Batalha de Köse Dağ

A Batalha de Köse Dağ foi travada entre o Sultanato de Rum, governado pela dinastia Seljúcida e Império Mongol em 26 de junho de 1243 no desfiladeiro de Köse Dağ, um local entre Sivas-Erzincan, entre esta última cidade e Gümüşhane, no que é hoje o nordeste da Turquia;[10][11] os mongóis, liderados pelo general Chormaqan, conseguiram uma vitória decisiva.

Batalha de Köse Dağ

Ilustração mongol da batalha.
Data 26 de julho de 1243
Local Kösedağ
(cerca de 60 km a leste de Sivas) [1]
Desfecho Vitória mongol
Beligerantes
Império Mongol
armênios
mercenários georgianos [2]
Sultanato de Rum
auxiliares georgianos
auxiliares trabizondinos
mercenários latinos
Comandantes
Baiju Caicosroes II
Pharadavla de Akhaltsikhe 
Dardin Shervashidze   
Forças
3 000

[3] [4] -40 000 [5]

[6]
60 000[3] [6] - 80 000 [4]
(20 000-25 000 participantes, o restante abandonado) [5] [7] [8] [9]
Baixas
~ desconhecido ~ 3 000 mortos, feridos ou capturados. [5]

Antecedentes editar

Durante o reinado de Oguedai Cã (r. 1129–1241), o sultanato de Rum ofereceu amizade e um modesto tributo a Chormaqan, um kheshig e um dos maiores generais dos mongóis.[12] Com Caicosroes II (1237-1246), no entanto, os mongóis começaram a pressionar o sultão para que fosse pessoalmente à Mongólia levando reféns e aceitando um Mongol darughachi.

Quando os mongóis entraram pela primeira em suas terras, os turcos procuraram ajuda dos mamelucos do Cairo que, liderados pelo sultão Baibars (1257-1277), se dirigiram à Anatólia e derrotaram os mongóis. No entanto, Baibars não recebeu nenhuma ajuda dos seljúcidas após seu sucesso inicial e se retirou. Após isso, os mongóis iniciaram a guerra.

Batalha editar

Em 1241 os mongóis atacaram pela primeira vez o Sultanato seljúcida de Rum. Sob a liderança do comandante mongol Baiju, eles atacaram Rum, no inverno de 1242-1243, e cercaram e capturaram a cidade de Erzurum. O sultão Caicosroes II pediu, imediatamente, ajuda aos seus vizinhos para enviarem tropas e organizar um exército combinado para resistir à invasão mongol. O Império de Trebizonda enviou um destacamento. Para reforçar seu contingente, Caicosroes contratou os serviços de um grupo de mercenários francos. [13] E, alguns georgianos nobres como Pharadavla de Akhaltsikhe e Dardin Shervashidze também se juntaram às tropas, mas a maioria dos georgianos foram obrigados a lutar ao lado de seus senhores mongóis.

Os nobres georgianos editar

Muitos desses georgianos haviam deixado seu país após a invasão mongol, como era o caso de [Dardin Shervashidz, membro de uma dinastia influente no oeste da Geórgia e duque na província da Abkházia, na Geórgia que, contrariamente às decisões de sua rainha Rusudan da Geórgia, esposa do imperador da Trebizanda Manuel I (1238-1263), ele, juntamente com outros nobres georgianos, não aceitou a suserania do Império Mongol e ofereceu ajuda ao sultanato seljúcida de Rum contra os mongóis. Na batalha que se seguiu, Dardin comandou cerca de 3 000 auxiliares georgianos, sendo morto em batalha.[14] O cronista descreve-o como "proeminente" e "corajoso". Coisa igual se deu com Pharadavla de Akhaltsikhe, de uma família nobre, seu pai Shalva de Torelli-Akhaltsikhe fora um nobre, comandante militar, cortesão, que serviu à rainha Tamara [nota 1] da Geórgia (1184-1213), onde ocupou diversos cargos superiores, comandou a vanguarda das tropas mesquianas do sul da Geórgia[16] e, na Batalha de Shamkor contra o atabegue de Ildenizid do Azerbaijão, em 1195, ele desempenhou papéis de relevância. E seu tio Ivane de Akhaltsikhe cumulara as funções de comandante militar, governante de Cars 1205-1206, atabegue e emir, depois morto pelos corasmios na batalha de Garni. Pharadavla. e outrosnobres, fugiram com Dardin para o Sultanato de Rum e se juntaram ao exército de Caicosroes II. Pharadavla também foi um dos comandantes naquela batalha.

Desfecho editar

Foi uma batalha decisiva foi travada em Köse Dağ em 26 de junho de 1243. As fontes primárias não registram o tamanho dos exércitos opostos, mas sugerem que os mongóis enfrentaram uma força numericamente superior.[17] Baiju ignorou um aviso alarmante de seu oficial georgiano sobre o tamanho do exército seljúcida, afirmando que eles contavam como nada o número de seus inimigos: quanto mais eles são, mais glorioso é ganhar, e mais pilhagem nós asseguraremos.[18]

Caicosroes II rejeitou a sugestão de seus comandantes experientes para esperar o ataque Mongol. Em vez disso, ele enviou uma força de 20 000 homens, liderados por comandantes inexperientes, contra o exército mongol.[7] O exército mongol, fingindo uma retirada, voltou atrás, cercou o exército Seljúcida e derrotou-o e a seus aliados,[9] e tomaram o controle das cidades de Sivas e Caiseri.

O restante do do exército Seljúcida viu que sua derrota era eminente, então muitos comandantes, seus soldados, incluindo Caicosroes II, começaram a abandonar o campo de batalha.[7] Eventualmente, o exército Seljúcida ficou sem líderes e a maioria de seus soldados desertaram, sem ver nenhum combate.[7][9]

O sultão fugiu para Antália, no sul da Anatólia, mas foi posteriormente forçado a fazer as pazes com Baiju e pagar um tributo substancial ao Império Mongol.

Consequências editar

A derrota em Köse Dağ resultou em um período de turbulência na Anatólia e levou diretamente ao declínio e desintegração do Sultanato de Rum e do estado seljúcida. O Império de Trebizonda e o o Reino Armênio da Cilícia, tornaram-se vassalos do império mongol.[19] O poder real sobre a Anatólia foi exercido pelos mongóis.[20]

Notas

  1. O nome Tamara possui origem hebraica e, assim como outros nomes bíblicos, foi favorecido pela Dinastia Georgiana Bagrationi por se auto clamarem descendentes diretos de David. [15]

Referências editar

  1. Enver Behnan Şapolyo: Selçuklu İmparatorluğu tarihi , Güven Matbaasi, 1972, página 191(em turco)
  2. John Freely, Filhos de Aquiles: Os Gregos na Ásia Menor desde os Dias de Tróia, (I. B. Tauris, 2010), 143.
  3. a b S. Burhanettin Akbaş: Kayseri yöresine yerleşen Türk boyları ve akraba topluluklar, Geçit, 1997, página 45 (em turco) [Estados de origem=exército mongol: 30.000 homens; Exército Seljuq: 70.000 homens]
  4. a b Ali Çimen, Göknur Akçadağ Göğebakan: Tarihi değiştiren savaşlar (enl.: Guerras que mudaram a história), Timaş Yayınevi, 2. Edição, 2007, ISBN 975-263-486-9, pg 134 (em turco) [Estados de origem=exército mongol: 30.000 homens; Exército Seljuq: 80 000 homens]
  5. a b c Hüseyin Köroğlu: "Konya ve Anadolu medreseleri", Fen Yayınevi, 1999, páginas 29, 367. (em turco)
  6. a b Universidade da Anatólia, I. Documentos do Simpósio de Imagens Turcas e Ocidentais em Travelogues Internacionais: 28. X-1 XI. 1985, página 28 (em turco) [Fonte afirma: exército mongol= 40.000 homens; Exército Seljúcida= 60.000 homens]
  7. a b c d Ali Sevim, Erdoğan Merçil: Selçuklu devletleri tarihi: siyaset, teşkilât ve Cultura, ISBN 9789751606907, página 472 (em turco)
  8. Murat Ocak: "Os turcos: Idade Média", Yeni Türkiye, 2002, ISBN 9756782552
  9. a b c Nuri Ünlü: İslâm tarihi 1, Marmara Üniversitesi, İlâhiyat Fakültesi Vakfı, 1992, ISBN 9755480072, página 492. (em turco)
  10. Anthony Bryer e David Winfield, Os monumentos bizantinos e a topografia dos pontos, vol. 1, (Washington DC: Dumbarton Oaks, 1985) 172, 353.
  11. Aldeias e vilas da Turquia, atlas rodoviário (Istambul: Mapmedya, 2006), mapa 61.
  12. C. P. Atwood, Enciclopédia da Mongólia e o Império mongol, p. 555
  13. Claude Cahen, Turquia pré-otomana: uma pesquisa geral sobre a cultura e história material e espiritual, trad. J. Jones-Williams, (Nova York: Taplinger, 1968) 137.
  14. Claude Cahen, «Köse Dagh» na Encyclopaedia of Islam , P. Bearman et al. (Brill 2007).
  15. Toumanoff, Cyril (julho 1940), "On the Relationship between the Founder of the Empire of Trebizond and the Georgian Queen Thamar", Speculum, Vol. 15, No. 3: pp. 299–312., p. 299, fn. 4.
  16. Rapp, Stephen H. (2003), Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Peeters Publishers.
  17. Claude Cahen, Köse Dagh Encicloédia do Islão, ed. por P. Bearman, e al. (Brill 2007)
  18. Henry Desmond Martin,Jornal da Sociedade Real Asiática, 1943/1-2, pp 46-85
  19. İdris Bal, Mustafa Çufalı: Relações turco-armênicas do passado e do presente, Nobel, 2003, ISBN 9755914889, página 61.
  20. Josef W. Meri, Jere L. Bacharach - Civilização islâmica medieval: A-K, índice, p.442

Ligações externas editar

40° 15′ 00″ N, 39° 33′ 00″ L