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=== 3ª Divisão de Infantaria ===
Em Santa Maria, a 3ª DI aderiu ao golpe ao redor das 11:30 de 1º de abril.{{Sfn|Pereira|1964|p=61}} Como muitos outros generais, o comandante Poppe de Figueiredo aderiu somente quando a desagregação do dispositivo militar governista era visível;{{Sfn|Faria|2013|p=265}} ele era tido como de confiança, e a adesão só ocorreu sob pressão.{{Sfn|Faria|2013|p=336}} Segundo Ruy de Paula Couto, então coronel responsável pelo 3º Regimento de Obuses de 105 mm (3º RO 105) e a Artilharia Divisionária, Poppe não era contra o movimento, mas foi inibido pelo sentimento de gratidão ao ministro da Guerra.{{Sfn|Motta|2003|p=31|loc=Tomo 13}} Tanto Couto quanto o coronel Ramão Menna Barreto, chefe do Estado-Maior da divisão, descrevem o general como indeciso, enquanto Poppe não menciona dúvida nas suas memórias.{{Sfn|Faria|2013|p=403 e 443-444}} Sua adesão veio após a da 2ª e 3ª DCs, cujos comandantes apelaram para que ele mudasse de lado;{{Sfn|Pereira|1964|p=61}} ele mesmo também cita a influência do general Adalberto, da 6ª DI.{{Sfn|Faria|2013|p=287 e 422}} A decisão foi feita em reunião com os oficiais, e os coronéis Menna Barreto e Couto também pressionaram seu comandante. Em suas memórias, Poppe privilegia o telefonema da 3ª DC como motivo da adesão.{{Sfn|Faria|2013|p=444}} Menna Barreto acrescenta“tinha a tropa nas mãos e já se posicionara abertamente”;{{Sfn|Axt|2020|p=317}} em seu relato, afirma que Poppe seria preso por seus coronéis se não aderisse.{{Sfn|Motta|2003|p=142|loc=Tomo 13}}
 
O "Mallet" já havia tomado conhecimento das substituições da 6ª DI e III Exército e alguns oficiais sugeriram que o comandante, Ten Cel Gabriel Annunzio D'Agostini (respondendo), já entrasse em rebelião. Ele recusou: era preciso que o comandante da divisão se definisse primeiro, evitando um conflito dentro da guarnição.[413] Assim, quando Poppe escolheu amotinar a divisão às 11:30, encontrou apoio imediato do Ten Cel D'Agostini e do Cel Ito do Carmo Guimarães (3º BCCL). Às 15:00 a Brigada Militar local aceitou a decisão de Poppe, e nas outras guarnições juraram lealdade o Cel Mattos Júnior (3º GO 155), de Cachoeira do Sul, e o Ten Cel Ito Carvalho Bernardes (subcomandante do 8º RI), de Santa Cruz do Sul. O comandante, Cel Augusto Luiz de Faria Correa, acabou acatando.[440]
 
Em Pelotas, mesmo se deu no 9º RI entre o Ten Cel José Mattos de Marsilac Motta e o Cel Danton do Amaral Duro.[448] Correa era de alinhamento duvidoso, e Danton, "do outro lado",[438] mas foram mantidos sob controle por seus subcomandantes.[443] A resistência mais notória foi, em Santa Maria, do comandante do 7º RI, Ten Cel Alberto Firmo de Almeida. Como esperado, na reunião da manhã recusou-se a aderir.[440] Ficou "completamente isolado e vigiado".[437] Outras recusas eram mínimas: 6 sargentos no regimento de Firmo, e no 3º Esqd Rec Mec, alguns oficiais e a maioria dos sargentos.[443]
 
A nível estadual, a adesão da 3ª DI subtraiu dos legalistas substanciais efetivos e um importante entroncamento ferroviário.{{Sfn|Axt|2020|p=317}} A nível municipal, fortaleceu o campo conservador da cidade, com grande presença militar e religiosa, contra o campo dos sindicalistas (especialmente ferroviários) e militantes estudantis. Os líderes ferroviários iniciaram uma greve, mas foram presos.{{Sfn|Demier|2012|p=234}}{{Sfn|Berni|2013|p=130-134}}
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Em Santiago, o general João de Deus Nunes Saraiva, da 1ª DC, cuja promoção havia sido favorecida por Goulart, permaneceu fiel .{{Sfn|Faria|2013|p=283}} Após a adesão da 3ª DI, ela enviou um grupo de emissários a Saraiva, mas ele recusou a adesão por sua amizade e gratidão ao presidente e não permitiu aos visitantes tentar convencer seus subordinados.{{Sfn|Pereira|1964|p=61-62}} Conforme um dos emissários, o coronel Menna Barreto, a resposta de Saraiva foi: “''sou anticomunista mesmo, mas antes de tudo sou muito amigo do Ladário''”.{{Sfn|Motta|2003|p=142|loc=Tomo 13}} Outro oficial também define a motivação de Saraiva como pessoal, a relação de “praças velhos” com Jango e o ministro da Guerra.{{Sfn|Motta|2003|p=38|loc=Tomo 13}}
 
Conforme um oficial do Estado-Maior da 2ª DC, o território da 1ª DC foi considerado território inimigo.{{Sfn|Motta|2003|p=79|loc=Tomo 8}} Porém, o atendimento de Saraiva ao chamado do general Ladário, viajando a Porto Alegre na tarde no dia 1,{{Sfn|Silva|2014|p=396}} é criticado como tendo deixado a divisão acéfala, permitindo que alguns de seus subordinados entrassem em contato com a 2ª DC.<ref name=itaqui>{{Harvnb|Motta|2003}}, Tomo 8, p. 206, e Tomo 15, p. 142.</ref> Dos seus quatro regimentos de cavalaria (1º, de [[Itaqui]], 2º, de [[São Borja]], 3º, de [[São Luiz Gonzaga]], e 4º, de Santiago),{{Sfn|Pedrosa|2018|loc=Apêndice 3}} o 1º subordinou-se ao comando da 2ª DC<ref name=itaqui/> e o 3º também rejeitou a autoridade de Saraiva.{{Sfn|D'Aguiar|1976|p=178}} Segundo [[Odílio Denys]], a divisão aderiu enquanto seu comandante estava em Porto Alegre.{{Sfn|Bento|Caminha|2018|p=119-120}} Após 2 de abril, quando quis voltar de Porto Alegre, soube que seria preso se pousasse em Santiago.<ref name=itaqui/> Seus próprios subordinados impediram-no de reassumir o comando.{{Sfn|Motta|2003|p=348|loc=Tomo 8}}
 
=== 2ª Divisão de Cavalaria ===
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Em [[Alegrete (Rio Grande do Sul)|Alegrete]], o 6º RC estava do lado do comando da divisão. Porém, o comandante da guarnição era o comandante do 12º Batalhão de Engenharia de Combate (BE Comb),{{Sfn|Motta|2003|p=70-81}} tenente-coronel Adão Prestes do Monte, descrito por um estagiário do Estado-Maior da divisão como “''militar de tendências esquerdistas, que nos deu trabalho''”.{{Sfn|Motta|2003|p=196|loc=Tomo 8}} Como ele era legalista, o major Floriano Aguilar Chagas foi enviado para garantir o controle da cidade. Ele relata ter encontrado os sargentos apoiando Monte e grande presença sindical, mas as demais unidades não estavam legalistas. Chagas tentou convencer Monte afirmando que poderia ser esmagado pelo resto da divisão, mas mesmo no dia 2 ele ainda não havia aderido. Os oficiais do 12º BE Comb chegaram a conspirar contra seu comandante e houve também preparativos para uma ofensiva contra o batalhão, mas não foram necessários, pois Monte acabou aderindo. Isso foi desgastante para ele, pois precisou romper seus compromissos com os esquerdistas da cidade.{{Nre|p. 74: “Disse-lhe que fizesse um manifesto para a população civil anunciando de que lado a guarnição estava, recomendando tranquilidade e proibindo qualquer manifestação de rua. Fui dormir no 6º RC. No dia seguinte, quando voltei ao BE o Coronel Monte ainda não tinha feito o documento.”}}{{Sfn|Motta|2003|p=70-81|loc=Tomo 8}}
 
O 2º Regimento de Reconhecimento Mecanizado fazia parte da divisão, mas era sediado em Porto Alegre.{{Sfn|Pedrosa|2018|loc=Apêndice 3}} Seu comandante, o coronel Francisco Guedes Machado, permaneceu leal ao governo.{{Sfn|Faria|2013|p=337}}
 
=== 3ª Divisão de Cavalaria ===
Em Bagé, o general Hugo Garrastazu,{{Nre|PrimoCitado como primo de [[Emílio Garrastazu Médici]]. em {{Harvnb|Motta|2003|}}, Tomo 13, p=. 273|loc=, ou como sem parentesco no Tomo 13}}15, p. 276.}} da 3ª DC, era “tido como homem do governo”, e, pelo relato de um de seus capitães, não considerava necessária a “Revolução”, isto é, o movimento para derrubar o presidente. Sua adesão no dia 1 ocorreu quando estava isolado, o general Kruel, a quem era muito ligado, já havia aderido e vários de seus oficiais,{{Sfn|Faria|2013|p=337 e 423}}{{Sfn|Motta|2003|p=158-159 e 168|loc=Tomo 8}} além do comandante da 2ª DC, tentavam convencê-lo a mudar de lado.{{Sfn|Bento|Caminha|2018|p=119-120}} O ambiente social da cidade, com forte atuação da Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul (FARSUL) contra a “agitação rural”, pode ter influenciado.{{Sfn|Lameira|2012|p=234}} Porém, segundo o coronel Couto, Garrastazú duvidava se poderia cumprir alguma missão.{{Sfn|Motta|2003|p=33|loc=Tomo 13}} Após o golpe, ele não foi cassado, mas sua carreira encerrou ali. Para Ernani Corrêa de Azambuja, então capitão e ajudante-de-ordens de Goulart, ao menos no início a atitude de Garrastazu foi efetivamente de apoio a Jango.{{Sfn|Motta|2003|p=273-274|loc=Tomo 13}}
 
Havia ruptura na própria sede, onde os sargentos capturaram o quartel-general e prenderam os oficiais. Garrastazu conseguiu fugir.{{Sfn|Axt|2020|p=317}} Um relato da situação em Bagé é dado por Lélio Gonçalves Rodrigues da Silva, capitão no 3º Regimento de Artilharia 75 mm a Cavalo (3º RA 75 Cav). De um lado estavam o general e os coronéis das unidades — Osmar Mendes Paixão Cortes (3º RA 75 Cav), Washington Bandeira (12º RC) e Jaci Brum Braga (3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado). Do outro, sargentos (no QG, mas com a simpatia de seus companheiros no regimento mecanizado) e civis incluindo o prefeito José Maria Ferraz. Paixão tinha seu regimento na mão, pois explicitou sua posição desde cedo e não abriu margem à dissidência.{{Nre|O então major Renato Moreira, que servia não na 3ª DC, mas no Estado-Maior do Terceiro Exército, considera o coronel Paixão como líder importante em Bagé. {{Harvnb|Motta|2003|p=348|loc=Tomo 8}}.}} Tinha também apoio civil, sendo presidente da Associação Rural.{{Sfn|Motta|2003|p=158-171|loc=Tomo 8}}
 
Não era o caso dos outros. Braga nunca esclareceu a situação a seus comandados, e assim seu regimento vivia uma “''situação esdrúxula''”: sargentos e oficiais não se hostilizavam e passavam o dia normalmente, mas à noite ficavam segregados e montando guarda uns contra os outros. No regimento de Bandeira não havia união e a grande maioria dos sargentos eram legalistas. Ao longo dos dias 1 e 2 os golpistas, principalmente através do 3º RA 75 Cav, conseguiram derrotar as manifestações legalistas civis, enquanto os sargentos no QG aceitaram a rendição.{{Sfn|Motta|2003|p=158-171|loc=Tomo 8}}
 
Os regimentos de cavalaria eram o 9º, 12º, 13º e 14º.{{Sfn|Pedrosa|2018|loc=Apêndice 3}} Além do 12º, já referido, o 9º e as demais unidades sediadas em [[São Gabriel (Rio Grande do Sul)|São Gabriel]] eram favoráveis ao golpe. Já no 14º o comandante era contra e os oficiais favoráveis fugiram a Bagé. No 13º a situação não é clara. Segundo Rodrigues da Silva, não veio informação do posicionamento do comandante.{{Sfn|Motta|2003|p=165 e 168|loc=Tomo 8}} Azambuja afirma que aquele regimento não aderiu ao golpe.{{Sfn|Motta|2003|p=272 e 275|loc=Tomo 13}} Em Pelotas houve o rumor, depois desmentido, de que esse regimento havia deixado sua sede em [[Jaguarão]] para atacar a cidade.{{Sfn|Motta|2003|p=119|loc=Tomo 13}}
 
=== Unidades menores ===