Evolução cultural

Evolução cultural é o estudo de como as diferentes culturas humanas surgiram e alcançaram suas atuais características. Tal abordagem teórica ganhou força com a publicação de A Origem das Espécies (1859), de Charles Darwin, obra onde foi apresentada a ideia de evolução biológica por meio de seleção natural e que abriu espaço para o questionamento da evolução da humanidade, comparando-a com a evolução dos animais. Contudo, antes mesmo de Darwin publicar seu livro, já havia uma discussão da evolução das diferentes línguas no campo da antropologia.

Aplicação nos Regimes Totalitários editar

Uma interpretação deste pensamento trouxe o conceito de eugenia, uma filosofia que supunha que alguns povos eram melhores e/ou mais desenvolvidos que outros e, por isso, eram superiores a estes. O uso da eugenia como fundamento para totalitarismos, em especial no tocante aos partidos nazifascistas durante as décadas de 1920, 1930 e 1940, criou, posteriormente à Segunda Guerra Mundial (na qual foram derrotados os regimes nazifascistas), uma resistência na comunidade científica à inserção de fatores determinísticos oriundos das ciências naturais junto às considerações advindas das ciências humanas.

Evolução cultural na atualidade editar

Atualmente, contudo, a ideia de evolução cultural voltou a receber atenção de acadêmicos de diversas áreas, levando em conta conceitos como meme, psicologia evolucionista e evolução sociocultural.

Desde os anos 1980, um número crescente de pesquisadores tem desenvolvido um novo arcabouço teórico de evolução cultural baseado nos modelos matemáticos e teóricos da genética populacional. Esse recorte teórico foi iniciado pela publicação em 1981 do livro Cultural Transmission and Evolution: A Quantitative Approach pelos biólogos de Stanford Luigi-Lucca Cavalli-Sforza e Marcus W. Feldman. Os antropólogos Robert Boyd e Peter Richerson também publicaram numerosos livros e artigos científicos sobre o assunto desde a década de 80, se tornando os maiores representantes desse novo campo de pesquisa. Atualmente, o antropólogo de Harvard Joseph Henrich se destaca como um dos principais nomes no campo, com numerosas citações e artigos científicos publicados em jornais de prestígio. Segundo esses pesquisadores, a evolução cultural seria a chave para compreender o que torna os humanos únicos em comparação com outras espécies, bem como para compreender fenômenos como a cooperação em larga-escala, a evolução de religiões e a emergência de novas tecnologias.

O biólogo Richard Dawkins, em seu livro O Gene Egoísta, publicado em 1976, também introduziu uma abordagem à evolução cultural baseada na evolução biológica que ele apelidou de memética. Dawkins introduziu o termo meme em seu livro como um exemplo da menor unidade de informação cultural que pode ser transmitida e modificada.

Ver também editar

Bibliografia editar

  • LÉVI-STRAUSS - Antropologia Estrutural II, Raça e Cultura/O Etnocentrismo. 1973. 337