A Estátua de Tara é uma escultura em bronze dourado originária do Sri Lanka A imagem que representa Tara e data do século VIII, foi tirada à força a Sri Vikrama Rajasinha, rei de Candia (Kandy), pelos britânicos quando esses anexaram o Reino de Candia no início do século XIX. Foi dada ao Museu Britânico em 1830 pelo governador do Ceilão britânico (hoje Sri Lanka), Sir Robert Brownrigg.[1]

Estátua de Tara
Estátua de Tara
Exposição no Museu Britânico
Material Bronze Dourado
Criado(a) século VIII
Descoberto(a) Sri Lanka
Exposto(a) atualmente Museu Britânico

História editar

O budismo teve uma continuidade histórica na ilha do Sri Lanka desde o século III a.C. Essa estátua data do período do Reino de Anuradhapura fundado em 377 a.C, pelo Rei Pandukabhaya. O Budismo desempenhou um papel importante no período de Anuradhapura, influenciando sua cultura, leis e métodos de governança. A deusa Tara mostra evidências da interação cultural do budismo com o hinduísmo. Tara tinha sido uma deusa mãe hindu, mas foi teve seu papel revisado dentro do budismo. Sri Lanka é hoje um país budista Teravada, como são muitos outros países no Sudeste Asiático.[2]

Por algum tempo, pensou-se que essa estátua fosse um modelo da deidade guardiã Pattini, mas hoje se concorda que esta estátua é mesmo de Tara. Esta identificação é evidência clara da presença no período medieval do Budismo Maaiana, bem como a forma Theravada da fé, a qual permite que os budistas adorem seres que não sejam Buda. O Sanga Abhayagiri vihāra do Reino de Anuradhapura um exemplo mais notável. A estátua sugere que Tara pode ter sido adorada como uma divindade e não apenas como o consorte de um deus masculino.[3]

Descrição editar

A escultura representa a figura em pé de uma deidade feminina, sendo feita em bronze com o uso do processo de cera perdida. A estátua tem cerca de três quartos de tamanho real de uma mulher comum e foi dourada para criar a aparência luxuosa e brilhante. A parte superior do corpo da deusa está nu com uma peça de vestuário inferior amarrada aos quadris com uma bainha de quase um tornozelo. A mão direita de Tara é mostrada no gesto de dar, enquanto sua mão esquerda parece ter segurado uma flor de lótus, hoje perdida. A figura possui uma coroa alta dominada por um medalhão. A abertura na coroa deve ter mantido uma grande pedra preciosa.[4] A estátua é o único exemplo conhecido de Anuradhapura desse tamanho que ainda sobrevive. Teria sido valiosa não apenas por sua aparência, mas também pelo modo de sua fabricação. A estátua não é oca, mas feita de um metal caro usando uma técnica tecnicamente avançada, a de cera perdida.[5]

Descoberta editar

Consta que essa rara escultura teria sido foi tomada pelo então governador britânico, Sir Robert Brownrigg, do último rei de Cândia, Sri Vikrama Rajasinha, quando os britânicos anexaram seu reino.[1] Mais tarde, Brownrigg tarde a doou ao Museu Britânico na década de 1830. No entanto, essa versão é rejeitada pelas autoridades britânicas que acreditam que a estátua foi simplesmente encontrada no início dos anos 1800 em algum lugar entre Trincomalee e Batticaloa na costa leste do Sri Lanka e posteriormente adquirida por Sir Robert Brownrigg.[6] Cândia veio a ser domínio britânico em março de 1815 sob os termos da Convenção Kandyan que foi organizada por Brownrigg.[7]

Sensualidade editar

Quando o Museu Britânico adquiriu a estátua, na década de 1830, havia preocupações com o fato de os grandes seios expostos, cintura estreita e quadris curvilíneos serem vistos como muito eróticos para o público, de modo que foi mantida fora da vista por trinta anos.[5] A estátua só estava disponível para os estudiosos, mesmo que nunca tenha havido dúvidas de que o propósito da mesma sempre foi religioso, não de evocar desejos sensuais. Esse estudo acadêmico é estranhamente uma reminiscência do status antigo da estátua no Sri Lanka. Pensa-se que a estátua só teria sido vista no Sri Lanka por sacerdotes e monges escolhidos e que não teria sido vista pela população geral de budistas.[5] O Museu Britânico tinha uma série de itens que, a partir de 1830, eram considerados eróticos. Na década de 1860, eesa sala de objetos foi rotulada como o “Secretum” do museu.[8]

Réplica editar

Há uma réplica desta estátua no Museu Nacional de Colombo no Sri Lanka.[3]

Notas editar

  1. a b Greenfield, Jeanette (1996). The return of cultural treasures 2nd ed. Cambridge: Cambridge university press. p. 132. ISBN 0521477468 
  2. Buddhism in Sri Lanka, buddhanet.net, retrieved 9 December 2013
  3. a b The female as Cult Object in Buddhism, Digital Library, retrieved 10 December 2013
  4. Statue of Tara, Highlights, British Museum, accessed 9 December 2013
  5. a b c Episode 54 - Statue of Tara, BBC, retrieved 25 July 2014
  6. figure, Collection Online, British Museum, retrieved 9 December 2013
  7. The signing of the Kandyan Convention, S. B. Karalliyadda, 25 February 2006, LankaLibrary, retrieved 9 December 2013
  8. Gaimster, David (2000). «Sex and Sensibility at the British Museum». History Today. 50 (9). Consultado em 25 de julho de 2014 

Bibliografia editar

 
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  • W. Zwalf (ed.), Buddhism: art and faith (London, The British Museum Press, 1985)
  • R.E. Fisher, Buddhist art and architecture (London, Thames & Hudson, 1993)
  • R. Thapar, The Penguin History of Early India from the Origins to AD 1300 (London, 2002)
  • K.M. De Silva, A History of Sri Lanka (Berkeley, 1981)
  • R. Coningham et al., "The State of Theocracy: Defining an Early Medieval Hinterland in Sri Lanka", Antiquity, 81 (2007), 699–719