Fábrica de diplomas

Uma fábrica de diplomas[1][2] ou fábrica de graduação é uma empresa ou organização que afirma ser uma instituição de ensino superior, mas oferece graduação acadêmica e diplomas ilegítimos mediante o pagamento de uma taxa.[3][4]

As graduações podem ser fabricadas (inventadas), falsificadas (falsas) ou desvirtuadas (praticamente inúteis).[5] Algumas fábricas de diplomas também desempenharam um papel na criação de órgãos de credenciamento não reconhecidos. Também podem alegar que avaliam o histórico de trabalho ou exigem a apresentação de uma tese ou dissertação para avaliação.[6] As fábricas de diploma são frequentemente apoiadas por fábricas de credenciamento, criadas com o objetivo de fornecer uma aparência de autenticidade.[7]

Terminologia editar

O termo "fábrica de diplomas" denota originalmente uma instituição que fornece diplomas de forma intensiva e com fins lucrativos, como uma fábrica.[8]

O termo popularizou-se a partir dos anos de 1970 com a massificação do ensino universitário.[9]

Embora os termos "fábrica de diplomas" e "fábrica de graduação" sejam comumente usados de forma intercambiável, normalmente é feita uma distinção no meio acadêmico.[10] Uma "fábrica de diplomas" emite diplomas de instituições não credenciadas que podem ser legais em alguns Estados, mas geralmente são ilegítimas, enquanto uma "fábrica de diplomas" emite diplomas falsificados com nomes de universidades reais.

O termo "fábrica de diplomas" também pode ser usado pejorativamente para descrever uma instituição legítima com baixos padrões de admissão acadêmica e uma baixa taxa de colocação de emprego, como escolas com fins lucrativos.[7][11]

Características editar

As fábricas de diploma compartilham uma série de características que as diferenciam de instituições respeitadas, embora algumas instituições legítimas possam apresentar algumas das mesmas características.[12]

Credibilidade e autenticidade editar

Em março de 2002, o Japão enviou uma nota à OMC acentuando a necessidade de "manutenção e melhoria da qualidade das atividades de pesquisa de cada Estado Membro [...] proteger os consumidores quanto à prestação de serviços de baixa qualidade [...] medidas para garantir a equivalência internacional dos diplomas [...] levar em consideração as diferentes funções dos governos nacionais, em razão das diferentes estruturas administrativas, contextos sociais e níveis de desenvolvimento" (DIAS, 2002). A nota alerta ainda alerta para a necessidade de proteger os consumidores contra as fábricas de diplomas, e "propõe a construção de uma rede internacional de informação sobre os serviços do ensino superior e investimentos em pesquisas de avaliação universitária".[13]

Algumas fábricas de diploma reivindicam o credenciamento por uma agência de credenciamento enquanto se referem a si mesmas como sendo "totalmente credenciadas". As fábricas de credenciamento com sede nos Estados Unidos podem modelar seus websites com base em agências de credenciamento reais supervisionadas pelo Conselho de Credenciamento de Educação Superior (Council for Higher Education Accreditation – CHEA). Outra manobra típica é que as fábricas afirmam ser reconhecidas internacionalmente por organizações como a UNESCO. A UNESCO, entretanto, não possui autoridade para reconhecer ou credenciar instituições ou agências de ensino superior e publica advertências contra organizações de educação que reivindicam reconhecimento ou afiliação a ela;[7]e recomendo explicitamente combater nos âmbitos nacional e internacional[14]

Algumas fábricas anunciam outros indicadores de autenticidade que não são relevantes para as credenciais acadêmicas. Por exemplo, a University of Northern Washington anuncia que seus diplomas são "atestados e selados quanto à autenticidade por um notário público nomeado pelo governo".[15]

As fábricas de diplomas costumam receber nomes que parecem confusamente semelhantes aos de instituições acadêmicas credenciadas de prestígio.[16] Embora a lei de marcas registradas seja projetada para evitar essa situação, as fábricas de diploma continuam a empregar vários métodos para evitar recursos legais. Diversas fábricas de diplomas adotam nomes britânicos, semelhantes mas não idênticos aos nomes de universidades legítimas, aparentemente para tirar vantagem da reputação do Reino Unido de educação de qualidade em outras partes do mundo. O website não pode ter um domínio .edu ou outro equivalente específico do país, uma vez que o registro de tais nomes é normalmente restrito.[17]

Instalações editar

Visto que as fábricas de diplomas oferecem pouco em termos de ensino, geralmente não há necessidade de instalações de ensino. A escola tende a não ter biblioteca, pessoal, publicações ou pesquisas. Em suma, muito pouco do que é tangível pode ser encontrado sobre a instituição.[18][19][20]

Ver também editar

Ligações externas editar

Bibliografia editar

Referências

  1. Silvia Regina Canan, Edite Maria Sudbrack, Thais Campos da Silva. Construindo cenários de mobilidade acadêmica: o processo de internacionalização em uma universidade comunitária.
  2. Guimarães, Leda. "Deslocamentos na formação de professores de artes visuais na modalidade a distância." ANAIS do 19.º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas “Entre Territórios”-Cachoeira–Bahia (2010).
  3. Brandão, Marisa. ["Educação básica de jovens e adultos e trabalho." Brasília, agosto de 2005 (2005): 109.
  4. "Diploma Mills and Accreditation - Diploma Mills". www2.ed.gov. 23 de dezembro de 2009.
  5. General Guidelines for Academic Integrity
  6. "Bogus Institutions and Accrediting Bodies"
  7. a b c Luca Lantero, Degree Mills: non-accredited and irregular higher education institutionsArquivado em 13-05-2015, Information Centre on Academic Mobility and Equivalence (CIMEA), Itália.
  8. "mill 1 n." Oxford English Dictionary (3rd ed.). 30 de novembro de 2012.
  9. Martins, André Luiz de Miranda. "A marcha do" capitalismo universitário" no Brasil nos anos 1990." Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas) 13 (2008): 733-743.
  10. Alan Contreras e George Gollin. "The Real and the Fake: Degree and Diploma Mills". Change, março-abril de 2009.
  11. Martins, André Luiz de Miranda. "A marcha do" capitalismo universitário" no Brasil nos anos 1990." Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas) 13 (2008): 733-743.
  12. BBB (12 de julho de 2000). "Is the U.S. becoming a haven for diploma mills?"bbb.org. Council of Better Business Bureaus. Arquivado do original em 31-10-2003. Recuperado em 01-07-2010
  13. Haddad, Sérgio, & Mariângela Graciano. "Educação: direito universal ou mercado em expansão." São Paulo em Perspectiva 18 (2004): p. 74.
  14. Silva, Carmen. Evidências da conciliação política na construção do plano nacional de educação-2014-2024. Appris Editora e Livraria Eireli-ME, 2016.
  15. "University of Northern Washington Accreditation". University of Northern Washington. Arquivado do original em 23-05-2008. Recuperado em 01-07-2010.
  16. AP (28 de janeiro de 2009). "5 signs your school might be a diploma mill". foxnews.com; News Corp. Recuperado em 01-07-2010.
  17. "EduCause eligibility". Arquivado do original em 09-06-2012. Recuperado em 30-11-2012
  18. "Fraudulent Degrees Are Big Business" Military.com. Acessado em 19 de setembro de 2021.
  19. "Beware of Diploma Mill Degrees" classbase.com.
  20. "Warning Signs of Possible Diploma Mills - Get B-Schooled". typepad.com. Arquivado do original em 31-10-2015