Madinat Al Gharbia

Madinat Al Gharbia, Medinat El Gharbia, Gharbiya ou simplesmente Madinat ("cidade" em árabe) é uma antiga cidade abandonada de Marrocos, situada nas planícies da região de Doukkala, a 20 km de Oualidia e 55 km a nordeste de Safim (distâncias por estrada). No passado foi também conhecida pelos nomes Mouchtaraya e Mouchnzaya, o nome da tribos berbere dos Masmudas que a fundaram.[1]

Madinat Al Gharbia
Medinat El Gharbia, Gharbiya,
Mouchtaraya, Mouchnzaya
Localização atual
Madinat Al Gharbia está localizado em: Marrocos
Madinat Al Gharbia
Localização de Madinat Al Gharbia em Marrocos
Coordenadas 32° 35' 58" N 8° 53' 30" O
País  Marrocos
Região Doukkala-Abda
Altitude 120 m
Área 0,56 km²
Dados históricos
Fundação Século V
Abandono Século XVI?
Notas
Estado de conservação muito arruinada

A cidade é rodeada por muralhas flanqueadas por 18 torres aproximadamente equidistantes. O acesso à cidade era feito por três portas ainda visíveis: a de Marraquexe a leste, a de Oualidia a oeste e a de Safim a sul. Sobre cada porta há um bastião e sobre cada troço de muralha há três bastiões. O espaço interior limitado pelas muralhas, as torres e as portas provam a importância da cidade no passado.[2]

História editar

A cidade foi fundada cerca do século V d.C. e alegadamente teria sido uma das maiores cidades do Magrebe nos seus primeiros tempos.[2] Foi destruída uma primeira vez em 667, sendo reconstruída e repovoada por ordem de um sultão merínida (séculos XIII–XV). Algumas fontes referem uma segunda destruição em data incerta por motivos desconhecidos.[3] Segundo algumas fontes, Madinat Al Gharbia foi a capital da região de Doukkala e dos Masmouda[4] até ao início do século XVI, quando foi ocupada pelos portugueses.

A cidade foi descrita por viajantes como ibne Alcatibe (1313–1374), Leão, o Africano (ca. 1494–1554) e Luis del Mármol (1520–1600). Este último refere a riqueza do urbanismo e da agricultura e o elevado número de habitantes. Em 1513 foi ocupada pelos portugueses, o que levou o irmão do sultão oatácida[a] a arrasá-la e a deportar a maior parte da sua população para Fez em 1515.[1] Outras fontes omitem esta destruição e deportação e mencionam os mesmos feitos ao sultão saadiano Maomé Axeique, que em 1521 teria destruído a cidade como represália pela colaboração com os portugueses.[carece de fontes?] A cidade foi repovoada pouco tempo depois durante um curto período, após o qual foi definitivamente abandonada.[1]

Atualmente as ruínas encontram-se em terras agrícolas exploradas pelos camponeses locais. A maior parte das casas desapareceram e a arquitetura e materiais de construção das que foram restauradas nada têm que ver com a traça original. Alguns locais foram transformados em lixeiras.[2]

Notas e referências editar

 
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[a] ^ O nome do sultão oatácida é omisso na fonte,[1] mas atendendo à data, provavelmente trata-se de Maomé Bortucali ("o Português"; Mulei Mafamede nas crónicas portuguesas). Um dos irmãos de Bortucali foi Alboácem Ali ibne Maomé, mas a fonte não indica que teria sido ele quem ordenou a destruição da cidade.
  1. a b c d Hachim, Mouna (2 de agosto de 2007). «Sur les traces de nos cités perdues». Casablanca. L'economiste (em francês) (2582). Consultado em 14 de julho de 2013 
  2. a b c Nejdi, Abdelmajid (11 de junho de 2008). «La négligence ronge la commune d'El Gharbia». www.maghress.com (em francês). Consultado em 14 de julho de 2013 
  3. «El Jadida». www.TopBladi.com (em francês). Consultado em 14 de julho de 2013 
  4. Goulven, J. (1920). «La région des Doukkala». Armand Colin. Annales de Géographie (em francês). 29 (158): 127-138. ISSN 1777-5884. doi:10.3406/geo.1920.9179. Consultado em 14 de julho de 2013