Estudo Op. 10, nº. 1 (Chopin)

O Estudo Opus 10, nº.1 em dó maior, composto por Frédéric Chopin, é um estudo técnico com arpejos para piano, apelidado de "Estudo Queda d'água" ("La cascade"). Foi composto em 1829 e publicado pela primeira vez em 1833, na França[1], Alemanha[2], e Inglaterra[3] como a primeira peça de seus Estudos Op. 10. Este estudo, em termos de alcance e arpejos, foca no alongamento dos dedos da mão direita. O crítico de música americano James Huneker (1857-1921) comparou o "charme hipnótico" de tais "vertiginosas ascendências e exercício de descidas para os olhos e também ouvidos" à escada assustadora de um das gravuras de Giovanni Battista Piranesi[4]. O pianista virtuoso Vladimir Horowitz, que recusou tocar este estudo em público, relatou: "Para mim, o (estudo) mais difícil de todos é o primeiro, em dó maior, Op. 10 nº. 1".[5]

Trecho do Estudo Op. 10, Nº. 1.

Estrutura e traços estilísticos editar

 
Comparação do Prelúdio Nº.1 em dó maior (BWV 846) de Bach’s com o Estudo Op. 10, Nº. 1 de Chopin

O estudo, como todos os outros de Chopin, é em forma ternária (A-B-A), recapitulando o início. A primeira parte da seção central introduz o cromatismo na melodia em oitavas, da mão esquerda, enquanto a segunda modula (muda de tonalidade) para a recapitulação em dó maior por meio de um círculo de quintas estendido.

James Huneker declara que Chopin desejava começar a "exposição de seu maravilhoso sistema técnico" com uma "padronização esquematizada" e compara o estudo a uma "árvore descascada".[4]

A harmonia do estudo lembra um coral e sua relação com o Prelúdio n.º 1 em dó maior de Bach (BWV 846) do Cravo Bem Temperado é notável, entre outras, pelo musicologista Hugo Leichtentritt (1874-1951)[6].

Um exemplo imaginário das harmonias de Chopin com a configuração de Bach e vice-versa é dado pelo musicologista britânico Jim Samson (nascido em 1946)[7]. Uma redução harmônica ("melodia-base") da obra pode ser achada na Escola de Prática Composicional de Czerny.[8]

A peça deve ser executada em um tempo Allegro. A marcação do metrônomo de Chopin, dadas nas fontas ogirinais, é de 176 MM (escala do metrônomo de Mälzel), referindo-se às semínimas. A marcação de tempo se dá de acordo com as primeiras edições francesa, inglesa e alemã.[9] Uma cópia autografada por Chopin, de Józef Linowski, declara sê-lo binário (alla breve).[10] Um tempo mais lento (MM 152) foi sugerido por editores posteriores como Hans von Bülow que temia que a MM 176 " o majestoso esplendor [seria] comprometido".[4] No entanto, não há indicação de tempo Maestoso por Chopin. Ao contrário do estudo nº. 4 da Opus 10, que alcança ƒƒƒ, este permaneçe em ƒ na peça inteira e chega a ƒƒ. Ambos arpejos da mão direita e oitavas da mão esquerda são, ao todo, tocadas legato.

Executado por Martha Goldstein em um Erard (1851)

Executado por Carlos Gardel. Cortesia de Musopen

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Dificuldades técnicas editar

Friederike Müller-Streicher(1816-1895), aluno de Chopin, cita-o:

"Deves beneficiar-te deste Estudo. Se aprenderes de acordo com minhas instruções, enlarguecer-te-á a mão e possibilitar-te-á executar arpejos como o soar do arco em um violino. Infelizmente, ao invés de ensinar, este usualmente desconstrói tudo o que se aprendera."

Em um artigo do NZM (Neue Zeitschrift für Musik, Novo Periódico de Música) de Schumann em Pianoforte-Estudos, NZM (1836), o estudo é classificado pela categoria "alogamentos: mão direita" (Spannungen. Rechte Hand). A inovação deste estudo é seus amplos arpejos na mão direita em semínimas.

Veja também editar

Notas e referências editar

  1. ("French edition"). Paris: M. Schlesinger, June 1833.
  2. ("German edition"). Leipzig: Fr. Kistner, August 1833 .
  3. ("English edition"). London: Wessel & Co, August 1833.
  4. a b c Huneker, James. "The Studies—Titanic Experiments." In Chopin: The Man and His Music. New York: Charles Scribner's Sons, 1900.
  5. Dubal, David. Evenings with Horowitz. Amadeus Press, 2004
  6. Leichtentritt, Hugo. "Die Etüden." In Analyse der Chopin’schen Klavierwerke [Analysis of Chopin’s Piano Works]. Band II. Berlin: Max Hesses Verlag, 1922.
  7. Samson, Jim. "Baroque reflections." In The Music of Chopin. London: Routledge and Kegan Paul, 1985.
  8. Czerny, Carl. School of Practical Composition London: R. Cocks & Co., [1848]; Reprint, New York: Da Capo Press, 1979.
  9. Palmer, W: Chopin Etudes for the Piano, Alfred Publishing Co., Inc., 1992, p. 29.
  10. Ekier, Jan, ed. (National Edition). "Source Commentary." Chopin Etudes. Warsaw: Polskie Wydawnictwo Muzyczne, 1999.

Ligações externas editar