Abdel Hakim Belhadj

Abdel Hakim Belhadj (em árabe: عبد الحكيم بالحاج , também conhecido como: Abu Abdallah Assadaq ou Abu Abdullah al-Sadiq ou Abdul Hakim Khuaelide[1]), nasceu em 1º de maio de 1966, em Trípoli, no Distrito de Souq al-Jumaa, foi um político e militar da Líbia. Em agosto de 2011, foi nomeado como chefe do Conselho Militar de Trípoli após a tomada do Palácio Presidencial durante a tomada da capital pelas forças rebeldes.[2][3]

Abdelhakim Belhadj
Nascimento 1 de maio de 1966 (57 anos)
Trípoli, Líbia
Serviço militar
País Grupo de Combate Islâmico
Líbia Conselho Nacional de Transição (2011-2012)
Serviço Líbia Exército líbio

Biografia editar

Em 1988, após se formar como engenheiro civil na Universidade al-Fateh em Trípoli, foi lutar no Afeganistão contra o regime afegão apoiado pela União Soviética.[4]

Em 1990, foi um dos fundadores do Grupo de Combate Islâmico Líbio (GCIL).

Em 1992, deixou o Afeganistão após a tomada de Cabul e passou a residir em diferentes países como a Turquia e o Sudão.[5]

Em 1996, foi nomeado como o dirigente máximo do GCIL, numa época em que o grupo travou intensos combates contra o regime líbio nas Montanhas Verdes (uma região montanhosa no nordeste da Líbia).[6]

Em 6 de março de 2004, estava em Kuala Lumpur (capital da Malásia), e embarcou em uma viagem aérea para Londres, juntamente com sua esposa Fátima Bouchar que estava grávida há vinte semanas do primeiro filho do casal, onde pretendiam obter asilo político. Mas foram presos por agentes da CIA, que receberam informações do Serviço Secreto Britânico, quando o avião fazia uma escala no Aeroporto de Bangkok (capital da Tailândia), onde foram colocado em uma prisão secreta da CIA, na qual Belhadj foi supostamente submetido a um interrogatório mediante torturas por dois dias e, na noite do dia 8 de março, fizeram uma viagem de 17 horas até o aeroporto de Misurata, com uma escala para reabastecimento em Diego Garcia (mais especificamente em uma base militar norte-americana que fica em uma ilha pertencente ao Reino Unido no Oceano Índico). Após o desembarque foram levados a uma prisão em Tajoura (um distrito no leste de Tripoli), de onde Fátima foi libertada pouco antes do parto.[7][8][9]

Em março de 2010, Belhadj foi libertado da Prisão de Abu Salim, junto com outros 214 militantes fundamentalistas, como resultado de um processo de desradicalização de extremistas islâmicos, semelhante àqueles que estavam sendo feito no Egito e em Londres,[10] dirigido por Saif al-Islam, encorajado pelo governo britânico e auxiliado pelo Xeique Ali al-Sallabi (líder da Irmandade Muçulmana na Líbia),[1][6] que durou mais de dois anos.[11] Esse processo resultou na elaboração de um documento teológico com 417 páginas denominado "Estudos corretivas no entendimento da Jihad, aplicando a moralidade e o julgamento de pessoas", publicado em setembro de 2009, no qual diversos[12] integrantes do GCIL se retrataram[13], anunciaram sua ruptura com a Al-Qaeda e declararam que bombardeios indiscriminados e ataques contra civis não estavam de acordo com os seus objetivos. Tal documento possibilitou a libertação mais de 300 integrantes do GCIL[14], incluindo Abdel-Hakim Belhadj, da prisão de Abu Salim, durante o ano de 2010. Na época, Saif declarou que aqueles homens que tinham sido libertados pois já não eram um perigo para a sociedade.[5][15][16][17][18][19]

Durante a Guerra Civil Líbia, esteve em Misurata no dia 18 de fevereiro, de onde partiu, para no dia seguinte chegar em Zauia e Sábrata para orientar os rebeldes, depois passou a se esconder em diversos lugares em Tripoli, até que em abril conseguiu viajar de barco até a Tunísia, de onde partiu para Bengazi para ajudar a organizar a Brigada 17 de Fevereiro. Em 14 de julho, passou a organizar o transporte de armas e munições para os rebeldes que atuavam nas Montanhas Nafusa, de onde partiu o principal contingente de lutadores que atuaram Tomada de Trípoli, onde, após liderar a tomada do Palácio Presidencial, foi nomeado como chefe do Conselho Militar de Trípoli, no final de agosto de 2011.[6][15]

Em 7 de novembro de 2011, ingressou com uma ação judicial contra o governo britânico, responsabilizando inclusive o ex-Ministro das Relações Exteriores Jack Straw, por cumplicidade na entrega dele e de sua esposa, Fátima Bouchar, para o regime líbio em 2004.[9][20] Em abril de 2012, foi divulgado que o governo britânico estaria oferecendo à Belhadj mais de 1 milhão de libras esterlinas como forma de compensação pela sua entrega à Líbia de Gaddafi, mas exigia em troca o arquivamento do caso.[21][22]

Seus críticos diziam que ele era apoiado pelo Catar e que enviava armas, dinheiros e combatentes para apoiar os rebeldes na Síria, apesar de afirmar que esteve em Istambul (capital da Turquia) apenas apoiar os feridos de guerra em tratamento.[6]

Em 14 de maio de 2012, renunciou ao seu posto como chefe do Conselho Militar de Trípoli para participar das eleições parlamentares daquele ano, como líder do Partido Al-Watan (A Nação).[23] Segundo Herridge, ele é um dos líderes do EIIL na Líbia.[24]

Referências

  1. a b Who is Abdul Hakim Belhadj, the leader of the Libyan rebels? Arquivado em 27 de janeiro de 2013, no Wayback Machine., em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  2. TOP LIBYAN REBEL LEADER HAS DEEP AL QAEDA TIES Arquivado em 18 de janeiro de 2013, no Wayback Machine., em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  3. Profile: Libyan rebel commander Abdel Hakim Belhadj, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  4. From Holy warrior to hero of a revolution: Abdelhakim Belhadj Arquivado em 28 de agosto de 2011, no Wayback Machine., em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  5. a b 'We Are Simply Muslim': Libyan Rebel Chief Denies Al-Qaeda Ties, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  6. a b c d Libya’s rebel leader with a past, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  7. MI6 knew I was tortured, says Libyan rebel leader, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  8. Special report: Rendition ordeal that raises new questions about secret trials, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  9. a b Anti-Gaddafi Leader Sues UK Over Rendition, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  10. Al-Qaeda: the cracks begin to show, em inglês, acesso em 20 de outubro de 2012
  11. Um artigo publicado em março de 2005 já falava em rumores de conversações entre Saif al-Islam e os integrantes do GCIL presos em Abu Salim (POLITICAL ISLAM IN LIBYA, em inglês, acesso em 20 de outubro de 2012)
  12. Principalmente aqueles que estavam presos em Abu Salim e cerca de 30 integrantes radicados no Reino Unido(New jihad code threatens al Qaeda, em inglês, acesso em 19 de outubro de 2012).
  13. Chegaram a declarar que a luta armada que travaram contra o Regime Líbio não era de acordo com a Sharia(New jihad code threatens al Qaeda, em inglês, acesso em 19 de outubro de 2012).
  14. De acordo com o Regime Líbio, 705 prisioneiros teriam sido libertados durante o processo de reconciliação dirigido por Saif al-Islam, até setembro de 2010, dentre os integrantes do GCIL, 214 libertações teriam ocorrido em março de 2010 e 37 em 31 de agosto de 2010, mais de 300 militantes islâmicos continuariam presos (Ex-Guantánamo prisoner freed in Libya after three years’ detention – and information about “ghost prisoners” Arquivado em 4 de junho de 2012, no Wayback Machine., em inglês, acesso em 20 de outubro de 2012), além disso devem ser acrescentados os 110 prisioneiros libertados em 16 de fevereiro de 2011 (Libya’s rebel leader with a past, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012)
  15. a b The Libyan Islamic Fighting Group – from al-Qaida to the Arab spring, em inglês, acesso em 16 de outubro de 2012
  16. Ex-Islamists walk free from Libyan jail, em inglês, acesso em 12 de outubro de 2012
  17. Extremist group announces split from al-Qaeda, em inglês, acesso em 17 de outubro de 2012
  18. Jihad and juice inside Libya's terror jail, em inglês, acesso em 20 de outubro de 2012
  19. Ex-jihadists in the new Libya, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  20. Rendition documents: Bouchar and Belhaj begin legal action against the British government, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  21. Libyan dissident offered money to avoid MI6 appearing in open court, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  22. MI6 'to offer £1 million' in Libya rendition case, em inglês, acesso em 11 de dezembro de 2012
  23. Libya's Belhadj quits military post for politics, em inglês, acesso em 10 de dezembro de 2012
  24. Herridge: ISIS Has Turned Libya Into New Support Base, Safe Haven