João I do Congo

primeiro rei do reino do Kongo

João I ou Anzinga Ancua (Nzinga a Nkuwu; 1440 - 1506) foi o manicongo do Reino do Congo entre 1470 e 1506. Foi batizado como João a 3 de Maio de 1491 por missionários portugueses. Devido ao seu interesse por Portugal e pela sua cultura, deu início a uma importante iniciativa cultural, em 1485, com a chegada de Diogo Cão

João I
Manicongo
João I do Congo
Rei do Congo
Reinado 1470–1506
Consorte Leonor
Antecessor(a) Cuantinu
Sucessor(a) Afonso I
 
Nascimento 1440
Morte 1506 (66 anos)
Nome de nascimento Zinga Ancu
Descendência Afonso I
Dinastia Luqueni
Pai Cuantinu
Religião Tradicional (Até 1491 e retomada em 1495)
Catolicismo (1491 - 1495)

Reinado editar

Anzinga Ancua foi o sétimo rei do Congo.[1] Teve como esposa a rainha Anzinga Anlaza, sua prima em primeiro grau.[2] Juntos tiveram um filho, Anzinga Umbemba, que ascenderia ao posto do seu pai graças aos esforços da rainha.[2] Sob o seu reinado, a área do reino aumenta para 100,000 km² e é adotado um governo de caráter centralista.[2]

Contato com os portugueses editar

Em 1483, uma caravela capitaneada por Diogo Cão chegou ao estuário do Rio Congo e teve o seu primeiro contato com os súbditos do reino.[3] À volta a Portugal, Diogo Cão é acompanhado por emissários do reino. À chegada a Lisboa, estes foram batizados e hospedados num convento antes do seu regresso em 1491.[4]

Juntamente com os emissários vieram sacerdotes, pedreiros, carpinteiros e soldados portugueses, bem como outros produtos de origem europeia.[4] Os navios atracaram em Mpinda e, após uma breve pausa para o batismo do governador de Soyo (tio do manicongo), a procissão seguiu para a capital, onde foram recebidos pelo rei e cinco dos mais importantes nobres do reino.[4]

É batizado juntamente com a sua família a 3 de maio de 1491. Inicialmente, apenas o rei e os seus nobres foram convertidos, mas a seu pedido, a rainha acaba também por ser batizada.[5] A família real congolesa adota então os nomes equivalentes em português e são, portanto, renomeados para João, Leonor e Afonso.[6] Um milhar dos seus súbditos foram recrutados para ajudar os carpinteiros portugueses na construção de uma igreja, e pela mesma medida, os soldados portugueses acompanharam o rei na sua campanha para defender a província de Sundi dos invasores teques.[7] As armas de fogo de origem europeia foram decisivas para a sua vitória e, em virtude desta, vários cativos foram tomados.[7]

Mesmo com o entusiasmo do rei com portugueses no reino, estes acabaram por estar mais interessados no comercio de pessoas escravizadas, marfim e outras especiarias naturais. João I voltaria a religião tradicional em 1495, principalmente devido ao costume da monogamia no cristianismo, que era contra a poligamia permitida pela religião congolesa. Seu filho Afonso permaneceu fiel ao catolicismo, chegando a abrigar missionários e pessoas batizadas em Sundí, província que ele governava. Afonso também disputaria o trono com seus meio-irmãos após a morte de seu pai e consolidaria o cristianismo e presença europeia no país.

Ver também editar

Notas editar

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «John I of Kongo».

Referências

  1. Oliver, Roland e Anthony Atmore: "Medieval Africa, 1250–1800", p. 167. Cambridge University Press, 2001.
  2. a b c Thornton, John: "Elite Women in the Kingdom of Kongo: Historical Perspectives on Women's Political Power", p. 442. The Journal of African History, Vol. 47, 2006.
  3. Oliver, Roland and Anthony Atmore: "Medieval Africa, 1250–1800", p. 168. Cambridge University Press, 2001.
  4. a b c Oliver, Roland and Anthony Atmore: "Medieval Africa, 1250–1800", page 169. Cambridge University Press, 2001.
  5. Thornton, John: "Elite Women in the Kingdom of Kongo: Historical Perspectives on Women's Political Power", page 442. The Journal of African History, Vol. 47, 2006.
  6. Hilton, Anne: "Family and Kinship among the Kongo South of the Zaire River from the Sixteenth to the Nineteenth Centuries", page 197. The Journal of African History, Vol. 24, No. 2, 1983.
  7. a b Oliver, Roland and Anthony Atmore: "Medieval Africa, 1250–1800", page 170. Cambridge University Press, 2001.

Ligações externas editar