Hymenochaetales é uma ordem de fungos da classe Agaricomycetes. Esta ordem, tal como é entendida na actualidade, está baseada em pesquisas moleculares e não em qualquer característica morfológica unificadora. Segundo uma estimativa de 2008, Hymenochaetales contém umas 600 espécies,[1] sobretudo fungos corticioides e poliporos, mas inclui também vários fungos clavarioides e agáricos. Entre as espécies com relevância económica incluem-se fungos decompositores de madeira dos géneros Phellinus e Inonotus sensu lato, alguns dos quais podem ser motivo de perdas na indústria silvícola. Atribuem-se propriedades terapêuticas a Inonotus obliquus[2] e Phellinus linteus,[3] ambos actualmente comercializados.

Hymenochaetales
Inonotus tamaricis
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Fungi
Divisão: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Hymenochaetales
Oberw. (1977)
Famílias

Taxonomia editar

História editar

Esta ordem foi proposta em 1977 para promover a família Hymenochaetaceae a um escalão taxonómico mais elevado. Segundo a concepção original, as espécies de possuíam várias características morfológicas em comum, como basidiocarpos castanhos ou acastanhados que se tornam pretos em álcalis, hifas sem fíbulas, e a presença (na maioria das espécies) de cerdas características (cistídios de parede grossa em forma de espinho, visíveis com uma lupa).[4]

Investigações posteriores de ultraestruturas mostrou que os membros de Hymenochaetales possuem doliporos com parentessomos imperfurados, enquanto que a maioria dos membros de Agaricomycetes possuem doliporos com parentessomos perfurados.[5][6] Descobriu-se mais tarde que espécies dos géneros corticioides Hyphodontia e Schizopora compartilham esta particularidade,[7] sugerindo que também estas possam estar relacionadas com Hymenochaetales, embora sejam morfologicamente distintas.

Situação actual editar

Pesquisas moleculares, baseadas am análise cladística de sequências de ADN, ampliaram e redefiniram grandemente Hymenochaetales, dividindo a ordem em pelo menos seis clados diferentes.[4] O clado nuclear representa a tradicionalmente definida Hymenochaetaceae, excluindo os géneros Coltricia e Coltriciella; outro clado inclui os géneros corticioides Lyomyces e Schizopora (Schizoporaceae), juntamente com Coltricia e Coltriciella como um subclado; um outro clado (Repetobasidiaceae) inclui espécies agaricoides de Rickenella,[8] a clavarioide Alloclavaria purpurea,[9] e vários fungos corticioides, incluindo o género Repetobasidium; os três clados restantes consistem das espécies corticioides de Hyphodontia e Kneifiella, e as espécies políporas de Oxyporus.[4]

Nem todas as espécies actualmente classificadas em Hymenochaetales possuem doliporos com parentessomos imperfurados, pelo que esta ordem carece de quaisquer características morfológicas compartilhadas.[4]

Habitat e distribuição editar

A maioria destes fungos são saprófitas de madeira morta, mas algumas espécies de Hymenochaetaceae podem causar podridão em árvores vivas. Espécies de Coltricia e Coltriciella são estomicorrízicas.[10] Espécies agaricoides de Rickenella e géneros relacionados são parasitas de musgos e hepáticas.[8] A distribuição de Hymenochaetales é cosmopolita.

Géneros incertae sedis editar

Vários géneros de Hymenochatales são classificados como incertae sedis relativamente à sua classificação em famílias desta ordem:

Referências editar

  1. Kirk PM, Cannon PF, Minter DW, Stalpers JA (2008). Dictionary of the Fungi 10th ed. Wallingford, UK: CAB International. p. 116. ISBN 978-0-85199-826-8 
  2. Mizuno T. (1999). «Antitumor and hypoglycemic activities of polysaccharides from the sclerotia and mycelia of Inonotus obliquus». International Journal of Medicinal Mushrooms. 1 (1): 301–316. doi:10.1615/intjmedmushr.v1.i4.20 
  3. Zhu T, Kim SH, Chen CY (2008). «A medicinal mushroom: Phellinus linteus». Current Medicinal Chemistry. 15 (13): 1330–5. PMID 18537612. doi:10.2174/092986708784534929 [ligação inativa]
  4. a b c d Larsson K-H; et al. (2006). «Hymenochaetales: a molecular phylogeny for the hymenochaetoid clade». Mycologia. 98: 926–936. PMID 17486969. doi:10.3852/mycologia.98.6.926 
  5. Moore RT. (1980). «Taxonomic significance of septal ultrastructure in the genus Onnia». Bot. not. 133: 169–175 
  6. Müller WH, et al. (2000). «The taxonomic position of Asterodon, Asterostroma and Coltricia inferred from the septal pore cap ultrastructure». Mycological Research. 104: 1485–1492. doi:10.1017/s0953756200002677 
  7. Langer E, Oberwinkler F (1993). «Corticioid Basidiomycetes I. Morphology and ultrastructure». Windahlia. 20: 1–28 
  8. a b Redhead SA, Moncalvo J-M, Vilgalys R, Lutzoni F (2002). «Phylogeny of agarics: partial systematics solutions for bryophilous omphalinoid agarics outside of the Agaricales». Mycotaxon. 82: 151–168 
  9. Dentinger BTM, McLaughlin DJ (2006). «Reconstructing the Clavariaceae using nuclear large subunit rDNA sequences and a new genus segregated from Clavaria». Mycologia. 98: 746–762. PMID 17256578. doi:10.3852/mycologia.98.5.746 
  10. Tedersoo L, Suvi T, Beaver K, Saar I (2007). «Ectomycorrhizas of Coltricia and Coltriciella (Hymenochaetales, Basidiomycota) on Caesalpiniaceae, Dipterocarpaceae and Myrtaceae in Seychelles». Mycological Progress. 6: 101–107. doi:10.1007/s11557-007-0530-4 
  11. Stalpers JA. (2000). «The genus Ptychogaster» (PDF). Karstenia. 40: 167–80 
  12. Ghobad-Nejhad M, Dai YC (2010). «Diplomitoporus rimosus is found in Asia and belongs to the Hymenochaetales». Mycologia. 102 (6): 1510–7. PMID 20943544. doi:10.3852/10-025 
  13. Wu SH, Nilsson RH, Chen CT, Yu SY, Hallenberg N (2010). «The white-rotting genus Phanerochaete is polyphyletic and distributed throughout the phleboid clade of the Polyporales (Basidiomycota)». Fungal Diversity. 42: 107–18. doi:10.1007/s13225-010-0031-7 
  14. Karasiński D. (2013). «Lawrynomyces, a new genus of corticioid fungi in the Hymenochaetales». Acta Mycologica (Warszawa). 48 (1): 5–11. doi:10.5586/am.2013.001 

Ligações externas editar