Ricardo Felício: diferenças entre revisões

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Ricardo Felicio é simpático a restauração do [[Monarquismo no Brasil|regime monárquico]] no Brasil. Em suas redes sociais tem feito referenciais positivas às teses defendidas por [[Bertrand Maria José de Orléans e Bragança|Dom Bertrand]], que é o porta voz do movimento monárquico brasileiro e trineto de [[Pedro II do Brasil|Dom Pedro II]].<ref>{{Citation|title=Estão com Medo da Monarquia?|last=Ricardo Felicio - Oficial|date=2018-05-21|url=https://www.youtube.com/watch?v=L21Lhg_nKJ8&feature=youtu.be|accessdate=2018-06-26}}</ref>
 
==== Críticas à pandemia de COVID-19 ====
Em 2021, Felicio publicou um vídeo na plataforma [[Rumble (website)|Rumble]], ele chamou a [[pandemia de COVID-19]] de "fraudemia" e as vacinas de "remedinhos experimentais". Ele também classificou como "ridículo" um relatório do IPCC, e disse ser indiscutível a influência da atividade humana sobre as mudanças climáticas globais.<ref>{{Citar web |url=https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/08/26/ricardo-augusto-felicio-usp-sindicancia.htm |titulo=USP: alunos dizem que professor de vídeos negacionistas não aparece na aula |acessodata=2021-09-01 |website=noticias.uol.com.br |lingua=pt-br}}</ref> Ele ainda foi acusado por diversos alunos por não ter dado aulas após o início da pandemia, mesmo com a alteração da USP para continuar com os cronogramas através do ensino remoto.<ref>{{Citar web |url=https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/professor-de-climatologia-da-usp-recebe-salario-sem-dar-aulas-nega-mudancas-climaticas-em-curso-on-line-25169501 |titulo=Professor de Climatologia da USP recebe salário sem dar aulas e nega mudanças climáticas em curso on-line |data=2021-08-25 |acessodata=2021-09-01 |website=O Globo |lingua=pt-BR}}</ref>
 
== Críticas ==
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As polêmicas que desperta se devem ao fato de que para a comunidade científica os argumentos que ele defende não refletem ou distorcem os dados coletados em múltiplas pesquisas, contradizem leis básicas da [[física]] e são uma expressão do movimento de [[negacionismo climático]], considerado uma [[pseudociência]] <ref>{{Citar periódico|ultimo=Hansson|primeiro=Sven Ove|data=2017|titulo=Science denial as a form of pseudoscience|jornal=Studies in History and Philosophy of Science Part A|volume=63|paginas=39–47|doi=10.1016/j.shpsa.2017.05.002|url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0039368116300681|formato=requer pagamento|acessadoem=|lingua2=en}}</ref> e um conjunto de [[ideologia]]s e crenças que se opõem ao conhecimento estabelecido pelo consenso dos especialistas nas ciências do clima.<ref name="Bailão"/><ref name="Costa"/><ref name="Esteves"/><ref name="Oliveira"/> Mais de 97% dos climatologistas do mundo que publicam trabalhos em revistas especializadas concordam que o aquecimento global existe e é largamente causado pelo homem.<ref>NASA. [https://climate.nasa.gov/scientific-consensus/ ''Scientific consensus: Earth's climate is warming''].</ref> Por conta desse esmagador consenso, o discurso de Felicio, um dos principais negacionistas do Brasil,<ref>Machado, Ricardo. [http://www.ihu.unisinos.br/566490-o-negacionismo-pueril-contra-as-evidencias-cientificas-e-a-nova-trincheira-da-guerra-cultural-no-brasil "O negacionismo pueril contra as evidências científicas é a nova trincheira da guerra cultural no Brasil"]. ''Revista do Instituto Humanitas — Unisinos'', 04/04/2017</ref> foi contestado por várias autoridades científicas brasileiras especializadas em temas da climatologia e da mudança climática.<ref name="Bailão"/><ref name="Costa"/><ref name="Esteves"/><ref name="Oliveira"/> Durante uma entrevista concedida ao apresentador [[Jô Soares]], apresentou afirmações como: “não há elevação do nível do mar”, “o efeito estufa não existe”, “a [[camada de ozônio]] não existe”, “a [[Floresta Amazônica]] se reconstituiria em 20 anos após ser desmatada” além de levantar muitos risos do público presente. [[Alexandre Araújo Costa]], professor da [[Universidade Estadual do Ceará]] e membro do [[Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas]],<sup>Ver nota:</sup> <ref>O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas é a maior autoridade sobre o aquecimento global no âmbito dos estudos relacionados especificamente ao Brasil. Já publicou um grande relatório e mantém um fórum permanente de debates.</ref> comentou que tais afirmações são absurdas que não fazem sentido científico algum.<ref name="Costa"/>
 
[[Carlos Augusto Klink]], ex-secretário-executivo do [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]], ao responder a uma petição assinada por Felicio e um grupo de 18 cientistas clamando por uma reorientação da política brasileira quanto ao tema, refutou os argumentos do grupo e afirmou que o país reconhece o consenso científico, permanecendo alinhado à comunidade internacional como signatário da [[Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima|Convenção do Clima]].<ref name="Bailão"/><ref name="Costa2">Costa, Bernardo Esteves Gonçalves da. [http://is.cos.ufrj.br/wp-content/uploads/2015/11/BernardoEsteves-Tese-2014.pdf ''As controvérsias da ciência na Wikipédia em português: o caso do aquecimento global'']. UFRJ, 2014, pp. 146-150</ref> Também rejeitaram o posicionamento negacionista Tércio Ambrizzi, um dos mais renomados meteorologistas brasileiros e membro do [[Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas]] (IPCC),<ref name="Oliveira"/> <sup>Ver nota:</sup> <ref>O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas é a maior autoridade internacional em aquecimento global.</ref> e Paulo Artaxo, coordenador da [[FAPESP]] em pesquisa sobre mudanças climáticas e também membro do IPCC, que contestou Felicio em debate realizado na reunião anual da [[SBPC]] de 2010.<ref name="Esteves">Esteves, Bernardo. [http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/SearchableText/paulo+artaxo/id/2417/n/search/Post_page/3 "Debate aquecido"]. ''Ciência Hoje'', 29/07/2010</ref><ref name="Oliveira">Oliveira, Fernando de. [http://citrus.uspnet.usp.br/aun/exibir?id=4620&ed=805&f=10 "Cientistas que creem no Aquecimento Global dizem o pensam sobre os céticos"]. In: ''Boletim da Agência Universitária de Notícias'', 2012; 45 (62)</ref> Para outro secretário do Ministério do Meio Ambiente, Eduardo Assad, um dos coordenadores do maior estudo feito no País sobre o impacto do aquecimento global para a agricultura, "esses céticos da [[USP]] têm pouca credibilidade e têm produtividade baixa";<ref>Balazina, Afra. [https://web.archive.org/web/20171227122222/http://internacional.estadao.com.br/blogs/afra-balazina/ceticos-do-clima-na-usp/ "Céticos do clima na Geografia da USP"]. ''O Estado de São Paulo'', 19/11/2011</ref> opinião que coincide com o resultado de um trabalho do pesquisador Andre Bailão, que em uma revisão do assunto disse: "Em conjunto com os comentários que obtive em minha [[etnografia]] entre cientistas das mudanças climáticas na USP e no [[Inpe]], a opinião geral é que o grupo dos céticos se trata de uma minoria com pouca credibilidade e baixa produtividade, que não produz em [[Revista científica|revistas científicas]] e o que eles dizem tem pouca base física".<ref name="Bailão">Bailão, Andre Sicchieri. [http://ocs.ige.unicamp.br/ojs/react/article/view/1215/668 "Ciências e Mundos Aquecidos: Controvérsias e Redes de Mudanças Climáticas em São Paulo"]. In: ''Anais da ReACT - Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia'', 2014; 1 (1)</ref>
 
Para Alexandre Costa, o trabalho acadêmico de Felicio é uma farsa, e questionou "como alguém seria capaz de, na posição de doutor em geografia, professor da USP e 'climatologista', assassinar não apenas o conhecimento científico recente, mas leis básicas da física, conhecimentos fundamentais de [[química]], [[ecologia]], etc.? O que levaria alguém a insultar de forma tão grosseira a comunidade acadêmica brasileira e internacional, principalmente a nós, cientistas do clima?" <ref name="Costa">Costa, Alexandre. [https://umaincertaantropologia.org/2012/05/14/jo-soares-entrevista-ricardo-augusto-felicio/ "Jô Soares entrevista Ricardo Augusto Felicio sobre mudanças climáticas + comentário de Alexandre Costa"]. ''Uma Incerta Antropologia'', 2012</ref> O negacionismo climático tem sido considerado um importante fator de confusão da [[opinião pública]] e de atraso na tomada de medidas de combate ao aquecimento global.<ref>Lewandowsky, Stephan et al. "The Subterranean War on Science". In: ''Observer'', 2013; 26 (9)</ref><ref>Begley, Sharon. "The Truth About Denial". ''Newsweek Magazine'', 13/08/2007</ref><ref>Xifra, Jordi. "Climate Change Deniers and Advocacy: A Situational Theory of Publics Approach". In: ''American Behavioral Scientist'', 2016; 60 (3): 276–287</ref><ref>Oreskes, Naomi & Conway, Erik M. ''Merchants of Doubt: How a Handful of Scientists Obscured the Truth on Issues from Tobacco Smoke to Global Warming''. A&C Black, 2011</ref> Neste sentido, [[Philip Fearnside]], pesquisador titular do [[Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia]], identificado pelo projeto Essencial Science Indicators como o segundo mais citado cientista no mundo na área de aquecimento global,<ref>[http://esi-topics.com/gwarm2006/interviews/PhilipFearnside.html "An Interview with Dr. Philip Fearnside"] {{Wayback|url=http://esi-topics.com/gwarm2006/interviews/PhilipFearnside.html |date=20090218052753 }}. ''ESI Special Topics'', set/2006</ref> declarou que a entrevista de Felicio no programa de Jô Soares "sem dúvida, foi a mais danosa para o entendimento público no Brasil, devido ao grande alcance da mídia televisiva. O entrevistado declarou que 'o efeito estufa é a maior falácia científica que existe na história', que atribuiu a uma conspiração entre técnicos militares que estavam subempregados após a [[Guerra Fria]]. Quem não conhecia o assunto por outros meios teria tido pouca ideia das dezenas de milhares de trabalhos científicos que documentam o consenso representado pelos relatórios do IPCC de que o aquecimento adicional nos últimos anos é real, é causado pela ação humana, e terá impactos negativos gravíssimos se não for contido rapidamente".<ref>Fearnside, Philip. [http://amazoniareal.com.br/os-ceticos-de-clima-no-brasil-1-colaboracao-da-midia/ "Os céticos de clima no Brasil 1: colaboração da mídia"]. Amazônia Real, 16/03/2015</ref>