O Filho de José e Maria: diferenças entre revisões

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==História==
Em meados da [[década de 1970]], Odair José era um dos artistas mais conhecidos da [[música brasileira]] e um dos campeões de vendas de discos no [[Brasil]], com uma carreira voltada para o estilo romântico popular.<ref name=FSP-MAR-2006>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0303200612.htm |título=Odair José mostra o "outro lado" da MPB |acessodata=066 de fevereiro, 2014de 2014|data=3 de março de 2006 |autor=Ronaldo Evangelista |publicado=Folha de S.Paulo |língua=português}}</ref><ref name=EPOCA-2013>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/regional/sp/cultura/noticia/2013/12/bodair-joseb-o-brega-que-virou-cult.html |título=Odair José, o brega que virou cult |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data=16 de dezembro, de 2013 |autor=Bárbara Bigarelli |publicado=Revista Época SP |língua=português}}</ref> Ligado então a [[Polygram]], selo popular da extinta gravadora Philips, o compositor desejava fazer um álbum duplo com 24 canções que, em ordem cronológica, falasse de uma fase do protagonista, desde seu nascimento até a sua morte.<ref name=BIZZ/ESQUEMA-2006>{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data=2006 |autor=Alexandre Matias |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref> O projeto resultou no álbum "O Filho de José e Maria", um disco conceitual totalmente distinto dos trabalhos românticos anteriores de Odair José e cujo protagonista era uma espécie de [[Jesus Cristo]] contemporâneo, que se envolve com drogas e coloca em dúvida sua própria condição sexual e, após longos anos de solidão e rejeição social, assume a sexualidade aos 33 anos e passa a viver plenitude da felicidade.<ref name=ITAU-CULTURAL>{{citar web |url=http://albumitaucultural.org.br/radios/odair-jose/ Odair José, Proibido e Popular Itaú Cultural |título=Odair José, proibido e popular |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data= |autor= |publicado=Itaú Cultural |língua=português}}.</ref><ref>{{citar web|URL=http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/154834|título=Nos Estúdios|autor=Alberto Carlos Carvalho|data=23 de janeiro de 1977|publicado=Jornal do Brasil, Caderno B, Página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=14 de abril de 2019}}</ref>
 
A inspiração para o trabalho veio da influência de livros de [[Gibran Kalil Gibran]]{{Nota de rodapé|"Eu tava no Rio e fiquei chateado com uma situação e esse senhor, o Aderbal, que me levou pra falar com o Golbery, veio me perguntar o que eu tinha. Eu expliquei e perguntei o que eu podia fazer? Eu perguntei e ele saiu da mesa. Pensei: “Qualé a desse velho? Eu pergunto uma coisa pra ele e ele sai? Deve estar ficando esclerosado”. Deu uma meia hora e ele aparece com um livro na mão. “Você me perguntou uma coisa que eu não posso responder, mas esse cara pode”. E me deu O Profeta, do Kalil Gibran. Eu comprei e li tudo dele, achava o Kalil Gibran o máximo. E foi dali que eu resolvi escrever as letras do Filho de José e Maria, eu passava o dia inteiro trancado no quarto sem fazer mais nada, só tomando vinho e lendo aquilo. E aquilo virou uma bola de neve."}}<ref name=BIZZ/ESQUEMA-20062006a>{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data=2006 |autor=Alexandre Matias |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref> e do [[rock]] de [[Joe Walsh]], [[Humble Pie]], [[Jeff Beck]] e [[Peter Frampton]].{{nota de rodapé|"Eu achava o máximo o som das guitarras daquela época, do pop do Joe Walsh, aquele disco ao vivo do Peter Frampton, aquela guitarra emborrachada, só ele e três caras de apoio e vendeu vinte milhões de álbuns. Então a idéia inicial era eu ter uma banda como se fosse de garagem. Eu montei essa banda, com uns amigos. Na época, eu tava muito bem de vida, tava solteiro, não tinha compromisso com nada, passava o dia na praia do Pepino sem fazer nada e pensei, “vou fazer uma banda” e fiz. A gente ensaiava lá no Vidigal. Quando eu fui gravar, o Durval Ferreira, aquele da bossa nova, começou a por defeito nos músicos: “Esses caras não tocam porra nenhuma!”. Mas a intenção era aquilo mesmo, tipo nos Rolling Stones, que aquele cara não é o melhor baterista, mas pra aquilo ali era ele mesmo!"<ref name=BIZZ/ESQUEMA-20062006b>{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data=2006 |autor=Alexandre Matias |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref>}} Odair foi acompanhado pela banda [[Azymuth]], tendo uma sonoridade [[soul]]<ref>[http://ppgcom.uff.br/wp-content/uploads/sites/200/2020/03/tese_mestrado_2015_diogo_direna_fonseca.pdf Entre o “brega” e o rock: a ressignificação da Música de Odair José]</ref>
 
Mas os produtores da Philips não queriam lançar um álbum duplo de Odair José, muito menos com uma temática tão controversa, então o compositor transferiu-se para o selo [[RCA Victor]], que por sua vez permitiu o lançamento do disco, mas com apenas 10 das 24 faixas pretendidas.<ref name=OIFM/JAN-2013>{{citar web |url=http://oifm.oi.com.br/site/#!/2012/12/com-a-boca-no-mundo-macale-mautner-donato-tom-ze-e-odair/ |título=Com a boca no mundo: Macalé, Mautner, Donato, Tom Zé e Odair |acessodata=6 de fevereiro, 2014 |data=08 de janeiro de 2013 |autor=Marcus Preto |publicado=OiFm |língua=português}}</ref><ref name=BIZZ/ESQUEMA-2006/> O LP chegou ao mercado em maio de [[1977]] e desagradou a [[Igreja Católica]].{{nota de rodapé|"A igreja não gostou, porque achavam que eu tava falando Jesus Cristo – e tem uma música que o cara fica doidão, outra que ele não sabe se é bicha ou macho."<ref name=BIZZ/ESQUEMA-2006>{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |acessodata=06 de fevereiro, 2014 |data=2006 |autor=Alexandre Matias |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref>}} Odair foi ameaçado de excomunhão por, entre outras coisas, canções como "O Casamento" (cujo conteúdo diz que [[São José|José]] e [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] não eram casados quando conceberam o seu filho e se separam lá pelo meio da história.<ref name=OIFM/JAN-2013>{{citar web |url=http://oifm.oi.com.br/site/#!/2012/12/com-a-boca-no-mundo-macale-mautner-donato-tom-ze-e-odair/ |título=Com a boca no mundo: Macalé, Mautner, Donato, Tom Zé e Odair |acessodata=06 de fevereiro, 2014 |data=08 de janeiro de 2013 |autor=Marcus Preto |publicado=OiFm |língua=português}}</ref> O pretensioso disco conceitual foi o maior fracasso comercial de Odair naquela década, sendo ignorado pelo público e massacrado pela crítica musical.<ref name=OIFM/JAN-2013/><ref name=JC/DEZ-2013>{{citar web |url=http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2013/11/24/odair-jose-de-copia-de-roberto-carlos-ao-brega-cultuado-106609.php |título=Odair José: de cópia de Roberto Carlos ao brega cultuado |acessodata=06 de fevereiro, 2014 |data=24 de novembro, 2013 |autor=José Teles |publicado=Jornal do Commercio |língua=português}}</ref> Após esse fiasco comercial, Odair José retomaria a linha romântico-popular, mas nunca mais alcançaria o sucesso comercial que teve naquela década.{{nota de rodapé|"E a partir desse disco, as pessoas começaram a fazer questionamentos sobre a minha competência pra vender discos, mas foi até legal, porque você ter a obrigação de todo disco ter de vender é uma bosta. Até porque você não consegue isso a vida inteira. E se você analisar, essa coisa de fazer sucesso, fazendo músicas direto, é um ciclo de sete anos. Pode ver, todo mundo, tem raras exceções, só aguentaram sete anos, pode reparar, Beatles mesmo: sete anos."}}<ref name=JC/DEZ-2013/><ref name="BIZZ/ESQUEMA-20062">{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |data=2006 |acessodata=06 de fevereiro, 2014 |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |autor=Alexandre Matias |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes}}</ref>
 
Mas os produtores da Philips não queriam lançar um álbum duplo de Odair José, muito menos com uma temática tão controversa, então o compositor transferiu-se para o selo [[RCA Victor]], que por sua vez permitiu o lançamento do disco, mas com apenas 10 das 24 faixas pretendidas.<ref name=OIFM/JAN-2013>{{citar web |url=http://oifm.oi.com.br/site/#!/2012/12/com-a-boca-no-mundo-macale-mautner-donato-tom-ze-e-odair/ |título=Com a boca no mundo: Macalé, Mautner, Donato, Tom Zé e Odair |acessodata=6 de fevereiro, 2014de 2014|data=088 de janeiro de 2013 |autor=Marcus Preto |publicado=OiFm |língua=português}}</ref><ref name=BIZZ/ESQUEMA-2006/> O LP chegou ao mercado em maio de [[1977]] e desagradou a [[Igreja Católica]].{{nota de rodapé|"A igreja não gostou, porque achavam que eu tava falando Jesus Cristo – e tem uma música que o cara fica doidão, outra que ele não sabe se é bicha ou macho."<ref name=BIZZ/ESQUEMA-20062006c>{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |acessodata=066 de fevereiro, 2014de 2014|data=2006 |autor=Alexandre Matias |publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes }}</ref>}} Odair foi ameaçado de excomunhão por, entre outras coisas, canções como "O Casamento" (cujo conteúdo diz que [[São José|José]] e [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] não eram casados quando conceberam o seu filho e se separam lá pelo meio da história.<ref name=OIFM/JAN-2013>{{citar web |url=http://oifm.oi.com.br/site/#!/2012/12/com-a-boca-no-mundo-macale-mautner-donato-tom-ze-e-odair/ |título=Com a boca no mundo: Macalé, Mautner, Donato, Tom Zé e Odair |acessodata=066 de fevereiro, 2014de 2014|data=088 de janeiro de 2013 |autor=Marcus Preto |publicado=OiFm |língua=português}}</ref> O pretensioso disco conceitual foi o maior fracasso comercial de Odair naquela década, sendo ignorado pelo público e massacrado pela crítica musical.<ref name=OIFM/JAN-2013/><ref name=JC/DEZ-2013>{{citar web |url=http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2013/11/24/odair-jose-de-copia-de-roberto-carlos-ao-brega-cultuado-106609.php |título=Odair José: de cópia de Roberto Carlos ao brega cultuado |acessodata=066 de fevereiro, 2014de 2014|data=24 de novembro, de 2013 |autor=José Teles |publicado=Jornal do Commercio |língua=português}}</ref> Após esse fiasco comercial, Odair José retomaria a linha romântico-popular, mas nunca mais alcançaria o sucesso comercial que teve naquela década.{{nota de rodapé|"E a partir desse disco, as pessoas começaram a fazer questionamentos sobre a minha competência pra vender discos, mas foi até legal, porque você ter a obrigação de todo disco ter de vender é uma bosta. Até porque você não consegue isso a vida inteira. E se você analisar, essa coisa de fazer sucesso, fazendo músicas direto, é um ciclo de sete anos. Pode ver, todo mundo, tem raras exceções, só aguentaram sete anos, pode reparar, Beatles mesmo: sete anos."}}<ref name=JC/DEZ-2013/><ref name="BIZZ/ESQUEMA-20062">{{citar web |url=http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |título=Bizz entrevista Odair José |data=2006 |acessodata=066 de fevereiro, 2014de 2014|publicado=Revista Bizz (reproduzido em "O Esquema") |autor=Alexandre Matias |língua=português |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222183108/http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2010/12/10/odair-jose-e-eu.htm |arquivodata=2014-02-22 |urlmorta=yes}}</ref>
 
Em 2017, o jornalista [[Mauro Ferreira]] se referiu ao álbum como "a primeira [[ópera-rock]] do universo pop nacional".<ref>{{citar web|último=Ferreira|primeiro=Mauro|título=Titãs lançam música sobre estupro e assédio enquanto criam ópera-rock|url=http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/titas-lancam-musica-sobre-estupro-e-assedio-enquanto-criam-opera-rock.html|obra=[[G1]]|publicado=[[Grupo Globo]]|acessodata=25 de abril de 2017|data=14 de abril de 2017|autorlink=Mauro Ferreira}}</ref>