}</ref>
* 1954: ''[[Um homem sem profissão. Memórias e confissões. I. Sob as ordens de mamãe (Oswald de Andrade)|Um homem sem profissão. Memórias e confissões. I. Sob as ordens de mamãe]]'' (1954), com capa de [[Nonê]] e prefácio de [[Antonio Candido de Mello e Souza|Antonio Cândido]].<ref>Oswald de Andrade. ''Um homem sem profissão. Memórias e confissões. I. Sob as ordens de mamãe''. 1a. Edição. São Paulo: Editora José Olympio, 1954</ref>
* 1990: ''[[Dicionário de Bolso (Oswald de Andrade)|Dicionário de bolso]]'' (1990), publicação póstuma organizada por [[Maria Eugênia Boaventura]] a partir de manuscritos do espólio do autor contendo ''verbetes'' jocosos.<ref>Oswald de Andrade. ''Dicionário de bolso''. 2a. Edição. São Paulo: Editora Globo, 2007</ref>
 
=== Traduções de sua obra ===
* ''Anthropophagies'', trad. em francês por Jacques Thiériot, Paris, Flammarion, "Barroco", 1982 [reúne as trad. de ''Memorias sentimentais de João Miramar'', de ''Serafim Ponte Grande'', dos dois manifestos e mais alguns textos "antropofagos"]
* ''Pau Brasil'', ed. semi-facsimilar, trad. em espanhol por Andrés Sanchez Robayna, Madrid, Fundacion Juan March/ Editorial de arte e ciência, 2009 [1a. ed. completa no exterior]
Linha 147 ⟶ 145:
{{Notas}}
{{Referências}}
 
== Ver também ==
* [[Semana de Arte Moderna]]
* [[Tarsila do Amaral]]
* [[Pagú]]
* [[Rudá de Andrade]]
 
== Bibliografia ==
{{InícioRef|2}}
* Boaventura, Maria Eugenia. ''A Vanguarda Antropofágica.'' São Paulo: Ática, 1985.
* Helena, Lúcia. ''Totens e tabus da modernidade brasileira: símbolo e alegoria na obra de Oswald de Andrade.'' Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 1985.
Linha 164 ⟶ 157:
* Nunes, Benedito. ''Oswald Canibal.'' São Paulo: Perspectiva, 1979.
* Nunes, Benedito. ''A Utopia Antropofágica: A Antropofagia ao alcance de todos.'' São Paulo: Globo, 1990
{{RefFim}}
 
==Ligações externas==
{{Wikiquote|Oswald de Andrade}}
* [http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110702/not_imp739633,0.php Artigo de Augusto de Campos]
* [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/CONTEMPORANEA/Contemporanea.htm ''Contemporânea''] (cópia digital)
Linha 171 ⟶ 166:
* [http://pt.scribd.com/doc/80358752/O-Olho-Do-Ciclope O Olho do Ciclope]
 
{{Wikiquote|Oswald de Andrade}}
{{Portal3|Arte|Biografias|Brasil|Literatura|São Paulo|São Paulo (cidade)}}